terça-feira, março 31, 2009

Marcas

A coisa que mais fiz na minha infância foi ralar o joelho. A segunda coisa que mais fiz na minha infância foi arrancar o tampo do dedão do pé ao chutar o chão.

Levei tombo de bicicleta, tombo de carrinho de rolimã e, na minha primeira tentativa em cima de patins, um tombo inesquecível com a parte de trás da cabeça que eu achei que nunca ia parar de doer.

Já deixei tesoura cair no pé, cortei o dedo em metal enferrujado na piscina e ralei o mamilo esquerdo ao despencar ladeira abaixo em cima de uma moto cinquentinha.

Quanto mais eu machucava, menos juízo eu tinha e subia de novo no teto da casa e andava descalço pelo mato e jogava bola no asfalto e descia escorregando pela enxurrada no morrão.

Quanto mais cicatrizes eu tinha, maior era a certeza de que tinha sido bom. E eu não abro mão de me lembrar disso todos os dias.




Direto na têmpora: Cold Wind - The Arcade Fire

segunda-feira, março 30, 2009

Quando crescer

Da macieira nascem maçãs.

Da bananeira nascem bananas às pencas.

Da canguru nascem (adivinha?) canguruzinhos.

De cada semente uma planta, de cada receita uma janta.

Antes de nascer já se sabe o que vem, antes de brotar já se adivinha no que vai dar.

Não tem surpresa, não tem mistério, não tem desculpa.

A cadelinha não pare porco, nem a vaca vai parir galinha.

Mas com gente é complicado, com gente não é bem assim.

Por isso eu te olho tonto e te entendo pouco quando você pergunta o que eu vou ser quando crescer.

E eu vou saber? Ninguém veio me dizer o que eu vou ser quando crescer. Não sei se vou ser o cozinheiro ou o prato, a face ou o tapa, o que afasta ou o que abraça.

Não sei se já tive minha quota, não sei se o melhor está por vir, se é só o começo ou se é quase o fim.

Não sei dizer o que você quer saber, o que vou fazer, que bicho vai dar. Hoje mesmo, nessa exata hora, não faço idéia do que vou ser quando crescer. Não tenho a menor pista de como isso tudo vai acabar.




Direto na têmpora: Message In a Bottle - Gavin Jones & John King

Light

Certas coisas foram criadas com dois objetivos claros: 1) serem deliciosas e 2) fazerem mal à saúde.

Ir contra estes princípios é imoral, deveria ser ilegal e em algumas religiões deve até ser considerado um pecado. Enfim, pode até parecer bacana, mas fique seguro de que não é uma boa idéia. Até porque grande parte das delícias está em saber que aquilo pode te matar. O proibido não é sempre mais gostoso?

Hoje pela manhã a Rosana Hermann mencionou o "Romeu e Julieta On Diet", que consiste em queijo branco fresco e suco light de goiaba. É uma pequena contravenção. Romeu e Julieta só existe com goiabada cascão (de preferência de Campos-RJ) e um queijo mineiro que, aí sim, pode variar entre Serro e Canastra.

Creme de leite não poderia nunca ser light, bem como a feijoada. Não é pra isso que eles existem, meu Deus, é antinatural. Se quer algo que não engorde, coma alface com Club Social, mas não me venha pedir um doce de leite com 70% menos calorias.

Eu ainda acho que as mudanças climáticas no planeta e o estado de decomposição acelerada da espécie humana em geral têm menos a ver com a queima de combustíveis fósseis e mais com essa subversão das leis do universo que inclui pizza de calabresa light da Sadia. Uma aberração.


Esse post foi patrocinado por Coca Cola Zero, um produto com a marca The Coca Cola Company.




Direto na têmpora: Honest Goodbye - Bad Religion

sexta-feira, março 27, 2009

Goonies!

Você lembra dos Goonies? Pois é, olha a patota toda crescida, incluindo o Josh Brolin que eu nem lembrava que estava no filme. Achei aqui no Buzzfeed, pra variar.



Faltou o Sloth, que morreu, tadim.




Direto na têmpora: Lost in Boston - The Walkmen

Um sonho para Aurora

Amanhecia. Na verdade, não. A rua ainda era cinza, um estado de sonho entre a noite e o dia.

Na praça em frente à minha janela, pessoas dançavam sem música, com movimentos firmes e suaves, sincronizados, poéticos.

Não havia som, não havia sol, havia apenas elas e os gestos, uma perna que se eleva, um pescoço que se arqueia. Em silêncio, a dança se fazia olhar.

Da esquina se esgueirava o sol que devolvia cor à praça. A luz esvaziou a rua e do meu quarto eu descobria o dia.

Amanhecia.

Enfim, Aurora.



