segunda-feira, março 31, 2008

Ploblemax de dicxão

Eu adoro personagens que falam sem que você compreenda absolutamente nada do que eles dizem. Bons exemplos são o Pato Donald, Zé Buscapé e o Klunk, da Esquadrilha Abutre, que sempre inventava o diabo pra pegar o pombo Doodle.

Na vida real tive contato com duas figuras desta gloriosa estirpe. Primeiro, o Seu Rafa, que trabalhava no Clube Morro do Pilar e que vivia nos dando esporro, embora nunca conseguíssemos entender porquê.

Outro era o Tião, do Colégio São Francisco Xavier, que comandava os corredores berrando ordens ininteligíveis para os alunos passantes.

Boas pessoas, que trazem boas lembranças e que hoje, quando recebo certos emails ou pedidos, parece que poderiam muito bem trabalhar com publicidade. Falam, falam, falam e a gente não entende lhufas.



Cuméquié, Klunk?




Direto na têmpora: Almanaque – Chico Buarque

Tá dodói?

Minha relação com as doenças é ótima. Dificilmente tenho algum problema de saúde, mas quando tenho é sempre de arregaçar. Uma vez por ano, por exemplo, tenho uma gripe arrasa-quarteirão. A última foi em junho do ano passado, quando dizimei a criação da TOM inteira logo antes de sair de lá e ainda detonei uns da Domínio de quebra.

Semana passada escapei de uma e agora estou tentando matar outra no comecinho. No entanto, é bom prepará-los, se ela vingar, vai ser daquelas estilo ebola.

Pra curar, nada como Resfenol, que eu não posso mais tomar, porque vem com algum corante produzido no inferno e impróprio para alérgicos a ácido acetilsalicílico como eu. Sendo assim, tomei um Tandrilax porque tava com dor no joelho e, parece, acaba que ele tá ajudando no resfriado.

No mais, vitamina C, muito trabalho e MC5 (como no vídeo abaixo que eu roubei do 665), porque ninguém é de ferro.



Nenhuma gripe resiste a um afro assim.




Direto na têmpora: Só capim canela - Manhoso

sexta-feira, março 28, 2008

Desiiiiiiireeeeee

Existe uma praga cigana que diz o seguinte: que você consiga o que deseja. É uma puta duma praga mesmo e, pra falar a verdade, a única que me dá medo. A partir dela chega-se ao raciocínio de que ninguém faz tanto mal a você quanto você mesmo.

Esse raciocínio serve pra tudo, inclusive pras menores coisas, como quando enchi meus pais pedindo um par de patins de natal e, já na manhã do dia 25, em Monlevade, fui testar o presente na garagem de ardósia, caí de costas e soquei a cabeça no chão. Passei uma semana chorando escondido e com uma dor de cabeça imensa, sem contar pra ninguém só para não dar o braço a torcer. Foi um presente que, por causa da primeira e traumática experiência, quase não usei depois.

Normalmente o que você não deseja tanto costuma ser muito melhor do que aquilo que você sempre sonhou. Quando saí de Ipatinga, queria estudar no Dom Silvério. Fiquei muito puto por ter que estudar no Loyola, mas foi lá que fiz alguns dos meus melhores amigos e vivi uma das épocas mais bacanas da minha vida. É por isso que evito, sempre que posso, desejar muito alguma coisa, obcecar e tal. Ou você pega e faz na hora ou deixa pra lá e espera pra ver no que dá.

Mesmo sabendo de tudo isso, tenho que confessar: eu quero muuuiiiitoooo um Wii. Alguém aí me arruma um?




Direto na têmpora: A saudade que ficou - Luiz Ayrão

São tantas coisas...

Meu aluno Samarone passou, eu gostei e agora posto. Saca só o japinha cantando Beatles.


Banzai, Jude.

Tem também o Só Miséria Humana, do Bambito, para quem gosta de tosqueiras em geral.

E, para finalizar, um curso sobre os Simpsons na Academia de Idéias.

Os Simpsons e a cultura
globalizada.
Tentaremos entender Os Simpsons no mundo contemporâneo, sua abordagem peculiar e muitas vezes sarcástica de temas como religião, política e sociedade. Também será discutido como um símbolo da cultura americana se tornou um ícone da globalização. E, ainda, o lado histórico do seriado, seus bastidores, como é escrito e realizado

Professor Gustavo Moraes: cineasta e mestre em Cinema pela Columbia University, EUA..

02/04- O universo dos Simpsons: os personagens e Springfield
09/04- O processo de animação, vozes e bastidores
16/04- Simpsons e a crítica às instituições
23/04- Encontro: Simpsons e a globalização: influências e mitos.
Valor: R$ 210,00 ou 3x R$ 70,00.





Direto na têmpora: Slow Hands - Interpol

quinta-feira, março 27, 2008

Vila hereditária

Eu lembro da Vila Sésamo assim, colorida, na época do preto e branco só uns flashes mesmo.

Agora, o mais bacana é como no Brasil era tudo diferente. O Garibaldo era azul aqui e amarelo nos EUA. O Funga Funga era praticamente um outro bicho e o Gugu, apesar de também ser verde e mal humorado, tinha outra cara.

Apliquei Sophia e ela agora conhece e adora todas as músicas antigas do Vila Sésamo. Já tem bonecos do Come-Come, do Garibaldo e do Elmo, 3 dvds da turma e começa a curtir o Beto e o Ênio, que eu adorava.

Enfim, uma herança boa que eu deixo para a minha baixinha.


Cara, eu era louco por esses bichos: Gugu, Garibaldo e Funga Funga.




