sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Tipinhos odiosos

Eu odeio vários tipos de pessoa. Muitos mesmo. Ainda assim, eu não me canso de perceber que existem sempre novos modelos odiáveis capazes de fazer nossa bile transbordar.

Pra falar a verdade, são tantos motivos para detestar que pode até ter gente que me inclua em alguns deles, mas vestido com a coragem e a propensão para denunciar o mal que vem marcando minha passagem pelo planeta e, mais especificamente, por este blog, segue aí uma pequena listinha para que os estimados leitores possam também odiar:

- o “cagüeta furtivo”: esse é o cara que, por total ausência de talento e caráter, se valoriza única e exclusivamente falando mal do trabalho dos outros.

- o “amigo do rei”: o nome é explicativo, mas é aquela figura que, apesar da latente incapacidade profissional e desvio de personalidade, aproveita-se do relacionamento com o “dono da boca” para galgar os degraus na empresa, na política ou na sociedade em geral.

- o “gênio fantasma”: qualquer um que descaradamente assuma a autoria de trabalhos dos outros. Normalmente trabalhos que ele inicialmente olhou com desdém.

- o “chupim inconseqüente”: seu lema é “me dá, me dá, me dá”. Suga ao máximo os que estão à sua volta e, inexplicavelmente, dorme com um sorriso nos lábios noite após noite.

- o “vaselina”: assumir uma posição é algo impensável para ele. Na segunda guerra eram aqueles que conseguiam estar bem com judeus e nazistas ao mesmo tempo. Normalmente se encaixa também no perfil “chupim inconseqüente”.

- o “pau-mandado”: incapaz de ter uma idéia original, é o rei da inflexibilidade. É o cara que está sempre obedecendo ordens e que, normalmente, serve apenas para fazer cumprir horários. Corre o sério risco de ver sua cabeça explodir caso pense por si só.

- o “encarregado”: esse aí precisa tomar decisões sempre, mesmo sem ter a menor qualificação para tanto. Sendo assim, trata os subalternos e fornecedores como se soubesse o que faz, disparando frases como “faça o que eu mandei” ou “preciso disso agora e pronto”. Costumam ter longas carreiras e relacionamentos pessoais miseráveis.


PS – alguns FDP podem incluir-se em várias das categorias simultaneamente.




Direto na têmpora: Rue de Ménilmontant - Camille

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Adivinha quem é?

Eu diria: "esse aí abaixo é o Spencer Elden".

"Grandes merdas", você pensaria.

E eu responderia, "mas o que você não sabe é que ele, agora com 17 anos, é o bebê nadando atrás da nota de dólar na capa do Nevermind do Nivarna, um dos maiores discos da história do rock".

E você retrucaria "aaaah", mas pensaria "grandes merdas".







Direto na têmpora: Bebemorando - Ruy Maurity

Mais 5 de cada

5 músicas meio estranhas que eu adoro

Telephone call from Istanbul – Tom Waits
You know my name (look up the number) – The Beatles
I got you babe – Cher, Beavis & Butthead
Oh Yeah – Yello
Patrícia Rockfeller – autor desconhecido


5 lugares que fecharam em BH e dos quais eu sinto falta

Blue
Mandrágora
Savassinuca
República do Rock
Cine Imaginário


5 “celebridades” de quem eu gostaria de saber o paradeiro (ou talvez, não)

Beto Fuscão
Molly Ringwald
Maria Claudia
Angelo Maximo
Manolo do Bumbo




Direto na têmpora: Trópico de Cancer - Cafe Tacuba

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

O homem anfíbio

Eu, como fã declarado de sapos e ex-criador de salamandras, não pude deixar de roubar este vídeo do Caixa Preta e reproduzir aqui.

Na boa, eu adoro sapos.






Direto na têmpora: Drug me - Dead Kennedys

Cancela o casamento

Essa saiu no Estado de Minas. Se não foi sacanagem de algum amigo, o tal Ricardo tá fodido. Pensando bem, a mulher nunca vai engolir, ele tá fodido de qualquer jeito.







Direto na têmpora: Anyone else but you - Moldy Peaches

Cocô artístico

Essa eu não vi, mas Fernanda veio contar que Sophia foi fazer cocô no peniquinho e, quando acabou, olhou para a obra, reparou no formato e disse: “olha, uma lua!”