(Um sonho que tive em São Paulo para Tetê, Roger, Benjamin e Aurora)




Direto na têmpora: William, it was really nothing - The Smiths

Xuxa esse duende aí

Nem quando menino eu era fã da Xuxa. Nunca fui, nunca gostei da lira, nunca suportei. Aliás, mentira, gostei da Xuxa quando ela saiu na Playboy em 82 e quando apareceu no filme Amor Estranho Amor. Mesmo nessa época, já preferia bastante a Magda Cotrofe, Simone Carvalho e, é claro, a Luiza Brunet.

Para a minha sorte Sophia não conhece a loira e, se Deus permitir, nunca vai conhecer.

Por que então estou falando da criatura? Por causa de uma entrevista em que a pioienta afirma que "que dorme sem calcinha e que já viu um duende debaixo de sua cama, puxando o edredom".

O que faria um duende em uma grande capital brasileira e, mais especificamente, debaixo da cama da Xuxa? Por que ele puxou o edredom? Teria algo a ver com o fato de ela dormir sem calcinha? A Sasha é um cruzamento da Xuxa com um duende? Por que é que os malditos duendes não levam a Xuxa pra morar com eles na floresta e deixam o resto de nós em paz?

Enfim, faltou a Xuxa na lista de coisas que eu realmente odeio.




Direto na têmpora: Glad Girls - Guided by Voices

quinta-feira, março 26, 2009

Da série: músicas que eu queria ter feito pra Fernanda

O vídeo:



A letra:

oh, an incurable humanist you are...
let's go to the movies
I will hum you a song about nothing at all...

Sit down class, open up your textbooks to page forty-two

porcupine-ology, antler-ology, car-ology, bus-ology, train-ology, plane-ology
mama-ology, papa-ology, you-ology, me-ology
love-ology, kiss-ology, stay-ology, please-ology

Let's study, class, let's study, class, sit down

love-ology, love-ology, I'm sorry-ology, forgive me-ology...

oh, an incurable humanist you are...
oh, forgive me...forgive me-ology




Direto na têmpora: Loveology - Regina Spektor

Personagens

Vão fazer um filme dos Três Patetas e, após muita especulação, definiram o elenco (na verdade os diretores definiram quem eles querem, mas ainda faltam acertos).

Sean Penn será Larry, Benicio Del Toro será o Moe e Jim Carrey será o Curly. Tá no Buzz Feed.






Achei as escolhas bacanas, mas me pus a pensar. E se Holywood fosse fazer um filme sobre os Trapalhões? Quem estaria o elenco? Já adianto que se o Felipe Massa fosse o ator, o papel dele estaria garantido como Zacarias, mas já que não é, seguem minhas opções.




João Miguel no papel de Didi.




Victor Fasano no papel de Dedé.




Douglas Silva no papel de Mussum.




Matheus Nachtergaele no papel de Zacarias.


Tá certo que a diferença de idade entre os atores poderia atrapalhar, mas nada que uma boa maquiagem não resolva. E você, alguma sugestão?




Direto na têmpora: I touch myself - The Divinyls

Fezinha

Estou lendo o livro Diário Reinventado, de Eduardo Osório Cisalpino, pai do meu ex-professor de História Murilo Cisalpino e avô do meu querido amigo Gabriel Cisalpino (a.k.a. João Pegão).

Depois de uma sequência que incluiu O Estrangeiro, de Camus; O Veredito e Na Colônia Penal, os dois de Kafka, caí nesse texto amador (no melhor sentido) que fala da vida no interior de Minas há meio século.

Uma historinha que adorei, conta que o autor em sua primeira comunhão confessou como único pecado o roubo de algumas goiabadas. O padre, inflexível, recomendou-lhe a punição com várias orações.

Humilhado, nunca mais confessou-se, mas continua "roubando" açúcar. E nem se importa se Deus ficar sabendo, afinal, Deus não é padre.

Gostei do caso, de sua pureza, de sua inocência e da beleza que é pra mim a representação da fé que está além dos dogmas ou ritos. Como disse Otto Lara Resende (acho que foi ele): "Não acredito em Deus, mas tenho muita fé em Nossa Senhora."




Direto na têmpora: Theme For A Pretty Girl That Makes You Believe God Exists - Eels

quarta-feira, março 25, 2009

As 10 mais odiadas

Para começar esta conversa, é bom lembrar que eu sou um velho resmungão. Sim, resmungão como poucos e disposto a tudo para reclamar. Sendo assim, segue uma lista de 10 coisas que eu realmente odeio, sem nenhuma ordem específica.

Obviamente é uma lista que não vai fazer bem nenhum a ninguém, mas e daí? O bom mesmo é resmungar.

1) Eu odeio flanelinhas mais do que odeio qualquer outra coisa. Disparado. Nada pra mim é tão irritante quanto alguém que protege o seu carro dele mesmo e cobra por isso. E não venha me dizer que ele poderia estar roubando, se você não percebeu, é exatamente o que ele está fazendo.