Direto na têmpora: O mundo ainda não está pronto - Pato Fu

Gente que você não conhece

O flickr tem um cluster só de foundphotos, ou seja, fotos encontradas por aí.

Dá vontade de passar o dia inteiro navegando, descobrindo estes fragmentozinhos de vidas anônimas e imaginando suas histórias. Se não me engano, já postei sobre isso há algum tempo em referência ao blog do Soares Silva, com legendas divertidíssimas para fotos encontradas (ver 5 de agosto de 2005).

Hoje me deu tristeza de imaginar que, daqui a uns 50 anos, posso ser uma foto anônima como alguma dessas aí abaixo. Todas muito bacanas, mas apenas motivo de curiosidade e nada mais, sem nenhum tiquinho de alma que lhes conte a história.

Essas pessoas ainda existem? O que eles faziam da vida? Foram bons filhos, bons pais, bons namorados? Que nota tiraram na escola, que pessoas deixaram tristes quando partiram? Quem magoaram? Enfim, eu também sei ser deprê. E as fotos são simplesmente sensacionais.



















Direto na têmpora: Where I end and you begin - Radiohead

Humilhação em dose dupla

O sobrinho de Carmita Almeida, provavelmente criado à base de caviar e Don Pérignon como a tia, exerce a doce arte de humilhar as pessoas.

Após minha saída do convescote de sexta-feira passada na maison campestre de Mme. Carmita, o pequeno ignóbil pergunta à tia:

- Cacate, o Maurilo é muito rico?

- Não, Fernandinho, por quê?

- Uai, como é que ele arrumou uma mulher daquela?

De uma tacada só, me chamou de horrendo e a Fernanda de interesseira. Enfim, um charme, o petiz.




Direto na têmpora: Cum On Feel The Noize - Slade

quarta-feira, março 26, 2008

Filminhos antigos, mas bons

Coisinhas boas que volta e meia eu gosto de rever na net.



Dá cá um abraço, vai.




A Ferrari do Lelouche arrepiando Paris.




As bolinhas da Bravia. Buniteza, sô.




Direto na têmpora: Heatbeats - The Knife

A Turma do Caracol

Um textinho bobinho que eu escrevi para a turminha da Sophia no Clic em 2007. Hoje, a turminha é do Girassol, mas ainda não deu pra fazer nada, então segue o antigo mesmo.


A TURMA DO CARACOL

Se eu pudesse viver um dia
De outra forma, de outro jeito
Sendo algo diferente
Algo assim meio maluco
Que nem precisava ser gente
Eu queria viver esse dia
Como se eu fosse um raio de sol
Para brilhar a tarde toda
Com a Turma do Caracol

Ser raio de sol para mostrar o miquinho
Ver João e Ana Laura sorrindo
Brilhar bem forte no terreiro
Para deixar o Tomás quentinho
E alegrar o Clic inteiro.
Fazer tudo claro e bonito
Encher de luz Pablo e Isadora
E ficar ali sem pressa,
Nem pensando em ir embora.

Achar a Laura e a Lelê no pátio,
A Júlia bem perto da árvore,
A Imila e a Ana nas almofadas
E olhar a Carol e a Vivi
Brincando como se fossem fadas
Se eu fosse um raio de sol
Iria adorar viver esse dia
E brilharia forte e verdadeiro
Como o sorriso da Sophia.





Direto na têmpora: Big empty - Stone Temple Pilots

Queijo, muito queijo

Meu amigo e roedor de pupunha, Glauquito de Ananindeua, costuma referir-se a mim pela maldosa alcunha de “comedor de queijo”, devido à minha mineiridade nagô. Ou xangô, sei lá.

Pois bem, sendo o queijo o verdadeiro manjar dos deuses e motivo principal pelo qual a vaca é considerada um animal sagrado em várias países, segue aí uma lista das 7 maravilhas do mundo queijoso, mesmo que nem todas elas venham de bovinos.

Em tempo, a numeração não se refere à ordem de delícia, é apenas uma referência para quem não sabe contar.

1) Melado com queijo.

2) Queijo da Serra da Estrela com azeite.

3) Pão de queijo caseiro da roça.

4) Queijo Canastra bem curado e acompanhado de cachaça.

5) Pizza de queijo Brie com damascos.

6) Goiabada cascão com queijo Minas.

7) Cachapa com queijo Guayanés.




Direto na têmpora: Build me a mountain - Genesis

terça-feira, março 25, 2008

Ladeira abaixo

Eu sou um ser humano detestável em muitos aspectos: sou egoísta, pouco confiável e bastante sarcástico. Além disso, costumo me exibir como sendo melhor do que sou e tendo a me irritar facilmente com as pessoas. Tirando isso, sou um doce.

Mas por que este papinho furado de mea culpa? Simples, descobri que meu problema não é de fé na humanidade: é de expectativas altas demais. A raça humana é essa titica aí mesmo, não tem muito como melhorar. Os grandes nomes, as almas sensíveis, as pessoas incríveis são a exceção que confirma a regra.

É por isso que gostamos de reality shows, porque ali vemos espelhadas nossas falhas, nosso jeitinho cocô de ser. Os grandes vultos (como regra) só são admirados se tiverem uma grande falha de caráter, aí fica aquela sensação de "se até ele que bate na mulher ganhou o Nobel..."

Enfim, a desilusão se abate sobre o meu ser e eu acredito piamente que assim é melhor. Pelo menos vou me decepcionar menos com as gentes.


PS - A Varig conseguiu o que queria: cancelei minha viagem para a Venezuela.




