sexta-feira, setembro 28, 2007

Baile

Ele sentado à mesa, bebericando um whiskey e remoendo o incômodo do terno novo, repara na moça de azul que dança alguns metros à frente. A gravata amarela e o cabelo engomado lhe dão confiança (o whiskey também, por supuesto) e Jorge, de pé, convida outra garota.

Sem desviar os olhos da moça de azul, Jorge conduz sua dama pelo salão. Rodopia desajeitado e, embriagado, sorri exageradamente, imita um galã qualquer do cinema francês.

A garota com quem Jorge dança ostenta um olhar aborrecido, engole um bocejo e observa a decoração que começa a ruir. Seu nome é Marina e essa foi a sua última dança, chata e sem graça como o casamento de anos que viveriam depois. A gravidez no estacionamento do baile, Jorge com o mesmo terno no dia da cerimônia e o indissolúvel se fez. A moça de azul ainda a rodopiar, numa lembrança dia a dia mais nítida.




Direto na Têmpora - Monkey Man - The Specials

Baile 2

Ela de azul, dançando no centro do salão, repara o rapaz de gravata amarela, cabelo engomado e talvez meio tonto que não pára de observá-la. Trocam olhares, mas ela rodopia feliz, solta.

Percebe quando o rapaz chama outra moça para dançar e não se importa, só pensa no que a cartomante disse: “vais encontrar o amor da sua vida na rua, ao acaso, e é alguém que já conheces, mas não quem estás pensando”. Sorri outra vez e gira, fazendo do azul do vestido um raro furta-cor.

Já se esqueceu quem era o seu par no baile, mas ali com seu marido e sua filha na porta do cinema, tem a quase certeza de que a cartomante estava certa. Aperta a mão do homem moreno ao seu lado, encosta a cabeça em seu peito e sorri, sem notar um certo rapaz de olhar vencido à sua frente na fila. Um dia ele usou uma gravata amarela, ela um dia vestiu um vestido azul e isso já não quer dizer nada.




Direto na têmpora: Ciúmes - Ultraje a Rigor

quinta-feira, setembro 27, 2007

Mamona

Como os tempos mudam. Estou fazendo um trabalho sobre biodiesel onde a mamona é cantada em verso e prosa por suas qualidades. Pois na minha época a mamona possuía uma única e importante função: armamento pesado.

Fosse na tradicional guerra de mamonas, como principal ítem bélico, ou como instrumento de torturas para descobrir a localização da bandeira da equipe adversária (crianças, procurem na Barsa ou na Delta Larousse o verbete "pique-bandeira"), a mamona representava para nós o mesmo que as baionetas para os exércitos da Primeira Guerra Mundial.

Hoje, aquela bolotinha verde aparentemente inútil é uma das potenciais responsáveis pela salvação do planeta e eu aqui, fazendo anúncio pra ela.

Superado por uma mamona, eita destino cruel.




Direto na têmpora: A pulga - Bebel

Repostagem

Revendo meus posts antigos achei um poeminha que fiz pra Sophia e que coloquei aqui faz um ano. Como quase ninguém lia e muito menos gente comentava, coloco de novo. Até porque, continua bonitinho.

Cachinhos
A minha Sophia tem lindos cachinhos que a mãe, carinhosa, teima em domar
Redobra os cuidados, prepara a criança e com zelo de fêmea põe-se a tentar
Mas minha Sophia é da vaidade o antes
Toma-lhe a escova, morde, balança as perninhas e é feliz assim, só de estar
Só de ser
Quando não olham, roubo a minha Sophia um segundo
encosto em meu peito seu ninho e acarinho,
com dedos e dengos,
refazendo cada cachinho
.




Direto na têmpora: Lord is it mine - Supertramp

quarta-feira, setembro 26, 2007

Ciclones, Menudos, Tremendos

Os Menudos foram um fenômeno mundial de vendas. Uma boy band latina de onde saiu o Ricky Martin e através da qual as garotas oitentistas viveram seus primeiros surtos histéricos.

Mas por incrível que pareça, o pior dos Menudos não eram os Menudos, e sim os clones que eles geraram. Coisas estranhas como Ciclone (brasileiro) e Tremendo (argentino) que assombraram milhões de pessoas com um mínimo senso estético e musical e que hoje, felizmente, não passam de grotescos vídeos na internet.


Os filhos brasileiros dos Menudos


E seus hermanos argentinos




Direto na têmpora: Forever and a day - The Offspring

terça-feira, setembro 25, 2007

Sem tempo

Sem tempo para respirar (e muito menos para postar), me lembrei de uma historinha rápida e corri pra cá.