2) Eu odeio cenas de pessoas tocando a campainha em novelas. Em uma novela da Globo, ninguém toca a campainha apenas uma vez e espera ser atendido como um ser humano normal. É tudo um bando de grosso e esganado que fica marretando a campainha como se estivesse indo tirar o pai da forca. Se fosse lá em casa eu já ia abrir a porta xingando. Ou nem ia abrir.

3) Eu odeio gente que canta mais alto que o artista em um show. Quem assistiu a um show do Queen sabe que Freddie Mercury não dava moleza. Ele te dizia o tempo todo a hora de cantar e a hora de escutar. No entanto, hoje o que mais tem é caboclo gritando acima do artista e você paga para assistir não ao profissional, mas ao amador inconveniente e fdp que está na sua frente.

4) Eu odeio celulares no cinema. Não é que eu não goste, é que eu tenho ódio mortal de alguém que tira duas horas do dia para assistir a um filme e é incapaz de desligar a pinhonha do aparelho. Quem esse filho da mãe pensa que é para ser tão indispensável? O Obama? E tem mais, se o mundo não pode prescindir do seu gênio por duas horas, não vá ao cinema, cazzo!

5) Eu odeio o diagnóstico de “virose”. Qualquer problema não diagnosticado hoje é virose. Comeu 17 torresmos, tomou 13 pingas e vomitou? Virose. Foi demitido? Virose. Broxou? Virose. Não conseguiu postar nada no blog mais interessante do que uma lista boba de reclamações? Virose.

6) Eu odeio fãs exagerados. Sejam fãs do Los Hermanos, do Steve Jobs ou de qualquer time de futebol, o fã irracional é uma praga que me persegue. Sabe aquele cara que você pergunta de que som ele gosta e ele canta 6 horas seguidas de Raul Seixas? É desse tipo que eu estou falando. Um nojo.

7) Eu odeio call centers. Eu sei, nenhuma novidade nisso aí, o mundo inteiro odeia call centers, mas eu fico inventando maneiras de puni-los e causar o máximo de desgaste possível em cada telefonema. A culpa não é deles? Dane-se, não é minha também.

8) Eu odeio o “politicamente correto”. Metade da graça do mundo está no que é inapropriado, chocante, desafiador do senso comum. No entanto, hoje as pessoas são enlatadas em pensamento e forma de expressão. Toda brincadeira pode levar a um processo e pessoas que seriam engraçadíssimas há 20 anos tornam-se párias. Monty Python e Groucho Marx nunca poderiam nascer em um mundo chato como o de hoje. Chato, chato, chato.

9) Eu odeio nêgo cagão. Na minha vida eu já tomei muito ferro por não saber ficar calado e talvez por isso eu odeie tanto os medrosos. Não aguenta, bebe leite, caramba. Nada pior do que essa gentinha que não fala o que pensa e, muitas vezes, nem pensa. Em publicidade esse tipo de criatura brota que nem mato, mas pensando bem, deve existir em qualquer lugar.

10) Eu odeio saúde. Por causa da saúde você tem que escolher a rúcula no lugar da linguicinha temperada. Por causa da saúde, sai o queijo guayanés e entra a ricota. Por causa da saúde, a gente troca o sofá pelo spinning. Por causa da saúde você vive mais, mas não necessariamente melhor. Mas, enfim, eu sou um velho resmungão.




Direto na têmpora: There she goes – Sixpence None the Richer

terça-feira, março 24, 2009

Incultos na cabeça

Para quem não sabe, eu tenho um livro publicado. Na verdade, foram 330 unidades bancadas por mim e já esgotadas, mas não interessa, para todos os efeitos eu tenho um livro publicado.

Pois bem, a Amanda, filha da minha querida amiga Bebella e do Rodrigo, escolheu o Incultos na prateleira e já está se animando a ler a obra. Tá certo que a escolha foi feita porque o título começa com "i", como o nome da mãe, mas isso também não interessa, é mais uma possível cliente se algum dia eu lançar uma segunda edição.



Incultos, edição esgotada, mas ainda fazendo a cabeça da garotada.




Direto na têmpora: Cowgirls on Parade - Tullycraft

Presságios

Vindo para o trabalho após uma apresentação excelente de Desidério Murcho no Grupo de Estudos da Tom, encontro uma kombi em chamas na subida para o Belvedere. Presságios?



Chamas do kombão.




Direto na têmpora: Pure And Easy - The Who

segunda-feira, março 23, 2009

Silence of the legos

Eu sei que os leitores do pastelzinho não costumam ter tempo para imbecilidades como vídeos tolos postados aqui.

No entanto, fui praticamente obrigado a colocar o musical feito com Lego para o O Silêncio dos Inocentes.