Direto na têmpora: Mulher brasileira - Benito di Paula

segunda-feira, março 24, 2008

Filmes em tipografia

A Daniella e a Andrea Martins me passaram quase que simultaneamente e eu posto aqui. Cenas de filmes bacanas totalmente feitas em tipografia. Se gostou, acesse o site, que lá tem muito mais.


Pulp Fiction




Clube da Luta




Direto na têmpora: Sick for toys - Sugarcubes

Rememorando

Tem umas coisas que eu postei faz muito tempo, quando quase ninguém lia isso aqui e que agora resolvi repostar. Então vai aí essa de agosto de 2006.


El Viejo
O que se passa com o velho
Que com o corpo desnudo se exibe na praça?
O tudo é já flácido, o sorriso é já morto
O que será que se passa com o velho?

As velhas beatas que vão à igreja
Rogam a Deus para que não mais haja o velho.
Depois, nos bancos, murmuram silentes
“Meu Deus, o que se passa com o velho?”

As famílias austeras, de velhos barões
Se chocam com o velho e apertam o passo
Torcendo os bigodes, o senhor se altera
“Mas que diabos se passa com o velho?”

As meninas que cruzam a praça de dia
Trazendo da escola viço e pudores
Se grudam, se juntam, se tocam e riem
“Ai, ai, ai, o que se passa com o velho?”

Mas uma das moças, quando a luz já é morta
Retorna, escapa e vem ver o velho
Porque ela sabe que mais que um desejo
É só um pedido o que se passa com o velho.


Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: It's all too much - The Beatles

Empresas que odiamos

A Varig acaba de entrar no panteão das empresas que eu realmente odeio com todas as minhas forças.

A TIM ocupa o topo da lista, já que eu descobri que a empresa me roubava sistematicamente. Com meu celular no conserto, desligado, a TIM cobrou ligações de 1 ou 2 centavos diariamente para o número da Fernanda. Ou seja, como era o número mais usado, não dava pra conferir tudo e eles faturavam trinta centavos por mês. Pouco? Depende, em 10 milhões de clientes são R$ 3 milhões de reais por mês.
Reclamei indignado e a resposta da TIM foi: “ok, a gente devolve os trinta centavos”. Saí da empresa para nunca mais voltar.

A Retes tem um caso escroto que já citei aqui no pastelzinho, mas acaba de perder o segundo lugar para a Varig, que realmente se superou.

A Varig me estragou a Semana Santa já que, pela segunda vez em menos de duas semanas de passagens emitidas, cancelou meu vôo de volta. Além disso, como as milhas são ganhas, eu não posso resolver o problema, apenas a pessoa que me passou as mesmas. Ou seja, eu já paguei as taxas, a passagem já está em meu nome, mas eles continuam tratando o assunto como milhagem. Outra: e se o cara que passou as milhas morre? Não se resolve o problema? Eu vou e não volto de viagem?

Uma pena que empresas das quais a gente gosta façam de tudo para que possamos odiá-las. E no caso da Varig, através da qual já viajei muitíssimo, a dor é ainda muito pior. Antes tivessem quebrado com dignidade e deixado os passageiros livres desta bagunça.




Direto na têmpora: Wailing Wall - The Cure

Borges e os chineses

Desde criança eu vejo a forma de um coelho nas manchas da lua. Ninguém lá em casa via o tal formato, a Fernanda não vê e eu desconfio que a Sophia diz que vê só pra não me magoar.

Pois bem, lendo "O livro dos seres imaginários", de Jorge Luis Borges, descubro que os chineses já conheciam há milênios a imagem da lebre lunar. Ou seja, se eu tô doido, não tô doido sozinho. E a lenda é bacaninha, saca só.

"Buda, em uma de suas vidas anteriores, passou fome; para alimentá-lo, uma lebre se atirou no fogo. Como recompensa, Buda enviou sua alma para a lua."

Eu, Borges, os chineses e a lebre lunar. Êita!




Direto na têmpora: When the levee breaks - Led Zeppelin

domingo, março 23, 2008

Formigas

Estávamos em um pequeno convescote na maison campestre de Madame Carmita Almeida e Monsieur Parrogé quando se deu o fato. Sophia acompanhava uma fila frenética de formigas quando uma, um pouco maior, aproximou-se lenta, bem lenta mesmo. Bastou para a Sophia disparar: "Olha, papai, essa formiga tá triste".




Direto na têmpora: You look like rain - Morphine

quinta-feira, março 20, 2008

Aquela torre de Paris

No aniversário de 120 anos da torre mais famosa do mundo, olha só o que andam aprontando: um novo terraço de observação.
Achei no notcot e não sei se gostei.


Olhaí o saiote da torre.




Direto na têmpora: Wild wild life - Talking Heads

Que trazes pra mim?

Eu dei a idéia, mas foi a mente diabólica do mestre nipo-senegalês Maki Songo'o a verdadeira responsável pela peça. Seguem aí meus votos de Feliz Páscoa a todos.



Uma cenôra e dois ôvinho é o presente do cuelhinho.




Direto na têmpora: Marcha Turca - Premeditando o Breque

Quota

Discussão produtiva com minha ex-chefinha amada idolatrada salve-salve, Adriana Machado. Todo mundo deveria ter o direito de matar entre 1 e 3 pessoas ao longo da vida. Claro que poderia não matar nenhuma, mas todos teríamos esta quota por direito.

Assim, além de evitarmos os serial killers, assassinatos em massa e chacinas, teríamos que escolher sabiamente para não desperdiçar as chances.

