quarta-feira, março 31, 2010

Trens

Eu sempre contava os vagões do trem com meu pai quando ele voltava do trabalho. Nunca quis saber para onde o trem ia, mas sempre soube que ele levava minério ao invés de pessoas.

O caminho das coisas me interessa pouco. Já um trem cheio de pessoas me faz pensar, adivinhar histórias, calcular destinos. Assim o trem fica mais humano, um transporte de sonhos e dúvidas, de rotinas e momentos únicos.

Talvez seja isso mesmo. Talvez hoje eu me importe cada vez menos em saber para onde vai o trem de minério.




Direto na têmpora: Nothing better - The Postal Service

Duas pra abrir a quarta

Minha Sophia almoçando na casa dos pais da Fernanda.

- Tá na hora do almoço, Sophia.

- Tá bom vovô, mas já vou avisando que eu vou comer pouco porque hoje eu estou só com 1 apetite, viu?



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Minha Sophia escovando os dentes na casa dos meus pais.

- Papai, posso escovar primeiro e depois você termina?

- Agora eu já comecei, filhinha. Vamos fazer o seguinte, eu escovo primeiro, você escova depois e aí eu escovo por último para ficar direitinho.

- Ah, é, pois esse seu plano é muito redículo (com "e" mesmo), sabia?





Direto na têmpora: Five easy pieces - Clap Your Hands Say Yeah

terça-feira, março 30, 2010

Desenhe o Quiggle

Graças ao Rapha Garcia, descobri que Quiggle já existe. Por isso, de agora em diante os bichinhos irão se chamar Kwiggols.


Minha Sophia e eu inventamos um bichinho: o Kwiggol. Eu criei o nome e comecei a fazer perguntas pra Sophia que ia respondendo e montando o bichinho. Ficou mais ou menos assim.


- Pequeno do tamanho de uma abelha.

- Marrom e preto, mas com bolinhas de todas as cores.

- Olhinhos cor-de-rosa bem pequenininhos.

- Um nariz branquinho e bem redondo.

- Muitos dentinhos, mas não morde a gente.

- Duas asas de zangão (leia-se mamangava).

- 8 patinhas.

- Eles andam em grupos bem grandes e adoram cheirar as pessoas.


Se você desenha bem, faça um favor pro Tio Maurilo, desenhe um Kwiggol e mande pra mim. Juro que divulgo aqui no Pastelzinho e que se um dia o Kwiggol virar livro a sua ilustração aparece.



E já chegou a primeira ilustração do Kwiggol! Valeu, Friedrich Beinroth.





Olha a segunda aí. Valeu, Vivi Latini.





E teve mais uma. Valeu, Micho Lapouble.





E o meu querido amigo Zé Carlos me mandou uma revoada de Kwiggols. Obrigadão, Zé.






Direto na têmpora: Drive - The Cars

Tópicos aleatórios

Se você é apaixonado por basquete e pela NBA, precisa ler o The Basketball Book, do Bill Simmons.

Mas não basta gostar da NBA, é preciso realmente ser fanático, porque são 700 páginas em inglês (estou na 540) com análises detalhadas da carreira de 96 jogadores, grandes times e extensos períodos de tempo da história da liga.

Ainda assim, vale cada linha. E se você é fã dos Lakers, precisa ler o texto sobre Elgin Baylor, o 14o maior jogador de todos os tempos na opinião de Simmons. Uma homenagem emocionante a um craque quase esquecido.


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O pessoal da Editora Olhares deu a dica e eu recomendo a exposição do fotógrafo José Caldas "Brasil e a Transformação da Paisagem". Se você estiver em São Paulo entre 3 de abril e 23 de maio, visite ao vivo na Caixa Cultural. Se não estiver, conheça o blog.


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Sábado, no Clic, eu vi um senhor passando que era igualzinho ao velhinho amigo do Russel no filme UP - Altas Aventuras. Um segundo depois, minha Sophia me chama e sussurra no meu ouvido.

- Papai, é o senhor Frederickson.


Isso sim, é sintonia.


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Parada Disney no sábado. Uma hora e meia de engarrafamento que começava antes da Pedro II, sol infernal, correria com a minha Sophia no ombro para chegar a tempo e a decepção de ver os últimos carros passando ao longe.

Mesmo com tudo isso, valeu a pena pelo diálogo que eu tive com a baixinha.

- Sophia, o trânsito tá muito ruim, a gente tá atrasado, o papai vai tentar, mas eu acho que a gente não vai conseguir ver a parada, tá bom?

- Tá bom, papai, mesmo se não conseguir eu vou ficar superfeliz, viu?


E aí superfeliz fiquei eu.




Direto na têmpora: Cherry Oh Baby - Rolling Stones

segunda-feira, março 29, 2010

7 dicas sobre o redatozim

7 dicas para saber quando o redatozim não está vivendo um dia normal.

