sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Atração

Acho que as coisas e as pessoas se atraem por motivos que a gente nem sonha. Fica uma coisa meio sem sentido até que, em um certo momento, a gente percebe claramente o motivo.

Chame de intervenção divina, de acaso, de sorte, de mundo pequeno, do que quiser, mas nunca subestime o poder que as coisas e as pessoas têm de encontrar seus pares. E não estou falando só de amor, mas também de parceiros profissionais, amigos, gente importante em certo momento, um apartamento, um carro, qualquer coisa.

Fique de olho, porque o universo pode até ser indiferente, como diz o filósofo Don Draper, mas os encontros têm o seu sentido e a sua razão.




Direto na têmpora: Dear Constable - The Harrisons

Tom Waits

Quem for fã de Tom Waits levanta o copo. Eu acho que ninguém consegue ser tão triste quando quer ser triste, divertido quando quer ser divertido e louco quando quer ser louco, quando o velho Tom.

Tem uma música dele que eu amo e que diz assim:

"now I'm sorry for what I've done
and I'm out here on my own
well it was a train that took me away from here
but a train can't bring me home"


Esse é para mim o resumo do arrependimento, de saber certas escolhas irreversíveis, de perceber-se perdido em meio ao caminho que você mesmo construiu. Ninguém consegue soar tão desolado quanto Mr. Waits nessa música.

Não sei, não tem motivo, mas ouvi essa no blip.fm agora e tive que falar algo sobre ela. Se puderem ouçam. Aliás, se puderem ouçam Tom Waits o dia inteiro. Vai ser bom, acreditem.




Direto na têmpora: Cemetery Polka - Tom Waits

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Outro poema

Um amigo pediu que eu colocasse aqui e eu, como acredito em valorizar quem faz bem feito, obedeço. Pena que ele pediu anonimato, mas tá aí.


Quero chorar
o choro forte semiamargo pela morte de muitos,
pelo apelo desesperado de tantos para tão poucos.

Quero gritar
um grito audível para milhões, calando os tolos,
emudecendo os medíocres e acordando os capazes.

Quero sonhar
um sonho doce, como manhã de toda primavera,
como a alegria das mãos de mães e pais que acalentam
e do beijo único dos avós.

Quero sorrir
um sorriso único, que preenche, expande,
gerando ecos intermináveis de alegria e gargalhadas sem fim.

Quero pedir
um pouco mais de compaixão pra todos, compaixão sincera,
apolítica, profunda e de resultados. Compaixão abrangente,
lampejo do dom mais sublime, prenúncio de amor pleno,
desfecho de amor total.





Direto na têmpora: One week - Bare Naked Ladies

Repastelando

Um poeminha antigo que já tinha postado no pastelzinho, mas que acho legal repostar.


Raiar

Basta-me essa dose de alegria
E rompo a manhã.
Basta-me que sendo a última
Não me encontre entregue
E que sendo única
Não me constate o mesmo.
Porque assim são todas as manhãs,
Demandantes, custosas, inícios.
E mesmo finais,
Nelas principio.




Direto na têmpora: Richie Havens

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Pequeno livrário dos santos inexistentes

São Elesbão de Tallin
São Elesbão, o padroeiro das panes elétricas, que nascido durante uma tempestade de raios violentíssima na Estônia, sobreviveu enquanto toda a criação do lugar foi dizimada pela potência das descargas. A partir de então, São Elesbão levou uma vida monástica e repleta de milagres que envolviam desde a restauração de aparelhos queimados até a "cura" de curto-circuitos com uma simples imposição de mãos.


Santa Gláucia de Múrcia
Aos 11 anos, a pequena Gláucia Torreones deixou cair algumas sementes na horta de sua casa e viu surgir, espalhada pelo chão, uma mensagem de alerta sobre um terremoto que atingiria a cidade no dia seguinte. Muitas famílias salvaram-se pelo aviso da menina e, até hoje, Santa Gláucia de Múrcia é a santa com maior número de devotos em locais vítimas de abalos sísmicos.




