sexta-feira, setembro 29, 2006

Cachinhos

A minha Sophia tem lindos cachinhos que a mãe, carinhosa, teima em domar
Redobra os cuidados, prepara a criança e com zelo de fêmea põe-se a tentar
Mas minha Sophia é da vaidade o antes
Toma-lhe a escova, morde, balança as perninhas e é feliz assim, só de estar
Só de ser
Quando não olham, roubo a minha Sophia um segundo
encosto em meu peito seu ninho e acarinho,
com dedos e dengos,
refazendo cada cachinho.

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: Lord is it mine - Supertramp

quinta-feira, setembro 28, 2006

O instalador

A Domínio Público estava enfrentando um problema sério com sua rede, suas linhas telefônicas ou seu sistema central de ar-condicionado. Na verdade, não importa onde era o problema, o que importa é que a porra do negócio simplesmente não funcionava e já tava todo mundo de saco cheio quando chegou o técnico.
Então era só o cara começar a trabalhar que vinha alguém lotar o infeliz:
"Essa merda não funciona há mais de uma semana".
"Quando é que isso fica pronto?"
"Quem vai pagar o prejuízo?"
"Esse produto de vocês é uma porcaria!"
Ao que ele respondia em tom impessoal e monocórdio:
"Eu sou apenas o instalador."
"Eu sou apenas o instalador."
"Eu sou apenas o instalador."
"Eu sou apenas o instalador."
Então é isso. Minha nova filosofia para qualquer problema que não me afete diretamente ou pelo qual eu não seja inteiramente responsável é "Eu sou apenas o instalador."
O pedido é urgente? Eu sou apenas o instalador.
Minha música tá alta? Eu sou apenas o instalador.
Não tá gostando do blog? Eu sou apenas o instalador.




Direto na têmpora: I'd love to change the world - Ten Years After

Oh yeah 2

Tom Waits, Jim Jarmusch, Ernest Hemingway, Christopher Walken e muitos Jack Daniels. Oh yeah, baby, oh yeah.




Direto na têmpora: Train song - Tom Waits

quarta-feira, setembro 27, 2006

Beijo

Com uma pitada de desejo
Com a ajuda do momento
Com a vontade de duas bocas
Todo beijo contém um princípio de eternidade.
Se não for eterno, foi um beijo
E se basta de feliz.

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: Tango till they're sore - Tom Waits

segunda-feira, setembro 25, 2006

Programa Eleitoral Gratuito

Recebida do Gastão uma citação genial para estes tempos de pleito eleitoral:

"Democracia é eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim."
Millôr Fernandes.




Direto na têmpora: Sunshine of your love - Cream

Nao me mande flores

Quem conseguir o mp3 de Não me Mande Flores do Defalla e enviar pra mim ganha um doce.




Direto na têmpora: Noite cheia de estrelas - Evaldo Braga

O boteco do outro lado da Lapis

Tinha um boteco muito copo sujo do outro lado da Lápis Raro. Enquanto o povo ia lanchar na padaria ou no bar da esquina, eu, Gui Fraga e Henrique Lisandro descobrimos este boteco e nele nos deliciávamos com iguarias light como torresmo, pão com linguiça e provolone desidratado.
O pão com linguiça, aliás, era extremamente gostoso e passou a ser comentado na criação, ganhando uma certa aura de comidinha especial. Um dia conseguimos arrastar a Carla Madeira, dona da agência pra experimentar o famoso sanduíche. Ela cheia de considerações quanto à higiene e o padrão de qualidade do local e nós cheios de certezas e de argumentos pró-linguiça. Sentamos, pedimos o sanduíche e, na primeira mordida da Carla, vem junto com a linguiça um longo e encaracolado fio de cabelo.
Minha tendência é acreditar que esta foi a primeira e última vez que a Carla comeu um pão com linguiça naquele recinto.



Direto na têmpora: Pump - Sugarcubes

domingo, setembro 24, 2006

Eu queria ser Beto Fuscão



Beto Fuscão foi zagueiro do Grêmio e do Palmeiras na década de 70 e, mesmo tendo chegado à Seleção Brasileira, não era um jogador que pudesse ser considerado técnico. Aliás, não raro chegava às raias da estupidez.
Pois de vez em quando eu queria ser Beto Fuscão. Jogar só o feijão com arroz, fazer o serviço sujo sem ter que pensar muito, devolver a bola do jeito que ela veio e só me preocupar em não deixar o adversário passar.
É que às vezes cansa viver queimando fosfato, mas como Deus não me deu talento ou ignorância suficientes pra jogar futebol profissionalmente, não tem muito o que se possa fazer. Então, próximo job por favor.