O primo de um amigo meu com seus 8 anos disputava uma final de judô, ainda faixa azul, na Usipa. Na torcida, antes do início da disputa, a família inteira incentivava: "Pra cima dele, Angelito. Dá nele, Angelito. Vai com tudo, Angelito."

O juiz dá o sinal, os lutadores se cumprimentam e Angelito, já no primeiro movimento dá um soco na cara do moleque que cai como um saco de batatas. Ainda horrorizada com a cena, a família vê Angelito de frente pra eles, vibrando como um verdadeiro campeão.




Direto na têmpora: 53rd and 3rd - Ramones

segunda-feira, setembro 24, 2007

Scars

Juro que esse é o último Robert "Red" Walton que eu posto aqui. Desculpem e lá vai bomba, com direito a tradução porca.

"Lend me one of your scars so I can figure out what living is all about. In this cozy nest of mine, the air is much purer, the sun is much brighter, the kisses are free and this just ain’t life. This just ain’t true. This just ain’t me.

Lend me one of your scars, maybe the biggest of all, so I can bleed in some way and finally open my eyes. And if there’s nothing new to see, so sorry, so be it. That’s life and that’s true and that’s me.

So lend me one of your scars, one of your broken dreams, one of your torned and ripped toys, ‘cause I’d rather be in harm’s way than to live another day like this."



"Empreste-me uma de suas cicatrizes para que eu possa descobrir o que significa viver. Nesse meu ninho confortável o ar é mais puro, o sol é mais brilhante, os beijos são de graça e isso simplesmente não é a vida. Simplesmente não é verdadeiro. Simplesmente não sou eu.

Empreste-me uma de suas cicatrizes, talvez a maior de todas, para que eu possa sangrar de algum jeito e finalmente abrir meus olhos. E se não houver nada novo para ver, sinto muito, que seja assim. Essa é a vida e isso é verdadeiro e esse sou eu.

Então me empreste uma de suas cicatrizes, um de seus sonhos partidos, um de seus brinquedos destruídos, porque eu prefiro estar em perigo do que viver mais um dia sequer assim."





Direto na têmpora: Lagartija Nick - Bauhaus

sexta-feira, setembro 21, 2007

My favorite things

Nunca fui um grande fã do filme A Noviça Rebelde, mas a música My Favorite Things sempre foi uma das que mais gostei. Tem versões maravilhosas com a Sarah Vaughan, John Coltrane e muito mais. O grupo de jazz tocou a canção na festa do meu casamento em homenagem aos noivos e por aí vai.

Hoje recebi um comercial da Skoda muito bacana com ela de trilha e resolvi procurar no Youtube a maravilhosa cena do "Dançando no Escuro" com Björk cantando à capela. Achei e estou postando os dois. Pensando bem, como eu sou bonzinho, vai o Coltrane também. Divirtam-se.


O filme da Skoda.




A Björk no Dançando no Escuro.




John Coltrane e a mais genial versão do clássico.




Direto na têmpora: My favorite things - Sarah Vaughan

quinta-feira, setembro 20, 2007

Falando de anos 80

O Juquinha (Dr. Bernardo José) me passou e eu achei perfeito. Óiaí.









Direto na têmpora: Femme Fatale - The Velvet Underground

O mullet ainda vive

Tenho visto nas ruas a campanha de 30 anos da Corpore. Não vou aqui criticar o material, mas o que me intrigou foi o modelo: um caboclo fortinho (ok), sem a camisa(vá lá) e com estranhíssimos mullets (!!). Sim, mullets discretos, porém inequívocos adornam o rapaz e dão ao material um tom oitentista que chega a ser impressionante.

Se a moda volta oficialmente serei o primeiro a recuperar os mullets que usava em 86, mesmo sob o risco de me tornar um cabireca de primeira linha. Yeah, dude, mullets rule!


Não é o modelo da campanha Corpore 30 anos, mas bem que poderia.




Direto na têmpora: Hunger Strike - Temple of the Dog

Versinho impossível

Poeminha que fiz para a Fernanda já faz tempo e que transformei inclusive em uma almofadinha (travesseirinho) bordado. Reli no quarto esses dias, achei bonitinho e resolvi postar.

Amar-te em versos
Doce impossibilidade
Em qualquer língua que não rime
“para sempre” e “felicidade”



PS - Descobri que tenho uma leitora-mirim muito especial: a pequena socialite e modelo de Mona Lisa, Helena. A mãe já me recomendou que modere minha linguagem e que não faça mais um jornalismozinho marrom como aquele que cometi no post High Scandal Musical. Juro que vou tentar. Ah, se você lê o blog mesmo, Heleninha, beijo pra você e pra sua irmã Mariana, viu?