1) Se eu estiver usando terno.

2) Se eu acordar com muito mal humor.

3) Se eu pedir só uma saladinha para o almoço.

4) Se eu entrar no carro e não ligar o som.

5) Se um sorriso não for a minha primeira opção.

6) Se eu recusar doce de leite.

7) Se Monty Python não conseguir me animar.




Direto na têmpora: Groundswell - Throw Me The Statue

A máfia dos cachinhos

Ontem Sophia viu Eriberto Leão na televisão.


- Esse moço é bem lindo.

- Você achou ele bonito, Sophia? Por quê?

- Ele é cacheado. Só as pessoas cacheadas são lindas.

- Ah, é? E eu não sou lindo, não?

- Ah, papai, só um pouco.



É, acabo de ser vítima do corporativismo dos cachinhos.




Direto na têmpora: Stop in the name of love - The Hollies

sexta-feira, março 26, 2010

Dia do Chocolate

Hoje é Dia do Chocolate. Para mim, esta é a data mais importante do ano juntamente com o Dia da Coca-Cola, o Dia do Torresmo, o Dia do Sexo e o Dia do Depósito Misterioso de Cinco Mil Reais na sua Conta Bancária.

Ainda não comi chocolate hoje, mas isso será remediado brevemente com um Chokito ou algo do gênero. O ideal mesmo seria uma barra de chocolate El Rey da Venezuela, de preferência o Caoba, mas vou ter que viver sem essa.





A verdade é que se não fosse pelo chocolate eu nunca teria ouvido falar dos Olmecas (dizem que foram os primeiros a usar o fruto do cacau) e, ao invés de Língua de Gato, ia comer mamão com a Sophia. Resumindo, a vida ia perder muito a graça.

Por isso, celebre o dia de hoje, esqueça o regime e diga "foda-se" às espinhas. Poucas coisas são melhores do que um bom chocolate e em um mundo cada vez mais chato, essas oportunidades têm que ser aproveitadas ao máximo.




Direto na têmpora: Monster Hospital - Metric

Quem é que está bem?

Diálogo que rolou há 15 minutos na agência.

- Fernanda tem quantos anos, Maurilo?

- Ela faz 40 em junho.


Resposta em uníssono.

- Pooooooorraaaaaa... ela tá bem, hein?


E minha resposta com um sorrisinho de satisfação.

- Bem, nada. Olha pra mim, ela tá é mal. Bem tô eu que tem 10 anos que tô pegando ela.

Ah, nada como um tosco romântico.




Direto na têmpora: Dearest - Buddy Holly

quinta-feira, março 25, 2010

Cenas do cotidiano

Imagine que você é uma mocinha. Você pede ajuda a um diretor de arte para selecionar fotos suas. De repente, surge uma sua na praia e ele grita: "Putz, olha a Fulana de biquini!".

Enquanto toda a Criação levanta para olhar a foto na sua tela e você fica completamente rubra, o que rola de fazer durante o desespero? Uma coleguinha nossa da TOM fez isso.







Direto na têmpora: Pigs - Pink Floyd

Vale da Lua

Achei um caderno que escrevi quando fiz minha viagem sozinho pela Bolívia, Peru e Chile em 97. Aliás, eu sempre gostei de viajar sozinho. Fui assim ao Rock in Rio em 85, à Flórida em 87, a Morro de São Paulo em 91 e em muitos outros lugares mais próximos.

Claro que uma viagem com turma tem seu lugar e que uma viagem com a minha Fer é sempre especial, mas tem algo de sair sozinho pelo mundo que não tem preço.

Relendo o caderninho, achei este texto que escrevi quando estava no Vale da Lua, em San Pedro de Atacama, em cima de uma montanha há mais de 4.000 metros, vendo o sol se pôr. Não é bem escrito, mas foi o que saiu na hora e mostra o que foi aquilo tudo pra mim com 25 anos.

Mais uma vez o silêncio impressiona. Estou consumido.

A vontade que dá é ampliar minha memória e preencher com este momento. Cada curva, cada cor, cada som, cada rota, cada cheiro, cada silêncio. Guardar tudo sentido por todos so sentidos em todos os sentidos.

Os azuis, rosas e cinzas destes céus, o alaranjado destas montanhas e o grande círculo prateado da lua são um espetáculo.

Que vento, que silêncio. Me adoeço aqui. Febre vermelho-fogo de alma. Olhos em chamas, garganta seca.

Visto de cima, sou um Deus-austronauta, pai e filho deste mundo. Meus olhos estão de horizontes novos.





Direto na têmpora: Heaven is a drag - Pree

quarta-feira, março 24, 2010

Sophia, a macabra

- Com quem você fez natação hoje, Sophia?

- Com a Aline.

- E foi legal?

- Foi... hmpf... só quero ver quando a Aline morrer.

