sexta-feira, fevereiro 26, 2010

She & Him & Her

Sophia anda apaixonada por She & Him. Basta sentar no carro que ela já pede "Quero Zooey". E enquanto as músicas tocam ela ainda vai pedindo pra que eu traduza e assim ela passa a saber do que a música trata. Ah, para quem não sabe, Zooey Deschanel é atriz, vocalista da dupla e a "She" do nome, enquanto M. Ward é o "Him".

Hoje cedo eu chego na sala e Sophia está desenhando e cantando toda compenetrada e linda a canção Black Hole dos "She & Him". E mais lindo ainda foi ouvir ela cantando direitinho em inglês: "over you. I'm alone on a bycicle for two."

Olha o clipe aí e me diz que não dá pra entender a paixão da baixinha pela música pela dupla.








Direto na têmpora: Lovely - Suicidal Tendencies

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Liras de Sintra e o Porto

Os peixes abertos de tripas expostas serviam-se às aves e ao vento salgado de Liras de Sintra. Os braços ainda atracados às redes, as mulheres sempre em casa a esperar e o dia seguindo em um lento e insípido arrastar.

Ainda havia o sol quando Pedro Aires deitou-se à areia, mirando uma nuvem com certa forma familiar que ele teimava em não reconhecer. Atrás de si, os telhados de um vermelho acanelado pareciam respirar.

Em torno do seu pensar, tudo era Aurélia, embora ela não mais se houvesse em Liras de Sintra. Pedro Aires ainda pescava como ofício, ainda comia o que a mãe lhe preparasse, ainda era todo certeza de que sua vida ali lhe bastava.

E no entanto havia Aurélia a vestir-se em convite, desenhada em suor e desejo, e, na sua mente, o Porto já ganhava cores de futuro, já soava nome de algo real.




Direto na têmpora: All the beautiful things - Eels

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Novas cores

Tem um joguinho que a Sophia adora e sobre o qual já até contei um caso aqui. Pois hoje rendeu mais uma.

Sophia:
- Atenção... concentração... vai haver... revolução... se você não me disser o nome de uma cor.

Fernanda:
- Rosa-choque.

Sophia:
- Não pode, mamãe, você gosta de vermelho, não pode mudar pra rosa-choque.

Fernanda:
- Vermelho.

Sophia:
- Rosa-choque.

Maurilo:
- Preto.

Fernanda:
- Roxo.

Sophia:
- Rosa-choque.

Fernanda:
- Você já falou rosa-choque, Sohpia, não pode repetir.

Sophia:
- Azul-choque!





Direto na têmpora: Ears ring - Rainer Maria

Só com o Deo

Deomar Geraldo é uma figura. Aliás, outro dia contei um caso dele aqui com o telemarketing ativo da Claro. Pois hoje teve mais uma historinha da criança.

Estava Deomar almoçando com o nosso amigo Lisandrinho no tradicional bar do Mané Doido, no Mercado Central, quando ao lado deles sentou um grupinho juvenil.

Entre as pessoas do grupinho, uma gatinha começa a olhar insistentemente para o Deo. Nosso amigo vai sentindo seu ego inflar e começa a ficar todo orgulhoso de seu poder de sedução quando a menina, cutucando as outras pessoas do grupo, aponta para o Deomar e pergunta:

- Aquele ali que é o Mané Doido?




Direto na têmpora:

Bolão

Vou dar um chute aqui e dizer que 99% das lotéricas espalhadas pelo Brasil oferecem aos seus clientes a participação em um Bolão da Megasena organizado pela própria casa.

Vou dar outro chute aqui e imaginar que a Caixa Econômica Federal tenha um contato, mesmo que diminuto, com essas casas lotéricas e já tenha pelo menos escutado falar desta prática.

É por isso que me soa a falso puritanismo a Caixa Econômica Federal proibir os bolões. É como os políticos que condenam o caixa 2 em campanha política tendo acabado de usar do expediente para serem eleitos.

Enquanto dava (muito) dinheiro e nenhum problema, a Caixa fechava os olhos para o fato dos bolões poderem significar confusão. Agora, a mesma CEF age como se eles fossem a representação maior de tudo o que há errado no mundo.