E emendou em seguida: “Agora eu quero uma estrela.”




Direto na têmpora: Sleep - Kimya Dawson

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Descontrole das funções corporais

Há muito, muito tempo, em uma terra muito, muito distante, alguns amiguinhos desfrutavam o carnaval com toda a sua opulência alcoólica quando um deles, despreparado talvez, fica para trás enquanto os demais seguem para a folia.

Ao retornarem ao seu pequeno chateâu, percebem um exercício de pintura abstrata pelas paredes. De baixo para cima, em espiral ou formando figuras helicoidais, jatos de vômito ornavam o ambiente. Nosso amiguinho FB, hoje um renomado profissional de saúde, havia criado uma perfeita imitação do exorcista em nossa sala, desafiando inclusive as leis da física.

Vinte anos depois, encontro situação parecida no emprego. Um meliante de codinome Pintoloco anda aterrorizando o sanitário da Criação com jatos de urina desconexos e igualmente absurdos. Aliás, já até postei sobre isso aqui.

Pois hoje, em uma (infeliz) coincidência, adentrei o banheiro logo ápós o Pintoloco. Foi como deparar-se com a recém vítima de um serial killer antes da polícia chegar. Aliás, como um serial killer, acredito que o Pintoloco esteja deixando pistas, já que incoscientemente seu desejo real é ser descoberto.

O fato é que tenho uma forte suspeita sobre quem seja o Pintoloco. E temo pela minha vida.




Direto na têmpora: Bonanza Exorcista - Sexo Explícito

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Coisas do cinema

Ontem me veio um estalo e eu percebi uma coisa que meu cérebro já sabia, mas que eu me recusava a aceitar como verdade: o House é o pai do Stuart Little.



Dr. House, quem diria, já foi pai de famia.




Pela cara do homem, Stuart perdeu média de novo.




Direto na têmpora: Sexx Laws - Beck

Ah, Mr. Jackson

25 anos de Thriller, o álbum mais vendido da história. Revi os clips de Beat It, Thriller e Billie Jean, pretendo ouvir ainda hoje Human Nature e The Girl Is Mine.

Apesar de nunca ter sido um fã do cara (até porque na época eu era bem mais rock'n'roll), não dá pra negar que esse foi um puta disco. Eu prefiro o Off the Wall, mas foi com Thriller que Mr. Jackson recebeu o título de "King of Pop".

E a revolução nos videoclips? Apesar de Thriller ser o mais famoso, Beat It é o meu favorito e, por isso, aí vai ele. No mais, com todas as transformações esquizóides de Michael, fiquei com bastante medo deste recém-lançado Thriller 25.

Pensando bem, melhor assim, já que ando meio duro e a pepita não deve sair baratinha.



Birêêêêêêêêê! Birêêêêêêêêê!



Direto na têmpora: Overkill- Men at Work

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

O cara que mora do seu lado

O prédio onde eu moro é muito louco. Há uns 15 anos, o cara que morava no meu apê foi assassinado, dentro do prédio, por causa de uma briga sobre vagas de garagem.

Logo que me mudei não era raro ouvir os gritos de "me dá dinheiro, mãe, eu vou te matar" e coisas do gênero. O rapaz, viciado em diversos tipos de drogas, chegou a tomar uma porrada na cabeça do vigia do prédio com um cano de ferro. Depois, quando a mãe e o pai entraram na justiça para decidir quem NÃO ficaria com a guarda dele, mudaram do prédio.

Do outro lado do corredor, tinha um que fazia festa de segunda a segunda, com direito a putaiada e, quando a gente reclamava, a resposta era "sou solteiro, faço festa mesmo". O detalhe é que ele tinha seus 40 e poucos anos. A polícia ia lá pelas reclamações de barulho pelo menos uma vez por semana.

Ontem à noite, outro vizinho morreu de overdose, ostentando 8 picadas em um dos braços. Aí você pergunta: "moras na Pedreira Prado Lopes?" E eu penso bastante, mas bastante mesmo antes de responder que não.




Direto na têmpora: Butterfly on a wheel - The Mission

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Maurilo Bolseiro

Ok, eu não seria um bom hobbit com 1,80m e mais de 100kg, mas saca só esse cara do País de Gales que construiu (e vive) em uma casa no melhor estilo hobbit. Até quem não curte Tolkien vai achar bacana.