Perfeito para quem fala inglês, curte O Silêncio dos Inocentes, gosta de Lego e tem 3 minutos livres. Olha aí a pepita.


Achei no Buzz Feed.




Direto na têmpora: This Boy Is Exhausted - The Wrens

Bob Wilson

Meus amiguinhos poliglotas e velhotes, vejamos se vocês conhecem a seguinte lição:

"I am Bob Wilson
I am a student
I study at Sun Valley High"



Não? Bom, talvez esta aqui lhes seja mais familiar:

"He's the coach
The coach is in the gym
The gym is behind the school"



Pois bem, se você conhece estas criativas trovinhas, você provavelmente estudou inglês utilizando o livro "Grammar in Pictures", que contava a rotina de Bob Wilson e sua turma: Sally, a datilógrafa (typist); Jimmy, o garçom (waiter) e o famoso Pablo, o estudante mexicano (mexican student).

Ah, que saudades daqueles tempos em que ia para escola e minha maior preocupação era saber quais as últimas situações vividas por Bob e seus amigos. Hoje, com farofa nos olhos (como diz a Sophia), enfrento a labuta de mais um corrido dia de trabalho após dormir menos de 5 horas, completamente esbodegado pelo show de ontem e também por haver dirigido mais de 600km para chegar direto à agência.

Se o Bob Wilson estivesse aqui tudo seria diferente, iríamos para a lanchonete (cafeteria), para o laboratório (lab) ou mesmo para o ginásio (gym, que como vocês já sabem fica behind the school) e encontraríamos Sally para uma boa diversão.

Quer dizer, não uma boa diversão como você está pensando, seu pervertido, porque a Sally nunca foi dessas. Apenas um bom papo, percebe?

Por onde andará a turma de Sun Valley High quando eu mais preciso deles?


PS - Esse post foi solicitado e inspirado pela Fernanda, que também já esteve ali pela SVH.




Direto na têmpora: All The Old Showstoppers - The New Pornographers

sexta-feira, março 20, 2009

Os mesmos velhos erros

Duvido que você conheça alguém que cometa mais erros do que eu. Sou uma fonte inesgotável de equívocos, confusões, trapalhadas, enfim, todo tipo de problema. E o que é melhor, isso não me incomoda.

Pode-se dizer que passo os dias buscando maneiras de cometer novos erros, de estragar as coisas de maneiras diferentes, de olhar o que sempre funcionou e nunca muda como algo problemático e que precisa ser visto de uma maneira equivocada para evoluir.

Erro sim e erro muito, mas não sou como aqueles que erram sempre no mesmo ponto, sempre do mesmo jeito, sempre com a mesma forma de agir. Não sou também como os que acertam sempre no seguro, no esperado, no simples.

Se me perguntassem, diria que a previsibilidade é a maior das mancadas, que a obediência cega é o maior dos equívocos e que a essa estupidez em forma de mesmice e repetição, prefiro meus erros gigantescos, estrondosos, devastadores. Erros de uma burrice ímpar, mas sempre novos. Nunca os mesmos.




Direto na têmpora: Punchline - Winzenried

Peidorreiro

O aluno Jonathon Locked Jr, 15 anos, foi suspenso de sua escola em Lakeland, Florida, por peidar repetida e intencionalmente em sala de aula, o que fazia os outros alunos rirem e causava dificuldades de respiração.

O pai do garoto achou a punição exagerada. Eu não. Uma pena adequada a este garoto evitaria que ele crescesse de maneira desregrada e que não fizesse nos banheiros por onde passasse ao longo de sua vida o que fazem na "casinha" aqui da agência.

Eu sei, eu sei, eu sou apenas um velho resmungão, mas comigo é na inhana, fazer o quê?


Veja aqui a notícia original na íntegra.




Direto na têmpora: Guyana Punch - Tullycraft

O novo Pelé

Tadinho, olha o desespero do petiz tentando chapuletar a esférica.




Larga e chuta no ar, larga e chuta no ar, larga e chuta no ar...




Direto na têmpora: The 2nd Most Beautiful Girl In The World - Courtney Love

quinta-feira, março 19, 2009

Humores

Eu trabalhei com um certo publicitário completamente louco cujo nome eu gostaria muitíssimo de citar (até porque tenho certeza de que ele não se importaria), mas que vou preferir manter no anonimato.

Pois bem, certo dia uma dupla apresentou a campanha de um shopping e o profissional colérico não se conteve e começou a desancar o trabalho. Até aí tudo bem, ele era assim mesmo, mas chegou um momento em que ele disse: "vocês fizeram isso aí nas coxas" e o caldo entornou.

A dupla era formada por um redator mais jovem e um Diretor de Arte das antigas e muitíssimo competente. O redator então estourou.

- "Nas coxas, não, Fulano, isso eu não admito."