Direto na têmpora: Clockwatching - Jason Mraz

sexta-feira, setembro 22, 2006

Ray Conniff

João Carlos Olivieri foi Diretor de Criação da Solution, meu parceiro na campanha do Vicentinho em São Bernardo e é até hoje um grande amigo. Pois na época da Solution o Oliva, além dos cabelos brancos, usava uma barba (igualmente branca) e era bem gordinho (parece que perdeu 15kg, é isso Oliva?).
Durante certos momentos de tédio ou fúria no decorrer do dia, Olivieri puxava a franja pra frente, levantava-se de seu posto de Diretor de Criação e começava a reger o coro dos criativos que mandava um Besame Mucho bem bacana no melhor estilo Ray Conniff "parara-parararararaaaara". E nisso ficávamos por bons minutos.
Mas o bom mesmo era a cara do Nilo, Gerente Financeiro que, da sala ao lado e sem nunca ter trabalhado numa agência de publicidade, olhava incrédulo aquele concerto em pleno expediente. Bons tempos que, Graças a Deus, não voltam mais.




Direto na têmpora: Stumbleine - Smashing Pumpkins

Ultimo Numero

Hoje a vontade é ouvir Último Número o dia inteiro, de preferência escutando "Filme" umas 80 vezes, mas como ainda necessito do meu restolho de sanidade, vai ter que ser em doses homeopáticas. Alguém sabe que fim levou Gato Jair?




Direto na têmpora óbvio: Filme - Último Número

quarta-feira, setembro 20, 2006

Morto de viagem

Atendendo a pedidos da Alessandra aqui da TOM, relato uma viagem bacana de BH a Ipatinga. Viação Presidente, ônibus razoavelmente cheio, seguia eu para a terra natal naquele horariozinho do meio da tarde quando o sol incomoda o trajeto todo. Sentava no corredor e, na fila do outro lado, um senhor dormia pesado quando chegamos ao 5 Estrelas, parada obrigatória ali perto de Monlevade. A menina que estava ao lado do senhor, para não acordá-lo, fez um certo contorcionismo e saiu.
Na volta, a menina tenta cutucar o homem para passar. Chama uma vez e nada. Esbarra na perna dele e nada. Aí bate o desespero, "esse cara morreu". A menina fica histérica, chama o motorista, alguém liga para o socorro, gente comeca a passar mal e assim passam-se umas 3 ou 4 horas até que o corpo seja liberado e possamos seguir viagem.
Agora pergunta se eu dormi alguma coisa nos cento e poucos quilômetros restantes até Ipatinga.




Direto na têmpora: Let my love open the door - Pete Townshend

Trilhos

As escolhas que você não faz são as que dizem mais sobre você.
Os passos que você não dá, as curvas em que não se perde, os venenos que esquece na estante.
As portas que deixa fechadas, intactas.
E ainda e nunca se sabe o que há por trás delas.

(Alberto Guiñazú)



"Used to feel like California with baby eyes so blue
Now I feel like Carolina, I split myself in two"

(M. Ward)




Direto na têmpora: Carolina - M. Ward

terça-feira, setembro 19, 2006

E menos de 24 horas depois...






Direto na têmpora: Wild Thing - Jimi Hendrix

segunda-feira, setembro 18, 2006

Aos pais

O milagre se fez carne em tua barriga.
Em breve irá chorar.
Trará consigo fezes, urina e a imensa esperança
de que sejamos melhores do que até hoje ousamos ser.
Nos provará frágeis e assim nos tornará gigantes.
De fruto far-se-á árvore.
E desse milagre brotaremos.
Novos, outros, nós.

