Mme. Louise Petrét, a visionária belga que passou os melhores anos de sua vida tentando ensinar conchinhas a voarem.
O pequeno Teddy e sua mãe, que o obrigou a se vestir como menina até os 17 anos, mas depois desistiu.
Ô, Mercedes, me dá um gole dessa merda aí!
Direto na têmpora: That's what you get - Paramore
quinta-feira, março 31, 2011
quarta-feira, março 30, 2011
As revoluções e o sofá
Ninguém defende e respeita tanto as redes sociais como instrumento de transformação das relações quanto eu. Falo sobre isso, discuto sobre isso, tento sempre trabalhar com isso.
Mas tem um outro lado que me incomoda e que acontece cada vez mais: o ativismo de sofá.
Gente que adere a causas, assina listas virtuais de protesto, utiliza tags contra isso ou aquilo, mas não move um músculo além disso. O posicionamento político, moral e social está no copiar e colar, no movimento do mouse, no botão de curtir, mas falta o outro lado.
Entendam, eu não tenho nada contra este tipo de iniciativa digital de combate ou apoio a o que quer que seja, desde que não achemos que isso basta. Não dá pra manter todos os hábitos, confortos e rotinas e clamar por mudança em um post.
Também não tenho nada contra quem quer distância de qualquer tipo de questionamento, que não se importa com o rumo das coisas, mas assume essa postura e lida com as consequências como quem está diante de uma fatalidade. É direito de cada um seguir o rumo que lhe impõem e se contentar com isso.
O que não dá é pra continuar votando sem se envolver no debate político e achar que vai mudar o Brasil porque repassou um email. Aí é inocência pra lá da borda.
É preciso mais. Muito mais. E enquanto não tomarmos consciência disso, continuaremos ditadores e revoltosos apenas em nossas próprias e confortáveis cadeiras. E o Bolsonaro e o Tiririca irão continuar sendo eleitos.
Direto na têmpora: Pearl necklace - ZZ Top
Mas tem um outro lado que me incomoda e que acontece cada vez mais: o ativismo de sofá.
Gente que adere a causas, assina listas virtuais de protesto, utiliza tags contra isso ou aquilo, mas não move um músculo além disso. O posicionamento político, moral e social está no copiar e colar, no movimento do mouse, no botão de curtir, mas falta o outro lado.
Entendam, eu não tenho nada contra este tipo de iniciativa digital de combate ou apoio a o que quer que seja, desde que não achemos que isso basta. Não dá pra manter todos os hábitos, confortos e rotinas e clamar por mudança em um post.
Também não tenho nada contra quem quer distância de qualquer tipo de questionamento, que não se importa com o rumo das coisas, mas assume essa postura e lida com as consequências como quem está diante de uma fatalidade. É direito de cada um seguir o rumo que lhe impõem e se contentar com isso.
O que não dá é pra continuar votando sem se envolver no debate político e achar que vai mudar o Brasil porque repassou um email. Aí é inocência pra lá da borda.
É preciso mais. Muito mais. E enquanto não tomarmos consciência disso, continuaremos ditadores e revoltosos apenas em nossas próprias e confortáveis cadeiras. E o Bolsonaro e o Tiririca irão continuar sendo eleitos.
Direto na têmpora: Pearl necklace - ZZ Top
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terça-feira, março 29, 2011
A medida do carinho
Eu sempre fui desmedido em meus carinhos. Gosto do abraço apertado, de jogar pro ar, de grudar com vontade. Meu carinho é arrebatamento puro, carece de delicadeza.
Na AURA estou aprendendo, a duras penas, que é possível amar muito e leve. Dosar o toque, evitar o abraço, privilegiar a sensibilidade.
São crianças com limitações e dores e impedimentos e embora seja precisa amá-las exageradamente, é preciso ser moderado no contato.
É difícil pra mim, mas estou aprendendo. Abaixo, uma foto da turminha que lá esteve hoje e a historinha que fiz a partir do pedido deles de incluir: falcão de fogo, vizinho e dentes-de-sabre. A próxima terá: três meninos, um lobo, uma noite de lua cheia.
Atrás, da esq. para a dir.: Eric, Juninho, Sabrina, Samara e Vanderlúcio. Na frente, da esq. para a dir.: Emerson, Oseias, Rainer, Evelyn e Lorena.