Mr. Bilbo, I presume.




Aconchegante, não?




Direto na têmpora: B for my name - Beastie boys

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Who's that girl?



Fiquei na dúvida se deixava vocês tentarem adivinhar ou se entregava a resposta logo. Pois bem, venceu a segunda: a garotinha de 15 anos acima é Frances Bean Cobain, filha do velho Kurt e da piradíssima Courtney Love.

E sabe o que é mais impressionante? Caretíssima a criança. Deus conserve.




Direto na têmpora: Sweet, Sweet Lovin' - The Platters

Procura-se

Estes seres foram vistos pela última vez em Ipatinga, lá pelos inícios da década de 70. Quem tiver notícias, avise, porque eles estão fazendo uma falta...


Vai mais um biscoitinho ai, fião?




O meliante com uma de suas camisas favoritas.




Direto na têmpora: Dimension - Wolfmother

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Orgasmatron

Acaba de sair a notícia sobre um implante que pode levar as mulheres ao orgasmo simplesmente apertando um botão. Parece meio Barbarella, mas a notícia tem jeito de ser verdadeira.

Fico feliz pelas mulheres, de verdade, parabéns a todas, mas me sinto a cada dia mais inútil. Se bem que, como está em algum livro do Veríssimo, a única coisa para a qual as mulheres precisam dos homens é para abrir vidro de azeitona emperrado.

Sendo assim, recolho-me à minha insignificância masculina, vou ali comer um torresmo, beber uma pinga e já volto.




Direto na têmpora: It ain't me, babe - Bob Dylan

Nada como os Muppets

Não é à toa que eu e a Sophia adoramos Muppets e Vila Sésamo, eles são demais desde os anos 60. Esse filminho com o Animal é o máximo.






Direto na têmpora: Changüich a la Chichona - Molotov

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Gostinho

Não gosto do meu pescoço curto, não gosto dos meus pés grandes demais, não gosto de falar (muito e sempre) o que não devia, não gosto de calar o que precisaria dizer, não gosto de ter escutado muito pouco Van Morrison, não gosto de ser tão atento, não gosto de um monte de coisas que já vesti, não gosto de fazer barba, não gosto de cobrir os pés (eles de novo)pra dormir, não gosto de muita coisa que fiz e menos ainda de não ter feito milhares de outras coisas.
E o pior é que gosto muito do jeito que estou agora, dá pra entender?




Direto na têmpora: I will follow you into the dark - Death Cab for Cutie

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

O 14o reich

Uma indicação do Gasta que vale a pena assistir e se divertir ou entristecer, conforme o dia. São só 4 minutos e eu recomeeeendo.


Prrrrresidente Lula, deu merrrrda




Direto na têmpora: Le Premier Bonheur du Jour - Os Mutantes

De onde vêm os bebês?

Bom, a minha veio por Sedex.


Você nem imagina o preço do frete.




Direto na têmpora: Metrópole - Legião Urbana

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Bichinho d'água

A primeira aula de natação da Sophia foi hoje. Chegando lá, por uma feliz coincidência, descobrimos que o João, coleguinha de escola dela, também faz natação ali.

Ela ficou em volta da piscina, colocou os pezinhos n'água, mas não se animou a nadar ainda. Para incentivá-la, eu falava "olha, Sophia, o João nada igual a um peixinho". Logo depois, na saída da academia, dá-se o diálogo:

"Sophia quer nadar igual a um peixinho?"

"Não."

"E igual a um tubarão?"

"Não."

"Então a Sophia quer nadar igual a quem?"

E ela, sem pestanejar: "cavalo-marinho".

Agora, de onde ela tira essas coisas eu nunca vou saber.




Direto na têmpora: A vontade de mudar - Madredeus

Toma na cabeça

Acabo de descobrir, através do blog de uma aluna, que meus ex-alunos me consideravam um prego. Nem me senti ofendido, afinal, sempre achei 83,4% dos meus professores muito pregos. O que magoou foi o fato de já fazer uns 10 anos que ninguém me chamava de prego.