E os caras que ganharam e não levaram que se ferrem correndo atrás do que é direito deles na Justiça.




Direto na têmpora: No controles - Cafe Tacuba

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Bichos

O Cansaço é um vírus que pesa como um elefante, mas que se move sem som pelo ar e cabe dentro da gente, às vezes nas pernas, às vezes nas costas, às vezes em cada fibra. Se o cansaço tiver uma cor, é cinza escuro.

O Amor é um passarinho que canta baixinho e lindo, que pousa na mão da gente, mas que no primeiro gesto brusco voa e deixa no lugar o ovo gigante de um outro bicho chamado Tristeza. O amor quando chega é de um amarelo bem claro, mas muda sempre de cor.

A Tristeza é um tipo de sanguessuga, que esvazia a gente e que engole horizontes. Muda de tamanho e se encolhe e mesmo que pareça ter ido embora, sempre pode voltar de repente. Tem a cor do vazio.

A Palavra é um bichinho que se deve guardar muito bem, porque quando escapa se metamorfoseia e chega diferente no outro. Palavra quando sai e volta, sempre retorna outra. Sua cor são todas.

O Futuro é um bicho que jamais existe e que a gente insiste em tentar enxergar e se convencer de que vai ser diferente. O grande segredo do Futuro é fazer parecer que está lá quando na verdade ele já passou. A cor do Futuro é aquela que a gente nunca vai encontrar.




Direto na têmpora: Three women - Stereolab

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Ruim de cama

Eu não acredito que alguém seja ruim de cama. Eu acredito que você e outra pessoa não combinem na cama.

O fato da sua parceira chamar você pelo nome de um falecido tio-avô Belmiro, se vestir de fiscal da BHTrans e recitar letras do Nickelback durante a transa não significa que ela seja detestável na arte do amor. Significa apenas que ela não é a companheira certa para você.

Ampliando o raciocínio, é possível ainda que você só não ache isso tudo excitante porque nunca experimentou e que, após duas ou três tentativas extenuantes, não consiga mais sentir prazer sem esse formato erótico tão original.

Na minha opinião, as redes sociais seguem o mesmo princípio. Você pode curtir uma que fala o tempo todo e que faz tudo rapidinho como o Twitter, uma modernete e com jeito de gringa como o Facebook, uma profissional como o LinkedIn ou aquela que faz de tudo, com todo mundo e que tem a maior fama de bagaceira como o Orkut. Você pode inclusive achar que isso dá trabalho demais e preferir o celibato. Sem problemas.

O lance é que não há uma rede social ruim. O que existe é a rede social que serve melhor para os propósitos da sua empresa. É importante observar, conhecer e, quem sabe, até experimentar antes de decidir. O que não rola é descartar o programa só porque ela é mal falada.

E fica a dica: misturar mais de um estilo também pode trazer resultados interessantes para tirar as marcas de uma certa monotonia e evitar a rotina.




Direto na têmpora: Amused to death - Roger Waters

Para a Turma do Sorvete

A Turma do Sorvete, lá do clic, vai ser divida em duas hoje. Fica aí uma historinha pra despedir da fase antiga e começar a nova etapa.


A beterraba Roxinha

Não havia naquela horta nenhuma ave, inseto, animal ou vegetal mais ranzinza do que a Roxinha. Desde que nasceu e era só uma pelotinha roxa ela já brigava com todo mundo e vivia sempre brava e gritando.

Roxinha era bem redonda e muito bonitinha, mas ninguém conseguia ficar perto dela porque ela vivia xingando todo mundo. Era só alguma planta chegar um pouco mais perto dela que a brigaiada começava.

- Ei! O que é que você está fazendo aqui? Essa área é minha, vai embora agora, xô, passa!

Pra falar a verdade, até mesmo os passarinhos e as minhocas, se ficam em volta dela, mesmo sem querer, já levavam bronca. Era muito difícil aquela Roxinha.

Agora, o que eu não tinha contado ainda é que a Roxinha vivia na horta do Clic, uma escolinha muito especial com uma meninada muito bacana. E nessa escolinha, tinha a Turma do Sorvete que era uma festa só.