Direto na têmpora: Add it up - Violent Femmes

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Sophia carnavalesca

Ficamos por BH mesmo no carnaval e fizemos passeios muito bacanas com a minha Sophia. Ela, como sempre, retribuiu com pérolas.



- Papai, quantos dentes eu tenho?

- Muitos, Sophia, mas você sabia que esses dentinhos todos vão cair?

- É?

- É, eles são dentinhos de leite.

- E depois vão nascer de caférrrrrrrrr?



____________________________________________________________


Minha Sophia quase não xinga, mas quando o faz sempre usa os mais infantis como chato, bobo ou feio. No entanto, acho que alguns coleguinhas já devem estar um pouco mais avançados, porque a baixinha me saiu com esta:

- Papai, não pode chamar ninguém de "jota".

- Não, filha?

- Não, só das outras letrinhas.


Para quem não entendeu, "jota" é o jeito da pequena falar "idiota". E eu só sei que ela não tirou isso de mim porque muito raramente chamo alguém de idiota. Normalmente prefiro biltre, pulha ou sacripanta.




Sophia, garantia de diversão.




Direto na têmpora: Dragon Queen - Yeah Yeah Yeahs

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Decupando a pesquisa

Ok, a pesquisa ainda não está fechada, mas o Datapastel já acaba de revelar dados importantes sobre os leitores do pastelzinho.

Perguntados sobre o que farão no carnaval, 50% das pessoas afirmaram que dormirão. 25% afirmaram quer beberão. 20% afirmaram que furunfarão. 5% afirmaram que dançarão.

Na verdade o resultado surpreende pela velharia que está isso aqui. Nos meus tempos, marcaria "beber até morrer" facilmente, já que eu sempre fui do bloco dos comininguem e furunfar sempre foi fato raro na minha carreira carnavalesca.

Será que somos uma geração tsé-tsé? Será que o álcool perdeu a graça? Ou será que ninguém com mais de 30 liga pro carnaval? Nunca saberei a resposta, mas se você quiser tomar um chazinho de carqueja e jogar bingo nos 4 dias de folia, estamos aí.




Direto na têmpora: Dancing in the dark - Tegan and Sara

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Fúcsia, grená, bonina e outras cores

O mundo tem uma paleta de cores praticamente ilimitada. Ótimo, perfeito, eu gosto de cores.

O meu problema é quando o ser humano começa a nomear essas cores. Por exemplo, para mim existe verde, verde claro, verde clarinho, verde escuro e verde escurão. Pronto, é isso e já é muito.

Agora, para muita gente é preciso criar nomes como: verde-esmeralda, verde-água, verde-musgo, verde-bandeira, verde-limão, verde-folha, verde-oliva, verde-abacate e por aí vai.

Isso sem falar em cores que eu só conheço de nome como bonina, grená e fúcsia. E tem também as cores que não são cor, por exemplo: creme, areia e por aí vai.

Isso é só pra dizer que sim, eu sou um velho resmungão, e aproveito para levantar a questão fundamental: se o arco-íris que é afrescalhadíssimo só precisa de 7 cores, porque é esse povo cisma de inventar tantas outras?




Direto na têmpora: Need all my friends - Lynyrd Skynyrd

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Vingancinha

Consegui ficar integralmente livre da net. Agora só falta que os rapazes busquem o equipamento lá em casa e kaput.

Acontece que, justo na hora de encerrar o relacionamento, bateu em mim aquela vontade pequena e mesquinha de vingança. Como não vou viajar no carnaval e no sábado cedo a babá estará lá em casa, não resisti e marquei a visita pro sábado de carnaval. Afinal, não é feriado e ninguém pode me negar serviço. Além do quê, com a gleice por lá, eu nem preciso estar no local.

- Para que dia o senhor gostaria de estar marcando a retirada do equipamento, senhor?

- Sábado, dia 21, pela manhã.

- Sábado de carnaval?

- Isso.

- O senhor vai estar em casa?

- Sim.

- Não vai viajar?

- Não.

- Mas o senhor não prefere um dia de semana para estar evitando qualquer imprevisto?