(Alberto Guiñazú)




Direto na têmpora: O que eu procuro - Trinidad

Fofoqueiras

Eu tive um chefe que, apesar de extremamente culto, era conhecido por sua ausência de papas na língua seja com clientes, funcionários, sócios, fornecedores e até mesmo estranhos. Tudo meio fogo de palha, já que passada a diarréia verbal ele voltava às boas rapidamente com quem quer que fosse. Aliás, ao ver meu portifólio pela primeira vez seu comentário foi: "olha, você tem o perfil que a gente tá querendo e nossa proposta salarial é tanto, apesar de você ainda estar naquela fase dos títulos com trocadilho, né? Mas isso passa com o tempo." Fiquei puto no dia e nem aceitei a proposta, mas o pior é que era verdade.
Pois numa reunião com um cliente em prospecção da área de ensino a agência apresentou uma senhora campanha. Fizemos uma linha muito bacana, marcamos uma pancada de peças, tudo pra encantar a mulher e pegar a conta. A cliente gostou de tudo e estava entusiasmadíssima, mas segundo ela havia apenas um porém:
"Olha, eu tenho só R$ 5.000,00 de verba".
No que a resposta veio de bate-pronto.
"Ah, é? Pois com cinco mil você faz o seguinte, contrata 50 fofoqueiras e dá cem reais pra cada uma, porque mais que isso não dá pra fazer não."
E deu por encerrada a reunião.




Direto na têmpora: A dois passos do paraíso - Blitz

Bobagitas

Esse final de semana revi "Harry e Sally", filminho delicioso da época em que Meg Ryan era a maior gracinha de Hollywood e Billy Cristal um cara bastante engraçado. Em uma história relacionada, segue uma citação maravilhosa do Beautiful Girls, com Uma Thurman, Timothy Hutton e Natalie Portman.
"Moe is like a retarded person who doesn't know any better. He doesn't desire new experiences, new women, nothing. He's like a mental patient who doesn't know he's mental, so he's perfectly content."




Direto na têmpora: Home sweet home - Peter Gabriel

Urbana Legio e o Fi

A Fernanda nunca gostou de Legião Urbana. Eu gostava muito, mas entendo o ponto de vista dela e vou dar aqui 3 motivos:
1) Legião tinha uma fan base bastante xiita, um negócio meio chato, beirando o raulzitismo.
2) Renato Russo, quando queria, era um cara bastante ególatra, afetado e histriônico.
3) Essa banda tocava muito nas rádios, em festas, enfim, em tudo quanto é lugar, e se você não fosse bem fã, realmente dava pra ficar de saco cheio.
Mas pra mim era foda não curtir os caras. Imagina você com 14 anos, começando a sentir aquelas paixões impossíveis, eternas, irremediavelmente doídas e vem um cara e diz "se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba". É em cima demais.
Aí você com 15 anos, a cabeça a mil, o cara manda "me fiz em mil pedaços pra você juntar e queria sempre achar explicação pro que eu sentia." Depois vem fita pirata com show em Brasília, vira relíquia e a gente ouve exatamente o que a gente sentia com 16 anos "feche a porta do seu quarto, porque se toca o telefone pode ser alguém com quem você quer falar por horas e horas e horas".
O "Que país é este" eu ouvi pela primeira vez na casa do Zuri e "As Quatro Estações" eu e Diogo escutávamos direto no apartamento do Santo Antônio. Aí eles lancaram um quinto disco que era uma bosta, o Renato Russo foi ficando cada vez mais chato (ou talvez tenha sido eu) e fui perdendo o contato e o interesse pelo conjunto.
Só que agora, com o 21 de setembro* chegando e com o Seu Watson tendo deixado a gente assim, tão sem mais nem menos, eu me lembro de você, Fí, que me deu de presente de 15 anos a bolacha do "Dois", ainda lá em Ipatinga. E aí eu te falo que, no seu aniversário, minha vontade era pegar o telefone e falar com você por horas e horas e horas. Saúde, irmão.


* 21 de setembro também é aniversário da minha sobrinha Lu, da Daphine, da Claudia Gies, do Erich e do Edu.




Direto na têmpora: Feel the pain - Dinosaur Jr.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Toto

Na Promídia tinha uma outra figuraça que era o Toto, o office-boy da agência. Sorrisão largo, sempre simpático, uma cara muito bacana e muito simples também. Dentre as várias construtoras atendidas pela agência havia uma chamada Soinco e um dia pediram ao Toto que entregasse um material lá. Passados alguns minutos, liga para a agência a secretária da Soinco morrendo de rir. É que o Toto havia chegado na recepção e, na maior inocência, disse que tinha uma encomenda pro Senhor Inco.
Pouco tempo depois, o mesmo Toto vai ao Estado de Minas e procura o Sr. José Nóbio para entregar uns documentos. Para quem não sabe, Edson ZENÓBIO é um dos figurões do jornal. Mas essa confusão já é mais comum e pra quem se chama Maurilo, nenhuma troca de nome surpreende.