Direto na têmpora: Autumn Leaves - Nat King Cole

quarta-feira, setembro 19, 2007

Primeiro capítulo de algo

Em Portugal existe ainda um lugarzinho chamado Liras de Sintra. Um olho salgado de mar, outro que espia certas uvas raras que dão bons vinhos e se encarapitam em bruscas encostas. Liras de Sintra é daqueles sítios onde se vive como se fez o viver em épocas dos livros de histórias: fala-se muito sobre o alheio, pesca-se sardinhas a modas já esquecidas, colhe-se a oliveira e embriaga-se do próprio vinho (ou numa hipótese melhor, do vinho de um vizinho mais desprendido).

Azulejada de uns tantos azuis de um escuro sóbrio, Liras se amorena no topo das casas. Uma olaria à chegada dali ocupa-se em produzir telhas de um vermelho acanelado, com algo de índias e especiarias. Obram para si próprios e, ao fim de curtos períodos, reúnem-se todos para remoçar os telhados e avivar os primeiros encontros que se tenham com desconhecidos ou velhos conhecidos. Não é único o relato que credita a esse particular o cheiro de barro fresco que amaina sedes de quem por ali pisa.

Quando os mouros estiveram em Liras de Sintra deixaram uma mesquita muito branca, onde após convertidos todos de uma só vez em milagre famoso e cantado aos ventos, criaram o hábito de celebrar as missas cristãs em latim e árabe. Alguns lugarejos vizinhos, tomados de soberba e malícia, passaram a chamar os de Liras de “mouros em terços”, alcunha injusta e impudica que o povo local firmemente rejeita.

E assim vive-se por ali, à margem do que nos convém chamar tempo. E assim pode-se encontrar, em modesta e firme casa à subida da Ladeira das Dores, João de Torres Madeira, alfaiate e um seu criado, disponha. De ternos de linho, coletes de lã e redes de pesca fazia-se o grosso ofício de João Madeira. Trazia nas agulhas não o gênio de cortes e estilos, mas o preciso saber de como é o vestir em Liras de Sintra.




Direto na têmpora: O sol - Bonsucesso Samba Clube

Fasceíte Plantar



Meu pé esquerdo tá assim, igualzinho à ilustração acima. É fasceíte plantar e esporão calcâneo para incomodar bastante. O resultado é que eu, que já era ruim da cabeça, acabei ficando doente do pé, mesmo gostando de samba.




Direto na têmpora: Satisfy my soul - Bob Marley

Rogério Fernandes

Amiguinhos, a festa foi bacana, a linha de produtos do cara ficou sensacional e o site (linkado ao lado) tá show de bola.



Sábado tem bazar no Café com Letras (olha o flyer aí) com bons descontos para a família inteira, mas você pode também acessar o site e comprar os copinhos de cachaça com roteirinho meu. Como não tenho fotos dos copinhos com caixinha e tudo, vai aí só a ilustração.








Direto na têmpora: Goodbye yellow brick road - Elton John

terça-feira, setembro 18, 2007

Arquivo morto

Maki Sangawa desenterrou essa foto de 2000, na festa do 1o Anuário do CCPMG. O evento foi no Ouro Minas e só faltou aí o bigodudinho do Pedrolli. Abaixo da foto, a escalação.



Ao fundo: o cambojano Maki e sua Raquel, a dona do lote Fernanda e eu.

Na fila do meio: o Menino Monstro (em versão Básica) e a antiga Bia, Danilão e a atual mulher do Tião do autoforno 3 da Acesita, Virgínia e o bom Oliva (ou parte dele).

Em primeiro plano: Robson Ebaid em um dia bom e Claudão chegando de menesguei.





Contribuição do Don Oliva. No Pedacinhos do Céu com a ilustre presença do Fabíola em primeiro plano.




Direto na têmpora: Cero Problema - Congreso

3 em 1

1) Para começar, um vídeo genial que o Hélio (Capitão Planeta) me passou. Não é a toa que eu sempre gostei mais do Piquet que do Senna, como piloto e como figura pública.




2) Hoje tem exposição e lançamento do site do Roger, às 20h no Café com Letras. Quem puder, apareça e compre uns produtinhos, principalmente porque alguns têm co-autoria minha e eu levo porcentagem. Assim que estiver no ar eu linko o site dele aqui ao lado.

3) Já está aí do lado o blog Beira de Estrada, um registro fotográfico realista e emocionante da vida às margens das rodovias de Minas Gerais. Visitem periodicamente e fucem bastante nos posts antigos, porque tem coisas geniais.




Direto na têmpora: Manhã de Carnaval - Ron Carter

segunda-feira, setembro 17, 2007

Stinch

Para quem gostou do "Red" Walton, outro trecho dele, com a indefectível tradução porca na seqüência.

"I’ve always felt the compelling need of feeling the pulse of a dead body. It was like that when I was 14, it is like that now.