- Que é isso, Sophia? Aline morrer?

- É, uai, daqui a muitos anos, quando ela morrer.

- Mas ainda demora, filha, e todo mundo morre um dia.


E ela, com cara de quem prevê uma catástrofe, reforça seu temor macabro.

- É, eu sei... mas só quero ver quando ela morrer.





Direto na têmpora: Bob Lind - Pulp

terça-feira, março 23, 2010

As 7 piores coisas para se ouvir no trabalho

1) O que é você está fazendo agora, hein? Sua pauta está muito cheia?


2) O prazo é hoje e o cliente mandou avisar que não tem verba.


3) Olha, não vai dar tempo de fazer briefing não, viu?


4) Agora só falta o presidente dar uma olhada. (dito depois de seis instâncias de "aprovação")


5) Não, não, não, eu nunca disse que era pra fazer assim!


6) O atendimento tá voltando do cliente e pediu pra você esperar. (invariavelmente às 11h45 ou 18h45)


7) O cliente amou a campanha! Só tem que mudar o título, dar uma ajustada no texto e trocar essa foto. De resto tá tudo ok, menos o conceito que ele quer que a gente dê uma reavaliada.




Direto na têmpora: Making a go - We Are Scientists

segunda-feira, março 22, 2010

Mudou

Quando eu era novinho, sempre me imaginava morando na Áustria, médico, almoçando pílulas e indo para o trabalho com uma daquelas mochilas a jato que a gente via nas séries futuristas de tv.

Metade do que não aconteceu no meu futuro foi uma decisão minha e a outra metade foram contingências. As duas primeiras não rolaram porque eu mudei demais desde que era menino e as duas últimas dançaram porque o mundo não mudou tanto assim daquela época pra cá.

Tentar imaginar o futuro é sempre uma combinação desastrosa de fantasia e de previsões teoricamente lógicas, mas às vezes o futuro muda simplesmente pelo que a gente faz e não pelo que a gente não controla. Algumas vezes, 50% do que será amanhã depende de você. Em outras vezes, pode ser mais ou menos.

A única certeza é de que a omissão dá 100% de responsbilidade para o acaso. Resumindo, é melhor fazer alguma coisa agora.




Direto na têmpora: Again - Lenny Kravitz

Swing

Alguns clientes são como um casal que resolve entrar numa festa de swing.

Antes do evento eles ficam cheios de planos, imaginando mil aventuras sexuais e parceiros maravilhosos, dispostos a tudo, certos de que a experiência não tem como não ser incrível.

No entanto, basta abrir a porta que tudo muda. O marido começa a imaginar um daqueles caras com sua mulher e morre de ciúmes, eles se sentem inadequados naquele ambiente cheio de gente liberada e ela só consegue pensar na decepção do pai se souber que a filhinha fez uma coisa dessas.

Cada um toma um refrigerante e quinze minutos depois vão embora pra casa assistir a um filme e comer pipoca.

Por isso, se o seu cliente disser que topa swing, que curte bondage, que faz de tudo e acha bom, não se anime demais. Como dizia o poeta, "falar é fácil, eu quero ver mesmo é mãozinha na bundinha".




Direto na têmpora: Window bird - Stars

sexta-feira, março 19, 2010

Lições profissionais que a gente leva pra sempre

Eu trabalhei uma vez com uma grande empresa que tinha como responsáveis pela sua comunicação / marketing 6 pessoas, sendo que nenhuma delas havia lidado antes com agências de publicidade.

Desnecessário dizer que as contradições, ideias sem nexo e briefings insanos eram uma constante, mas o melhor dia pra mim foi quando um trabalho que já vinha se arrastando foi reapresentado pela quinta ou sexta vez.

De repente, do nada, o cliente dá uma guinada de 180 graus no briefing e o Planejamento que vinha acompanhando o trabalho desde o início tenta intervir:

- Peraí, Fulano, se você lembrar, seu primeiro pedido era x. No segundo você pediu pra gente ir mais por aquele caminho. No terceiro, era pra gente fazer tal coisa. No quarto, outro negócio. No quinto, você já disse outra coisa e agora você muda tudo? A gente precisa definir um caminho e ter certeza dele pra seguir em frente, senão fica difícil.

Resposta do filho da puta com um sorriso pseudosimpaticozinho no rosto.

- Ah, mas aqui a gente é assim mesmo, a gente pensa uma coisa, depois muda, aí muda de novo. É assim mesmo. Vamos tentar mais essa, então?

Até onde eu sei, esse cara continua no mesmo cargo, ganhando muito melhor do que a média e com status de fodão da comunicação dentro da empresa.

E o pior é que esse tipo de "profissional" me parece mais a regra do que a exceção, ou você que trabalha com publicidade vai dizer que nunca conheceu outro cliente exatamente assim?