Um dia desses, a Turma do Sorvete estava mexendo na hortinha quando, de repente, viram uma coisinha roxa sair da terra, levantando as folhinhas como se fossem duas mãozinhas e berrando bem alto.

- Ei, sua meninada bagunceira! Quem deixou vocês mexerem aqui na minha casa? Vocês acham que mandam aqui, é? Olha que eu saio da terra e dou uma mordida no nariz de cada um, viu? Agora vão embora, sai, sai!

Depois daquela gritaiada toda, a Sophia olhou pra Ailinha; a Ailinha olhou pro João Guerra; o João Guerra olhou pra Juju Bernardi; a Juju Bernardi olhou pro Nicolas; o Nicolas olhou pro Tomás; o Tomás olhou pra Clara Nelson; a Clara Nelson olhou pra Valentina; a Valentina olhou pro Augusto; o Augusto olhou pra Luana Jacques; a Luana Jacques olhou pra Ana Esteves; a Ana Esteves olhou pro Pablo; o Pablo olhou pra Ana Luisa; a Ana Luisa olhou pro Fernando; o Fernando olhou pra Luana Figueiredo; a Luana Figueiredo olhou pro Davi; o Davi olhou pra Isadora e a Isadora olhou pro Vitor.

Eles ficaram sem entender nada. Pensaram, pensaram e resolveram dar um jeito naquilo. Afinal, a meninada da Turma do Sorvete adorava a horta, suas minhocas e os seus vegetais deliciosos. Eles então juntaram suas cabeças e fizeram um plano.

A Maria estava na cozinha quando a meninada da Turma do Sorvete chegou bem de mansinho e conversou como se a Maria nem estivesse lá.

- Vocês viram aquela beterraba linda na hortinha?

- Nossa! Ela era grande mesmo.

- E linda, deve estar deliciosa.


Quando a meninada saiu, a Maria pensou.

- Olha que boa idéia, vou até a hortinha, pego a beterraba e faço uma saladinha deliciosa pra Turma do Sorvete.

Naquele mesmo momento, a Roxinha estava tirando um cochilo e nem viu quando a Maria puxou ela da terra, levou pra cozinha e começou a descascar. Quando a Roxinha acordou e viu que estava pelada, ficou furiosa. Ela olhou pra Maria e começou a gritar.

- Ei, você aí com a faca na mão. Foi você que descascou minha roupa e me deixou pelada? Ah, você vai ver! Eu vou dar uma boa mordida no seu nariz, sua doidinha!


A Maria ficou muito assustada e começou a falar.

- N-n-n-não, dona beterraba, desculpa. Eu nem sabia que você falava. É que a Turma do Sorvete passou por aqui e falou que tinha uma beterraba linda na horta aí...

A Roxinha entendeu tudo.

- A-há! Foram aqueles safadinhos da Turma do Sorvete! Mas eles vão se ver comigo.


A Roxinha então saiu pisando duro e procurando a meninada da Turma do Sorvete para dar uma mordida no nariz de cada um. Quando ela entrou na sala do lanche e viu que estavam todos lá ela subiu na mesa e continuou gritando.

- Foram vocês que mandaram aquela moça me deixar pelada, né, seus narigudos? Mas vocês vão ver! Agora vocês não me escapam!

A Turma do Sorvete ficou bem paradinha e de repente a Sophia olhou pra Ailinha; a Ailinha olhou pro João Guerra; o João Guerra olhou pra Juju Bernardi; a Juju Bernardi olhou pro Nicolas; o Nicolas olhou pro Tomás; o Tomás olhou pra Clara Nelson; a Clara Nelson olhou pra Valentina; a Valentina olhou pro Augusto; o Augusto olhou pra Luana Jacques; a Luana Jacques olhou pra Ana Esteves; a Ana Esteves olhou pro Pablo; o Pablo olhou pra Ana Luisa; a Ana Luisa olhou pro Fernando; o Fernando olhou pra Luana Figueiredo; a Luana Figueiredo olhou pro Davi; o Davi olhou pra Isadora e a Isadora olhou pro Vitor.

Todos juntos pularam sobre a Roxinha, toda linda e descascadinha e nhac! Comeram ela todinha.