Back then, when I met Jonah Kozenberg, the shy cross-eyed kid from the gym class, I just couldn’t help myself. Being a more than ok football player I took the freak under my wings, taught him some tricks and made him look like a true kicker just in time to see him make a move on one of the linebackers and get his butt kicked by the whole team.

Now it is the same with Elisa. I can see she just doesn’t give a crap about all these paintings, sculptures and books. She doesn’t live in a fucking museum, does she? The only reason she’s still listening is some feeble gratitude for the fact that I took her away from that no-good-woman-beating-pimp of hers. It’s not very difficult to understand she would be happier making a few bucks on the streets, picking up some “Uptown Joe”, as she calls them. That’s who she is.

But even as painfully clear as it is that this is going nowhere, I just can’t let it go. For some stupid reason I can’t bear the stinch of her decomposing life."



"Eu sempre senti a necessidade avassaladora de medir o pulso dos mortos. Era assim aos 14, é assim hoje.

Naquela época, quaqndo eu conheci Jonah Kozenberg, o vesguinho tímido da aula de ginástica, eu simplesmente não resisti. Sendo um jogador de futebol-americano melhor que a média eu adotei o esquisitinho, ensinei alguns truques e o fiz parecer um kicker de verdade em tempo de vê-lo dar em cima de um dos linebackers e levar uma surra do time inteiro.

Agora é a mesma coisa com Elisa. Eu posso ver claramente que ela simplesmente não liga a mínima para todos esses quadros, esculturas e livros. Ela não vive em uma merda de museu, vive? A única razão pela qual ela continua ouvindo é alguma gratidão diminuta por eu tê-la afastado daquele cafetão-espancador-mau-caráter dela. Não é difícil entender que ela estaria mais feliz descolando uns trocados nas ruas, pegando algum "Ninguém da Zona Sul", como ela gosta de chamá-los. Essa é ela.

Mas não importa quão dolorosamente claro seja o fato de que isso não vai dar em lugar nenhum, eu simplesmente não consigo abrir mão. Por alguma razão idiota eu não consigo suportar o fedor da vida dela em decomposição."





Direto na têmpora: Hurricane - Lisa Loeb

Família

Enfim, olhaí foto de nóis.



Sophia em estado de plena alegria no Parque Guanabara.




Vai ser bonita assim lá longe. E com excelente gosto pra marido.




Um tartarugão estranho que foi visto no Projeto Tamar da Praia do Forte.




A família conforme vista por Dona Vilma, que faz bonecos personalizados
(inclusive com roupas iguais) a partir de retratos.



PS1 - Amanhã tem ExpoMonster. Exposição e lançamento do site do meu grande amigo, Rogério Fernandes, o Menino Monstro. Quem quiser ver os trabalhos dele (inclusive alguns em parceria comigo), é só passar no Café com Letras da Savassi a partir das 20h. See ya!

PS2 - Pra quem gosta do mundo fashion e da Cris Guerra, já está linkado aí o novo blog dela: Hoje eu vou assim.




Direto na têmpora: My ship - Miles Davis

sexta-feira, setembro 14, 2007

Smiling

"I don’t really know what I’ve been doing all these years.
The constant running around, the perpetual ghost-chasing, the small joy of banging my head all over the place, I just really don’t know.
This sad fury, this bitter urgency means nothing at all when I look at it now.
To be honest, when I think about it I can’t say I’ve been truly happy down this road. But rest assure that I sure was smiling all the way."


O texto acima é de Robert "Red" Walton, um escritor (poeta?) de Boston que recém-descobri. E tome tradução porca!

"Eu realmente não sei o que eu andei fazendo esses anos todos. A correria constante, a eterna caça a fantasmas, a alegria miúda de bater minha cabeça por aí, eu realmente não sei.
Essa fúria triste, essa urgência amarga não significam nada quando eu olho para elas agora.
Para ser honesto, quando penso no assunto eu não posso dizer que tenha sido realmente feliz nessa estrada, mas pode estar certo de que durante todo o caminho eu estava sorrindo."





Direto na têmpora: Medication - Queens of the Stone Age

quinta-feira, setembro 13, 2007

Desencarnado

Morreu Pedro de Lara e levou com ele o Salsi Fufu. Aos 82 anos, Pedro é hoje apenas uma página do meu almanaque dos anos 80. E como dói.




Direto na têmpora: Cerdo - Molotov

Deu no Terra 2

"O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi absolvido do processo de cassação do mandato, na tarde desta quarta-feira, após votação secreta no Plenário do Senado. O resultado divulgado pela Casa apontou que 40 senadores votaram pela absolvição, 35 pela cassação, no entanto, 40 senadores ouvidos pelo Terra disseram que votaram a favor da perda de mandato."