Direto na têmpora: Speed Date - Arab Strap

quinta-feira, março 18, 2010

Você conhece a cidade de Pedro Sales?

Logo depois de Astolfo Dutra, indo para Ubá, fica a pacata, porém progressista cidade de Pedro Sales.

Na Avenida Rubens Aguiar, a principal da cidade, concentram-se as atividades comerciais do município, incluindo a Barão Auto-Peças, especializada em escapamentos e o Bambito Lanches, famosos pela sua rosquinha.

A dois quarteirões da Rubens Aguiar, já praticamente fora da cidade, a Escola Municipal Ivan Pawlow forma os futuros pedrosalenses, quase todos eles nascidos na moderna Maternidade Flávia Rennó, registrados no tradicional Cartório Maurilo Andreas e tendo iniciado sua alfabetização na escolinha da Tia Cacate.

Depois da aula, os petizes sempre saboreiam os deliciosos chup-chups do GluGlu ou vão brincar na praça Rodrigo Silva, atrás da igreja de São Fresno.

Pedro Sales acaba de inaugurar também o seu primeiro edifício. Com quatro andares de puro estilo, o Ed. Luiz Otávio abriga em seu térreo um shopping que conta com lojas renomadas como a Patrícia Barbabela Modas, que veste as senhoras mais distintas do local e a Vina Piercing & Tattoo, onde a galera modernex se reúne.

Com tanta pujança comercial, a publicidade em Pedro Sales alça vôos cada vez mais altos, sempre capitaneada pela Rojão Pinturas, que leva propaganda de altíssimo nível aos muros da cidade.

Em Pedro Sales quem brilha também é Wandinho, o doidinho da praça, que passou sua infância no Orfanato Graziele de Paula e que hoje encanta a população cantando nos bares a troco de doses de cachaça ou soltando a voz no carro de som.

E assim cresce Pedro Sales, com os olhos no futuro e com muita gente boa dando uma força por trás.




Direto na têmpora: The lines are cut - The Coast

quarta-feira, março 17, 2010

Pelo telefone

Nem eu e nem a minha Sophia somos muito fãs de telefone. Ela, principalmente, tem pouca ou nenhuma paciência pra usar o invento grahambellístico.

Pois hoje estávamos ao telefone e após menos de 2 minutos de conversa ela, visivelmente sem paciência, diz:

- Papai, para de falar um pouco porque eu vou mudar o telefone de orelha, tá?

Sutil, sutil.




Direto na têmpora: Choclate - One Eskimo

terça-feira, março 16, 2010

10 coisas que eu gostaria de fazer, mas tenho 99% de certeza que nunca vai rolar

Pode ser por falta de oportunidade, pode ser por falta de grana, pode ser até mesmo por preguiça, mas seguem aí 10 coisas que eu adoraria fazer, mas que no fundo eu sei que vou acabar ficando na vontade.

É claro que muitas outras coisas a gente deseja achando que são possíveis, mas essas? I don't think so.

Confesse, você também tem uma lista assim.


1) Voltar a estudar russo.
Pode parecer estranho, mas eu acho o russo uma das línguas mais bonitas do mundo. Eu já estudei há mais de 10 anos e ainda conheço o alfabeto cirílico, mas as declinações, tempos verbais, conjugações e o vocabulário (que eu nunca cheguei a dominar de verdade) acabaram indo totalmente pro saco por causa da falta de prática. Eu queria muito retomar este projeto, mas não me vejo tendo aulas de russo tão cedo.


2) Viajar sozinho para o Tibet, Butão e Nepal.
Desde que eu fui sozinho para o Peru, Bolívia e Chile eu tenho vontade de fazer essa viagem. Até com a Fernanda eu já combinei, mas cada dia que passa é um dia que eu fico mais velho e com menos fôlego pra fazer essa viagem. Sem falar na grana.


3) Viver de literatura.
Sem entrar no doloroso mérito da falta de talento, o mercado editorial está mudando demais e acho cada vez mais difícil viver só de literatura. Dá pra complementar, mas viver só disso, sei não.


4) Abrir minha granja de porcos.

Além da dificuldade cada vez maior de ser produtor rural, me falta conhecimento técnico e grana, ou seja, fodeu.


5) Usar bigode permanentemente.

Pelo menos enquanto a Fernanda tiver algum motivo pra ficar comigo esse sonho dançou. Ela odeia bigodes.


6) Tirar um ano sabático.
Você já viu meu saldo no banco? Hahahahaha.


7) Processar cada empresa com atendimento porco que eu encontre pelo caminho.
Imagine só, mandar cada um desses filhos da puta pro tribunal, dia após dia, cagada após cagada? Ah, mas me faltam tempo e ânimo, ah, como me faltam tempo e ânimo.