O falcão de fogo
Do lado da casa de um homem, vivia um falcão de fogo, em cima de uma grande árvore. Era um pássaro muito bonito, de asas brilhantes e bico forte, rápido como uma flecha.
Só que tinha um problema, só o homem conseguia ver o pássaro, ninguém mais.
E aí aconteceu o que a gente já sabia que ia acontecer: o homem ficou com fama de doido. Todo mundo ria dele e gritava “olha lá o doido do falcão”, “lá vai o maluco que vê bichos de fogo”.
Mas o homem nem ligava, continuava olhando pro pássaro na árvore ao lado e acreditando nele como quem acredita nas próprias mãos.
Um dia, uma chuva muito forte caiu na cidade. O rio subiu e muitas casas foram inundadas. Pessoas ficaram presas em cima dos telhados, gente se agarrou a árvores e ninguém sabia o que fazer.
O homem que todos achavam louco morava em um lugar bem alto e lá de cima viu aquilo tudo acontecer. Ele então foi correndo pra árvore e começou a pedir socorro para o falcão de fogo:
- Ajuda eles, falcão! Você é forte, você é rápido, você pode salvar essa gente!
Enquanto isso, lá embaixo na cidade, a água continuava subindo. Já tinha gente achando que ia se afogar quando, de repente, um rastro flamejante desceu como um raio e começou a pegar pessoas em suas garras e levar embora.
No começo todos se assustaram, mas depois começaram a perceber que aquela luz estava levando todos para um lugar seco e seguro. Em poucos minutos, todo mundo estava salvo.
A partir daquele dia, ninguém nunca mais duvidou do homem. Eles ainda não viam o falcão, mas aprenderam a acreditar que nem tudo o que é verdadeiro a gente consegue enxergar.
E por isso, quando o homem contou que tinha um tigre dentes-de-sabre morando em um quartinho da sua casa, ninguém duvidou, ninguém riu, ninguém achou que ele estava maluco.
Todos deram os parabéns ao homem e ficaram muito felizes em saber que além do falcão de fogo, a cidade agora tinha outro amigo para cuidar deles, mesmo que eles não pudessem ver.
Afinal, tem muitas coisas que a gente só enxerga de verdade, com os olhos do coração.
Direto na têmpora: Be sweet - The Afghan Whigs
Na AURA estou aprendendo, a duras penas, que é possível amar muito e leve. Dosar o toque, evitar o abraço, privilegiar a sensibilidade.
São crianças com limitações e dores e impedimentos e embora seja precisa amá-las exageradamente, é preciso ser moderado no contato.
É difícil pra mim, mas estou aprendendo. Abaixo, uma foto da turminha que lá esteve hoje e a historinha que fiz a partir do pedido deles de incluir: falcão de fogo, vizinho e dentes-de-sabre. A próxima terá: três meninos, um lobo, uma noite de lua cheia.
Atrás, da esq. para a dir.: Eric, Juninho, Sabrina, Samara e Vanderlúcio. Na frente, da esq. para a dir.: Emerson, Oseias, Rainer, Evelyn e Lorena.
O falcão de fogo
Do lado da casa de um homem, vivia um falcão de fogo, em cima de uma grande árvore. Era um pássaro muito bonito, de asas brilhantes e bico forte, rápido como uma flecha.
Só que tinha um problema, só o homem conseguia ver o pássaro, ninguém mais.
E aí aconteceu o que a gente já sabia que ia acontecer: o homem ficou com fama de doido. Todo mundo ria dele e gritava “olha lá o doido do falcão”, “lá vai o maluco que vê bichos de fogo”.
Mas o homem nem ligava, continuava olhando pro pássaro na árvore ao lado e acreditando nele como quem acredita nas próprias mãos.
Um dia, uma chuva muito forte caiu na cidade. O rio subiu e muitas casas foram inundadas. Pessoas ficaram presas em cima dos telhados, gente se agarrou a árvores e ninguém sabia o que fazer.
O homem que todos achavam louco morava em um lugar bem alto e lá de cima viu aquilo tudo acontecer. Ele então foi correndo pra árvore e começou a pedir socorro para o falcão de fogo:
- Ajuda eles, falcão! Você é forte, você é rápido, você pode salvar essa gente!
Enquanto isso, lá embaixo na cidade, a água continuava subindo. Já tinha gente achando que ia se afogar quando, de repente, um rastro flamejante desceu como um raio e começou a pegar pessoas em suas garras e levar embora.