Direto na têmpora: Crosswalk - Rasputina

quinta-feira, setembro 14, 2006

Sonhante

O dia inteiro esperei
O sonho que outra noite não tive
De que era feito não sei
Mas se o espero, ainda vive


Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: João e Maria - Chico Buarque

Engenheiros e arquitetos

Antes que algum arquiteto se revolte, esta é uma história real da qual fui apenas espectador, não tendo responsabilidade nenhuma sobre seu conteúdo. Na época eu era Diretor de Criação da Bros e estávamos fazendo um vídeo institucional para a Plastubos, uma empresa de tubos e conexões mineira. A idéia era um engenheiro que resolvia conferir se valia mesmo a pena usar Plastubos ao invés da marca mais famosa e pra isso ia visitar a fábrica, conhecer os processos e tal. Nada demais, mas funcionava bem.
Fizemos o casting e o ator escolhido fez um teste muito bacana e tal. No dia de produzir o filme, tudo certinho, já na primeira cena o ator dá uma derrapada com um jeitinho meio, digamos, bichoso de falar. Começamos a ficar preocupados, mas fomos levando o filme e tal. Só que a coisa não parava e o cara, que era um verdadeiro kiwi (peludinho por fora e fruta por dentro), parecia cada vez mais feminino em sua atuação. A-fe-ta-dís-si-mo!
Pra contornar a situação, tentando ser o menos agressivo e desagradável possível, o diretor orientava já meio desesperado:
"Não, meu filho. Menos arquiteto, mais engenheiro! Menos arquiteto, mais engenheiro!"




Direto na têmpora: Maigrir - Sanseverino

The Revolution Will Not Be Televised

You will not be able to stay home, brother.
You will not be able to plug in, turn on and cop out.
You will not be able to lose yourself on skag and skip,
Skip out for beer during commercials,
Because the revolution will not be televised.

The revolution will not be televised.
The revolution will not be brought to you by Xerox
In 4 parts without commercial interruptions.
The revolution will not show you pictures of Nixon
blowing a bugle and leading a charge by John
Mitchell, General Abrams and Spiro Agnew to eat
hog maws confiscated from a Harlem sanctuary.
The revolution will not be televised.

The revolution will not be brought to you by the
Schaefer Award Theatre and will not star Natalie
Woods and Steve McQueen or Bullwinkle and Julia.
The revolution will not give your mouth sex appeal.
The revolution will not get rid of the nubs.
The revolution will not make you look five pounds
thinner, because the revolution will not be televised, Brother.

There will be no pictures of you and Willie May
pushing that shopping cart down the block on the dead run,
or trying to slide that color television into a stolen ambulance.
NBC will not be able to predict the winner at 8:32
or report from 29 districts.
The revolution will not be televised.

There will be no pictures of pigs shooting down
brothers in the instant replay.
There will be no pictures of Whitney Young being
run out of Harlem on a rail with a brand new process.
There will be no slow motion or still life of Roy
Wilkens strolling through Watts in a Red, Black and
Green liberation jumpsuit that he had been saving
for just the proper occasion.

Green Acres, The Beverly Hillbillies, and Hooterville
Junction will no longer be so damned relevant, and
women will not care if Dick finally gets down with
Jane on Search for Tomorrow because Black people
will be in the street looking for a brighter day.
The revolution will not be televised.

There will be no highlights on the eleven o'clock
news and no pictures of hairy armed women
liberationists and Jackie Onassis blowing her nose.
The theme song will not be written by Jim Webb,
Francis Scott Key, nor sung by Glen Campbell, Tom
Jones, Johnny Cash, Englebert Humperdink, or the Rare Earth.
The revolution will not be televised.

The revolution will not be right back after a message
about a white tornado, white lightning, or white people.
You will not have to worry about a dove in your
bedroom, a tiger in your tank, or the giant in your toilet bowl.
The revolution will not go better with Coke.
The revolution will not fight the germs that may cause bad breath.
The revolution will put you in the driver's seat.