8) Estar vivo para curtir o dia em que o câncer será curado através de um tratamento pesado à base de torresmo, cerveja e quindim.
A ciência caminha a passos lentos para quem sonha grande.


9) Ter season tickets para uma temporada dos Celtics.
Além de ser uma grana preta, tem o fato de eu não morar em Boston ou nos EUA de uma maneira geral. E pra falar a verdade, esse desejo só vale mesmo em um ano que o Boston ganhe um título. Se for pra passar raiva como agora, prefiro acompanhar pela internet.


10) Fazer com que a Sophia dependa sempre de mim.

Simplesmente não vai rolar.




Direto na têmpora: The Sex Has Made Me Stupid - Robots in Disguise

segunda-feira, março 15, 2010

Aquela nuvem

Aquela nuvem tem forma de ovelha ou talvez de sorvete ou quem sabe baleia. E se olhar de outro jeito, parece um domingo, parece um começo ou algum beijo esquecido.

Aquela nuvem tem cheiro de chuva, tem voz de saudade, tem cor de algo errado. E por trás dela há um sol e um céu e uma dúvida qualquer.

Aquela nuvem já não era assim e nem será assado. Ela só está e só passa e só passa, até um dia se dissolvessumir sem deixar rastro no azul. Ou então se deságua no cabelo que você acabou de fazer.

Aquela nuvem, ah, aquela nuvem e eita que basta um descuido e eu de repente já não me lembro dela.




Direto na têmpora: Pieces - Dinosaur Jr

Perfeito?

No meu ponto de vista, o conceito de perfeição se aplica apenas em três campos: as coisas que não conseguimos compreender, as lembranças filtradas pelo lado emocional do cérebro e aquilo com o que não nos importamos.

O que vivemos não é perfeito pelo simples fato de que não estamos sequer próximos do conceito de perfeição que nós mesmos criamos.

Quando nos livramos da ilusão da perfeição fica mais fácil entender que o que consideramos defeito não é algo a ser mudado, mas algo a ser compreendido. Pedimos menos desculpas sem sentido e nos concentramos em apreciar as diferenças.

O fato é que a vida é imperfeita e que nossas escolhas são imperfeitas apenas porque as opções a serem escolhidas o são também. Não é desculpa para errar e não se importar em melhorar, mas é um puta motivo para começar a perceber que sua visão sobre as pessoas e as coisas depende quase sempre da sua expectativa.

Somos imperfeitos, mas às vezes a nossa imperfeição é justamente o que o outro precisa.

Fernanda não é perfeita e eu não poderia estar mais longe de qualquer coisa ligada a uma imagem de perfeição. Ainda assim, estamos casados há quase 8 anos e não há nela uma única falha que a torne menor diante de como eu a vejo.

Obrigado, Fer, por ser imperfeita pra mim.




Direto na têmpora: Scooby snacks - Fun Lovin' Criminals

domingo, março 14, 2010

Joelma, nao!

Preguicinha depois do almoco, Faustao na tv da casa do meu sogro e, de repente, Calypso. Depois da apresentacao exuberante do grupo paraense, minha Sophia comeca a pular e dancar como uma louca, balancando a cabeca e pulando.

Diante do nosso olhar de perplexidade a baixinha se explica arfando:

- Nossa, eu fiquei agitada com o Calypso!

Po, Sophia, Joelma, nao, minha filha. Joelma, nao!




Direto na tempora: Ghost under rocks - Ra Ra Riot

sexta-feira, março 12, 2010

Cantagalo

Trabalhei com Marcos Pina na SMPB em 91. Ele era office-boy e tinha o apelido de Pinóquio. Eu fiz um estágio de 3 meses com grandes feras da propaganda, incluindo Geraldo Leite, Lôro, Aderbal, Ricardo Carvalho, Roberto Boca e outros. Com o tempo eu fui virando redator e o Pina foi virando diretor de arte.

Pois um dia desses a Flavia Bueno, aqui da Tom, me apresentou um projeto social do Pina que é de encher os olhos, o Cantagalo Futebol Clube. Na verdade o projeto tem mais de dez anos, mas só agora fiquei conhecendo. A ideia é que seja, segundo o próprio site deles "uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que além de disputar campeonatos em Belo Horizonte, começa a desenvolver uma proposta socioesportiva fundamentada na transformação social de crianças e adolescentes, focando principalmente no direito ao esporte e ao lazer."

Por coincidência encontrei com o Pina hoje e me lembrei de comentar o projeto e colocar o link aqui para que vocês visitem o site do Cantagalo, conheçam o projeto e ajudem como puderem.

E pra dar uma força nem precisa gostar de futebol, só precisa mesmo acreditar em solidariedade.




Direto na têmpora:

Felizão

Sabe aquele átimo em que você percebe "é exatamente isso que eu gostaria de estar fazendo, é precisamente aqui que eu gostaria de estar?" Para mim, isso é estar feliz.