Direto na têmpora: The Opposite Of Hallelujah - Jens Lekman

O rei dos petizes

Aniversário do Gutinho, colega da Sophia no Clic e primo da Mari. Criançada em estado de ebulição e, de repente, a Imila, filha dos meus amigos Martín e Luana vem correndo em minha direção de bracinhos abertos e gritando "Batatão! Batatão!".

Já me sentia o mais querido da festa, o rei dos petizes, o chefe da brincadeira quando ela, segurando a minha mão, diz:

- Batatão, xixi.

E lá fui eu levar a pequena ao banheiro. Na segunda vez não teve romntismo nenhum. Estava eu sentado e só senti o puxão na manga enquanto ouvia a Imila dizer:

- Batatão, cocô.

Mas como disse o Martín, pedir pra levar ao banheiro também é uma demonstração de carinho. E eu, Batatão, o rei dos sanitários, agradeço muito e de verdade, viu Mimila?




Direto na têmpora: Daylight Robbery - Imogen Heap

domingo, fevereiro 21, 2010

Acabando com o cristianismo

Ontem, alguém explicou para a minha Sophia que a figura dentro do oratório era Maria. Algum tempo depois, a baixinha fechou as portas com a imagem lá dentro:

- Agora eu vou trancar a Mariazinha aqui e ela nem vai poder encontrar mais com o namorado dela. Rá!

E assim, com um sorriso sapeca e sem conhecer a saga de Jesus, Sophia evitou que o carpinteiro José encontrasse a Virgem Maria e transformou para sempre a história ocidental.




Mariazinha, logo antes de entrar em cana.




Anjos são assim, mudam o rumo da humanidade e vão tirar um cochilo.




Direto na têmpora: Fiesta - The Pogues

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Contito

E então, castigado pela chuva e pelo vento, o pequeno Estevão olhou para os céus e, como em uma explosão ou renascimento, vociferou sua reprovação ao divino e ao mundano.

- Putaqueopariu, não vai parar de chover não, ô, caralho!?




Direto na têmpora: Irene - Caetano Veloso

Dia bom

Ontem eu recebi três ótimas notícias e ajudei a preparar o terreno pra mais uma que, se Deus quiser, virá em breve (antes que as leitoras de úteros palpitantes se arrisquem, não é gravidez, ok?).

O fato é que dias em que tanta coisa boa chega de uma vez só fazem a gente parar um pouco e ver como temos sorte e o quanto falta para merecer tudo isso.

Não deu pra postar ontem, mas se tudo der certo mesmo, o que não vai faltar é post novo com assuntos bons nos próximos dias. Torçam para o tio Maurilo.




Direto na têmpora: So lonely - Nouvelle Vague

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Na batida da roça

Cavalos, vacas, galinhas, porcos, morcegos e uma fazenda de 1750 onde viveu Carlos Chagas. Para completar, ótimos amigos, uma meninada pra lá de feliz, comida e cerveja de primeira, um céu absurdamente estrelado e um corregozinho correndo lento a poucos metros da casa enorme e antiga.

Não poderia ter sido melhor.




A oncinha amou o carnaval na fazenda.




Foram horas e horas no balanço amarrado em um galho de árvore.




Teve passeio a cavalo.




E é claro que teve baile de carnaval.




Direto na têmpora: Molly's lips - Nirvana

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Eu que mando

Essa aí estava no Posto Ale do Ponteio quando resolveu fazer umas compras na Araujo, talvez comer um lanchinho e tal.

Local pra estacionar? Em cima da sinalização de "Proibido Estacionar", é claro. Ali, ninguém te incomoda. Parabéns, dona.





PS - Até depois do carnaval e bom descanso procês tudo.




Direto na têmpora: I wonder - Blind Melon

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Vidinha besta

11h01 - G acorda e, sem escovar os dentes ou lavar o rosto, pega uma lata de cerveja na sala e volta para o sofá. A tv já estava ligada e ele se senta para assistir algum programa de esporte.

12h31 - Ainda no sofá, G come a pizza dormida que estava na geladeira.

14h53 - G cochila no sofá da sala. No canto esquerdo da boca, um rastro de baba seca e nas mãos o controle remoto parece um travesseirinho de segurança.