The revolution will not be televised, will not be televised,
will not be televised, will not be televised.
The revolution will be no re-run brothers;
The revolution will be live.

(Gill Scott Heron)




Direto na têmpora: The revolution will not be televised - Molotov

Miudinho

A Alcântara atendia o Paes Mendonça aqui em BH tendo eu como redator e uma amiga como atendimento. Eles tinham um mascote, o Miudinho, que nada mais era que um cifrãozinho que representava os preços baixos do hipermercado e semana após semana nós tínhamos que fazer um encarte com o infeliz do Miudinho em alguma situação nova. Na maioria das vezes a gente tirava leite de pedra e os títulos até que ficavam legais, mas havia situações em que o cliente optava por um varejo rasteiro, cheio de lugares-comuns.
Pois foi justo em um mês de junho, com o tema festa junina que eu, meio de saco cheio do cliente, fiz uma aposta com a atendimento. Resolvemos que íamos apresentar 3 opções de títulos, sendo uma delas de sacanagem. Eu dizia que o cliente aprovaria e ela duvidava, acreditando ainda no bom-senso da criatura.
Algumas horas depois a moça volta da reunião, ainda estarrecida, trazendo a ordem de produção autorizada para dezenas de milhares de encartes de ofertas com Miudinho vestido de caipira e o seguinte título: "Quentão mesmo é o preço baixo do Paes Mendonça".
Triste, triste.




Direto na têmpora: Dance and Dense Denso - Molotov

O texto anexo

Eu e o Ila (outro dinossauro) estávamos ontem lembrando dos tempos de layout com mancha, letras desenhadas e bodytypes. Nessa época o texto ia em anexo, devidamente datilografado em papel timbrado da agência, ou seja, o cliente recebia em uma mão o layout e em outra o texto. Pois contam que mais de uma vez o cliente ficou olhando, meio sem entender, para um belo layout do anúncio de sua companhia aérea enquanto lia uma extensa lista de nomes de vacas, cada qual com sua respectiva produtividade leiteira, premiações, peso, idade, etc. Comparado a alguns textos que já li nessa vida, pode inclusive ser considerado uma melhora.




Direto na têmpora: Red Hill Mining Town - U2

Que grussuuuuuuuuuuura

O Zuim, além de um dos maiores redatores que já passaram por estas Minas Gerais, era famoso por suas tiradas. Pois um dia, num acesso de grossura sem precedentes, o Zuim chega pra uma colega de trabalho cujo nome eu sempre esqueço e manda, na maior tranquilidade, com aquela sua voz de baixo profundo:
"Ô, Fulana, pelo tempo que a gente trabalha junto já era pra eu ter comido você, não era não?"
Fecha o pano rapidinho.


PS - 9 de dezembro tem The Cult com o Ian Astbury em BH. Tomara que não furem como o Echo and the Bunnymen.




Direto na têmpora: Sweet Soul Sister - The Cult

quarta-feira, setembro 13, 2006

Ajax

Meu primeiro carro foi um fusquinha 66 branco que meu pai ganhou em uma rifa. O nome era Ajax, o furacão branco, em referência ao slogan de um produto de limpeza da época. Pois Ajax vinha ainda com o Tibilinha, um caranguejo daqueles que costumam vir nas marchas de fuscas bem antigos, e que contava com o diferencial de poder ser retirado a qualquer momento, bastando desenroscá-lo. Tibilinha assistiu aulas comigo na faculdade, tomou chopps no Sea Lord, visitou muitos fins de mundo nessas Minas Gerais, enfim, fez parte de bons anos da minha vida.
Mas esse post é pra falar de outra característica bacana do Ajax. Como eu morava no Santo Antônio, invariavelmente tinha que pegar uma subida para chegar em casa. Porque o Santo Antônio, como Ouro Preto, desafia as leis da física: se para ir do ponto A ao B você sobe, pode ter certeza de que para voltar do B para o A vai subir outra vez. Uma grande e íngreme Rua do Amendoim.
Pois bem, o Ajax tinha o hábito de, no meio dessas precipícicas subidas, simplesmente largar o banco do motorista. Ou seja, enquanto o motor urrava pra aguentar o morro, eu me via com o banco colado no assento traseiro, praticamente pendurado pelo volante e acelerando apenas com a ponta do pé até o próximo trecho plano. O resultado foi que, durante anos, peguei a estranha mania de só dirigir segurando o banco com uma das mãos.
Saudades do Ajax, do Tibilinha e de uma época em que eu ainda era mais novo que meus carros.