Aí eu pergunto, quem realmente valeria a pena matar? A primeira namorada que te deu um pé na bunda? Aquele professor de matemática nojento? O chefe escroto? O juiz que roubou o título do seu time? O vizinho que escuta axé em volumes absurdos? O babaca do trânsito? Flanelinhas em geral?

São tantas possibilidades que ia ter gente comprando parte da quota dos outros. Eu, honestamente, só consegui escolher um até agora, o resto tá bem embolado.




Direto na têmpora: The morning sad - Veronica Salt

quarta-feira, março 19, 2008

Disse e repito

Já falei no twitter e agora vou dizer aqui: prefiro quem se assume como o capeta do que quem se finge de santo.
É revolta não, mas que é verdade, é.




Direto na têmpora: Guitar man - Bread

Desmascarando ídolos

Meu mundo caiu. Lendo a biografia de Tom Waits descobri que a frase "será que tudo o que eu faço é ilegal, é imoral ou engorda" não é do Rei! E nem do Tremendão!! Muito menos da Ternurinha!!! É uma citação de Alexander Woollcott!!!! Meu Deus, eu não consigo para de usar pontos de exclamação!!!!! Ok, essa piada dos pontos de exclamação também é chupada, mas prossigamos.

Foi Alexander Woollcott, um crítico que viveu de 1887 a 1943, quem pronunciou originalmente a frase: "All the things I really like to do are either illegal, immoral, or fattening”.

Depois de descobrir este fato chocante, só pude me sentir enganado, traído, usado. Frescura, eu sei, e o pior é que eu nem gosto tanto assim do Roberto Carlos.




Direto na têmpora: Amante Profissional - Herva Doce

terça-feira, março 18, 2008

Liras de Sintra ainda

Liras de Sintra é ainda um pequeno Portugal, mesmo sem nem de perto sê-lo. Seus vinhos de uvas raras não atrapam turistas ou enólogos, são tesouro muito próprio que enebria quem ali escolhe. Em Liras de Sintra não se bebe defronte ao mar, este sim, oficina de sustento, mas jamais é negada uma copa a quem se conheça a dor ou o riso.

De costas para o mar e de frente para os telhados muito vermelhos, deixava-se Nuno da Costa Oliveira, o torpor do vinho formigando-lhe as pontas dos dedos, o olho vazado ainda mais vivo do que o outro. Já não pescava, mas os cheiros da maré baixa e do barro fresco, fusos como uma trama, o mantinham vivo. E ocupava-se em cuidar as ruas.

A meia visão perdida não foi fruto de lida mal feita no mar. Roubou-a um filho. Tomás. Fugido de Liras de Sintra após o agravo feito ao pai, não mais se soube dele. Uma notícia sequer, se vivo ou morto. E na função de Nuno Oliveira, o olhar as ruas era um imenso “perdôo-te” na espera do filho que já mais não vem.




Direto na têmpora: Captain Bacardi - Lee Ritenour

segunda-feira, março 17, 2008

Cercado por monstros

Eu tenho amigos horríveis. Pessoas sem nenhum senso de moral ou respeito pelo próximo. Um deles, chamado aqui de VC, é de uma maldade intensa. Legendária, eu diria.

Pois estávamos todos subindo para o apartamento de outro amigo, elevador cheio, quando entra uma moradora do prédio. A senhora era bastante gorda, o que causou uma superlotação instantânea no cubículo.

Aquele silêncio constrangedor e ela, tentando ser simpática, puxa conversa:

“Tá apertado aqui, né?”

No que VC responde na lata:

“É, mas se a senhora sair cabem mais dois.”

O pior foi ter que segurar o riso por pelo menos mais 3 andares. Confesso que não consegui.




Direto na têmpora: Eu, você e a praça – Odair José

Improv

Essa eu copiei descaradamente do Caixa Preta.

Olha que do caralho essa intervenção na praça de alimentação de um shopping dos EUA. Numa boa, comecei a sorrir sozinho aqui na mesa enquanto eu assistia.


Can I get a napkin, pleeeeeeeaaaaseeee?




Direto na têmpora: De Do Do Do, De Da Da Da - The Police

sexta-feira, março 14, 2008

Gente com veias pocando

Eu tenho uma birra secreta dos tarados por adrenalina. Ok, agora que eu falei ela não é mais secreta, mas vamos lá. Esse negócio de gente 220 volts, que esbugalha os olhos, infla as veias do pescoço, distribui perdigotos com generosidade e sempre inclui a palavra “radical” em absolutamente todas as frases que pronuncia me cansa um pouco.

Taí, na verdade minha birra nem é com os adrenaline junkies em si, mas com os radicais em geral: seja torcedor de futebol, fã de banda, militante político ou fanático religioso, esse povo que parece querer explodir sempre me cansa. Não é paixão, é chatice mesmo o que eles têm.

Por favor, não me entendam mal, eu sou um cara que se exalta bastante, mas nunca diante do intangível. Fico puto quando me cobram a mais, quando um conserto não é bem feito, quando desrespeitam prazos ou fazem pedidos de trabalho absurdos. A burrice me exaspera, as opiniões diversas nem tanto.

Acho que é por isso que eu tenho birra do Trajano, de brizolistas, fãs do Raul Seixas e membros de torcida organizada. Sim, sim, eu fico mais chato a cada dia.



PS 1:
Tem show do Palavra Cantada em BH no mês que vem. Taí um evento infantil que eu tenho o maior prazer de conferir.


PS 2 (longuíssimo):
O Google Analytics é bem legal. Alguns dados que pesquei de lá.