15h22 - G tem gases e acorda com o barulho da própria explosão de flatulência. Olha ao redor um tanto e confuso e volta a dormir.

20h38 - G levanta para urinar e no meio do caminho decide que precisa fazer algo, que dormir a tarde inteira no sofá assim não é possível, que ele não vive de verdade desde que R o deixou.

20h47 - Após urinar, G retorna ao sofá e pede uma pizza.

21h12 - A pizza chega, G a guarda na geladeira, veste o pijama e resolve se deitar na cama.

21h29 - Antes de adormecer completamente, G resolve que na manhã seguinte irá vender o sofá.




Direto na têmpora: Weak - Skunk Anansie

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Sem perdão

Eu não sou especialmente bom em perdoar, seja em coisas grande ou pequenas. É um defeito meu que tento melhorar e que venho conseguido alterar pouquinho, baby steps e tal.

Talvez por isso eu não consiga me colocar no lugar do Ricardo aqui da Tom, que teve a sobrinha de 4 anos assassinada estupidamente(como se houvesse assassinato que não fosse estúpido) por um vizinho de 16.

Eu não consigo imaginar a dor da família ou como estejam lidando com os pais do monstro. Mais do que isso, eu não consigo sequer imaginar que em dois anos ele estará solto por ser menor.

Eu, que sequer faço parte da família, desejo a ele as piores coisas que eu possa desejar a outro ser humano. Eu não me interesso pelos motivos que esse rapaz possa dar e não acredito na justiça. Nesse caso, eu sequer compreendo a recuperação como uma possibilidade ou alternativa de interesse da sociedade.

Eu não sei se o Ricardo e sua família irão perdoar o rapaz. Eu sei que eu não perdoaria e, sinto muito, não me envergonho nem um pouco disso.




Direto na têmpora: You've got the love - Florence and the Machine

O bigode azul da menina - Freak Children

Jussara era um doce de criança

Um anjinho pequeno de olhar cool

Adorava teatro, cinema e dança

E tinha um lindo bigode azul



O bigodaço azul até que combinava com ela

E muita gente chegava mesmo a elogiá-lo

Ela penteava bem e, com uma fita amarela,

Prendia o moustache num lindo rabo de cavalo



Era bastante feliz com sua pelagem facial

Eu diria que era quase um caso de amor

Por isso não gostou nada quando ganhou de natal

Um ultra-super-moderno barbeador



O bigode azul não tinha nada de infame

E deixava Jussara com um look intrigante

Logo foi descoberta por um "olheiro" da Armani

Para se transformar em modelo elegante



No primeiro desfile, sucesso total

Desmaios, palmas e muito chilique

O bigode virou mania mundial

E a Jussara estrela do SP Fashion Week





Direto na têmpora: Pink India - Stephen Malkmus

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Telemarketing ativo, um pedacinho do inferno só pra você.

Meu grande amigo Deomar (@deooliveira) odeia telemarketing, o que faz dele uma pessoa absolutamente normal.

Pois outro dia o Deo recebeu uma ligação que transcorreu mais ou menos assim:


- Sr. Deomar, boa tarde. Aqui é Fulano de Tal, da Claro, o senhor é cliente Vivo correto?

- Sim.

- E o senhor ainda tem vínculo contratual com a Vivo?

- Tenho.

- E o senhor não estaria interessado em conhecer as condições que a Claro lhe oferece para trocar de operadora?

- Bom, na verdade para mudar de operadora eu teria interesse se fosse para ganhar um iPhone.

- Ah, é? Só que isso aqui não é Criança Esperança, não, falô!


E tum! Desliga o telefone na cara do Deo.

É sacanagem pra caralho e o Deomar já acionou a Claro para ferrar esse vagabundo, mas eu ri muito.




Direto na têmpora: Hurt - Johnny Cash

Gentices

Eu já ouvi muita coisa na minha vida, mas três delas me irritam não importa quanto tempo passe.



1) A pessoa acha que pedir um mudança dá o mesmo trabalho do que fazer uma mudança.