- Não, prefiro dia 21, sábado.

- E se o técnico não encontrar ninguém lá?

- Ele vai encontrar. Marca no sábado.

- Ok, então, sábado de carnaval, né? O senhor não vai estar preferindo outro dia mesmo, né?

- Exato. Sábado de carnaval, dia 21 de fevereiro, espero vocês pela manhã lá em casa. Sem falta.

E o atendente entre confuso e desanimado:
- Ok, senhor, vou estar agendando então...


Ah, como eu adoro ser pequeno, mesquinho e vingativo.




Direto na têmpora: Sea of love - Cat Power

O Welton Felipe da propaganda

O Clube Atlético Mineiro tem um zagueiro de nome Welton Felipe. É um garoto grandalhão, bem intencionado, mas extremamente atrapalhado. Sabe aquele neto carinhoso que corre pra dar um abração na avó, mas aí exagera na força e quebra o pescoço da velha? O Welton Felipe é assim. Mesmo sem ser maldoso ou violento, prevejo para ele uma carreira cheia de expulsões e pênaltis cometidos.

Pois trabalhei com um certo profissional que era o Welton Felipe da propaganda. Não era mal intencionado de jeito nenhum, mas sempre metia os pés pelas mãos na hora de lidar com a equipe. Na verdade, metia os pés pelas mãos em quase tudo o que envolvesse relacionar-se com as pessoas.

Uma notícia importante para todos ele contava, em segredo, apenas para dois e criava a rádio peão ele próprio com efeitos desastrosos. Era, enfim, um perigoso trapalhão.

Ainda me lembro que, para sanar um certo boato, chamou 5 pessoas da equipe e teve conversas pessoais com cada uma. Quando sentamos para conversar, cada um tinha recebido uma versão do fato. Ou seja, o boato transformou-se imediatamente em caos.

Não era maldoso, longe disso, mas quebrou muitos fêmures por aí o nosso Welton Felipe da propaganda.




Direto na têmpora: Her way of praying - The Jesus & Mary Chain

Homens?

A foto não ficou muito boa, mas o lugar em que almocei hoje tinha, na porta do banheiro, um boneco de terno vinho e olhar lânguido. Só descobri que era o sanitário masculino porque logo abaixo do homochucky havia a palavra "Homens".



Homens? Sério? É de vera?




Direto na têmpora: Drink and fight - Flogging Molly

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Absurdos

Eu já tinha lido no Focus Mode (listado aí ao lado) e senti tanto nojo que nem ia comentar, mas não teve jeito.

Marcelo Jaccoud, secretário municipal de Serviços Públicos de Nova Friburgo, explicando porque mandou matar 3 cachorros dentro da própria prefeitura:
"Cachorro de rua é que nem criança negra: ninguém quer adotar."


Antes de mais nada, Jaccoud deve ser pronunciado sempre como Jacu. Uma pessoa tão bocarrota, despreparada e preconceituosa que faz a gente se esquecer do ato de crueldade animal que cometeu.

Não conheço o senhor Jacu e não sei o que ele faz andando solto por aí, mas tenho certeza de uma coisa, Nova Friburgo merecia coisa melhor em seus quadros públicos.

E Deus queira que, ao cair em uma cela de prisão, seu merecido destino, o senhor Jacu divida o espaço com membros (!) da raça negra e não com brancos. Talvez assim, em uma intimidade maior, ele descubra a verdade (ou não) sobre um outro certo estereótipo comumente ligado aos afrodescendentes do sexo masculino.




Direto na têmpora: Willie - Cat Power

Vende-se foundphotos. Cobra-se bem.


As gêmeas siamesas Milly e Tilly vivendo todo o luxo e a riqueza que sua longa carreira no cinema adulto de entretenimento lhes proporcionou.




Depois do sucesso de Frankenstein e de A Noiva de Frankenstein, pensaram em fazer As Filhas de Frankenstein, mas o estúdio ficou com medo das atrizes.




Ernest Blogendorf em foto com sua mãe... digo, com o seu pai... não, não, com a mãe... ou será o pai?