No começo todos se assustaram, mas depois começaram a perceber que aquela luz estava levando todos para um lugar seco e seguro. Em poucos minutos, todo mundo estava salvo.
A partir daquele dia, ninguém nunca mais duvidou do homem. Eles ainda não viam o falcão, mas aprenderam a acreditar que nem tudo o que é verdadeiro a gente consegue enxergar.
E por isso, quando o homem contou que tinha um tigre dentes-de-sabre morando em um quartinho da sua casa, ninguém duvidou, ninguém riu, ninguém achou que ele estava maluco.
Todos deram os parabéns ao homem e ficaram muito felizes em saber que além do falcão de fogo, a cidade agora tinha outro amigo para cuidar deles, mesmo que eles não pudessem ver.
Afinal, tem muitas coisas que a gente só enxerga de verdade, com os olhos do coração.
Direto na têmpora: Be sweet - The Afghan Whigs
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segunda-feira, março 28, 2011
Oyster Boy e as Estranhas Histórias
Meu livro Estranha Histórias foi descaradamente inspirado por Tim Burton e seu The Melancholy Death of Oyster Boy.
Fiz roupinhas pra Sophia com os personagens, comprei a edição capa dura em inglês e ainda hoje leio as histórias do "livro assustador", como ela diz.
Então, segue aí uma das minhas favoritas pra quem ainda não conhece passar a conhecer e comprar o do Tim Burton e, é claro, o meu.
Her skin is white cloth,
and she's all sewn apart
and she has many colored pins
sticking out of her heart.
She has many different zombies
who are deeply in her trance.
She even has a zombie
who was originally from France.
But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets too close to her,
the pins stick farther in.
Direto na têmpora: Fool's day - Blur
Fiz roupinhas pra Sophia com os personagens, comprei a edição capa dura em inglês e ainda hoje leio as histórias do "livro assustador", como ela diz.
Então, segue aí uma das minhas favoritas pra quem ainda não conhece passar a conhecer e comprar o do Tim Burton e, é claro, o meu.
Her skin is white cloth,
and she's all sewn apart
and she has many colored pins
sticking out of her heart.
She has many different zombies
who are deeply in her trance.
She even has a zombie
who was originally from France.
But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets too close to her,
the pins stick farther in.
Direto na têmpora: Fool's day - Blur
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Música é instinto
Bobby McFerrin dá um show ao demonstrar como a escala pentatônica é inerente ao ser humano. O vídeo é antigo e eu, desgraçadamente, só assisti ontem quando meus irmãos me mostraram.
Veja. É simplesmente maravilhoso.
Direto na têmpora: Insane inside - Smoke Fish
Veja. É simplesmente maravilhoso.
Direto na têmpora: Insane inside - Smoke Fish
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sábado, março 26, 2011
Kendrick Perkins e os intangíveis
Provavelmente a maioria de vocês não sabe, mas Kendrick Perkins é um pivô relativamente baixo para a posição, com médias de 6,4 rebotes e 6,1 pontos por jogo.
Perkins jogou toda a sua carreira, até fevereiro de 2011, com os Celtics, ganhou um título e chegou a outra final. Em março, Perkins fez parte de uma série de trocas, indo parar no Oklahoma City Thunders, enquanto o Boston recebeu Nenad Krstic, um pivô mais alto com médias de 5,5 rebotes e 10,1 pontos e ainda Jeff Green, um ala jovem com médias de 5,6 rebotes e 14,1 pontos.
Os números dizem que foi uma grande troca, mas mesmo na NBA, uma liga regida pelas estatísticas, números contam apenas parte da história.
Assim que a troca foi feita eu disse, e o meu amigo Gui Deus pode confirmar: "os Celtics perderam a boa chance que tinham de ganhar o título em 2011."
O título ainda não foi decidido, na verdade não estamos sequer nos playoffs, mas o Boston que liderava o Leste com facilidade já caiu para segundo e está prestes a escorregar para terceiro depois da troca.
Kendrick Perkins faz falta pela presença física, pela liderança, pela postura defensiva, pelo companheirismo e entrosamento com os colegas, pelo respeito, ou medo, que impõe aos adversários. Nada disso pode ser traduzido em números ou substituído por estatísticas melhores. Não é assim que se mede o valor de um atleta ou de qualquer outro profissional.