Os 5 países de onde vêm mais visitantes para o Pastelzinho:
1) Brasil
2) Venezuela
3) Espanha
4) Estados Unidos
5) Portugal

As 10 cidades brasileiras de onde vêm mais visitantes:
1) Belo Horizonte
2) Rio de Janeiro
3) São Paulo
4) Brasília
5) São Caetano do Sul
6) Porto Alegre
7) Curitiba
8) Osasco
9) Recife
10)Salvador

A média do pastelzinho vem sendo de 98,5 visitantes únicos por dia em março.

Para um blog que só faz boca-a-boca e que não fala de nada específico, tá até bem bão.




Direto na têmpora: Sweet Georgia Brown - Gene Krupa

Heróis e vilões

Se eu fosse um herói, seria o Hulk. Se eu fosse um vilão, seria o Lex Luthor. É antiguinho e em inglês, mas o teste é divertido.

Your results:
You are Hulk
























Hulk
80%
Spider-Man
75%
The Flash
60%
Green Lantern
60%
Catwoman
60%
Iron Man
60%
Batman
55%
Robin
52%
Supergirl
47%
Wonder Woman
37%
Superman
25%
You are a wanderer with
amazing strength.


Click here to take the Superhero Personality Test





Your results:
You are Lex Luthor


































Lex Luthor
78%
Dr. Doom
73%
Juggernaut
72%
Dark Phoenix
72%
The Joker
70%
Apocalypse
68%
Magneto
67%
Mr. Freeze
61%
Riddler
60%
Kingpin
59%
Venom
55%
Green Goblin
48%
Catwoman
45%
Two-Face
44%
Poison Ivy
43%
Mystique
40%
A brilliant businessman on a quest for world domination and the self-proclaimed greatest criminal mind of our time!


Click here to take the Super Villain Personality Test






Direto na têmpora: Speedfreak - Motörhead

quinta-feira, março 13, 2008

Quebra tudo

Infiltração na parede da sala, chamamo o Vítor, marido da Lílian que trabalha lá em casa para consertar.

Ele começa a abrir um buraco pra ver onde está o problema, Sophia ouve o barulho e corre pra ver o que é.

Logo em seguida sai gritando a plenos pulmões: "Lílian! O Vítor tá quebrando minha casa!"




Direto na têmpora: Nutty - Thelonious Monk

Curitiba, Curitiba

Morei em Curitiba no segundo semestre de 97, uma daquelas decisões inexplicaáveis em que resolvi largar tudo e mudar para um lugar que eu nunca havia visitado, sem nenhum conhecido e para trabalhar em alguma área totalmente nova.

O resultado não foi o esperado e, 6 meses depois, eu estava trabalhando novamente como redator em uma agência de publicidade e com possibilidades de dar aula em uma faculdade, justamente para o curso da área. Sendo assim, pra fazer o que eu já fazia (e com a grana acabando), achei melhor voltar para casa.

O fato é que achei Curitiba uma cidade limpa, organizadíssima, cheia de lugares muito bacanas pra se visitar como o Jardim Botânico, Ópera de Arame, Pedreira Paulo Leminski (onde assisti David Bowie) e dois de meus lugares favoritos, a Universidade Livre e o Bosque Polonês.


É bonita a tal Universidade Livre do Meio Ambiente.


Eu adorava ficar à toa no Bosque Polonês.

Fiz muitos amigos por lá, mas tive dificuldade em construir amizade com os curitibanos mesmo. O pessoal com quem convivi era de São Paulo, Palmas, União da Vitória, Ubiratã, enfim, “estrangeiros” como eu. Não vai aí uma crítica ao povo da cidade, foi apenas algo que aconteceu e que pra mim está ok.

Mas o Leandro, que morava na república comigo, odiava a cidade. Mesmo. Com todas as suas forças. Só não me pergunte o motivo porque eu realmente não faço idéia.

Pois bem, um dia o Leandro (que é de Ubiratã-PR) sai de casa para fazer compras no Mercadorama e, batata, o clima louco da cidade entra em ação, o céu desaba e ele volta para casa ensopado.

Eu na sala, entra o Leandro pingando água, cheio de sacolas. A ponto de explodir, ele deposita tudo na cozinha, abre a janela da sala, põe a cabeça pra fora do nosso prédio de dois blocos, uns 6 apartamentos por andar, 20 pavimentos e berra:

“Ô lugarzinho fodido! Cidade escrota! Lugar bom pra cair uma bomba! Vai todo mundo tomá no cu!”

Dito isto, fecha a janela, volta-se pra mim e pergunta “e aí, tudo beleza?”

Depois desse dia, nunca mais os moradores do prédio cumprimentaram alguém do meu apê.




Direto na têmpora: Notorious – Duran Duran

quarta-feira, março 12, 2008

The horror, the horror

Adoro os absurdos que pipocam no nosso cotidiano. Há que se ficar atento para não desperdiçar essas pílulas de loucura que alimentam nosso humor.



Um singelo cartaz na garagem do prédio comercial onde trabalho.




Parada do Universo em Desencanto em frente à minha casa em pleno domingo.




Direto na têmpora: Skavez - Hepcat

terça-feira, março 11, 2008

Turma da dentadura

Essa é só pra quem já tá na mesma faixa de veiêra que eu ou acima. Uma das mais preciosas aberturas de um programa de tv de todos os tempos. Ah, e ainda tinha o Chaka e os Sleestaks (avatar do caríssimo Glauquito).

Tomem sua sopinha sem sal, coloquem os óculos de grau, sentem na cadeira de balanço e curtam este vídeo batuta.


