terça-feira, agosto 31, 2010

Fantasminha*

Era uma vez um fantasminha chamado Maurilo. Ele adorava brincar e estava sempre voando e assustando por aí com o seu lençol branquinho.

Um dia, o fantasminha resolveu pintar seu quadro predileto: um desenho do Relâmpago McQueen. Só que no meio da pintura ele se distraiu e deixou cair tinta vermelha no seu lençol todo, de cima a baixo.

Ele ficou muito preocupado:

- Ah, não! Como eu vou fazer para limpar meu lençol? A mamãe vai ficar muito brava! E eu não vou poder assustar ninguém com esse lençol sujo.


Então o Maurilo pensou, pensou, pensou e resolveu olhar nos armários da casa que ele assombrava. Ele achou uma fantasia de morango muito legal e vestiu rapidinho.

Boa ideia”, ele disse. E saiu para assustar todo feliz.

Ele foi cantando “lalalalalala” e quando viu a meninada entrando no prédio, para o aniversário do John, apareceu bem na frente deles e gritou “buuuuu!”

Mas ninguém se assustou e o John falou:

- Tem morango no meu bolo. Que delícia! Eu adoro morango.

E foram todos correndo atrás do fantasminha que sumiu rapidinho.

Maurilo ficou muito chateado e resolveu se vestir com uma toalha de mesa. Ele então saiu pelas ruas e viu uma menininha que passeava por ali.

"Vou assustar ela", pensou Maurilo e deu um pulão gritando "buuuuuu"!

Mas a menina não levou susto nenhum e ainda falou.

- Ai que toalhinha florida linda, cheia de flores... eu queria uma assim.

O fantasminha ficou muito chateado e voltou para sua casa mais uma vez.

Chegando lá ele achou uma bandeira de um time de futebol, se cobriu com ela e foi tentar de novo.

Viu um moço fortão na rua e pulou na frente dele gritando "buuuuu"!

Mas o moço não levou susto nenhum e ainda ficou muito bravo. É que ele era torcedor do outro time e saiu correndo atrás do Maurilo para dar uma surra nele.

O fantasminha já estava ficando cansado. Ficou flutuando pela casa sem saber o que fazer, até que viu um rolo de papel alumínio e teve uma grande ideia: se enrolou todo nele e foi de novo tentar assustar as pessoas.

Maurilo chegou em uma praça cheia de gente, apareceu de repente e gritou "buuuuu"!

Mas ninguém se assustou. As pessoas começaram a apontar pra ele e a dizer:

- Olha, um robô!

- Que legal, será que ele funciona com pilhas?

- Mãe, eu quero um robozinho pra mim.


Depois dessa tentativa, Maurilo desistiu. Mostrou o lençol sujo pra mamãe, levou uma bronca, ficou de castigo e ficou tão chateado que passou quase um mês sem assustar ninguém.



* História escrita a quatro mãos por Maurilo e Sophia. O nome do fantasma foi, obviamente, escolha dela.




Direto na têmpora: Emily Kane - Art Brut

8 anos depois

8 anos depois e você continua a maior bênção que o acaso me deu.

8 anos depois e eu entendo cada vez menos o que você vê em mim.

8 anos depois e a gente ainda briga e se acerta e segue se amando.

8 anos depois e você ainda é a minha Fer.

8 anos depois e você é a namorada que eu tenho orgulho de ter.

8 anos depois eu ainda quero passar o resto da minha vida com você.

8 anos de casados, minha vida. E eu te amo, te amo, te amo.




Direto na têmpora: Congratulations - MGMT

segunda-feira, agosto 30, 2010

10 conselhos para os iniciantes em Publicidade

Dicas que valem mais para os "criativos", mas que todo mundo pode dar uma fuçada.


1) Você não é Deus.

Na verdade você é um profissional como qualquer engenheiro, contador ou médico, sendo pago para fazer bem o seu serviço. Pode ser brilhante na sua área, pode ganhar muitos prêmios da sua área, pode até ser referência na sua área, mas acredite, fora da sua área tem muito pouca gente se lixando pra isso. Sendo assim, faça o melhor que você pode e seja o melhor profissional possível, mas não se imagine melhor ou mais importante do que você é.



2) Nem sempre o cliente está errado.

O publicitário costuma inverter a máxima "o cliente tem sempre razão" para "o cliente nunca tem razão". Nenhuma das duas é verdade absoluta. Se o cliente está errado, brigue e questione. Se ele está certo, seja humilde e admita, mesmo que isso te faça sentir menos "genial".



3) Cuidado com os saudosistas.

Vão te dizer que a publicidade antes era melhor, que não temos mais o respeito que tínhamos, que os tempos românticos eram melhores. Balela. Seu tempo é esse e poucas vezes pudemos ser tão transgressores e interagir tanto com as pessoas como hoje. Aprenda com o passado, mas não fique preso lá.



4) Ser inovador só não é tão bom quanto ser pertinente.