- "Você não ADMITE?"

- "Não, não admito, porra."

- "Olha aqui, você tá puto e eu não tô nem aí, foda-se a sua puteza."

- "Quer saber, Fulano, foda-se você."

Silêncio constrangedor até que o homem diz:

- "Sabe, quando a gente fica mais velho acaba aprendendo a contar até 10."

E o redator, ainda espumando de ódio:

- "Um, dois, três..."

O Fulano então saiu da sala e o redator, sabiamente, começou a juntar as suas coisas, preparando-se para ser demitido.

Passou a manhã, seguiu a tarde e nada. Lá pelas 18h o rapaz é chamado na sala do Fulano. Despede-se dos colegas e vai. Chegando lá, o Fulano está eufórico, com um livro nas mãos:

- "Olha só esse livro de azulejos portugueses antigos que eu comprei. É maravilhoso!"

E deu andamento ao papo cultural sem nunca mais mencionar a discussão. Figuraça.




Direto na têmpora: The end is near - Afternoon Naps

quarta-feira, março 18, 2009

Mãe, meu foundphotos ainda tá lavando?


Mesmo depois de separados, Lorna e Matt ainda mantêm a rotina das tardes no jardim. Eles só precisam falar um pouco mais alto por causa do muro.




Aproveitando a bebedeira dos tios, Timothy agarrou uma foto da mãe e fugiu durante a festa do seu primeiro aniversário.




A última foto tirada por Peter Bates no dia em que foi aprender a nadar com tio Walter. A câmera apareceu na praia 3 dias depois.




Direto na têmpora: She's a star - James

Iron Maiden

Hoje tem show do Iron Maiden em BH. Seria a quarta vez que eu participaria de um show dos senhores ingleses, mas ainda não sei se vai rolar. Tenho pós, não tenho grana, o jogo do Cruzeiro vai deixar o trânsito miserável e no fim de semana estarei em Sampa para o Radiohead.

Independente da minha presença ou não no evento, Iron Maiden me traz lembranças que não têm preço. Em 1985, com 13 anos, fui ao Rock in Rio I e assisti ao antológico show da turnê de Powerslave em um dos maiores festivais da história. De quebra, após o Maiden veio Queen.

Em 1987, estive nos EUA e assisti em Jacksonville ao show do disco (sim, disco) Somewhere in Time, com direito a abertura do Yngwie Malmsteen.

Depois fui a São Paulo e vi mais uma vez o Iron Maiden, desta vez em um espetáculo sofrível que incluiu Blaze Bailey nos vocais.

Talvez minha cota de Iron Maiden já tenha se esgotado, talvez não. Realmente ainda não defini se estarei lá hoje à noite, mas fica aqui minha homenagem à banda que me deu shows inesquecíveis e músicas que eu ouço ainda hoje.




Direto na têmpora: Hey There Delilah - Plain White T's

terça-feira, março 17, 2009

O mais burro da sala

Desde a mais tenra idade sou acompanhado pela nítida sensação de ser o mais burro da sala. De qualquer sala, entenda-se bem.

Com o tempo esta sensação foi se agravando, tomando proporções alarmantes e eu me pego às vezes imaginando que chego a ser de outra espécie, um degrau anterior na escala evolutiva.

Reuniões de trabalho, por exemplo, são para mim momentos de devaneio e pânico. Minha mente vaga pelos recônditos do universo enquanto são discutidas estratégias e esquemas que eu não compreendo minimamente.

São tantas palavras grandes, tantos gráficos, tantas variáveis que eu me nego a oferecer a solução simples que pensei para a questão. É simples demais, claro que não vai funcionar.

E se ao final de todas as discussões, as decisões tomadas ainda me parecem absurdas e inúteis, não me preocupo. Confio, apenas. Afinal, esse é o grande trunfo de ser o mais burro da sala: confiar cegamente e não questionar nunca os gênios, sejam eles quem forem.




Direto na têmpora: Everybody's gotta learn sometime - Beck

Grandes reportagens do nosso tempo

Isso é bem antigo, mas me lembrei e resolvi dividir com vocês. É a antológica entrevista de Gloria Maria com Freddie Mercury no Rock in Rio I. Simplesmente sensacional e de rachar de rir.


"Quer uma demonstração? Vem cá que eu te mostro."



Na sequência, ainda em 85, a Globo dá um show na matéria sobre o Iron Maiden, mudando o nome do vocalista da banda de "Bruce" para "Brian" e ainda soltando pérolas como "o satânico Dr. No", digo, "o satânico Iron Maiden".

Confira comigo. Se quiser ver o resto do show, beleza, mas a parte genial de verdade está nos 30 primeiros segundos.


O sempre bem humorado Eddie, o monstro.