Claro que nesse meio tempo chamaram de canalha, vagabundo, ladrão, sem vergonha, ordinário, burro, mau caráter, incompetente, fdp, etc, mas prego fazia tempo que não entrava na lista. Enfim, começo hoje a campanha com os outros professores para reprovação em massa dos meus ex-alunos. Infiéis, tremei!




Direto na têmpora: XV anos - Ira!

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Produtos suspeitos

Essa sacola estava hoje em um departamento da agência (não na criação). Não sei quem é o dono, nem o que ela contém e, para falar a verdade, prefiro nem saber.



"Isso aí do lado da sua sacola é talco?"




Direto na têmpora: Lavar as mãos - Arnaldo Antunes

terça-feira, fevereiro 12, 2008

O novato otário

Meu primeiro dia de aula no Loyola, recém-chegado de Ipatinga, foi marcante. No São Chico a gente era obrigado a usar uniformes, mas no Loyola não. Obviamente, minha mãe comprou os uniformes assim mesmo e eu, sem saber, fui totalmente trajado no primeiro dia. Cabeludo e uniformizado.

Assim que cheguei na sala, sem conhecer ninguém, uma figura esquisita aponta pra mim e manda: "olha lá o novato otário de uniforme".

Passada a vontade de cobrir o esquisito de porrada, fui me adaptar ao ambiente e fiz grandes amigos ali. Inclusive o esquisito, que se chama Girino, está no Brasil, e ainda não me deu notícias. Grande filho da puta, isso sim.




Direto na têmpora: I can't get up the nerve - John Pizzarelli.

Nós, os bairros

Eu nunca tive bicho geográfico, mas alguns amigos meus já tiveram. Também nunca tive berne e nem um mísero bicho de pé. Verme eu acho que toda criança do interior já teve, então, ok. Piolho eu tive, mas fica do lado de fora e já tive também um fibrolipoma no braço direito, mas aí não é bicho e não conta.

Sei lá, acho muito doido esse lance de animais vivendo na gente.




Direto na têmpora: White wedding - Billy Idol

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Burton, Jarmusch, Crowe e os Coen

Fui ver Sweeney Todd na sexta-feira e, enquanto teve gente que saiu no meio do filme, eu mantive minha opinião de que Tim Burton é um gênio.

Eu gosto de Tim Burton porque ele faz filmes de um jeito que ninguém mais faria. É impossível começar a assistir um filme e não saber, imediatamente, que o diretor é Tim Burton.

Os irmãos Coen são assim também, mas sem a grandiosidade e o estilo visual do Burton. No caso deles o que pega são os personagens e os diálogos.

Aliás, uma das minhas grandes tristezas é o fato de Marty Feldman ter morrido em 1982, caso contrário ele seria certamente uma estrela recorrente nos filmes dos irmãos Coen. Algo como o Steve Buscemi, que fez Fargo, o Grande Lebowski, etc.


Marty Feldman, sósia de Néstor Kirchner e predecessor de Steve Buscemi


O filme é do Adam Sandler, mas deu pra entender

O Jim Jarmusch, outro de quem sou fã, já é sensacional pelas histórias e personagens estranhos. Qualquer um que faça filmes incríveis com os caras do White Stripes, Tom Waits e outros malucos, merece reconhecimento.

Para finalizar, o Cameron Crowe, muito mais pop e palatável do que os outros três, constrói filmes que (aparentemente) qualquer um poderia fazer e ainda assim consegue usar a música de forma soberba e acertar em cheio em quase tudo o que dirige. Ou alguém discorda que a cena do ônibus em Quase Famosos, onde todo mundo canta Tiny Dancer do Elton John, é perfeita?

Enfim, só falando um pouco sobre cinema mesmo, nada demais. Fiquem à vontade pra descer a lenha.




Direto na têmpora: Paper Scratcher - Blind Melon

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Nojinho de homem

Os homens, em oposição às mulheres, são uma raça nojenta. Uma raça divertida, mas incomensuravelmente nojenta. Nos últimos 20 minutos presenciei uma discussão onde se debatia vigorosamente a superioridade de uma cabra em relação a uma galinha como objeto sexual.

De repente, o assunto desvia para a atuação dos peixes neste mundo pervertido da zoofilia e surge o debate: qual o melhor peixe para a prática do sexo oral? Uma carpa ou um bagre? No que alguém exclama: "carpa é muito melhor, é lisinha, bagre tem lixa na boca".

