A coisa que mais fiz na minha infância foi ralar o joelho. A segunda coisa que mais fiz na minha infância foi arrancar o tampo do dedão do pé ao chutar o chão.
Levei tombo de bicicleta, tombo de carrinho de rolimã e, na minha primeira tentativa em cima de patins, um tombo inesquecível com a parte de trás da cabeça que eu achei que nunca ia parar de doer.
Já deixei tesoura cair no pé, cortei o dedo em metal enferrujado na piscina e ralei o mamilo esquerdo ao despencar ladeira abaixo em cima de uma moto cinquentinha.
Quanto mais eu machucava, menos juízo eu tinha e subia de novo no teto da casa e andava descalço pelo mato e jogava bola no asfalto e descia escorregando pela enxurrada no morrão.
Quanto mais cicatrizes eu tinha, maior era a certeza de que tinha sido bom. E eu não abro mão de me lembrar disso todos os dias.
Direto na têmpora: Cold Wind - The Arcade Fire
14 comentários:
Eu também penso assim, se bem que eu pensava só até os 21 anos. Foi quando eu entrei pra agência de tipóia e ví que tinha que parar com o downhill. Mas continuo gostando dos desenhos rupestres que os esportes e brincadeiras deixam em nós.
O que muda às vezes é só o tipo de cicatriz que a gente escolhe ter, Lucas, mas o espírito permanece ali.
Todas elas são marcas de uma infância muito bem vivida, my friend. Pode parecer crueldade, mas acho legal quando o meu Arturzinho consegue um desses troféus no quintal lá de casa.
Verdade, Rubéola, eu por exemplo adoro que a Sophia tenha (como tem) joelhos de menino.
você é uma ameaça a todos os seres civilizados, redatozim.
vade retro.
coma seu mingauzinho de aveia e descanse bem, alexandre, hoje tem reprise de Magnum na tv.
hehe Rubis...isso pq Artur é menino...a gente com menina já não quer marca nenhuma! É ou não é Maurilo?? Tudo bem que arranhão no joelho faz parte. Mas no dia que minha pequena cortou o queixinho e tomou 2 pontos eu fiquei com maior dózinha..mas como qualquer criança normal ela exibiu o "dodói" como troféu.
para quem quiser conferir:
http://fallp.fotoblog.uol.com.br/index.html
(usuário: fallp e senha 1975 se não não funciona hehe)
que nada, danny, eu adoro quando ela chega com os joelhinhos ralados pedindo pra eu olhar o dodói dela, cheia de dengo. Mas são cicatrizes que passam, bobinhas. A no queixo deve apertar mais o coração mesmo.
A Sara outro dia tava com um raladão no joelho esquerdo. Mas ela ainda fica ostentando uma certa autopiedade com seus machucados.
Neste dia nós fomos nadar, e com isso a casquinha do machucado saiu quase toda, e o que restava estava pronto para sair. E ela preocupada com isso.
Aí eu contei a ela que quando era pequeno a coisa que eu mais fazia era ralar joelhos e cotovelos. E mostrei umas marcas que eu tenho.
Ela ficou mais aliviada. Ou envergonhada de ter um machucado tão mixuruca.
É que o instante da queda é vergonha, Gasta. A marca a gente ganha na hora, mas o orgulho vem mesmo é com o tempo.
Menino levado!!!!!
na medida certa, ndms
Arrancar o tampo do dedão jogando bola no "campo" de cimento foi o número 1 na minha infância. Não sei no seu caso, mas lá em casa tinha um tal de encher a mão de sal e tacar no machucado que, putz, ardia tão pouco que eu acho que dava até barato.
Lá em casa a gente usava bicarbonato de sódio, Humberto, e aposto que doía no mínimo igual ao sal de cozinha... caraya!
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