Eu adoro coisas novas e adoro pensar em formas de utilizá-las em uma campanha. Acho bacana demais usar novos meios e novas tecnologias de forma pioneira e inusitada. Só tem um detalhe: se não falar com quem você precisa falar, se não couber na verba que você tem e se não passar a mensagem que precisa ser passada, não serve.



5) Seja excelente no que faz e interessado no que não faz.


A torre de marfim caiu, baby. Quando menos você sabe sobre as outras áreas da agência e sobre o que vem acontecendo no mundo, menos útil você é para a equipe.



6) A internet não vai matar a TV.

Pelo menos não tão cedo. A internet ainda vai crescer muito e mídias sociais terão um papel fundamental na sua carreira, mas as mídias tradicionais (pelo menos algumas) ainda continuam existindo. Então, antes de fazer campanhas geniais unindo twitter, televisão e facebook, prepare-se pra criar muito folhetinho e cartão de natal.



7) Ouça.

Existe uma chance remota de que você seja um gênio da propaganda que já nasceu pronto, mas a grande probabilidade é que você tenha que aprender muito com quem está ralando na área faz algum tempo. Então, ouça. Entenda o que eles dizem. Se discordar, saiba porquê. Se concordar, aplique. Se puder melhorar, contribua.



8) A culpa não é do mercadinho.


Mercado pequeno é difícil? É. É um saco trabalhar com clientes sem verba e gerentes de marketing sem visão. Mas lembre-se, sempre tem gente que faz coisas bem legais nesse "mercadinho" e eu não conheço ninguém que fosse um bosta aqui e que tenha se tornado um gênio só porque mudou pra São Paulo. Seja bom onde quer que você esteja e pronto.



9) Publicidade dá dinheiro. Ou não.


É como no futebol (guardadas as proporções): se você joga em um grande clube, é verdade; se você disputa a Série C do campeonato acreano, não.



10) Goste de mudar.

Nada muda tão rápido quanto a publicidade e nada fica velho tão rápido como uma fórmula em propaganda. Por isso, não tenha medo de esquecer o que era verdade até ontem. Esse texto mesmo, que me parece adequado hoje, pode virar um amontoado de besteiras amanhã. Se é que já não é um amontoado de besteiras para alguns.




Direto na têmpora: Medicine show - Big Audio Dynamite

O cavanhaque

Uso cavanhaque desde 94 aproximadamente. A última vez que fiquei sem barba foi em dezembro de 2005, no nascimento da Sophia.

Pois sábado, na tentativa de deixar um lindo bigode, fui ao barbeiro e sofri quando o rapaz mutilou minha pelagem facial a ponto de me fazer raspar tudo.

Pois estou assim, outra pessoa. Fernanda estranha na hora de beijar, algumas pessoas riem, outras não reconhecem e a grande maioria acha péssimo.

Mas o auge foi Sophia, que gostou muito da novidade durante todo o sábado, mas ao acordar e olhar para mim no domingo perguntou intrigada e um tanto desapontada com a lentidão do processo:

- Uai, papai, mas você ainda está sem barba!? Eu achei que era só ontem no seu aniversário...








Direto na têmpora: Lucky man - Yummy Hangover

sexta-feira, agosto 27, 2010

Convicções

Fernanda com Sophia na hora de dormir:

- Sophia, eu vou te cobrir porque está esfriando, viu?

E ela, cheia de convicções.

- Não! Eu não gosto de coberta e esse é o meu lema.




Direto na têmpora: Sun City - Artists United Against Apartheid

quinta-feira, agosto 26, 2010

Virais

Não sou fã de videologs, mas na minha modesta opinião, o YouTube é uma das coisas mais revolucionárias nesses tempos em que não faltam coisas revolucionárias.

Engraçados, emocionantes, estúpidos, intencionais ou não, esses filmezinhos mostram a expressão criativa fora do mundo dos grandes senhores da criatividade. Não são novos, mas sempre que revejo, gosto, por isso aí vai minha homenagem a alguns deles.

Valeu, YouTube!




Leroy Jenkins, um homem de ação e um dos meus ídolos.




Uma ideia muito bacana que gerou alguns "filhotes" igualmente legais.




Esse clip do OK Go mudou muito mais do que você imagina no jeito de "vender" uma banda.




"Is this real life?"




"Ú cão foi quem butô pra nóis bebê!"




Os caras do Improv Everywhere e a Grand Central Station.




Abraços grátis para todos.




Para encerrar, Afro Ninja e seus amigos.




Direto na têmpora: Hair of the dog - Nazareth

quarta-feira, agosto 25, 2010

Mecânicos, essas criaturas sujas de graxa e seus poderes satânicos

Antes de sair de férias resolvi mandar meu carro pra consertar umas bobagenzinhas (lâmpadas queimadas, trocar óleo, etc) e fazer uma revisão superficial.