Diz a lenda que a música tema é do ELO.




Eu tenho um amigo que já pegou uma mulher igualzinha ao Chaka. Aliás, Chaka era homem ou mulher?




Dá até nome de banda: Chaka and the Sleestaks.




Direto na têmpora: Fling - Built to Spill

Fight the power!

Um dos protestos mais bacans dos quais eu já participei. Aliás, se disserem que fui eu quem comprou todos os narizes de palhaço para a equipe eu nego até sob tortura.

O auge foi durante uma reunião com o cliente quando o diretor de Criação tirou o nariz do bolso, posicionou sobre a face e exclamou, para horror do dono da agência, "mas isso é uma palhaçada!"

Vamos à escalação seguindo a foto de cima.
Em pé: Danilo, Claudão, Fabriceira, eu e Don Oliva.
Sentados: Pedrolli e o Menino Monstro.



Cara de palhaço, pinta de palhaço...




Direto na têmpora: We've gotta get out of this place - The Animals

segunda-feira, março 10, 2008

Pelo telefone

Eu tinha um amigo em Ipatinga, chamá-lo-emos de F, que vivia um relacionamento conturbado. Muitas brigas, chifres mútuos e a coisa rendia já por uns bons 5 anos. Certo dia, a namorada liga e solta o indefectível “passa aqui porque precisamos conversar”.

F pensa um pouco e solta o raciocínio:

“São 21h30. Eu vou descer a pé até o Cariru, pegar um ônibus pro Bom Retiro, caminhar até a sua casa, tomar um pé na bunda, pegar o ônibus de volta e subir a pé pro Castelo? Quer saber, vamos terminar por telefone mesmo. Beijão procê.”

Talvez pouco romântico, mas prático de doer. Ah, os dois são casados e vivem felizes na Bahia até onde eu sei.




Direto na têmpora: Go – Pearl Jam

Mais um do Incultos

Em homenagem ao clássico de ontem, segue aí um conto (fictício, amiguinhos) que está no Incultos. Tomara que gostem.


Mineirão

Existem poucas coisas a se dizer quando o assunto é amor à primeira vista. Primeiro porque, por mais atrapalhado, gago e sem jeito que um fique, o olhar apaixonado do outro conserta e perdoa tudo.

O caso do Horácio e da Evinha foi assim. Eu sei porque estava lá, olhando pra cara de bobo do Horácio quando eles se conheceram. Era final do Campeonato Mineiro, Atlético e Cruzeiro, num jogo que acabou empatado, ou seja, decisão mesmo só no domingo seguinte. Saímos do estádio Horácio, Verruga e eu, devidamente fardados com o uniforme do Galo, fomos até o carro e resolvemos esperar o movimento diminuir para podermos ir embora.

Enquanto tomávamos as derradeiras cervejas, um anjo azul (como o Horácio a descreveu) sentou-se no capô do carro ao lado, acompanhada de um garoto de seus 16 anos. Imediatamente o Horácio ficou louco pela mulher. Sorria sem graça, ameaçava ir na direção dela, torcia as mãos, ria alto pra chamar a atenção, enfim, todo aquele ritual inútil que os machos apaixonados sofrem. Percebendo seu desespero, o Verruga na hora comentou: “se não fosse cruzeirense até que dava um caldo”, mas ficou quieto ao receber o olhar de ódio do Horácio.

Aí o Horácio tomou coragem, beijou o escudo do Galo pedindo proteção, olhou bem nos olhos da garota e soltou a cantada histórica: “sabe que eu nunca comi um tropeiro do 30?” Para quem não sabe, 30 é um dos bares do Mineirão, que fica do lado cruzeirense do estádio. Ela sorriu e respondeu: “então está convidado para conhecer domingo que vem”.

Depois de descobrir o nome e o telefone da Evinha, naquela mesma noite o Horácio ligou e marcou um almoço no dia seguinte, depois na terça, quarta, quinta e sexta, sem falar nos cinemas, choppinhos, mirantes e tudo mais que rola nestes começos apaixonados de qualquer coisa.

No sábado, véspera da grande final, o coração do Horácio estava apertado. A verdade é que futebol nunca mais foi assunto entre os dois, ainda mais porque ele descobriu que ela era da Máfia Azul e ela sacou na hora que ele era da Galoucura. E aí? Eles iriam ao Mineirão? Um iria respeitar a dor do outro em caso de derrota? E se ele apanhasse de amigos cruzeirenses dela ou se os amigos dele arrebentassem o irmãozinho da Evinha? Pronto, estava armado o drama.

A noite ia chegando e o Horácio não sabia o que fazer. Resolveu ligar pra Evinha e marcar um encontro porque tinha “algo muito importante para conversar”.

Naquela noite, Evinha abriu a porta com cara de choro. O Horácio entrou calado, com um pacote debaixo do braço. Depois de alguns minutos de silêncio embaraçoso, ele abre o embrulho, tira duas camisas do América e pede com voz embargada: “que tal a gente ver o jogo de amanhã só pela televisão?”

Ele ainda sofre escondido com as derrotas do Galo no último minuto e ela ainda espera o tão sonhado Campeonato Brasileiro para o Cruzeiro*, mas a verdade é que nunca houve dois americanos tão felizes.



*Escrito antes do título de campeão brasileiro conquistado pelo Cruzeiro em 2003.




Direto na têmpora: Satellite – Dave Matthews Band

Um clássico

Luiz Pareto é um ícone da internet. Além de postar um arquivo completo com os trotes do adevogado (incluindo foto!!!), segue uma página com entrevistas, referências e muito mais. Eis aqui um completo link sobre o Pareto e seu trote.