Obrigado, minha Sophia, por ficar abraçadinha e jogar jogo-da-velha comigo hoje pela manhã.




Direto na têmpora: This time tomorrow - The Kinks

quinta-feira, março 11, 2010

It's not about advertising

Estou lendo The Basketball Book, do meu escritor esportivo favorito, Bill Simmons. Logo no começo do livro, em uma entrevista com o grande Isiah Thomas, Bill Simmons recebe do craque o segredo do basquete: "it's not about basketball".

Segundo eles, basquete é menos sobre talento para o esporte e mais sobre comprometimento, envolvimento, capacidade de extrair o melhor do companheiro e de abrir mão do individual para o resultado coletivo. Bird, Magic, Jordan, Isiah, todos souberam fazer isso como jogadores.

Eu nunca achei que a resposta para fazer boa comunicação estivesse nos anuários, embora entenda que seja ótimo utilizá-los como referência técnica. Quanto mais eu penso nisso, mais eu chego à conclusão de que publicidade é, a cada dia mais, uma profissão menos para quem domina o software e mais para quem entende pessoas; menos para quem escreve bem e mais para quem gosta de arriscar; menos para quem analisa números e mais para quem visualiza rumos; menos para quem curte falar e mais para quem sabe ouvir; menos para quem adora anúncios e mais para quem é louco por comportamento.

Enfim, publicidade para mim é sobre um monte de coisas, but it's not all about advertising.




Direto na têmpora: Smoke on the water - Señor Coconut

quarta-feira, março 10, 2010

Gordices

Sophia ganhou bombons.

- Lílian, você quer um bombom?

- Não, Sophia, obrigada.

- Por quê?

- Ah, Sophia, porque eu estou precisando desinchar.



Aí eu complemento:

- É, Sophia, eu também não poderia, mas...

- Eu posso, né? Porque vocês são gordos e eu não.



Toma mais uma, filhão!




Direto na têmpora: Short bursts - We Were Promised Jetpacks

The National + stop motion = duca

Eu sou fã de The National. Eu adoro filmes em stop motion. Eu já escrevi aqui sobre o coelho na lua. Resultado, eu achei esse filme simplesmente duca.







Direto na têmpora: Slow show - The National

terça-feira, março 09, 2010

Canções dos anos 80

Entrei numa onda saudosista hoje e vocês pagarão o preço por isto. Seguem aí três canções que tocaram insanamente nos anos 80. Toma!




Spider Murphy Gang!




Falco!




Baltimora!




Direto na têmpora: Hello tomorrow - Karen O

segunda-feira, março 08, 2010

Girls, girls, girls

Eu nasci em um ambiente essencialmente masculino, com meu pai e dois irmãos. Minha mãe era a exceção e fazia o papel de bicho raro da família.

Mas mãe é mãe, e quando bem jovens não temos uma visão muito clara de que elas sejam a mesma coisa sobre a qual nos referimos quando falamos de mulheres nas conversas entre moleques.

Fui descobrir o que era mulher em cada professora, em cada coleguinha de sala, em cada menina do bairro, em cada namorada, em cada amiga e, ao longo tempo, consegui duas certezas: 1) quanto mais eu as conheço, menos eu as entendo e 2) quanto mais eu as conheço, mais eu as amo.

Hoje não apenas reconheço minha mãe como mulher, como sei que é das melhores que há pelo mundo. E nesse mesmo mundo encontrei outra mulher para me fazer descobrir companheiro, para me fazer saber que vale acreditar no "pra sempre". Com esta mulher tive uma filha que me transforma inteiro e com elas vivo cada vez mais em um universo essencialmente feminino.

E tanta felicidade é mais do que eu algum dia pedi a Deus.



PS - Se você é mulher e vê valor nesta data, feliz dia de hoje para você.




Direto na têmpora: Seen Enough - Mars Needs Women

domingo, março 07, 2010

Vocabulário inovador

Minha Sophia dando aula para vovô Nilo, vovó Wanda, Fernanda e eu:

- Eu vou ser a professora, mas um de vocês pode ser o meu acidente se quiser, tá?



____//____

Essa aconteceu na hora do banho, domingo à noite. Sophia mostrando o mapa que ela desenhou e dizendo:

- As borboletas ficam na América, as baleias ficam no Japão e as flores ficam em outro continente, lá no Pão de Sal que eu fui no Rio de Janeiro.




Direto na têmpora: I do fine - Noah and the Whale

sexta-feira, março 05, 2010

Mil e uma noites

Acabei hoje de ler As Mil e Uma Noites. Livro longo, com histórias ótimas e outras nem tanto, mas pra mim era obrigatório conhecer a obra pelo texto original e não por filmes da Disney ou versões adaptadas.

Fica a certeza de que o tapete mágico não tem nada a ver com a história do Aladim, que naquela época o povo matava com vontade e que todo mundo deveria ler este livro.