O que vale de verdade são os benefícios e valores intangíveis que eles trazem para o jogo. E para perceber isso é preciso sensibilidade e capacidade de avaliar pessoas.
Se você ficou curioso, depois da troca o Boston, que tinha melhor campanha, ganhou 9 e perdeu 7 e o Thunder levou 11 e perdeu 4, sendo que com Perkins saudável são 5 vitórias e só uma derrota.
Culpa dos malditos intangíveis.
Direto na têmpora: Some velvet morning - Primal Scream
Perkins jogou toda a sua carreira, até fevereiro de 2011, com os Celtics, ganhou um título e chegou a outra final. Em março, Perkins fez parte de uma série de trocas, indo parar no Oklahoma City Thunders, enquanto o Boston recebeu Nenad Krstic, um pivô mais alto com médias de 5,5 rebotes e 10,1 pontos e ainda Jeff Green, um ala jovem com médias de 5,6 rebotes e 14,1 pontos.
Os números dizem que foi uma grande troca, mas mesmo na NBA, uma liga regida pelas estatísticas, números contam apenas parte da história.
Assim que a troca foi feita eu disse, e o meu amigo Gui Deus pode confirmar: "os Celtics perderam a boa chance que tinham de ganhar o título em 2011."
O título ainda não foi decidido, na verdade não estamos sequer nos playoffs, mas o Boston que liderava o Leste com facilidade já caiu para segundo e está prestes a escorregar para terceiro depois da troca.
Kendrick Perkins faz falta pela presença física, pela liderança, pela postura defensiva, pelo companheirismo e entrosamento com os colegas, pelo respeito, ou medo, que impõe aos adversários. Nada disso pode ser traduzido em números ou substituído por estatísticas melhores. Não é assim que se mede o valor de um atleta ou de qualquer outro profissional.
O que vale de verdade são os benefícios e valores intangíveis que eles trazem para o jogo. E para perceber isso é preciso sensibilidade e capacidade de avaliar pessoas.
Se você ficou curioso, depois da troca o Boston, que tinha melhor campanha, ganhou 9 e perdeu 7 e o Thunder levou 11 e perdeu 4, sendo que com Perkins saudável são 5 vitórias e só uma derrota.
Culpa dos malditos intangíveis.
Direto na têmpora: Some velvet morning - Primal Scream
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sexta-feira, março 25, 2011
Sophia, eu, o bigode.
Essa sessão de fotos me rendeu mais uma tarde usando bigodes ;-)
Direto na têmpora: Corduroy - Pearl Jam
Direto na têmpora: Corduroy - Pearl Jam
El retuerno del Bigodón
Sophia pediu pra eu fazer a barba. Então hoje, quando comecei o processo de barbeamento total, negociei com ela a possibilidade de ficar só de bigode pelo menos até a hora do almoço.
Ela autorizou e deu-se isso aí que está na foto abaixo.
A foto original.
A foto do sex symbol que eu emulo.
Fernanda odiou e obviamente evita me beijar, mas eu achei do caralho e, se pudesse, usaria só bigode pro resto da vida.
Enfim, o melhor mesmo foi Sophia que, ao me ver sem a barba exclamou:
- Papai, você tá tão novinho nas bochechas!
Direto na têmpora: Destroy the evidence - Casiotone for the Painfuly Alone
Ela autorizou e deu-se isso aí que está na foto abaixo.
A foto original.
A foto do sex symbol que eu emulo.
Fernanda odiou e obviamente evita me beijar, mas eu achei do caralho e, se pudesse, usaria só bigode pro resto da vida.
Enfim, o melhor mesmo foi Sophia que, ao me ver sem a barba exclamou:
- Papai, você tá tão novinho nas bochechas!
Direto na têmpora: Destroy the evidence - Casiotone for the Painfuly Alone
quinta-feira, março 24, 2011
Todo mundo pode ser redator publicitário
Qualquer um pode ter uma ideia genial, criar um título bacana, fazer um filme que emociona.
Qualquer um pode pegar um texto, mudar duas palavras e dizer com propriedade "agora sim, tá perfeito".
Qualquer um pode traduzir em poucas palavras toda a complexidade de uma estratégia de branding ou o posicionamento de uma marca.
Qualquer um pode fazer peças que traduzam os anseios de uma empresa e ao mesmo tempo encantem o seu público, mesmo com uma absurda limitação de verba.