Pedir pra mudar o mesmo trabalho 10 vezes porque o cliente é confuso deve ser muito chato. Deve mesmo, eu acho isso e simpatizo com as pessos que fazem essa interface. Agora, querer dizer que dá o mesmo trampo pedir 10 mudanças ou fazer 10 mudanças é ir um pouco longe demais. Para mim, o fato de alguém pensar assim só tem duas explicações e nenhuma delas é lisonjeira.


2) A pessoa se justificar dizendo "todo mundo faz".

Não vou nem mencionar o que esse tipo de postura diz sobre a ausência de personalidade do indivíduo. Quem usa essa frase deve ter convulsões sempre que sofre um pensamento original. É praticamente uma carta que isenta a pessoa do fardo que é raciocinar.


3) A pessoa que diz "ah, mas isso é fácil".


Se é fácil, porque não fez antes? Se é fácil, porque pediu pros outros? Enfim, tudo é rápido e fácil quando não é você quem tem que fazer.




Direto na têmpora: Learned to surf - Superchunk

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Semente

A semente não sabia o que era, só sabia que gostava da terra. E quando se estourou em raízes, não foi por desejo de se descobrir o que quer que fosse, mas apenas por uma certa pressa de não caber em si.

Suas folhas romperam a crosta, sedentas de luz, e já não era semente. Era outra coisa, diferente, indefinida, que os outros já enxergavam com clareza, mas que ela mesma não adivinhava. E nem se interessava.

Sentia era falta da terra, do concentrado de ser pequena e não se reconhecia assim, espalhada. Semente ainda e sempre, presa em corpo de cenoura, de beterraba, de taioba ou de alguma flor.

Pouco importava. Não se enxergava, não se sustentava e nem se lamentava. Brotar é a dor irreversível.




Direto na têmpora: Blitzkrieg Bop - Die Toten Hosen

sábado, fevereiro 06, 2010

Pastel urgente: mais duas da Sophia

Sophia conversando com a Fernanda:

- Sophia, o vovô Sevi vai voltar moreninho da praia.

- E a vovó Yole?

- A vovó Yole vai voltar branquinha, porque ela não gosta de tomar sol.

- Branca, eca! Eu não gosto de branco.

- Então você não gosta de mim, Sophia? Eu sou branquinha...

- Eu gosto de você, mas não gosto da sua cor. Eu acho queimado mais bonito. As duas cores que eu gosto são moreno e rosa.

- Rosa? E você conhece alguém rosa, Sophia?

- O unicórnio, uai!




____//____

Sophia conversando comigo:

- Olha o meu desenho de zebra, papai.

- Que lindo, Sophia. Mas olha só, você sabe quantas perninhas a zebra tem?

- Quantas?

- Quatro.

- Igual ao boi.

- Isso.

- É, mas eu desenhei quantas pernas ela precisa.








Direto na têmpora: Girlfriend - Phoenix

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Natural born digitals

Eu não sou um nativo digital. Eu me lembro quando meu pai comprou nossa primeira tv a cores, me lembro do Telejogo, do orelhão de ficha e das linhas de telefone fixas caríssimas. O telefone, aliás, era de disco e tinha fio.

Eu ouvia música em vinil ou fita cassete e vi nascer o walkman. Também vi nascer o cd e o dvd, além de acompanhar o primeiro console de Atari e o videocassete do berço ao túmulo, sendo que o Beta morreu bem antes do VHS.

No meu ensino médio, computadores em casa eram um raridade e não havia celulares. Nos meus estágios trabalhei com máquina de escrever (aliás, ganhei uma quando entrei na faculdade) e quando me formei, o laboratório de redação da UFMG ainda não tinha computadores.

Em 98, apenas um dos computadores da agência em que eu trabalhava contava com internet e os emails eram por setor. Ex.: criacao@xxxcomunicacao.com.br. Conheci o ICQ e o mIRC.

Ao contrário do que este breve histórico deixa transparecer, não tenho 70 anos, mas 38. Vocês que são nativos digitais levam sobre mim uma enorme vantagem de conhecerem as novas formas de comunicação e relacionamento de uma maneira muito mais natural.

Em 2003 comecei a colaborar com um site de produção cultural independente e dali tirei os textos que compuseram meu primeiro livro "Incultos".