Direto na têmpora: Big Calm - Morcheeba

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Comediantes

Eu venho de uma geração abençoada quando o assunto é comediante. Steve Martin, Bill Murray, Richard Pryor, Gene Wilder, Ronald Golias, John Belushi, Tom Hanks (A Última Despedida de Solteiro e Big), Os Trapalhões no auge e mesmo um restinho de Peter Sellers e Jerry Lewis. Lógico que não eram apenas eles, mas putz, como ríamos desses caras.

No entanto, uma das comédias que fez muito sucesso na época foi A Pequena Loja de Horrores, um filme que assisti no cinema e do qual não gostei de jeito nenhum. Alguns anos depois assisti novamente e só aí percebi que estava diante de uma pequena obra-prima.

Sendo assim, senhoras e senhores, Steve Martin e Bill Murray em uma das grandes cenas da dupla.




A match made in heaven. Or not.




Direto na têmpora: Jamie's crying - Van Halen

Meninos e meninas

Estava em uma festa infantil no sábado e, conversando com meu amigo Toninho (pai do Tomás, colega de sala da Sophia), constatamos a enorme diferença entre criar meninos ou meninas.

Toninho contava que o Tomás vivia brincando de lutinha e que ele, o pai, sempre era o Duende Verde ou o Octopus enquanto a mãe era a mocinha. Lá em casa é exatamente o contrário: a Sophia é a princesa, eu sou o príncipe e a Fernanda é sempre a vilã.

Aí eu comentei:

"Na verdade, lá em casa a coisa mais agressiva que tem é quando a Sophia tem aqueles ataques de nervo, aí aperta minhas bochechas e fala entre os dentes 'liiindoooo'".

E o Toninho respondeu:

"Lá em casa é assim também. O Tomás aperta meu rosto e grita entre os dentes 'Morra, Duende, morra!!!!'"




Direto na têmpora: Lazing on a sunday afternoon - Queen

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Felicidade

Felicidade do pé é barro

Felicidade da dúvida é o sim

Felicidade da arte é aplauso

Felicidade de uma mão é outra

Felicidade do medo é a luz

Felicidade da mãe é curta (e são muitas)

Felicidade do amigo é o encontro

Felicidade da fome é a luta

Felicidade da fé é o mistério

Felicidade da dor é o fim




Direto na têmpora: It doesn't make it alright - The Specials

Tudo em ordem

Fevereiro é meu último mês na Domínio Público e as conversas com o mercado têm sido boas e os convites interessantes e os rumos diferentes e as vontades muitas e as certezas menores e os medos alguns e os apoios imensos e eu olho pra frente e só consigo pensar "fica bem, está tudo em ordem, meu velho".


PS - Agora todo post do pastelzinho tem um marcador. Assim, fica mais fácil vasculhar assuntos antigos e fuçar "poesia", por exemplo, ou "Sophia". Não ficou 100%, mas já ajuda.




Direto na têmpora: Do the dog - The Specials

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Rabo de cavalo

- Fizeram rabo de cavalo em você no Clic, Sophia?

- Fizeram.

- E os cachinhos?

Sophia responde fazendo carinha triste:

- Morreram...




Direto na têmpora: Halfway home - TV on the Radio

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Maravilhas do esporte

Recebi do Cabido e tive que postar.




Por que será que o apelido dele era bengala?




Direto na têmpora: Last verb - The Bear Quartet

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Comum

A palestra sobre o Consumidor Classe C no Grupo de Estudos da TOM foi muito bacana. Apesar de toda a questão técnica e mercadológica ser interessantíssima, foi um aspecto humano que mais me chamou a atenção.

Obviamente, consumidores são pessoas. O GP08 mencionou isso a cada 15 segundos e ainda assim muita gente esquece. O que a pesquisa mostra é que, tanto entre homens quanto entre mulheres, o principal desejo que as pessoas da classe C tem é de ser inteligentes e criativos.

Entre os homens, na descrição de como veem a si próprios, o terceiro item mais citado foi "comum".

Saber-se comum é uma puta dor. Mais um, qualquer, igual, batido, repetido, sem relevância. Vida de gado.