Agora, Alice. E um bom final de semana para todos.




Direto na têmpora: Antenna - The Plastic Swords

quinta-feira, março 04, 2010

Sophia Filmes apresenta

Consegui tirar os filmes da Sophia do iPhone e jogar na máquina. Na verdade, estavam todos deitados, mas o Paulo Emílio da Brokolis (sempre ele) me ajudou e agora ficou tudo bacana.

São 3 filminhos, um mostrando a baixinha cantando She & Him, outro mostrando a expressão de nervosia dela que é o uxi-uxi e o terceiro com uma machadada na cabeça do pai que vos fala.




Sophia canta Black Hole, do She & Him.




Uxi-uxi pra você também, Sophia.




Toma na cabeça, papai.





Direto na têmpora: Remember me - British Sea Power

Spray

Trabalhei em São Bernardo do Campo nas eleições de 2004, tentando a eleição do deputado federal Vicentinho para a prefeitura da cidade. Mesmo com uma bela equipe, foi um trabalho extremamente difícil, já que o outro candidato (que buscava a reeleição) era muito bem avaliado pela população, tinha investido bastante em propaganda durante o seu mandato e, pra piorar, mesmo com o tamanho da cidade não contávamos com tv ou rádio.

O resultado foi o esperado e saímos derrotados do pleito, o que foi uma pena por todas as qualidades que reconheci em Vicentinho, tanto como político quanto como pessoa.

O fato é que gostei bastante de São Bernardo e a cidade me surpreendeu por não ser o lugar poluído e cinza que eu imaginei, muito antes pelo contrário. Só havia uma coisa que me incomodava: o spray.

Não é que chovia em São Bernardo, mas garoava o dia inteiro. Era como se houvesse um daqueles sprinklers sobre a cidade, ligado 24 horas por dia. Cheguei inclusive a convencer o Vicentinho que ele deveria, se fosse eleito, assumir o compromisso de só ligar o spray dia sim, dia não.

Belo Horizonte hoje amanheceu assim, com um sprinkler sobre a cidade e eu, confesso, cheguei a temer por uns 30 dias de spray como vivi em São Bernardo.

Não vai rolar, mas sabe como é, só pra garantir, será que alguém podia pedir pro Lacerda ou pro São Pedro só ligarem isso em dias alternados?




Direto na têmpora: I know what I'm here for - James

quarta-feira, março 03, 2010

Ideias

Acabei de ler uma entrevista com Jean-Claude Carrière no site da Cosac Naify e adorei a frase que fecha a conversa: "O erro é pensar que a tecnologia irá nos dar ideias, embora a tecnologia em si já seja uma ideia."

A mente criativa se manifesta e se desenvolve nos mais diversos espaços e nas mais distintas situações. Eu sou daqueles defensores de que a boa ideia surge, só para dar exemplo de agências de publicidade, no planejamento, na mídia, no atendimento, na produção, enfim, em qualquer lugar onde haja gente competente em seu ofício e disposta a ousar.

Talvez seja por isso que eu me sinta um pouco constrangido quando se referem a mim como "o criativo Maurilo Andreas", sendo criativo aqui usado como substantivo e não como adjetivo. Não acho que criativo possa definir uma função ou um cargo, mas sim um compromisso com fazer as coisas de modo diferente, surpreendente, eficiente.

Em casa, faço tudo para que a minha Sophia seja uma pessoa criativa. Desenhos em papel, histórias, jogos de estratégia, iPhone, conversas, filmes, livros, tudo é ferramenta para que ela possa desenvolver um pensamento original independente da tecnologia, da profissão que ela escolha ou dos ambientes pelos quais ela passe.

Voltando ao que disse o Carrière, "o erro é pensar que a tecnologia irá nos dar ideias". E, cada vez mais, quem se apega às ferramentas fica obsoleto junto com elas.




Direto na têmpora: Vcr - The XX

terça-feira, março 02, 2010

Então vai aí um video fodaço do OK Go

A banda OK Go é legal e faz clipes incríveis como este das esteiras rolantes, logo aqui embaixo.





Faz pouco tempo a EMI, gravadora do OK Go, proibiu o embed dos videos da banda, ou seja, nenhum deles poderia ser anexado em blogs e sites que não no próprio Youtube.

O vocalista da banda escreveu para o New York Times um texto corajoso desancando a EMI e, parece, tudo voltou ao normal. Tomara que seja um sinal de que as grandes gravadoras estão percebendo que a internet tem funcionamento e regras próprias, que precisam ser respeitadas e levadas em conta.

Se tudo der certo, você poderá assistir, além do clipe acima, o novíssimo e igualmente genial abaixo. Além de ler a carta do Damian Kulash Jr aqui.