Direto na têmpora: My poor brain - Foo Fighters

terça-feira, setembro 12, 2006

Apenas para velhotes

Vocês que são velhotes como eu vão se lembrar do overlay. Pra quem não sabe, overlay era uma folha transparente que ficava sobre o layout / arte-final para evitar que ele sujasse e estragasse uma peça que, naquela época, era praticamente artesanal.
Pois em meu primeiro estágio, na Máximo Comunicação, eu fiz um pouco de tudo. Estagiei no tráfego, redação, produção gráfica e fiz até alguma coisinha de revisão. Justamente no primeiro trabalho que caiu em minhas mão para revisar, recebi uma arte-final, uma caneta vermelha (o equivalente a entregar um 38 carregado a um orangotango, diga-se de passagem) e pus-me a trabalhar.
Levantei o overlay e depois de alguns minutos marcando e rabiscando a peça daqui e dali o Sergio Maximo, dono da agência, olha pra mim e diz calmamente:
"Maurilo, você sabe pra que serve o overlay?"
E eu, muito seguro:
"Claro, pra não deixar a peça sujar."
"Certo, e rabiscando ela com essa caneta vermelha você acha que está fazendo o quê?"
Lição aprendida, Don Sergio, lição aprendida.

PS - Pra quem não sabe, além de perfeccionismo em tudo o que faz e de uma personalidade memorável, o Sergio Maximo tem também uma grande voz e foi, por um bom tempo, membro do Ars Nova. Era muito bacana estar sentado à mesa e ouvir o Sergio chegar cantando alguma ária. Aconteceu pouco, mas era sempre muito legal.




Direto na têmpora: Time - David Bowie

segunda-feira, setembro 11, 2006

Fui eu que fiz


Para quem ainda não foi visitar, uma prévia da orgulhosa Sophia e seus 5 gloriosos dentes. Ao lado, minha eterna dupla de criação: nesse e em possíveis outros trabalhos.




Direto na têmpora: It will be - Happy Apple

Raiar

Basta-me essa dose de alegria
E rompo a manhã.
Basta-me que sendo a última
Não me encontre entregue
E que sendo única
Não me constate o mesmo.
Porque assim são todas as manhãs,
Demandantes, custosas, inícios.
E mesmo finais,
Nelas principio.


Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: Free Falling - Tom Petty

Jonas, a enciclopedia

Meu primeiro emprego como redator foi na Promídia, uma agência que ficava (fica?) bem em cima do Savassi Cine Clube. Lá tinha o Jonas, uma figuraça que simplesmente não admitia a possibilidade de estar errado, apesar de com bastante freqüência confundir dados e informações.
Então era comum o Jonas chegar, mandar algo bem louco e gerar diálogos igualmente insanos.
"Sabia que o Santos Dumont inventou o telefone?"
"Que é isso, Jonas? Foi o avião."
"Eu sei, o avião também, mas ele inventou o telefone."
"Cê não tá confundindo com relógio de pulso não? Isso eu sei que ele inventou"
"Não - já um pouco alterado - foi o telefone, tenho certeza!"
"Mas, Jonas, quem inventou o telefone foi Graham Bell."
Visivelmente irritado e praticamente gritando ele encerrava o assunto.
"Não quer aprender, fica burro aí!"
São lições assim, de tolerância e humildade, que a gente leva pra vida toda.




Direto na têmpora: (I'm not your) Stepping Stone - Sex Pistols

Torres

Torres são lugares de onde a gente vê longe, mas que tornam muito mais difícil observar em detalhes o que está à nossa volta, aos nossos pés. As torres caíram faz 5 anos. Uma tragédia, uma conseqüência previsível, uma catástrofe anunciada, um pé de página perto do que acontece no mundo, injustiça, retribuição divina, sei lá. Só sei que quando visitei, na virada de 99 pra 2000, tinha a seguinte inscrição bem na entrada: "Peace on Earth".