Esqueça o que eles querem comprar e lembre-se de que eles querem existir. Ser visto, ser ouvido, não como extrato social ou grupo, mas como pessoa. Como indivíduo.

Ser comum é uma dor fodida.




Direto na têmpora: We Are Beautiful, We Are Doomed - Los Campesinos!

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Moço, quanto custa um pacote de foundphotos?


"George, o carro não quer parar... George, vem logo, ele tá descendo! George? Geoooorge!"




"Olha o bebê, é o bebê, é o bebê! Na minha mão é mais barato, hein. Moça bonita não paga, mas também não leva."




"Troque a meia pelo carrinho de controle remoto e ninguém sai ferido, velhote."




Direto na têmpora: Pigs - Cypress Hill

Saudade

Um dia papai vai morrer, filhinha, queira Deus que bem velhinho, queira a vida que bem feliz. Nesse dia, já não hei de querer mais nada, e se tudo correr como espero, você já não precisará de mim.

Não me pedirá colo, não me fará carinho nos cabelos, não ouvirá minhas histórias.

Nesse dia, você já será outra Sophia e não mais a minha Sophia. Estarei feliz, mesmo que não te diga, por saber que você será assim, somente sua.

No dia em que eu morrer, não levarei seus cachinhos, não beijarei suas mãozinhas e não te jogarei pro alto ou carregarei dormindo. Serei eu também só eu. Só meu.

Talvez você chore e vai estar tudo bem. Vai ficar tudo bem, minha filha, porque mesmo que minha vida termine assim e, acredite, saber disso me faz bem, a sua vai continuar.

E será linda, minha Sophia - sim, ainda e sempre minha Sophia - linda como seu pai nunca soube dizer.




Direto na têmpora: Let's Just Laugh – The Lemonheads

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Próstata inchada

Ao fazer o exame de próstata, lembre-se de que existem três tipos de médico:

1) O frio

Você lá e ele só te toca onde interessa. É dedão dentro, cutucou, mexeu, deu o ok, acabou.


2) O carinhoso

Mais que um médico, um solidário à dor do paciente. Além do dedo ativo, uma mão no ombro para o consolo (opa) de que você tanto precisa naquele momento.


3) O apaixonado

No começo você estranha que, mesmo sentindo o exame ser realizado profundamente, o médico está com as duas mãos nos seus ombros. Mas o pior é quando você pergunta "já tá acabando, doutor?". E ele responde ofegante "tô quase".




Direto na têmpora: Shame Shame Shame – The Harmonettes

Na cabeceira

Estou lendo "O Livro das Selvas", de Kipling alternadamente com "Poesia Completa e Prosa", de Vinicius de Moraes.

No livro de Vinicius, surpresas positivas e negativas além da confirmação de que eu tenho uma grande dificuldade de ler poesia.

No Livro da Selva, a certeza de que se você ama Mogli, o desenho, vai ficar ensandecido com a obra escrita. É impressionante como Disney manteve personagens e criou uma pequena obra-prima sem respeitar em quase nada o original de Kipling. No texto de Kipling, o que existe é a Kaa que não é especialmente maldosa e nem palerma, o Baloo que é professor das leis da selva, um Mogli bem menos pateta.

Leitura recomendada e indispensável para quem já teve o mínimo contato que seja com o Menino Lobo. Que aliás, no livro, é chamado de "a rã".




Direto na têmpora: Waving My Dick in the Wind – Ween

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Cataclisma em Nova Lima

Teve até granizinho mixuruca. E faz uns 15 minutos que rolou.



Foi agorinha mesmo.




Direto na têmpora: Reckless - Tilly and the Wall

Ficando velho

Hoje é aniversário do Aroeira e ele, por se sentir tragicamente idoso, passou este poema do caralho que aproveito para colocar aqui.


O moço


"Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim,
quantas cartas mandei e recebi
Se mais jovem, se mais velho... o que importa,
se ainda sou um fervilhar de sonhos,
se não carrego o fardo da esperança morta!