Direto na têmpora: Full Moon - The Bloody Irish Boys

segunda-feira, março 16, 2009

Faxineira

Sophia e Fernanda têm mania de limpeza. Chegou ao ponto de, durante o fim de semana, Fernanda comentar:

- Uai, Sophia, tô achando que eu pago a Lílian pra trabalhar e é você quem faz a faxina. Você fica fazendo faxina com a Lílian?

- Fico, mas a Julinha (neta de Lílian de 1 ano) não dá, ela reclama muito.

Resumindo, se demorar mais do que eu espero pra arranjar um emprego, ofereço desde já os serviços da Sophia como diarista. Cobramos baratinho, viu?




Sophia em uma rara folga entre uma tarefa doméstica e outra.




Direto na têmpora: Sukie in the Graveyard - Belle & Sebastian

sábado, março 14, 2009

Um pai orgulhoso

Estava no carro com a minha Sophia e comecou a tocar "Underground", do Tom Waits. Aih deu-se o papo:

- Quem ta cantando, papai?

- Eh o Tom Waits, Sophia.

- Essa musica eh malvada?

- Nao, nao eh malvada nao.

Ela entao ouve ateh o final e pede:

- Toca de novo, papai?

A musica malvada de Tom Waits conquista minha Sophia. Que orgulho, amigos, que orgulho!




Direto na tempora: Underground - Tom Waits

sexta-feira, março 13, 2009

Calvin and Jobs

A Dea indicou e eu achei perfeito para fechar a sexta ainda no clima Calviniano. Uma série de tirinhas em que Calvin não está com Hobbes, mas com Jobs (sim, Steve Jobs!).



O Hobbes é bem mais bonzinho que o Jobs.


Para ver o resto das tirinhas, clique aqui.




Direto na têmpora: Alarmed - Built to Spill

Para os fãs de Calvin

Achei no Digg e resolvi dividir com vocês, eventuais fãs do Calvin. Além de uma mensagem bacana sobre guardamos as coisas da nossa infância, achei sensacional a filhinha Susie Derkins + Calvin. Enjoy.




Guarde as coisas da sua infância para os seus filhos.




Direto na têmpora: Teenage Fanclub - Born under a good sign

Tião só pra rimar

Meu grande amigo e colega
Meu companheirinho e irmão
Apenas para efeito de rima
Neste poema teu nome é Tião

Conheço cada história
Que contas com emoção
E acredito em todo detalhe
Seja ele verdade ou não

No entanto, paira uma dúvida
Antiga e difícil questão
A pergunta que nunca descansa:
"Tu é veado, ô Tião?"




Direto na têmpora: Ain't No Rest For The Wicked - Cage The Elephant

quinta-feira, março 12, 2009

Prisão muitíssimo especial

Está sendo votado (e até agora, aprovado) o projeto que acaba com o direito a prisão especial para aqueles que possuem curso superior completo.

Apesar de diretamente prejudicado pela mudança, já que tenho curso superior e uma enorme possibilidade de ser preso a qualquer momento, não me incomoda a decisão. Na verdade, nunca raciocinei se era um privilégio merecido e também agora não pensei direito sobre o tema.

Mas como tudo neste país, existe uma "pegadinha" por trás do projeto e você, como um cidadão brilhante, vai conseguir descobrir qual é. Vamos à pergunta de 20 milhões de rúpias.


No projeto que revoga o direito a prisão especial para aqueles que possuem curso superior completo, um certo setor manteve o privilégio. Qual seria ele?

A) Fãs do palhaço Bozo com mais de 90 kg.

B) Strippers com mais de 60 anos.

C) Toda a população da cidade de Ibirama.

D) Pequenos animais silvestres de índole amigável.

E) Ministros, governadores, senadores, deputados federais e estaduais; prefeitos e vereadores.


Se você respondeu "letra E", parabéns. Você é um otário como eu e sabe muito bem disso.




Direto na têmpora: Thirteen - Ben Kweller

quarta-feira, março 11, 2009

Festejando adoidado

Achei no Buzz Feed e não pude me furtar a exibir aqui uma foto que representa o nirvana das festas a fantasia.

Dois oompa-loompas, dois coelhinhos abraçados no auge da dor e um gordaço vestido de Britney Spears saindo de maca no que parece ser uma emergência. Se esse não é o seu tipo de festa, você definitivamente não sabe o que é diversão.




A festa do século.




Direto na têmpora: Karma Police - Radiohead

Sophismas

- Minha Sophia é louca por pés. Não é raro abraçar os pé da Fernanda e dizer "seu pezinho é tão gostoso".

- Sempre que a minha Sophia tem nervos de apertar a gente, diz: "ushi, ushi", seja lá o que isso signifique.

- Ninguém, absolutamente ninguém, é tão apaixonado por Ouro Preto quanto a minha Sophia. Ontem mesmo, depois da aula, e hoje pela manhã, ela brigou porque queria ir pra casa da Tia Rosa naquele exato momento. Resultado? Sábado estaremos lá.