Enfim, nojo, muito nojo. Não sei como vocês mulheres ainda se casam com a gente.




Direto na têmpora: Là où je suis née - Camille

Os dedinhos

A maldade humana (ok, a minha) não tem realmente limites. Dizem por aí que o Presidente Lula já foi o feliz proprietário de um Fox da VW. Se não entendeu a piadinha, clique aqui.




Direto na têmpora: Time trap - Built to Spill

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Videozins

Hoje já postei fotos, agora vou postar vídeos, porque não tô querendo muito saber de falar. Nenhum deles é novíssimo, mas vamos lá.

Primeiro, Hurra Torpedo, com uma versão completamente esquizóide de Total Eclipse of the Heart. Se você ainda não viu, tem que assistir.

Depois, que #@*$% aconteceu com a cara do Michael Jackson!? Detalhe para o furico no queixo.

Na seqüência, Seven Nation Army é mixado com Sweet Dreams e o resultado é fantástico! Esse é mais novinho.

Para finalizar, eu juro que não queria postar um clip que visualmente não tem nada demais, mas David Bowie junto com Arcade Fire cantando Wake Up ao vivo é simplesmente muito bom pra deixar de fora. Enjoy!




Imagina isso na cozinha da Ana Maria Braga.




Tira isso da cara, menino!




White Stripes + Eurythmics = grrreeeaaat




E a Heather Graham na platéia. Eita!




Direto na têmpora: Wake Up - Arcade Fire

Sessão de fotos

Sophia começou a gostar de sair nas fotos. De vez em quando até faz pose. E nós lá, só clicando.



O mar eu não curti, mas a areia...




Famosos sempre exibem seu roupão favorito na Caras.


PS - 3 links novos aí do lado: um poético (Rodrigo Lodi), um estranho (Recessivos) e um sobre atendidmentos (Mal Brifado).




Direto na têmpora: Lead the way - Lizz Wright

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

O que o capeta ouve

Jeronimus Bosch pintou o inferno com seu talento, Dante descreveu o inferno com seu gênio, mas para escutar o som que o capeta usa para infernizar (sem trocadilho) os outros, só ouvindo funk carioca durante 4 dias seguidos.

Aliás, o próprio nome "funk" já me transtorna. Funk!? Funk!?!?!? Funk!?!?!?!?!? Esses caras sabem o que é funk por acaso? Pelamordedeus, tinham que emporcalhar o bom nome de uma das mais vigorosas correntes musicais modernas? Ainda bem que James Brown está morto pra não ver, ou melhor, ouvir isso.

Eu sei que tem gente que vai dizer que é "um movimento legítimo, social, quase espiritual, que representa a alma carioca/brasileira e a favelização existente em cada coração tupiniquim". Pois bem, a polka também é uma representação legítima da cultura de um povo e nem por isso eu deixo de achar uma porcaria.

Não me entendam mal, nada contra quem escuta funk carioca usando um fone de ouvido hermeticamente preparado para não vazar som, tenho amigos com defeitos muito piores. O que me incomoda é o povo abrir o porta-malas, largar o volume nas picas e mandar o petardo AGORA EU TÔ SOLTEIRA E NINGUÉM VAI ME SEGURAR... DAQUELE JEITO!". Ora, faça-me o favor e vá lamber sabão.

No mais, o carnaval foi ótimo, com direito a picolé de jaca e de creme holandês, daqueles típicos feitos de água suja. Sophia amou.




Direto na têmpora: The most useless thing - Scarnella

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Sei lá, mil fantasias

Os sete jardins de Assurbanipau, imperador da Ciméria.

Nabucodonosor, o sábio dos treze mil leques.

A dança sagrada das virgens introspectivas de Guarapari.

Nenhum destes nomes é verdadeiro (eu acho), mas bem que poderiam ser o título da fantasia abaixo ou de alguma outra dos antigos bailes transmitidos pela TV Manchete.

Aliás, assim como todo paisagista é o Burle Marx, todo "desafilador de fantasias de luxo" é o Clovis Bornay. Ou era, acho que ele morreu. Na verdade, não importa, esta é uma das outras coisas de que não sinto a mínima falta no carnaval. E quem tem uma história boa sobre o Clovis Bornay é o Oliva do Casos da Propaganda. Pergunta pra ele procê ver.