Em 2004, a Ju Sampaio, uma das autoras do Mothern, me apresentou os blogs.

Em 2005 comecei a me interessar seriamente pela internet não apenas como usuário, mas profissionalmente.

Em 2006 ajudei a plantar a semente da vinda do Guilherme Boechat (e de todo um raciocínio estratégico em meios online) para a Tom e comecei com o Pastelzinho.

Em 2007 / 2008, o Paulo Silva, da Domínio Público, me ajudou muito investindo em cursos e na minha formação no que diz respeito a web.

Continuo estudando, gerando conteúdo nos mais diversos formatos e conversando com uma infinidade de pessoas mais competentes e com visões diferentes da minha.

Não sou o que se pode chamar de profissional de web, mas sou um profissional de comunicação que já compreendeu que não existe diferença entre online e offline. Minha carreira depende disso, minha visão de mundo abraça isso. Em contrapartida, só leio livros "analógicos", não blogo e nem uso meios digitais no final de semana (tirando iPhone).

Como já disse, não sou um nativo digital. Vocês que o são, saibam aproveitar. E lembrem-se de que tudo morre e muda com uma rapidez impressionante e que o moderninho de hoje, assim que para de se mover, é o obsoleto de amanhã.




Direto na têmpora: Paper planes - I'm From Barcelona

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Abençoado

E em forma de bênção, sem que eu prestasse atenção, todos os meus caminhos viraram um.







Direto na têmpora: I can't turn you loose - The Plimsouls

No papel fica melhor?

Criamos capa, criamos 11 personagens, criamos 11 histórias e 11 ilustrações. Agora, vamos dar um tempo. Em alguns casos gostei mais do texto, em outros mais da ilustração e, de maneira geral, achei tudo muito bacana.

Quem sabe fica ainda melhor no papel?


















































Direto na têmpora: Speaking Of Happiness - Gloria Lynne

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Minhoca, uma discussão filosófica para crianças

A Sophia adora minhocas. Eu não sei porque ela adora minhocas, mas nem preciso saber. Só sei que eu acho o máximo.


Você já viu uma minhoca de perto? Minhoca é um bicho sem pé nem cabeça.

Que tem anéis e não tem dedos, que vive na horta e não come verdura, que não tem olhos e sabe pra onde está indo.

Alguém aí já viu ovo de minhoca? Alguém aí já viu minhoca dormindo? Alguém aí sabe se uma minhoca é menino ou menina?

Mas não se engane, a gente conhece mal as minhocas, mas elas estão ali, prestando muita atenção na gente. Elas sabem quem gosta de cenoura e quem gosta de alface, quem gosta de pisar na terra, quem põe dedo sujo na boca e até quem molha as plantas e cuida bem da horta.

E o bom mesmo de ser amigo das minhocas é que quando a gente for pra debaixo da terra, naquele último instante em que a gente volta a ser parte do mundo de verdade, elas vão estar lá, cuidando do outro lado do jardim pra gente ser feliz pra sempre, do jeito que a gente sempre devia ser.





Direto na têmpora: If we wait - Guided By Voices

Freak Children - versão camelo

Texto: Maurilo Andreas
Ilustração: Rogério Fernandes








Direto na têmpora: The impression that I get - The Mighty Mighty Bosstones

terça-feira, fevereiro 02, 2010

As decisões que não tomamos

A vida da gente tem alguns momentos cruciais. Talvez na hora não notemos o quanto aquele instante é fundamental, mas aí ele passa e, anos depois, percebemos que faltou tomarmos uma decisão naquela hora.

Faltou dizer não, faltou desistir, faltou mudar o rumo, faltou perceber que aquele momento indicaria um caminho sem volta no qual ninguém deveria seguir.

E às vezes, cerca de dez anos depois, a gente gostaria muito de voltar àquele momento e dizer algo como "peloamordedeus, por que é que eu não largo logo esse imbecil?".

É, acho que traduzi bem a foto.




Fernanda encarando o seu futuro com medo e um leve desespero.




Direto na têmpora: Against all odds - The Postal Service

Italinhol

Meu grande amigo Martin é argentino e um ótimo professor de espanhol.