Direto na têmpora: This too shall pass - OK Go

Len Bias

Len Bias nunca jogou pelos Celtics, nunca comemorou um título da NBA e nunca usou sua camisa número 30. Len Bias não foi MVP, não recebeu milhões de dólares da Reebok e não estrelou em um único filme de Hollywood.

O parágrafo anterior está cheio de motivos pelos quais você nunca deve ter ouvido falar de Len Bias, mas se você era um fã dos Celtics em 86 e acompanhou os 20 anos de sofrimento que se seguiram, esse parágrafo diz quase tudo o que você precisa saber sobre Len Bias.

Os Celtics foram campeões em 1986 com um time que incluía 3 dos 50 maiores jogadores de todos os tempos da NBA: Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish. Naquele ano, graças a algumas trocas feitas pelo genial Red Auerbach, Boston tinha ainda o número 2 no draft e não havia dúvidas sobre quem o time escolheria. Cleveland, que escolheria primeiro, precisava de um pivô e Boston poderia selecionar Len Bias, considerado o que havia de mais próximo a Michael Jordan na época.

Lenny Bias foi escolhido pelos Celtics e, na festa de comemoração ainda na noite do draft, teve uma parada cardíaca causada pelo consumo de cocaína com alto grau de pureza.

Eu já conhecia essa história, mas ontem a ESPN passou um documentário sobre a morte de Len Bias que eu queria realmente ter visto. Não consegui assistir inteiro, mas fico pensando como a morte deste jovem de 22 anos teve implicações não apenas em sua família, mas em toda a NBA e nos Celtics especificamente. Nem mesmo a morte de Reggie Lewis em plena quadra (2'20 do video) alguns anos depois teria tanto impacto.

Não sei se o Boston ganharia mais títulos com Bias ou mesmo se ele seria uma grande estrela. Ele poderia machucar o joelho na pré-temporada de 87 e nunca mais ser o mesmo, quem sabe? Pelo menos ele teria recebido 20 mil dólares por mês durante dois anos na pior das hipóteses.

O fato é que Len Bias foi uma história interrompida e que deixa milhares de "como seria se" para os fãs da NBA.

Você provavelmente nunca ouviu falar de Len Bias, mas ele tinha 22 anos quando morreu e, cara, ele era bom.







Direto na têmpora: Birthday - The Bird And The Bee

segunda-feira, março 01, 2010

10 coisas que melhoram o meu humor

1) Pessoas que ainda usam "cidade" para se referir ao centro. Ex.: "hoje eu tenho que ir na cidade resolver um negócio." Se sair da boca de uma velhinha da qual você gosta é melhor ainda.


2) Descobrir bandas / músicas novas e boas (pra mim) no blip.fm. Tipo essa do MGMT aqui.


3) Receber ligações da Fernanda só pra dizer que me ama (no explanation needed).


4) Conhecer gente que gosta do que eu escrevo.


5) Ver fotos da minha família nos anos 70 e 80.


6) Escutar "Every Little Thing She Does Is Magic" - The Police. Pode curtir aqui.


7) Presenciar a Sophia inventando as musiquinhas dela e cantando como se não se existisse mais nada.


8) Deixar que cocem minhas costas.


9) Doce de figo da Tia Rosa.


10) Não precisar fazer mais nada além de olhar pro céu e procurar estrelas cadentes em um sítio, fazenda ou cidadezinha qualquer.




Direto na têmpora: Grace under pressure - Elbow

Acho que o ninho deles é ali

Fui ao BH Shopping duas vezes no domingo. Uma delas para uma horrorosa manhã de compras no Carrefour e outra para assistir Toy Story, que a Sophia ainda não tinha visto, em 3D.

Nas duas idas, um show de filhadaputagem dos clientes ao estacionar os veículos. Tirei fotos de 3 situações, mas vou postar apenas uma que pra mim é hors concours.

Só pra fazer uma introdução, contam que um vendedor de churros na frente do velhíssimo CB Merci da Prudente de Morais deixou cair algo na gordura fervendo e, no reflexo, foi tentar pegar e queimou o dedo. Com muita dor e puto da vida ele então complementou: "fodeu um, fode tudo" e mergulhou a mão inteira atrás do objeto.

Pois os caras da foto que segue pensaram assim também. Afinal, já que é pra parar na vaga de deficientes, por que ocupar só uma?






Ah, eu aproveitei pra tirar uma foto dos dois senhores saudáveis que saíram do carro da foto anterior e foram fazer compras juntos no Carrefour. Eles não apenas caminhavam normalmente como também não apresentaram nenhum sinal de dificuldades para pegarem suas compras, encherem seus carrinhos e carregarem tudo no veículo. Olha aí o tio de branco e o tio de amarelo (sem os rostos, obviamente) prontos pra tocar o terror.







Direto na têmpora: Hometown Unicorn - Super Furry Animals