quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Logradouros

Eu acredito que alguns lugares acabam virando personagens da vida da gente. Em Ipatinga teve o Clube Morro do Pilar, a velha casa da rua Alfa e o Centro Comercial do Cariru.
Aqui em BH, entre outros lugares, não dá pra esquecer a Av. Prudente de Morais. Quando eu vinha pra cá, ainda pequeno, descia com minha tia para fazer compras na Camponesa, um mercadinho que havia por ali, onde depois foi o Champion que agora está desativado. Favor não confundir com a Nova Camponesa, que eu só fui conhecer bem depois e que não ficava na Prudente.
Até hoje tem a Fofão, com o melhor risole de milho do planeta e um pão de queijo de respeito. Comprava figurinhas e quadrinhos na Riccio e, quando me mudei pra BH ainda sem telefone, era também no correio da Prudente que mandava cartas para meus amigos.
Meus dois irmãos estudaram por ali: um no Pitágoras, outro no Montessori. Nos meses que meu pai morou comigo, antes da família toda se mudar, vivíamos no Piuzana, com seus espetinhos deliciosos e cerveja gelada. Tinha também a carrocinha de churros que ficava no CB e que agora está no Cosmic Bowling, e a Guilden bem no comecinho, quando ainda era reduto dark.
No Banco Real da Prudente abri minha primeira conta bancária e por ali voltei a pé várias manhãs, direto do Savassinuca. Aliás, por ali eu ia a pé pra casa do Gastão, pro Fox, pro Loyola e até pra rodoviária.
Foi no Hermes Pardini da Prudente que descobrimos que a Fernanda estava grávida da Sophia.
Dessas bobagenzinhas e desses fatos inesquecíveis se faz uma rua. No caso, uma avenida. Até porque em “avenida”, quem tem lembrança quase sempre consegue ler “e na vida”. E se a gente olha direito, descobre que a vida da gente ficou mesmo um pouco ali. Se Deus quiser, pra nunca mais sair.




Direto na têmpora: Lost in the harbour - Tom Waits

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Negado

Do não que me escarras
torno sim e sorriso
Negar é o verbo mais vago
antitudo, impreciso

E se gargalho não são uvas verdes
Vergonha talvez, num muxoxo

É que o não se bem dito
melhor, bem ouvido –
o proibido –
cabe em si um planeta de sims
De semfins

Fecho a porta e bendigo a torta certeza
De que provem os fatos e lavrem-se os atos
Este não foi um não que disseste pra mim




Direto na têmpora: Love me two times - The Doors

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Sabedoria

Meu amigo John Lennon (não o ex-Beatle, vale esclarecer) me contou uma vez que padecia de uma "doença verídica". Pois bem, esta historinha também é verídica e o protagonista, pelo jeito, é doente da cabeça. Tudo a ver, portanto.
Cartaz simples, o cliente bomba sem muitas explicações.
"Mas do que foi que você não gostou?", pergunta solícita a atendimento.
"E eu lá tenho resposta pra tudo nesse mundo, minha filha?"
Até agora não me decidi se ele é muito bem humorado ou simplesmente uma anta.




Direto na têmpora: The Incarnation - Yo-Yo Ma

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Duas pilulas da paternidade

Ventre

O ventre não mente jamais
Filhos são feitos das mães
Os erros são feitos dos pais



Biologia

Espermatozóide, óvulo, fecundação
Sem Sophia
O milagre da vida
Vira só biologia




Direto na têmpora: Casca de caracol - Zé Rodrix

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Indeletavel

Dizem que quem aprende a andar de bicicleta nunca esquece. Pois bem, eu aprendi e agora essa porra ocupa espaço indeletável na minha memória. Trocaria de bom grado o saber andar de bicicleta por uns 5 ou 6 telefones que vivo esquecendo. Mas não, é impossível. Quem aprende nunca esquece, essa é a maldição.
Andar de bicicleta é coisa pro Zé Garapa, caramba. Eu queria mesmo era lembrar a lista da drogaria que sempre fica faltando alguma coisa. Aliás, eu acho que é por isso que os velhos sofrem de perda de memória. Na verdade eles não perdem a memória, só que têm mais coisas pra lembrar e uma parte gigante do cérebro está ocupada com a porra do negócio da bicicleta. A artrite comeu a perna do cabra e ele ali, com a informação lotando o cabeção.
Portanto está decidido: se depender de mim, Sophia não aprenderá jamais a andar de bicicleta. No máximo, spinning. Vai que ela esquece de mim por causa dessa informação.