Pior do que a falta de caráter de absolver o Calheiros é a falta de hombridade para assumir o voto diante dos eleitores. O Senado brasileiro é um dos maiores símbolos de vergonha desse país e, por si só, justifica minha decisão de não mais votar de maneira válida nos próximos pleitos eleitorais. A classe política brasileira não passa de um enojante amontoado de ratos e, nesse momento, falar em exceções é tentar apagar um incêndio com conta-gotas.

Juro que é a última vez que falo de política nessa birosca. A partir de agora é cada um por si, amigos, a baderna e o desrespeito foram institucionalizados com selo presidencial.




Direto na têmpora: While my guitar gently weeps - The Beatles

Links ao lado

Alguns sites geniais para quem gosta de uma web diferente e curte design. Linkei aí ao lado, mas segue a listinha pra quem quiser visitar e conhecer algumas das coisas mais bacanas que estão sendo feitas em termos de webdesign e outros lances legais. Mesmo que você não seja da área, vale conferir:

- NotCot: novidades em design como você nunca imaginou.

- Favorite Website Awards: uma lista de sites que andam à frente dos outros. Clique em todos e visite diariamente.

- Amanita Design: jogos em flash, clips malucos e muito mais.

- Typography kicks ass: para quem gosta de tipografia.

- Checkland Kindleysides: para quem curte identidade corporativa, store design e por aí vai.




Direto na têmpora: Bee - Sugarcubes

Na reta

Trabalhei por um bom tempo numa locadora de vídeos (sim, crianças, fitas VHS, já que na época não existia DVD). Havia ali um cliente chatíssimo que sempre reclamava dos filmes, das indicações, dos prazos de devolução, enfim, de tudo, e mesmo havendo 3 outras locadoras na região, continuava nosso cliente.

Num dia de péssimo humor sou abordado pela figurinha com aquela expressão nadegal inconfundível: "me sugere um filme?" Naquele momento me lembrei que "Os Imperdoáveis" (Gene Hackman, Richard Harris e Clint Eastwood) tinha acabado de chegar. Filmaço de quatro costados, indicação sem erro.

No que pegou a fita, nosso amigo fez um muxoxo e resmungou "ah, não gosto de western". Não sei se pelo mau humor ou por confiar muito na película, respondi: "Olha, pode levar. Se você não gostar eu pago o seu aluguel e ainda peço demissão.". A criatura olhou pra mim espantada, mas alugou o material.

Na noite seguinte o infeliz volta e esboça o primeiro sorriso em meses "muito bom, pode continuar no emprego, viu?".

Contei essa historieta verídica só para agradecer aos atendimentos (raros) que colocam o seu na reta na hora de vender uma campanha em que acreditam. Aos que não fazem isso, que se calam, que se omitem, que tratam o trabalho como se não tivesse nada a ver com eles, acho que ainda há vagas nessa locadora em que trabalhei faz 15 anos, se quiserem eu indico.


PS1: hoje estarei no Tudo é Jazz curtindo Joshua Redman, um dos grandes fodas ainda vivos do jazz.

PS2: graças à socialite Carmita Almeida e seu cônjuge Parrogé, amanhã eu e Fernanda voltaremos a Ouro Preto para curtir Omar Avital e Madeleine Peyroux. Valeu, Cacate e Paulo Rogério!

PS3: até sábado o Tigre de Aço pode assumir a liderança da série B. E já que meu Galo não rende, dá-lhe Ipatinga!




Direto na têmpora: Jackals, False Grails: The Lonesome Era - Pavement

quarta-feira, setembro 12, 2007

Deu no Terra

"Excesso de silicone faz seio de modelo explodir.
Um dos seios da modelo inglesa Alicia Douvall, de 24 anos, explodiu, pressionado pelo excesso de silicone implantado. (...) Os médicos afirmaram que uma explosão dessa proporção pode causar a morte. Alicia já fez cinco operações para aumentar o tamanho dos seios. (...) Após a explosão, Alicia pediu que os médicos coloquem um novo implante, do mesmo tamanho."

Imagina se isso estoura na boca de alguém. Seriam duas vítimas? Quais os possíveis danos à face do companheiro em questão? E se ela estivesse amamentando no momento do estouro? Jorraria leite pelo lugar? Qual o tamanho do trauma para a criança? Enfim, questões pertinentes que o jornalismo raso de hoje teima em não explorar.

Agora, depois de um caso desses eu me pergunto, vale a pena escrever ficção?


Alicia em foto anterior à explosão mamal que a acometeu.




Direto na têmpora: It was a very good year - Frank Sinatra

Eu "rubino", tu "rubinas"...