O carro, que tem três anos e pouco nunca deu um problema sério, apresentou um monte de coisinhas comuns, compreensíveis, mas que juntas davam uma grana imensa. Fiz o serviço todo, viajei sem o carro e depois usei o carro por dois dias e meio.

Hoje, o carro simplesmente não pegou. Batia a chave e nada. Liguei pro mecânico puto da vida, falando que depois daquela grana toda o carro não pegava, que só deu pau depois que ele mexeu, etc.

Aí veio a resposta na maior calma:

- "Cê podia ter gastado até dez mil, uai, se o problema for novo tem que fazer..."


E lá vou eu, ficar sem carro hoje e morrer em pelo menos mais cento e cinquenta reais amanhã.

Suspiro.




Direto na têmpora: Bachelor kisses - The Radio Dept.

Hoje

Ando meio triste à toa e meio feliz de graça. Tenho visto sentido em tudo e descoberto segredos no que sempre esteve explícito.

Basta um olhar para que eu me sinta nu, basta um sim para que eu me sinta Deus e basta qualquer pergunta para que eu me invente resposta.

A verdade, meu amigo, é que ando assim, meio emocionado demais sem ter quê nem porquê.

E se me vem de surpresa o lindo, é como se me atingisse um soco no estômago. A falta de ar, a cabeça confusa e ao invés do gemido de dor, meu rosto contorce um sorriso.




Direto na têmpora: Heart attack - Zombie Season

terça-feira, agosto 24, 2010

Nóis na Bienal

Pois é, então teve a Bienal, né? E eu fui com Sophia e Fernanda e conheci ao vivo e pronto pela primeira vez o meu próprio livro "Rimarinhas", editado pelo IAB.

Fora isso, o estande onde estavam o "Estranhas Histórias" e o "Todas as Estrelas do Mundo" era pequeno, mas bonitinho. O movimento na feira era grande, mas pra mim não foi bom e tivemos ainda alguns problemas de comunicação. Ninguém no estande sabia que eu iria, não houve divulgação em nenhum formato e no local não tinha um único banner chamando a atenção para os livros ou para a presença do autor.

Fora isso, o evento é gigantesco, bem montado pra caramba e valeu a visita. Sem contar que eu posso me orgulhar de dizer que em 2010 publiquei meus três primeiros livros infantis e que todos estiveram na Bienal do Livro de São Paulo. Daqui a dois anos quero voltar (quem sabe com novos livros), mas de forma mais pensada, mais estruturada ou mesmo só pra passear e visitar tudo com tempo.

Valeu a experiência e valeu encontrar Glauquito Amaral e sua Camila, duas peças finíssimas.












Direto na têmpora: Can you tell - Ra Ra Riot

segunda-feira, agosto 23, 2010

O retorno do pasteleiro

Foram férias excelentes. 23 dias com doses generosas de passeios, risadas, frio, calor, cultura, boa comida, ócio e muita diversão. Tudo isso acompanhado das duas mulheres mais lindas do mundo.

Ainda assim, voltar para o trabalho, para a casa e para essa pastelaria aqui tem seu lado bom.

Dolorosamente bom.








Direto na têmpora: I'm sorry, I am - Brokencyde

Gostos e desgostos

Tem gosto pra tudo no mundo, tem gosto pra todo fim, gosto para o escargot, gosto para o capim.

O caminho de alguns é uma reta e outros tantos seguem a esmo, há quem ame alface com água, há quem peça cachaça e torresmo.

O enxofre é o perfume dele, o tapa é a delícia dela, e sendo gosto até mesmo se aceita combinar sorvete e moela.

Gosto ninguém escolhe - o "querer" não é conveniente - e para cada um que prefere o dentista, tem sempre aquele que quer dor de dente.




Direto na têmpora: Save tonight - Eagle-Eye Cherry

sexta-feira, agosto 06, 2010

Tiradentes continua ótima, mas tá ruim de chegar

Eu nunca tinha ido a Tiradentes "fora de temporada". A primeira visita foi durante uma das primeiras edições (segunda, se não me engano) do Festival de Cinema, depois estive com Fernanda no Festival de Gastronomia e a terceira vez passamos o Reveillon lá.

Agora, chegamos em uma terça-feira e ficamos até sexta. Cidade vazia, Sophia conhecendo o local e adorando, boa comida, clima gostoso, tudo perfeito. Quer dizer, tudo perfeito enquanto você está lá.

A verdade é que chegar e sair de Tiradentes para quem vai de Belo Horizonte é um suplício. O trecho entre Conselheiro Lafaiete e São João Del-Rei é um teste para os nervos de qualquer motorista.

Bom mesmo deve ser para quem tem helicóptero, quem viaja de avião ou para quem já tem acesso aos exclusivos serviços de teletransporte da Estrada Real. Para nós, pobre mortais que nos locomovemos de carro, ônibus ou moto é um suplício digno de Tiradentes.




Direto na têmpora: Jewel - Bombay Bicycle Club