Direto na têmpora: Panis Angelicus - Milton Nascimento

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Gil, Dorival, Ivete e outros bichos

A Bahia anda aparecendo com uma freqüência assustadora na minha vida ultimamente. São trabalhos, concorrências, viagens, sempre com a boa terra como tema. Estranho, mas não muito.
Morei na Bahia quando tinha 2 anos e bem depois, dos 17 aos 20, tive um histórico de carnavais por ali quando nem havia ponte entre Ajuda e Porto Seguro. Agora, justo no Ano do Javali (meu signo no horóscopo chinês), a Bahia volta aí com essa coisarada toda.
Presságios? Sei lá, mas que tá impressionante, ah, isso tá.




Direto na têmpora: Jerk - Noise Addict

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Festejos momescos

2 freelas, 7 títulos para a TOM, 3 filmes (entre eles Cartas de Iwo Jima, bom apesar de muito lento), 2 livros - sendo um Marley e Eu (que todo dono de cão deveria ler) e o outro O Barão nas Árvores (que todo mundo deveria ler) - duas idas ao Mater Dei por causa de uma virose da Sophia e todas as noites sem dormir por causa da mesma virose. Resumindo, carnaval agitado, mas não como eu imaginaria. E segue a ralação.



Direto na têmpora: R.E.S.P.E.C.T - Aretha Franklin

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Rala, peao

Este pastel ficará temporariamente às moscas por motivo de trola maior.




Direto na têmpora: Scatterheart - Björk

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Filosofos desempregados

Uma caneca que repete os resultados do aquecimento global, um relógio do Einstein onde os ponteiros são fixos e os números giram ou um bonequinho de Van Gogh cuja orelha sai. Essas e dezenas de outras coisas inteligentes e muito bacanas você encontra no Unemployed Philosophers Guild. Vale uma visita sem a menor pressa pra ver tudo direitinho, mas eu aproveito pra deixar aí uma imagem do bonequinho da Frida Kahlo pra vocês verem como é bacana.






Direto na têmpora: Southbound - The Allman Brothers

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Harold & Maude

O Telecine Cult está dando um senhor presente pra quem gosta de cinema: Harold & Maude (que no Brasil tem o título imbecil de "Ensina-me a Viver"). Quem não viu tem que ver e quem já viu tem uma chance de ouro de rever. Quer dizer, passou ontem e eu nem sei se vai passar de novo, mas que eu fiquei feliz pra caramba com a sessão surpresa, fiquei.
Mas além de indicar a pérola, queria falar sobre traduções de títulos de filme. Pelamordedeus! Por que não chamam o filme de "Harold e Maude"? Por que têm que inventar "Ensina-me a Viver"? Eu entendo que "One flew over the cucko's nest" seja intraduzível e acabe virando alguma coisa bacana como "O estranho no ninho". Mas "JFK - a pergunta que não quer calar" (JFK), "Daunbailó" (Down by law), "A noviça rebelde" (The sound of music) e "A primeira noite de um homem" (The Graduate)? Peraí! É desrespeitar o cara que fez o roteiro e deu o título ao filme, além de chamar de incompetente.
Mas é aquele negócio, sempre tem algum "especialista" pra mexer na idéia original, fazer uma baita cagada e achar que ficou melhor. Qualquer semelhança com publicidade é mera coincidência?




Direto na têmpora: Give a man a fish - Arrested Development

No carnaval, ninguem e de niguem

Não gosto de música de carnaval de época nenhuma. Passei 3 carnavais em Porto Seguro entre 89 e 91 e tive que conviver com sucessos como "Ele não monta na lambreta", "Abre a rodinha" e "Nêga do cabelo duro", o que pode explicar um pouco do meu ódio pelo cancioneiro momesco. Se bem que desde criança nunca gostei de marchinhas. Sambas-enredo só um ou outro, mesmo assim muito de vez em quando.
Mas como sou amigo de Lulu Dumont, prefeita de Diamantópolis e uma empresária de sucesso no ramo de hospedagem de foliões, venho divulgar aqui uma das poucas marchinhas que aprecio e que, certamente, vai retornar com força total no carnaval 2007 para abrilhantar os festejos. Sempre na voz de Silvio Santos, claro.


A pipa do vovô

A pipa do vovô nao sobe mais
A pipa do vovô nao sobe mais
Apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás!

Ele tentou mais uma empinadinha
A pipa não deu nenhuma subidinha

A pipa do vovô nao sobe mais
A pipa do vovô nao sobe mais
Apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás!




Direto na têmpora: Girl who leaves on Heaven Hill - Hüsker Dü

Pra nao dizer que nao falei do Galo

Não sou atleticano que fica no pé dos outros. Nunca fui. Não acho que o Galo vá ganhar o Brasileiro, nem a Copa do Brasil e, pra falar a verdade, nem o Mineiro. Mas ontem rolou um lance que eu tenho que contar.
Assim que o Cruzeiro fez 1 a 0 um vizinho de frente urrou, berrou, bateu palmas, faltou soltar foguete, tudo com a Sophia dormindo. Por sorte ela não acordou, mas fiquei puto. Muito puto.
De longe ouvi quando o Galo empatou, virou e fez 3 a 1. Calmamente peguei a Sophia, que já havia acordado, posicionei-me debaixo da janela do infeliz e suavemente cantei "Galô, Galô", enquanto ela dançava toda feliz no meu colo. Nada mais delicioso do que o silêncio no apartamento do vizinho.
Não mexo com ninguém, mas não venha acordar minha filha, pô.