Qualquer um pode oferecer uma solução rápida e eficiente para os problemas mais cabeludos, qualquer um pode desenvolver um raciocínio inovador para as demandas mais triviais, qualquer um pode chegar a uma forma absolutamente original de tratar o tema mais batido do mundo.
Se você acredita nisso, se você realmente acredita que qualquer um pode ser um redator publicitário, parabéns: você provavelmente está bem preparado para viver uma longa carreira como cliente.
Uma campanha do AMADOR - Associação das Mães e Amigos do Redator.
Direto na têmpora: Horror Hotel - The Misfits
Qualquer um pode pegar um texto, mudar duas palavras e dizer com propriedade "agora sim, tá perfeito".
Qualquer um pode traduzir em poucas palavras toda a complexidade de uma estratégia de branding ou o posicionamento de uma marca.
Qualquer um pode fazer peças que traduzam os anseios de uma empresa e ao mesmo tempo encantem o seu público, mesmo com uma absurda limitação de verba.
Qualquer um pode oferecer uma solução rápida e eficiente para os problemas mais cabeludos, qualquer um pode desenvolver um raciocínio inovador para as demandas mais triviais, qualquer um pode chegar a uma forma absolutamente original de tratar o tema mais batido do mundo.
Se você acredita nisso, se você realmente acredita que qualquer um pode ser um redator publicitário, parabéns: você provavelmente está bem preparado para viver uma longa carreira como cliente.
Uma campanha do AMADOR - Associação das Mães e Amigos do Redator.
Direto na têmpora: Horror Hotel - The Misfits
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A casa da Rainha da Noite
Sophia anda apaixonada pela ópera A Flauta Mágica, de Mozart. Comprei nas bancas como parte de uma coleção indicada pelo Ivan Pawlow e hoje a baixinha já reconhece A Rainha da Noite, Tamina e, é claro, o seu favorito Papageno.
Pois hoje, ouvindo pela milésima vez o dueto do Papageno e da sua Papagena, Sophia perguntou se os dois eram meio aves e meio gente de verdade. Titubiei, enrolei e não respondi. Poucos segundos depois, minha Sophia volta à carga:
- Papai, um dia a gente pode ir na casa da Rainha da Noite?
Fiquei ali, feito uma besta, balbuciando qualquer coisa e morrendo de dó de explicar que aquela maravilha que deixava ela tão encantada era apenas fantasia.
Papageno e Papagena.
Direto na têmpora: Blah Blah Blah - Say Hi To Your Mom
Pois hoje, ouvindo pela milésima vez o dueto do Papageno e da sua Papagena, Sophia perguntou se os dois eram meio aves e meio gente de verdade. Titubiei, enrolei e não respondi. Poucos segundos depois, minha Sophia volta à carga:
- Papai, um dia a gente pode ir na casa da Rainha da Noite?
Fiquei ali, feito uma besta, balbuciando qualquer coisa e morrendo de dó de explicar que aquela maravilha que deixava ela tão encantada era apenas fantasia.
Papageno e Papagena.
Direto na têmpora: Blah Blah Blah - Say Hi To Your Mom
Antipatizantes
A Mega-Sena antipatiza comigo. Meus joelhos também. Aliás, acho que as coisas têm uma relação afetiva conosco que a gente só não percebe se não quiser.
Algumas pessoas são adoradas pelos semáforos e outras são odiadas pelos elevadores. Portas se fecham mais rápido para alguns, eletrodomésticos duram mais para outros, sabonetes praticamente se desfazem ao primeiro toque de certas pessoas.
É inexplicável, mas existe essa preferência dos seres inanimados por um ou outro. Comigo a coisa é clara: números me odeiam.
Se o negócio é sorteio, qualquer que seja ele, pode contar com uma chance a mais de ganhar se eu estiver no meio. Não levo nada em bingo, que dirá na já citada Mega-Sena.
Em compensação sabe com o quê eu tenho sorte? Celular. Mesmo com um probleminha aqui e outro ali, nunca perdi o aparelho e, mais importante, quase nunca recebo ligações quando estou no cinema.
O fato é que objetos podem te amar, odiar ou simplesmente desprezar.
E se você acha que não há vergonha maior para um marido do que mostrar-se inútil para abrir latas e afins, lembre-se: não há muito o que você possa fazer. Quando as latas de azeitona são seduzidas pelo mais leve toque de sua esposa, mas resistem bravamente a qualquer tipo de avanço seu, a culpa não é sua fraqueza.