Calma, filhadaputa, calma!




Direto na têmpora: Trapped under ice - Metallica

sexta-feira, março 07, 2008

Saudade boa

Vontade de ver a Fernanda barriguda de novo. Alguém aí tem os números premiados da próxima megasena?


Ela com barriga e eu sem. Agora inverteu.




Direto na têmpora: All things must pass - Beatles

Craque

Aos 12 anos Péricles compreendeu definitivamente que não levava jeito para o futebol. Apesar de apaixonado, era simplesmente horrendo na prática do nobre esporte bretão. Concentrou-se então nos estudos, formou-se em Geologia, casou-se e teve um casal de filhos.

Aos 12 anos Ernesto, o filho do Péricles, jogou a primeira partida “oficial” diante dos pais. Marcou dois gols, deu o passe para outro e acabou com o jogo.

Ao final da peleja, enquanto o treinador exaltava as qualidades do futuro craque, Péricles estava calado. Voltaram para a casa e, enquanto todos dormiam, Péricles foi silenciosamente até a garagem e, com uma faca, rasgou os pneus da bicicleta do Ernesto.

Abrir mão do sonho tudo bem, mas agüentar o filho esfregando na cara, isso não. Isso não, porra.




Direto na têmpora: Snow day - Lisa Loeb

Outra do Sabino

Já que o povo gostou, vai aí mais uma do Fernando Sabino que, eu juro, será a última aqui.

A última crônica

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.





Direto na têmpora: Held your hand like yesterday - The Drovers

quinta-feira, março 06, 2008

mini headbanger

Essa eu juro que é verdade. Juro. Estava levando a Sophia para a escola hoje e, de repente, começa a rolar um Rage Against the Machine. Ia pular a música, mas quando olhei pra trás, estava Sophia toda concentrada balançando a cabeça.

“Tá gostando da música, Sophia?

E ela, largando os brinquedos:

“Tá. Bate palma, papai.”

E fomos batendo palmas e balançando a cabeça ao som de Zack de la Rocha e seus amigos até chegar na escolinha.

Como é lindo um momento rock pesado com sua filhinha de dois anos.




Direto na têmpora: Sunshine of your love – Living Colour

Sabinão

Aproveito para postar, em homenagem ao Roger, Tetê, Leo e Fernanda Coelho um texto do Fernando Sabino que acho dos mais maravilhosos sobre o nascimento de uma criança.



Dez Minutos de Idade

A enfermeira surgida de uma porta me impôs silêncio com o dedo junto aos lábios e mandou-me entrar.

Estava nascendo. Era um menino.

Nem bonito, nem feio; tem boca, orelhas, sexo e nariz no devido lugar, cinco dedos em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer, e saiu-se bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos de vida.

Ainda traz consigo, nos olhinhos esgazeados, um resto de eternidade.

Portanto alegremo-nos. A vida também não é bonita nem feia. Tem bocas que murmuram preces, orelhas sábias no escutar, sexos que se contentam, perfumes vários para o nariz, mãos que se apertam, dedos que se acariciam, múltiplos caminhos para os pés.

É verdade que algumas palavras, melhor fora nunca dizê-las, outras nunca escutá-las. Olhos há que procuram ver o que não podem, alguns narizes que se metem onde não devem. Há muito prazer insatisfeito, muito desejo vão. Mãos que se fecham. Pés que se atropelam.

Mas o simples ato de nascer já pressupõe tudo isso, o primeiro ar que se respira já contém as impurezas do mundo. O primeiro vagido é um desafio. A vida aceitou o novo corpo e o batismo vai traçar-lhe um destino. A luta se inicia: mais um que será salvo. Portanto alegremo-nos.

Menino sem nome ainda, não te prometo nada. Não sei se terás infância: brinquedo, quintal, monte de areia, fruta verde, casca de árvore, passarinho, porão fantasma, formigas em fila, pão com manteiga, beira de rio, galinha no choco, caco de vidro, pé machucado.

O mundo hoje, tal como estou vendo da janela do meu apartamento, desconfio que te reserva para a infância um miraculoso aparelho eletrocosmogônico de brincar ou apenas uma eterna garrafa de coca-cola e um delicioso chica-bom.

Aceita, menino, esses inofensivos divertimentos. Leva-os a sério, com aquela seriedade da infância; chupa o chica-bom, bebe a coca-cola, desmonta e torna a montar a miraculosa máquina de brincar de nosso século, que a imaginação de teu pai jamais poderia sequer conceber.

Impõe a essas coisas e a essa vida que te oferecerão como infância a sofreguidão de tua boca, a ousadia de teus olhos e a força de tuas mãos. Imprime a tudo que tocares a alegria que me destes por nasceres.

Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te abençôo. Dela te nascerá uma convicção. Conquista-a também - e vai viver, em meu nome. Nada te posso dar senão um nome.

Nada te posso dar. No teu primeiro instante de vida a minha estrela não se apagou. Partiu-se em duas e lá no alto uma delas te espera, será tua. Nada te posso dar senão um nome e esta estrela.

Se acreditares em estrelas, vai buscá-la.





Direto na têmpora: Isolation - Joy Division

Picolé de jaca

Está fazendo um calor ipatinguense hoje. Aliás, Ipatinga era tão quente que derretia o asfalto. Juro. A gente ficava remexendo aquele piche derretido na rua e chegava em casa com a unha preta até a metade. Aí as mães pegavam creolina, estopa e limpavam aquilo na base da brutalidade pura. Depois, a recomendação era não passar nem perto do fogão para não sair correndo pela casa em chamas.