Não me perguntem quantos anos tenho;
e sim,
quantos beijos troquei - Beijos de amor!
Se a juventude em mim ainda é festa,
se aproveito de tudo a cada instante
e se eu bebo da taça gota a gota...


Não me perguntem quantos anos tenho
mas...
queiram saber de mim se criei filhos,
queiram saber de mim que obras eu fiz,
queiram saber de mim que amigos tenho
e se a alguém pude eu, tornar feliz.


Não me perguntem quantos anos tenho
mas...
queiram saber de mim que livros li,
queiram saber de mim por onde andei,
queiram saber de mim quantas histórias,
quantos versos ouvi, quantos cantei.


E assim, somente assim, todos vocês,
por mais brancos que estejam meus cabelos,
por mais rugas que vejam no meu rosto,
terão vontade de chamar-me: O Moço!
E ao me verem passar aqui... ali...
não saberão ao certo minha idade,
mas saberão, por certo, que eu vivi!"

(Moacyr Sacramento)




Direto na têmpora: Canary in a coalmine - The Police

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Old Photos

Foi Tetê Carneiro quem indicou, eu testei e aprovei. Nesse site aqui você transforma suas fotos em exemplares vintage, quase uma impressão de jornal.




Olha como ficou a da Sophia.




Direto na têmpora: You and I are a gang of losers - The Dears

Na canela

O Tiãozinho, meu colega de trabalho, é uma figuraça. Principalmente quando faz a piada sem querer, ele é imbatível.

Pois hoje, o Fafá fez alguma sobre o peso do Tiãozinho e ele, imediatamente, gritou para a Operações:

"Aí, Bárbara, tá tirando nóis, os gordinho."

A sorte dele é que a Bárbara é muito na paz.




Direto na têmpora: The River - Bruce Springsteen

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Bíblico

Tinha um office-boy que trabalhava em um dos meus primeiros empregos que era uma peça rara. Ainda novo engravidou a namorada, mas o casal não se abalou.

Casaram-se ambos com menos de 20 anos, os dois sérios e compenetrados. Logo depois, a descoberta que seria um filho e a procura pelo nome do bebê.

Um dia, a esposa anunciou que já tinha se decidido: seria um nome bíblico que ela havia lido. Ele então gostou da idéia e começou logo a pensar em um menininho chamado Tiago, Pedro, Lucas ou algo assim.

Estava ele ainda viajando nas possibilidades quando ela soltou:

- Miquéias!

- Quê?

- Miquéias, é esse nome que eu quero pro nosso filho.

- Não, meu bem, peraí...

Depois de uns bons dias de negociação, o menino foi batizado com outro nome. Nem me lembro qual, mas só de escapar de Miquéias a criança já deve se considerar sortudo.




Direto na têmpora: Don't let him waste your time - Jarvis Cocker

Absurdos

Agências de publicidade são o grande reino dos absurdos. Até aí, nenhuma novidade, mas tinha um cara com quem eu trabalhava que dava um verdadeiro show.

Cada pedido de trabalho seguia o mesmo padrão: conversinha mole (1) + prazo fictício (2) + briefing porco (3) + falso pedido de desculpas (4) + beijomeliga (5).

Para quem não entendeu, um exemplo fictício:

"Pessoal, como todos sabem estamos em um processo de redimensionamento da visão morfo-psico-funcional do cliente em relação aos objetivos mercadoanalíticos da linha de produtos (1). Por causa disso, surgiu uma demanda urgente e precisaremos desenvolver um folder institucional para hoje às 16h (2). Na verdade, sabemos pouco sobre o conteúdo da peça. Podemos sugerir os temas, pensar em um formato, já que a abordagem deve ser geral, mas sem perder o foco (3). Eu sei que é difícil trabalhar assim, que está faltando informação e que o prazo está puxado, mas foi o que conseguimos (4). Se quiserem conversar e trocar uma idéia, talvez ajude (5)."

Invariavelmente tínhamos que ligar para a criatura e, surpresa, ele passava o briefing completo por telefone. Normal, normalíssimo.