- Minha Sophia faz cocô sozinha na privadinha. Outro dia me chamou pra ver: "olha, papai, um cocô filhotinho".

- Se você disser que tem uma surpresa para a minha Sophia, aguarde duas perguntas: "É balinha? É de comer?". Em caso negativo nas duas, prepare-se para uma carinha de falsa alegria pela surpresa, qualquer que seja ela.




Direto na têmpora: Drunk Tonight - The Bloody Irish Boys

terça-feira, março 10, 2009

Hooligans

Eu gosto de futebol bem mais do que gosto de ir ao estádio. Isso às vezes é bom e outras é ruim, mas me lembrei de quando estava com Fernanda em Praga, na única vez que fui à Europa e surgiu a oportunidade de assistir Sparta Praga e Manchester United.

Falei com a patroa, ela liberou e eu já estava todo animadão, afinal, assistir a um jogo desses não acontece qualquer dia.

Na manhã da partida, saímos para a praça e começamos a perceber a presença inequívoca dos torcedores ingleses já às 9h da matina. Eu, que meço 1,81 e peso cento e alguns quilos era pequeno perto dos gringos (todos com mulheres e filhos, a propósito).

Às 11h já podíamos ouvir os ingleses dizendo "vamos deixar as mulheres por aí e beber".

Às 14h a praça estava tomada por centenas de torcedores britânicos, completamente bêbados, agressivos, provocando os checos e gritando a plenos pulmões. Foi nesse momento que desisti de ir ao jogo.

Saí com a Fernanda, tivemos uma noite agradável em Lesser Town e no dia seguinte fui ver as manchetes: "Torcedores do Manchester quebram estádio, batem nos torcedores do Sparta e atacam a polícia.".

É por isso que cada vez fica mais difícil me encontrar nos grandes clássicos como Atlético e Social. Sou um torcedor de sofá assumido e muito feliz com isso.




Direto na têmpora: German love - Starfucker

segunda-feira, março 09, 2009

Viva eu, viva tudo, viva o Chico Barrigudo

Gostei do momento do Ronaldão X-Tudo. Não vi o jogo todo, mas assim que acabou a partida do Galo, a Globo mudou para o clássico Palmeiras e Corinthians a tempo de presenciar o gol ao vivo.

Aquela histeria normal da Globo e do corinthianíssimo Kleber até conseguiram diminuir o brilho do momento, mas Ronaldo fez a coisa certa e calou a boca, deixando a babaquice para os babacas.

Ronaldo foi um craque, um puta craque quando esteve no auge e merecia acabar a carreira de forma menos melancólica do que se anunciava. Não foi o melhor jogador que eu já vi jogar, mas fica entre os 10.

Até aí tudo certo, mas ter que aguentar o sr. "Regra é Clara" dizendo que o juiz foi insensível porque deu amarelo pro ídolo dele é péssimo. O cara que é sempre inflexível no achincalhe aos árbitros defendendo o amigo pessoal em rede nacional sem nenhum argumento técnico que não seja a insensibilidade foi algo bem triste.

Outra coisa, foi um gol de oportunismo, de boa colocação e muitíssimo importante por acontecer nos descontos, contra o Palmeiras e após uma falha horrorosa do Felipe e de um ano de crise sem precendentes na vida do Ronaldo, mas golaço? Golaço seria o chute de fora da área entrar no ângulo e pronto. Golaço é exagero até para os mais ronaldistas.

Mas enfim, parabéns por Ronaldo e que bom que um dos grandes craques do meu tempo não vai terminar a carreira como eu cheguei a pensar que ele fosse.




Direto na têmpora: Little Shell - John Voorhees

sexta-feira, março 06, 2009

Furada

Você já fez alguma coisa da qual sabia que iria se arrepender? Assim, sem nenhuma dúvida, era roubada na certa, 100% de chance de dar merda e ainda assim você topou?

Por exemplo, encontro às escuras. A mulher que o seu amigo está pegando já não é grandes coisas, qual a chance da amiga dela que vai sobrar pra você ser uma beldade? Mas você se nega a ir, impõe condições, inventa uma desculpa? Não, você vai.

A verdade é que algo dentro de você é mais forte. Existe um desejo de auto-sabotagem fortíssimo que você precisa levar adiante. No seu âmago, você sabe que foi um mau menino e merece ser punido.

Pois bem, acabaram de me oferecer um freela que é praticamente um encontro às escuras. O que foi que eu fiz? Topei.




Direto na têmpora: All Ears - The Whitest Boy Alive

quinta-feira, março 05, 2009

A minha é de anchovas com porção extra de foundphotos, ok?


Criador da famosa bandeira do arco-íris, o senhor Ben Williams ficou meio decepcionado ao saber que ela seria usada pelo movimento gay.