Meu pai, que morre de medo de cobra, juntava os filhos para matar as jararacas e corais que apareciam na copa lá de casa. Do lado do lixo tinha um pau de matar gambá. Meu irmão do meio uma vez chutou um ouriço caixeiro achando que era tatu e, se não estivesse de botas, teria furado o dedo. Isso sem falar que era só entrar na mata em frente de casa para tropeçar num teiú.

Sophia não vai ter uma infância assim. Vai ter outra diferente que pode ser até melhor, quem sabe. Mas eu não desisto e criei uma referência nota 10 pra ela: picolé de jaca. Ela experimentou, gostou e agora todo picolé que vê já é picolé de jaca. Ela também gosta de vacas e, outro dia, ouviu pela primeira vez o som de uma cigarra e adorou.

É pouco, mas é o que temos para o momento.




Direto na têmpora: O assassinato do camarão - Originais do Samba

quarta-feira, março 05, 2008

Outro fim

Assisti ao filme A Lenda com Will Smith e achei apenas mediano. O final, por ser hollywoodianísimo, me incomodou especialmente.

Agora chega à net o final alternativo do filme que, acreditem, muda completamente a história com relação ao que se viu nas telas.

Quem assistiu, vale a pena conferir. É só clicar aqui.




Direto na têmpora: Porcelina of the vast oceans - Smashing Pumpkins

A mesa de um adolescente

A mesa de um adolescente tem que ter coisinhas esquisitas de quem ainda não cresceu.


Tem um Smush-Bush pra você esmagar o presidente americano quando estiver nervoso




Tem porta-retrato com foto da mulher e da filha (no caso do adolescente, seria a namorada)




Tem a versão toy do Grito do Munch (que grita mesmo)




Tem polaroid que não funciona



Direto na têmpora: Message of the Bhagavat - Shelter

terça-feira, março 04, 2008

Realidade alternativa

Os amiguinhos aí gostam de futebol? Pois bem, sabe quando você vai ao campo com radinho no ouvido e parece que o locutor está narrando um jogo e você está assistindo outro? Pois bem, tenho vivido isso muito, mas muuuuiiiitooo mesmo.

Tem gente que te pinta um quadro e esquece que você está ali, de frente para a cena. Às vezes a pessoa esquece inclusive que foi você quem criou aquilo tudo e fala como se a realidade fosse outra. Aí você estufa o peito, olha nos olhos do(a) ensandecido(a) e exclama com alívio: “ah, vai mentir pros presos!”

Ok, ainda não tive coragem de mandar mentir pros presos, mas falta pouco pra isso acontecer. Menos do que a pessoa imagina.




Direto na têmpora: Little lover’s so polite – Silversun Pickups

segunda-feira, março 03, 2008

Pra quem curte os irmãos

Fiz uma lista posicionando os filmes dos irmãos Coen em ordem de boeza. O único que não entra na lista é o Gosto de Sangue, que eu ainda não assisti, mas já tô baixando.

O foda dessa lista é que, até o 9, todos os filmes são sensacionais. Só o 10 e 11 ficam um pouco abaixo, mas mesmo assim valem a pena ser vistos.

Enfim, quem se importa?

1) E aí, meu irmão, cadê você?
2) Fargo
3) Onde os fracos não têm vez
4) O grande Lebowski
5) Barton Fink
6) Roda da fortuna
7) Arizona nunca mais
8) O homem que não estava lá
9) Ajuste Final
10) Matadores de velhinhas
11) O amor custa caro



Direto na têmpora: Red light indicates doors are secured – Arctic Monkeys

Octopus's garden

Eu conheci um hotel todo feito de sal no deserto de Atacama, Chile. As paredes, cadeiras, mesas, camas, tudo era feito de sal. Sei que existem bangalôs sobre as águas e hotéis inteiramente feitos de gelo, mas este hotel submarino eu achei genial. Se eu tivesse grana, faria minha reserva hoje mesmo.



Isso sim, é vista pro mar.




Direto na têmpora: My advice - James Iha

Eric e Agnaldo

Conheço pouco The Animals, mas acho a voz do Eric Burdon uma das melhores da história do rock, portanto estou baixando 700 mega de música da banda pra me redimir.

Acontece que, pra entrar no clima, estava ouvindo hoje um dos clássicos do grupo e lembrei de uma versão que o Agnaldo Timóteo fez da canção. Poucos minutos de fuçação na net e montei um comparativo das duas letras só pra vocês entenderem a diferença básica entre Eric Burdon e Agnaldo Timóteo. Pior que isso, só a farm version que a Rita Lee fez pra "I wanna hold your hand", mas prefiro nem entrar em detalhes.


The house of the rising sun
A casa do sol nascente

There is a house in New Orleans
A casa dos meus sonhos

They call the Rising Sun
é feita de ilusão

And it's been the ruin of many a poor boy
E vive sempre cheia de amor

And God I know I'm one
amor e solidão


My mother was a tailor
Na casa dos meus sonhos

She sewed my new bluejeans
virá para aquecer

My father was a gamblin' man
Minh'alma sempre a te esperar

Down in New Orleans
num lindo alvorecer


Now the only thing a gambler needs
Eu sei que este sol

Is a suitcase and trunk
vai um dia aparecer

And the only time he's satisfied
Na luz que existe em teu lindo olhar

Is when he's on a drunk
pra minha alma iluminar




Direto na têmpora: Friggin' in the Riggin' - Sex Pistols