Em uma de suas aulas, Martin pediu que os alunos assistissem ao filme "Diários de Motocicleta", que conta a vida de Che Guevara em sua primeira viagem pela América Latina.

Depois, pediu que eles pesquisassem e escrevessem uma redação, obviamente em espanhol, sobre o que teria acontecido depois do final do filme, quando Che vai para Cuba.

Os trabalhos foram entregues e ao lê-los Martin teve uma certa surpresa com um dos alunos. No dia seguinte, rolou a aula.

- Fulano, por favor, dá pra vir até à frente da sala e ler o seu trabalho?

- Tá bom.


Após um prolongado silêncio, Martin perguntou:

- O que foi?

- Tá difícil ler isso aqui.

- Sabe por quê?

- Não.

- Porque você fez o trabalho em italiano.





Direto na têmpora: I want you! - Peter Bjorn and John

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Embaixadores da marca

O termo "embaixador da marca" ou advogado da marca" se refere ao consumidor que se identifica de tal forma com determinado produto, serviço ou empresa que passa, sem receber nada em troca, a defendê-la, indicá-la e reforçar seus diferenciais junto a outros consumidores. O termo pode parecer estranho, já que eu nunca vi um advogado trabalhar de graça em favor de alguém, mas enfim (desculpem a piadinha, amiguinhos jurisconsultos).

O fato é que eu era um embaixador de marca do Super Nosso Gourmet. Elogiava, via Twitter ou ao vivo, os carrinhos feitos de garrafas pet recicladas, o setor de vinhos, o atendimento, o fato de oferecer Dotz, a qualidade dos produtos e tudo mais.

Para os que diziam que o Super Nosso Gourmet nunca seria igual ao Verde Mar, outro supermercado que eu adoro e recomendo, eu argumentava que em certos aspectos ele já era melhor e que, no geral, eles se equiparavam. Heresia para muitos, mas era a minha opinião.

Hoje fui fazer compras de mês e, mesmo com a insistência da Fernanda para que eu fizesse no Carrefour por ser mais barato (quase sempre é), relutei e segui para o Super Nosso Gourmet. Dos quatro primeiros itens da lista, encontrei apenas um.

É óbvio que o Super Nosso Gourmet não deixa de ser um excelente supermercado por isso e é notável o esforço da gerente para me atender e oferecer outras marcas em substituição, mas o encanto se perdeu um pouco.

Continuarei comprando no Super Nosso Gourmet, mas não serei mais um defensor apaixonado. Até porque eles concorrem com o Verde Mar e não podem ser apenas bons, precisam ser excelentes sempre. Infelizmente para eles, a margem para erro é mínima.

Escrevi isso tudo porque cada vez mais é difícil conquistar adeptos fiéis e capazes de viralizar o que há de bom em um produto. As empresas que conseguem isso, como a Apple, só para citar o exemplo, merecem muito o nosso aplauso. Eu confesso que sou embaixador da Editora Conrad, do Wii e de outras poucas marcas. O Super Nosso Gourmet ficou bem próximo e o Verde Mar também quase entrou nessa lista, mas ainda falta um detalhe.




Direto na têmpora: Igloo - Karen O and the Kids

Hein?

O cisne, o ganso, o marreco e o pato são leiautes diferentes de uma mesma idéia. O briefing era claro e pedia olhinhos redondos e um grasnar engraçado.

Gostar de nadar era fundamental e as asas para voar também. Pés chatos, penas impermeavéis e o mesmo rebolar desengonçado ao caminhar também eram parte do pedido.

Aí o trabalho foi para quatro equipes diferentes, com designers, engenheiros e sei lá mais o quê. Deu no que deu, quatro idéias com a mesma base, mas completamente diferentes.

Alguns amam a postura meio romântica do cisne, outros adoram o jeito agressivo do ganso. Uns gostam de patos, outros preferem marrecos.

A verdade é que isso começou pra ser uma historinha infantil, depois me pareceu uma alegoria qualquer sobre o Dia do Publicitário e terminou não sendo nem um, nem outro.

Aliás, nem terminou, mas já que eu escrevi até aqui, deixo pra vocês. Quem quiser que continue.




Direto na têmpora: All the wine - The National