Direto na têmpora: Mulheres de Atenas - Chico Buarque

Oh yeah

M. Ward, Tim Burton, Ítalo Calvino, Peter Sellers e muitos Dry Martini. Oh yeah, baby, oh yeah.




Direto na têmpora: Sweethearts on Parade - M. Ward

sexta-feira, setembro 08, 2006

Momento metal

















Só pra constar, eu e André Maia em um belo momento metal durante o show do Slayer.




Direto na têmpora: You can't always get what you want - Rolling Stones

quinta-feira, setembro 07, 2006

Surdo e burro

Acho que foi o Gastão, há alguns anos, que me indicou o Virunduns, um site com algumas confusões que se faz com letras de música por surdez ou pura burrice. O exemplo clássico é o bom e velho "trocando de biquíni sem parar".
Pois hoje me lembrei de um virundum genial do Pinico, que cantava com entusiasmo a letra de Menino do Rio "dragão COM A TOALHA no braço, calção, corpo aberto no espaço".
Eu, por meu lado, descobri há poucos meses que, na velhíssima canção do Metrô, o que a gracinha da Virginie cantava era "Meu amor se zangou de ciúme chorou". E não "Meu amor se zangou DISSE UH e chorou" como eu acreditava piamente.
Mas a prova cabal de que além de meio surdo eu sou bastante burro é Sonífera Ilha dos Titãs. Lá pelos meus 15 anos era só tocar a canção que eu berrava a plenos pulmões: "SÓ NI VER A ILHAAAAAAAA" (significando, para quem não alcança meu grau de estupidez, só em ver a ilha). Uma mula completa, enfim.




Direto na têmpora: Valdirene, a paranormal - Eduardo Dusek

terça-feira, setembro 05, 2006

Geeeeeentee, o cliente amou a campanha!

Era estagiário na SMPB em 91 e aprendia demais com uma senhora equipe de criação que incluía Roberto Boca, Lôro, Aderbal, Ricardo Carvalho, Geraldo Leite, Marquinhos e outras feras. Nessa época, havia um atendimento da casa que irritava a equipe em geral e particularmente o Aderbal com seu estilo de dar retorno sobre as campanhas.
Invariavelmente ela irrompia na sala com um largo sorriso na face e exclamava com entusiasmo juvenil e prognatismo acentuado: "Geeeeeeeenteee, o cliente amou a campanha! O título não tá legal, o layout ele achou ultrapassado e ao invés de outdoor agora vai ser um folder. Mas tirando isso foi ótimo! Ele amou!" Mesmo a longa distância dava pra ver as veias saltando no pescoço do Aderbal.
Se ele não teve um derrame naquela época, não vai ter mais.




Direto na têmpora: Desculpe - Arnaldo Baptista

segunda-feira, setembro 04, 2006

Amigos Imaginarios

Meus melhores amigos são imaginários
Grandes vultos transparentes, perdidos e tortos
Intocáveis, voláteis, às vezes sem forma
Como esse medo da vida que sentem os mortos

Não têm apelidos, memórias, histórias
Apenas pairando se deixam entrever
E depois se dissolvem, meus caros amigos,
Largando esse cheiro do que é não saber

São feitos de nada: colegas e afetos
Amores perdidos (ou ganhos talvez)
Me procuram, me chamam, gritando me lembram
Até que algum dia se esqueçam de vez

Alberto Guiñazú




Direto na têmpora: Linger - Cranberries

domingo, setembro 03, 2006

Volver a los 17

Tudo bem que o título é Mercedes Sosa, mas o tema do post é o show do Slayer que acabo de assistir. A primeira vez que vi Slayer foi em 94, em São Paulo, munido de uma bengala, já que meu fêmur estava ainda em processo de reatamento com minha bacia. Os dois haviam se separado coisa de 4 meses antes e ainda não estavam totalmente na boa.
De qualquer forma, o show de hoje foi sensacional. Além de rever figuras como Andrezinho Maia, Fabíola Debrot, Renato Amarante, Igor Vermelho, Cris Seixas, Macarrão, James, Paulinho do Witch Hammer e outros tantos que esqueço agora, o convescote foi excelente. Isso sem falar nas barbas brancas de Tom Araya.
Suei como um desvairado, bati cabeça, me esbaldei no bom e velho mosh e desafio qualquer um a me provar que não tenho mais 17 anos.




Direto na têmpora: Angel of Death - Slayer