Apesar do cavanhaque, juro que este não sou eu.




Direto na têmpora: I got it goin' on - Us3

Um pouco de Incultos

Durante o carnaval não postarei. Eu sei, eu sei, dói, mas é importante que vocês tentem conter o pranto. É que realmente os festejos momescos pedem um ócio pleno ao qual me entregarei prontamente. Sendo assim, colocarei aqui um dos contos do meu livro “Incultos” e voltarei a postar na quinta, dia 7 de fevereiro.



Sortes

A vida sempre tinha sido irônica com o Vieirinha. Se passava de ano direto em todas as matérias, pegava catapora e ficava metade das férias de molho. Se a menina pela qual era apaixonado enfim dava bola, no dia seguinte surgia uma bela herpes no canto da boca.

Ficou mais velho e a sina continuo a mesma, muita sorte, mas talvez na hora errada: passava no vestibular e a faculdade entrava em greve, resolvia viajar para o nordeste e ainda na estrada recebia a notícia que as aulas voltariam. Teve aquela vez, por exemplo, em que o Vieirinha ganhou um carro numa rifa qualquer e, todo satisfeito, chegou ao trabalho apenas para descobrir que havia sido demitido. Pouco tempo depois, estava vendendo o carro para pagar as dívidas.

Não era um cara infeliz, sabia levar com bom humor e paciência estes caminhos tortuosos de sortes e azares. Os amigos do Vieirinha divertiam-se com seus casos, mas era só ele virar as costas que a palavra “coitado” surgia em todas as bocas.

Até que um dia o Vieirinha conheceu a Salete. Foi numa festa de trabalho. Ela tinha ido com uma amiga e se encantou com o jeito meio atrapalhado do rapaz. Ficaram juntos e na volta para casa, só para compensar, o pneu furou e ele teve que empurrar o carro por toda a Afonso Pena.

Mas o azar foi pouco perto da mudança que a Salete trouxe para a vida do Vieirinha. Era um novo homem, mais confiante, mais alegre, até mesmo mais produtivo no trabalho. Estava apaixonado da mais perigosa maneira, como um boxeador apoiado nas cordas enquanto era bombardeado pelos carinhos da Salete, bem próximo de um nocaute.

Algum tempo depois, ao pagar uma conta numa casa lotérica, o Vieirinha pegou de troco um jogo na MegaSena. Números aleatórios, só para não carregar moedas. Colocou no bolso displicentemente e só foi lembrar do bilhete 2 ou 3 dias depois do resultado do sorteio. O comentário era que o ganhador vivia em Belo Horizonte e não havia buscado o prêmio ainda. Por desencargo de consciência resolveu conferir os números.

Ainda descrente, percebeu que os 4 primeiros números coincidiam. Ressabiado conferiu o quinto e batata! Estava ali, faltava apenas um para tornar-se um milionário. Nesse momento, o rosto da Salete cruzou-lhe a mente. Vieirinha tremeu. Sabia como funcionava sua sorte, com as dolorosas compensações de cada êxito, merecido ou não. Ganhar aquele prêmio poderia custar-lhe a Salete ou sabe-se lá o que mais.

Vieirinha então balançou a cabeça fingindo um misto de desapontamento e resignação, rasgou o bilhete e lamentou-se para os poucos apostadores presentes “é, passou longe”.

O prêmio acumulado nunca foi retirado e o Vieirinha volta e meia comenta que sorte mesmo é ter uma mulher como a Salete em casa.




Direto na têmpora: Suco de tangerina – Beastie Boys

Sempre o filho da mãe do Onetti

Acabei de ler o livro do Onetti. Em um dos últimos contos ele faz referência a um poeta japonês que tem uma historinha muito bacana que vou reproduzir mal e porcamente aqui.

Um jovem guerreiro japonês caminhava por uma cidade estranha quando viu uma bela jovem com um leque, abanando um túmulo. Ele então se aproximou e a moça, percebendo seu olhar inquisitivo, explicou: “Quando meu marido morreu, pediu que eu não tivesse outro homem enquanto a terra sobre ele estivesse úmida e este outono foi tão chuvoso...”

Aí eu leio um negócio sensacional desses, paro de escrever e tem gente que não entende o motivo.




Direto na têmpora: Elevador – André Abujamra