Ah, e a aprovação da peça sempre era feita 3 dias depois do prazo passado, afinal a pressa sempre é um conceito muito relativo e a necessidade também.




Direto na têmpora: Over at the Frankenstein place - Rocky Horror Show

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Marcadores

Estou colocando, mesmo que mal e porcamente, marcadores em todos os posts do pastelzinho. Já fiz quase uns 200, ou seja, faltam 800 e poucos.

O resultado é que fico relendo as coisas, gostando mais de umas e menos de outras e foi aí que achei esse poeminha aqui que fiz. Sendo assim, coloco de novo.


Passarinho

Passarinho trouxe no bico um feixe
de palha e graveto,
cadinho de barro,
prenúncio do ovo.

No bico um cuidado
veio trazer passarinho.

No vinga-não-vinga do choco
passarinho acredita em Deus,
voa uma bênção azul
só pra menino cá embaixo sonhar.

E o olhar é uma prece, um gesto:
olhar-passarinho que só criança há de ter.




Direto na têmpora: Still take you home - Arctic Monkeys

Legendas

Meu pai é o rei do Shopping Oi. Desde que voltou da Venezuela ele freqüenta o renomado centro comercial para comprar dvds-pirata, jogos de Wii-pirata e brinquedos-pirata para os netos.

Outro dia, em uma vultosa compra de 6 dvds a um preço total de R$ 12,00, chegou até nós uma pérola. Um horrendo filme de aventura cujo destaque era o humor das legendas. Uma tradução inteiramente sem sentido que mesclava português e espanhol sem o menor critério.

Só para ter uma idéia, o grande atrativo do filme era Fred Ward, o ator que fez o sensacional personagem Remo Williams, em Remo: desarmado e perigoso.

Lá pelas tantas, barriga já doendo de rir das legendas, somos brindados com a pérola. Um dos atores, questionado sobre seu estado após uma pancada, responde: "I've been better". E a legenda traduz: "I've sido melhor".




Direto na têmpora: I've Got You Under My Skin - Frankie Valli And The 4 Seasons

Esportes

O fim de semana foi pródigo em grandes decisões. O Superbowl foi melhor do que eu esperava e a final do Australian Open foi mais um clássico de 5 sets entre Nadal e Federer.

No entanto, a imagem mais marcante para mim foi a de um Federer emocionado, sem conseguir fazer o discurso de vice-campeão. Faltando um título de Grand Slam apenas para se igualar a Pete Sampras como o maior ganhador da história do esporte, o suíço só conseguiu dizer entre lágrimas: "God, it's killing me."

Nadal é mais jovem, mais forte e tem potencial para ser (se já não é) um dos grandes de todos os tempos. Provou, como já tinha feito em Wimbledon, que não é mais apenas um fenômeno do saibro.

O choro de Federer é, para mim, a representação máxima da nossa incapacidade de aceitar a queda. O homem é um gênio no que faz, um exemplo, um atleta completo que, há pouco menos de 6 meses venceu o US Open. Resumindo, uma trajetória como poucas vezes se viu. Mas ele sabe que o 14o título não virá fácil como vieram tantos dos outros anteriores. Se é que virá. O 15o, que era quase uma certeza, agora é uma probabilidade menor do que muitos, inclusive eu, gostariam de admitir.

Acho que a decadência é pior para os atletas. Atores, músicos, escritores, pintores dependem menos do talento físico para combinar qualidade e longevidade. O atleta sabe fazer, quer fazer, mas o corpo não deixa.

E nos esportes individuais essa verdade é ainda mais cruel. Lembro do Dream Team original e de como me incomodava ver Larry Bird deitado e tratando das costas a cada intervalo. Mas ali ele tinha outros ao seu lado, outros grandes como ele, e levou a medalha. Final feliz que não aconteceria em um esporte individual.

Fiquei triste por Federer, como fiquei por Guga, como fiquei até por Mike Tyson. Tem sempre alguém mais novo, mais forte e melhor chegando. É a regra, é a vida.

O ídolo só não envelhece na história.




Direto na têmpora: Spark Plug - Stereolab