Hoje criamos, durante uma discussão, o neologismo “rubinar”. Nada a ver com o meu querido amigo, renomado audiófono e grande redator Rubens Aguiar, mas sim com o tristonho Rubens Barrichello.

“Rubinar” é começar como grande promessa, reunir expectativas de várias pessoas e depois fracassar retunbantemente sem nenhuma explicação muito clara a não ser as próprias falhas.

Exemplos fora da Fórmula 1 não faltam: o videolaser “rubinou”, o Roger (ex-Fluminense e ex-Galisteu) “rubinou”, Antonio Banderas “rubinou” como galã em Hollywood, M. Night Shyamalan (Sexto Sentido, Sinais e Dama da Água) está em pleno processo de “rubinamento”.

Em termos de música os Wallflowers (do filho de Bob, Jacob Dylan) “rubinaram” após o excelente primeiro disco e no cinema a própria série de filmes do Batman “rubinou” em seu terceiro episódio com Schwarzenegger no papel do Sr. Gelo. Enfim, exemplos não faltam.

Eu talvez tenha “rubinado” como aluno e certamente “rubinei” como cachaceiro. Tinha um futuro promissor nas artes alcoólicas e hoje bebo eventualmente e sem muito entusiasmo. Uma verdadeira vergonha para a classe daqueles que perdem a memória e dão vexame periodicamente.

Enfim, quem nunca “rubinou” que atire a primeira pedra.




Direto na têmpora: Doméstica – Eduardo Dusek

Cagando (regra) e andando

Ninguém combateu tanto a CPMF quanto Lula. Uma “contribuição” absurda imposta por FHC que tinha prazo para terminar, convenientemente, no mandato de outro.

No entanto, assim que a secura da fonte se aproxima do seu governo, o Sr. Luiz Inácio da Silva peleja para transformar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira em Contribuição Permanente. E não me venham dizer que é apenas uma prorrogação, porque o que está acontecendo no Brasil é a tradução mais completa, a essência perfeita da expressão “cagar regra”. Muda-se o jogo com a bola rolando, o combinado não quer dizer nada e as absolvições ultrajantes empilham-se nos nossos ombros.

Além disso, o governo defende Renan Calheiros com unhas e dentes, esquecendo-se que este mesmo senador foi adversário importantíssimo (e odiadíssimo pelos membros da atual administração) durante o mandato de Collor.

Não costumo falar de política no blog e nem esperava grandes coisas do Sr. Da Silva. Votei no Lula nessa última eleição apenas e tão somente por considerar seus índices sociais uma evolução em relação ao que o PSDB vinha fazendo. Quanto à parte “moral” (ou amoral), as questões éticas (ou anti-éticas) e ideológicas (sic) eu já havia perdido as ilusões faz um bom tempo, até porque trabalho com marketing político desde 1996 e sei que lisura e honestidade são exceções entre as exceções, até mesmo quando um candidato tem boas intenções.

Não estou aqui descobrindo a pólvora. Quem conhece como muitos sindicatos funcionam, com práticas de achaque, vantagens obscuras e mudanças de posição bruscas ditadas por interesses pessoais não se surpreende com nada do que vem acontecendo. O que me incomoda mesmo é quando o ator principal passa achar normal virar a casaca, defender o indefensável, vangloriar-se do vergonhoso, abraçar a escória e cobri-la de beijos e juras de amor.

Não sei como eu seria se algum dia chegasse ao poder, mas se mudasse tanto assim, como mudou o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, tenho a certeza de que iria dormir diariamente com nojo de mim.




Direto na têmpora: Back Chat – Queen

terça-feira, setembro 11, 2007

Jô e Jorge

Não tecerei comentários sobre a entrevista do Jô Soares com o Jorge Netto/Ronaldo/Angus Young/Arnaldo Baptista.
Assistam e tomem suas próprias conclusões.

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM729473-7822-CANTOR+E+COMPOSITOR+RONALDO+FALA+DE+SUAS+CANCOES+IRREVERENTES,00.html




Direto na têmpora: Pez - Cafe Tacuba

434 motivos

434 motivos para te deixar. Listados, catalogados, registrados em cartório, em ordem alfabética, com data e hora e fórmula e prazo de validade.

434 gotas d’água, 434 gestos impensados, 434 palavras não ditas e outras tantas ditas também.

434 desculpas esfarrapadas, 434 feridas abertas, 434 sonhos mortos. 434 discussões exageradas e 434 outras que não aconteceram.

434 filhos que não tivemos, 434 beijos que não demos, 434 pedras que atiramos, 434 vezes seu nome dito com ódio (e certamente repetido o meu).

434 razões, 434 causas que 434 pedidos de perdão já não podem apagar.

434 motivos para te deixar, mas você vai conhecer apenas um (além dos mil que já sabe de cor) e é ele que vai bastar.