Recém chegado do Pólo Norte para Iowa, o Sr. Noel não esconde o rancor das renas que o expulsaram da terra natal.




Incentivada pela família, a pequena Anne sabia que queria ser publicitária desde criança.




Direto na têmpora: Clams Have Feelings Too - NOFX

quarta-feira, março 04, 2009

O vídeo da semana

Leozinho Oliveira e Maki Sangawa indicaram. Eu assisti e virei fã. São apenas 17 segundos, vamos lá, não resista.



I like Turtles!




Direto na têmpora: Strict Machine - Goldfrapp

Estranhezas

1) A TIM conseguiu inovar ainda mais na grafia do meu nome: Malrilo. Realmente não há limites para a criatividade humana.


2) Em uma esquina com a avenida Afonso Pena, gansos, galinhas e afins, que habitam uma casa próxima, circulam livremente. Entendeu porque a gente diz que BH é uma roça grande?



"A casa do Mazaropi é logo em frente. Qualquer dúvida, pergunte ao ganso."




Direto na têmpora: The Slow Descent Into Alcoholism - The New Pornographers

Dormindo na rede

Esse calor fidumazunha que tá fazendo por aqui me fez lembrar Ipatinga. Na verdade, me fez lembrar vários lugares quentes por onde passei e as incontáveis vezes em que dormi, cochilei ou simplesmente descansei em uma rede.

Hoje eu acho que precisaria de uma rede extra large, mas na época eu podia ficar horas ali, aconchegado, balançando suave, um teto de telhas ou apenas o céu acima da cabeça.

Posso estar errado, mas acho que a felicidade tem algo a ver com deixar-se por horas a fio numa rede, mãos dadas com quem se ama na rede ao lado e um grito ao longe avisando que o jantar está pronto. O barulho do vento nas árvores, um cheiro de sol, preguiça formigando no corpo, a pele bronzeada e uma criança correndo para te dar um abraço.

Não sei, posso estar errado.




Direto na têmpora: Twee - Tullycraft

terça-feira, março 03, 2009

Esperando tu

- Eu tenho esperança de que a cerveja ainda vai curar câncer de próstata, o doce de leite vai evitar derrames e o torresmo vai combater o entupimento das artérias.

- Eu tenho esperança de que a Sophia escolherá uma profissão que a faça feliz, desde que não seja publicidade.

- Eu tenho esperança de que o Banco Real decida que eu não preciso mais pagar juros no cheque especial.

- Eu tenho esperança de ganhar na megasena, mesmo não jogando nunca.

- Eu tenho esperança de que a Fernanda não perceba que arruma coisa melhor quando quiser.

- Eu tenho esperança na recomposição natural e miraculosa da cartilagem do meu joelho esquerdo.

- Eu tenho esperança na ressurreição dos Beatles.

- Eu tenho esperança de que um dia ainda serei pago para assistir séries de tv e jogar wii.

- Eu tenho esperança de ser um autor de livros infantis reconhecido e bem remunerado.

- Eu tenho esperança de que meus acertos valham mais do que meus erros, mesmo sendo muito mais raros.

- Eu tenho esperança de que alguém consiga ler este post inteiro e ainda assim continue acessando o pastelzinho.

Enfim, eu sou um tolo.




Direto na têmpora: Lost In Space - Luna

segunda-feira, março 02, 2009

Uma que não saiu

A revista encolheu, as coisas mudaram e a crônica acabou não saindo. Sendo assim, olha aí a página prontinha no pastelzinho. Não tenho o texto aqui comigo, ou seja, se quiser ler, clique na imagem e vai nessa.







Direto na têmpora: Ashes Of American Flags - Wilco

Pequenas Tragédias Cotidianas V

Ernesto começou a perder os cabelos. Solteiro, menos de 30 anos ainda e o rapaz já ostentava uma promissora calva.

Procurou médicos, buscou os medicamentos mais avançados, enveredou-se em receitas caseiras, crendices e simpatias. Nada adiantou, Ernesto era um careca em franco desenvolvimento.

Pensou que não era tão mal assim. A calvície poderia dar a ele um ar mais distinto, responsável, até mesmo sofisticado. Mudou seu guarda-roupas e começou mesmo a suprimir alguams gírias do seu cotidiano.

Em poucos meses ninguém lhe dava menos que 45, 47 anos. Casou-se com uma amiga de sua mãe e herdou dela os filhos (o primogênito era apenas 6 anos mais novo que ele).

Quando morreu, aos 60 anos, o mundo à sua volta imaginava que ele beirava os 80. Deixou viúva a mulher, os enteados e a frase na boca dos conhecidos "viveu bastante, coitado, já estava mesmo na hora."




Direto na têmpora: God Only Knows - The Beach Boys