PS - Como eu queria que o Carrinho estivesse vivo e ativo só pra ler o "relatório" do clássico.




Direto na têmpora: Pinga com limão - Premeditando o Breque

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Mantenha o decoro, estupido

Eu sempre achei a eleição do Clodovil uma babaquice, uma dessas brincadeiras de mau gosto que o eleitor brasileiro faz às vezes, mas depois desse vídeo que a Sumire mandou, começo a mudar de idéia.
Nota especial para o tapa de luva no Maluf ao final dos trabalhos.






Direto na têmpora: Fuck everybody - Mike Angelo

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Cobertura 804

Daquela vez o Júnior tinha passado dos limites. Acordou com a ressaca clássica, gosto de corrimão de zona, sede filhadaputa e tudo mais. A cabeca doía incrivelmente e, se ele conseguisse falar, juraria nunca mais beber.
Arrastou-se da cama, os olhos cheios de areia. Acender a luz, nem pensar. Pegou a calça de ontem para vestir e o simples pensamento do café da manhã já o deixou com ânsias. A cabeça parecia querer explodir.
Levantou-se num esforço hercúleo e ao apalpar um dos bolsos sentiu acidentalmente um pedaço de papel. Retirou cuidadosamente e leu a mensagem: “Tucão. 9901 8543.”
Naquele momento, a dor que preocupava o Júnior já não era a da cabeça.




Direto na têmpora: Quicksand - David Bowie

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Jackson e James

Meu dileto amigo Rodrigo James está participando de um projeto genial chamado Mojo Books, onde escritores escolhem algum disco e escrevem um livro sob sua influência. Tá, não expliquei direito, mas é realmente do caralho. O James escreveu tendo o Thriller do Michael Jackson como inspiração e ficou muito bacana. Vale conferir.
Tirando isso, olhando o Michael Jackson hoje eu só consigo pensar em como o talento é uma faca de dois gumes. Traz grana, mas traz projeção. E pra quem é um freak à décima potência como nosso amigo MJ, isso equivale a um linchamento público e coletivo.
Pô, um cara que fez Off the Wall, Thriller e participou de todas aquelas pérolas do Jackson 5 até mereceria um salvo-conduto para esquisitices, mas realmente o caboclo exagerou. O foda é que mesmo sem ser tão freak quanto o Michael, todo mundo tem algum defeitinho que, ampliado, pode virar um crime monstruoso. É por essas e outras que agradeço de joelhos pela minha mediocridade.




Direto na têmpora: Beauty - James Iha

domingo, fevereiro 04, 2007

Hora do Soninho

Não levo muito jeito pra política. Apesar de ser bastante cara-de-pau, a chance de mandar o opositor tomar no cu em pleno debate da Globo é enorme e por isso pretendo me manter afastado da vida pública.
No entanto, procuro apoio de vereadores, deputados estaduais ou federais e até mesmo senadores na minha luta pela ampliação da Hora do Soninho para todos os profissionais brasileiros. Por que parar no maternal? Não é justo um cochilo de meia hora no meio da tarde para trabalhadores esforçados como nós?
Tenho certeza de que o Vina, a Adriana e o Euler, como empresários de visão que são, encampariam esta luta e instituiriam a Hora do Soninho na TOM imediatamente, mas como sou uma alma magnânima e penso sempre nos outros, não é pela firma que quero começar.
O que busco é apoio político para que todo brasileiro tenha direito àquela cochilada sensacional em pleno expediente. Junto com a semana de 4 dias úteis (minha grande e verdadeira luta), a Hora do Soninho seria a maior revolução nas relações trabalhistas do país desde Getúlio Vargas.
Para deflagrar esta cruzada peço o auxílio de vocês, diretores de arte, designers e pessoas com um mínimo de bom gosto. Criemos uma camisa como a que me inspirou no threadless e iniciemos a batalha.
Por uma semana de 4 dias! Hora do soninho para todos! Vagabundos unidos jamais serão vencidos!




Direto na têmpora: Out all night - The Pietasters

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Inveja boa

E já que é Dia do Publicitário, olhaí um dos melhores comerciais dos últimos tempos.






Direto na têmpora: Moving trucks - Bob Mould

Dia do Publicitario

Segundo meu mestre Acir Antão, hoje é o Dia do Publicitário. Uma data tão importante, diga-se de passagem, que até agora nenhum publicitário que eu conheço lembrou. Então, parabéns pra nós, peãozada!




Direto na têmpora: Colossal - Wolfmother