Direto na têmpora: The night before - The Beatles

segunda-feira, setembro 10, 2007

High Scandal Musical

Vanessa Hudgens tem 18 anos e é a atriz principal do High School Musical, um dos filmes de maior sucesso entre adolescentes de todo o mundo. A seqüência acaba de ser lançada nos EUA, onde repete o êxito do primeiro, e chega ao Brasil daqui a pouco. Tudo muito lindo até que fotos nuas da atriz (que ela tirou sozinha para enviar ao namorado Zac Ephron, co-estrela dos filmes) vazaram na internet.

Ou seja, depois do filme "proibidão" da Xuxa, do "Parisporn" da irmã Hilton, do "fecha-youtube" da Cicarelli e do "paparazziless" da Luciana Gimenez, agora é uma estrelinha da Disney que invade a net com sua peladez.

Fica então o conselho do tio Maurilo para os seus leitores famosos, vítimas da atenção incessante da mídia: ficar pelado é coisa pra se fazer ao vivo, entre quatro paredes e com cortininhas fechadas. Se tiver detector de metal e revista íntima pra evitar câmeras, melhor ainda. Caso contrário, melhor fazer como a Rita Cadillac e pelo menos faturar uma grana com a filmagem.

Êita mundo moderno que complica tudo.




Direto na têmpora: Lava-rápido - Premeditando o Breque

Maliiiiilooooo

Essa aconteceu hoje de manhã. Estou na cozinha lavando os copinhos e preparando a água de coco da Sophia quando ouço Fernanda exclamar do quarto: "Sophia, minha filha, não pode fazer isso. Jogou água no tapete todo. E agora, como é que faz, hein, como é que faz?"

No que a baixinha responde com voz melíflua: "Maliiiiiloooo".*

Fui rapidamente atender o chamado e quando cheguei ao quarto encontrei Fernanda completamente vermelha, de costas para a Sophia, tentando esconder o riso, enquanto a pequena aponta para o tapete encharcado e me mostra com a melhor cara do mundo: "Ó, água".

Se tem jeito de brigar nessa situação, me mande um dvd explicando, porque eu definitivamente não consigo.


* Malilo (Maurilo) é como Sophia me chama quando estou em outro ambiente. Se está frente a frente comigo, sou papai, mas se saí do cômodo ela logo canta "Maliiiilooo".




Direto na têmpora: Party girl - U2

O caboclo é foda

Sou fã de tênis e posso dizer que tenho sido privilegiado. Acompanhei ao longo dos anos alguns dos melhores jogadores da história do esporte: Borg, Connors, McEnroe, Becker, Lendl, Agassi, Sampras e aquele que parece ser o melhor de todos os tempos, Roger Federer.

Ontem o rapaz de 26 anos conquistou seu 12o título de Grand Slam. São 5 em Wimbledon, 4 no US Open e 3 no Australian Open. Ainda não conquistou Roland Garros, mas dos citados acima, só Agassi venceu nos quatro pisos, e nunca no mesmo ano. Além disso, essa foi a décima final seguida de Grand Slam disputada por Federer, sendo que ele venceu 8, perdendo as outras duas para Nadal na França.

O recorde em títulos de Gand Slam é do Sampras, 14, mas ele só atingiu essa marca aos 31 anos. Ano que vem, nessa mesma época, Federer já pode ter batido mais esse recorde (e tudo indica que será assim). São 188 semanas seguidas como líder do ranking, marca que nenhum outro tenista, homem ou mulher, obteve.

Resumindo, esse post é só pra dizer que essa é uma ótima época pra quem gosta de tênis. O suíço é realmente foda.




Direto na têmpora: Flores astrais - Secos e Molhados

quinta-feira, setembro 06, 2007

Só pra começar

Faz poucos dias que completei cinco anos de casado e até aqui tudo vai muito bem, graças a Deus e à Fernanda. E olha que a festa de casamento prenunciava outra coisa, viu?

Já ao chegar no lugar da recepção, Roque vem ao meu encontro. Roque é um garçom que conheci por volta de 88 e que exclamou todo satisfeito ao me ver: “Maurilo, que beleza trabalhar no seu casamento! Vou ficar por sua conta a noite toda.” Naquele exato momento fui atingido pela sensação de que a noite não acabaria bem.

Os convidados chegavam e o Roque enchendo meu copo, as fotos sendo tiradas e o Roque enchendo meus copos, o jazz rolando solto e o Roque enchendo meu copo, jantar, bolo e doces e o Roque enchendo meu copo. Até que chegou um momento em que resolvi dar um basta naquilo (justamente quando abrimos o Dimple 15 anos para a diretoria).

O resultado é que, além de passar a noite de núpcias em branco, acordei com o velho gosto de corrimão de zona na boca e com a nítida sensação de que havia um ninho de guaxinins em meu estômago. Vestimo-nos apressados e em poucos minutos já estávamos no carro do meu sogro rumo ao aeroporto.

Segurei-me durante todo o trajeto, mas chegando no estacionamento da Pampulha não me contive: “Severiano, eu fico por aqui. Pode estacionar o carro sem pressa.” Corri rumo ao banheiro e ali despejei a esbórnia da noite anterior em jatos e jatos.

Com a calça toda respingada, o fígado em frangalhos e a consciência pesando toneladas, parti rumo à lua-de-mel. Fernanda com um olhar que misturava pena, ódio e arrependimento segurava minha mão. E desde aquele momento, para a minha inacreditável sorte, nunca mais largou.




Direto na têmpora: Every you every me - Placebo

Pavarotti

Normalmente o "Direto na têmpora" que fica ao fim de cada post reflete apenas a música que eu estava ouvindo quando comecei ou acabei de postar. Essa é a regra em 99,9% dos casos.

Hoje, no entanto, a homenagem não está no post, mas no "Direto na têmpora", com uma das músicas favoritas dos meus pais (no caso do meu pai, certamente a preferida) magistralmente interpretada por Luciano Pavarotti, que faleceu hoje aos 71 anos.




Direto na têmpora: Una furtiva lagrima - Luciano Pavarotti

Outros mundos

Patópolis, o Condado, Metrópolis, Gotham City, Pasárgada, Santa María, Morgul, o Sítio do Pica-Pau Amarelo, Pentesiléia, Diomira, Leônia.
Lugares que não existem, mas que eu adoro visitar.




Direto na têmpora: Insensível - Titãs

quarta-feira, setembro 05, 2007

Circense

Elogiar é uma arte. Ofender também.

Meu pai conta que, recém-casado com minha mãe, foram sair para uma festa quando a empregada da casa da família em Ouro Preto olha pra ele, os olhos até brilhando, e se derrama: "Ai, Seu Nilo, o senhor está lindo com essa roupa! Parece até artista de circo!"

A dúvida que fica é apenas se ela elogiou mal ou ofendeu bem pra caramba.




Direto na têmpora: Take me home - Crystal Gayle

terça-feira, setembro 04, 2007

Youtubando

Dois filmes famosinhos do Youtube que valem a pena assistir. O primeiro é a apresentação do Chris Rock falando sobre casamento. Sim, é machista, mas é engraçada pra caralho, com o perdão da má palavra. Quem não viu, tem que ver.




O segundo é um moleque fazendo uma versão rock'n'roll do Canon de Pachelbel. Mesmo pra quem não curte Steve Vai, Joe Satriani e essas coisas vale pelo virtuosismo do rapazote.






Direto na têmpora: Beliscando - Paulinho da Viola

Caridade

Agora baixou o desespero. Não só eu não consegui ingressos grátis para o Tudo é Jazz, como a sexta-feira se esgotou. Peço encarecidamente a quem conseguir ingressos para o Festival que me avise. Eu compro até mais caro que a tabela se for necessário. Na quinta eu vou, mas preciso mesmo é de dois para a sexta. Maldita lezeira que não me deixou comprar antes!




Direto na têmpora: Over the hills and far away - Led Zeppelin

Poema Vazio

Cris Cortez, Cris Guerra, Elisa e Zé Carlos da Lápis (entre outros?) estão com o blog Poema Vazio. Bem divertido, como aliás não poderia deixar de ser e já está linkado aí do lado. Visitem todos! Ah, linkei também o Diário de Blindness, blog do Fernando Meirelles sobre o filme baseado no livro "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago. Visitem também!




Direto na têmpora: Year of tha boomerang - Rage Against the Machine

segunda-feira, setembro 03, 2007

Desculpas

O trânsito estava horrível, peguei o ônibus errado, a bateria do celular acabou, só vi seu email depois, estou com dor de cabeça, fui dormir muito tarde ontem, acordei muito cedo hoje, estava sem dinheiro, estava sem vontade, estava sem roupa, estava sem tempo, perdi seu número, perdi a hora, perdi minha agenda, era que dia mesmo, era onde mesmo, lembrei pela manhã mas esqueci, lembrei à noite mas era tarde, nem me lembrei, fazer o quê, né, na próxima eu vou.




Direto na têmpora: Jennifer - Letters to Cleo

Mumunha

Um vestibular para Direito. Um concurso público. Um negócio próprio como estacionamento ou oficina mecânica. Quem sabe até a minha tão sonhada granja de porcos no interior. Na verdade, não importa. Em dias como hoje qualquer alternativa profissional me parece maravilhosa.




Direto na têmpora: Glorified G – Pearl Jam