É resultado apenas do maldito temperamento da porra do vidro de azeitona.
Direto na têmpora: Law of nature - Juliana Hatfield
Algumas pessoas são adoradas pelos semáforos e outras são odiadas pelos elevadores. Portas se fecham mais rápido para alguns, eletrodomésticos duram mais para outros, sabonetes praticamente se desfazem ao primeiro toque de certas pessoas.
É inexplicável, mas existe essa preferência dos seres inanimados por um ou outro. Comigo a coisa é clara: números me odeiam.
Se o negócio é sorteio, qualquer que seja ele, pode contar com uma chance a mais de ganhar se eu estiver no meio. Não levo nada em bingo, que dirá na já citada Mega-Sena.
Em compensação sabe com o quê eu tenho sorte? Celular. Mesmo com um probleminha aqui e outro ali, nunca perdi o aparelho e, mais importante, quase nunca recebo ligações quando estou no cinema.
O fato é que objetos podem te amar, odiar ou simplesmente desprezar.
E se você acha que não há vergonha maior para um marido do que mostrar-se inútil para abrir latas e afins, lembre-se: não há muito o que você possa fazer. Quando as latas de azeitona são seduzidas pelo mais leve toque de sua esposa, mas resistem bravamente a qualquer tipo de avanço seu, a culpa não é sua fraqueza.
É resultado apenas do maldito temperamento da porra do vidro de azeitona.
Direto na têmpora: Law of nature - Juliana Hatfield
quarta-feira, março 23, 2011
Como esse cara fala
Eu ontem passei mais de uma hora falando para os estudantes de comunicação da Faculdade Promove de BH.
Não posso dizer que tenha falado "com" eles, porque como sempre eu despejei a verborreia sem direito de resposta ou contradição.
Ainda assim, eles aplaudiram no final e eu fiquei aqui, cheio de orgulho besta de achar que esse falatório danado pode ter ajudado alguém.
Pessoal do Promove, muito obrigado, e precisando é só chamar.
Direto na têmpora: For the girl - The Fratellis
Não posso dizer que tenha falado "com" eles, porque como sempre eu despejei a verborreia sem direito de resposta ou contradição.
Ainda assim, eles aplaudiram no final e eu fiquei aqui, cheio de orgulho besta de achar que esse falatório danado pode ter ajudado alguém.
Pessoal do Promove, muito obrigado, e precisando é só chamar.
Direto na têmpora: For the girl - The Fratellis
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terça-feira, março 22, 2011
A menina e o porquinho
Ela me chama de Porquinho, ela tem o abraço mais gostoso do mundo e inventa nomes para todos os seus bichinhos e briga e perde a paciência e gosta e desgosta de uva de um jeito que ninguém entende.
Ela diz que ainda não aprendeu e pede pra gente ensinar, se cobra demais e ama os próprios cachinhos e fala sozinha andando pela casa e agitando as mãos e dizendo histórias que eu jamais saberia contar.
Ela escreve cartas para os amigos sem ainda saber escrever e decora falas de filmes e imita vozes e pede carinho nas axilas e grita o grito mais agudo e ri o riso mais gostoso e quer ter sempre a palavra final.
Ela me ensina todo dia que ser pai é ter paciência, que ser pai é errar e ser amado, que ser pai é ser presente mesmo de longe, que ser pai é ter a certeza, depois do grito, de que todo grito é desperdício e que bom mesmo seriam o abraço e o beijo e o sonho.
Mas ela é assim e eu sou assado. E ela ainda vai ser tudo quando eu sou cada vez menos. Ela aprende o que eu esqueço, ela acredita onde eu duvido, ela enxerga onde eu já me perdi de vista.
Ela é o começo de uma Sophia, de toda Sophia, de muitas Sophias e eu sou alguém que olha e que se confunde todo entre ser pai e querer ficar olhando e curtindo o milagre de vê-la se transformar em si mesma.
Direto na têmpora: Girl - Built to Spill
Ela diz que ainda não aprendeu e pede pra gente ensinar, se cobra demais e ama os próprios cachinhos e fala sozinha andando pela casa e agitando as mãos e dizendo histórias que eu jamais saberia contar.
Ela escreve cartas para os amigos sem ainda saber escrever e decora falas de filmes e imita vozes e pede carinho nas axilas e grita o grito mais agudo e ri o riso mais gostoso e quer ter sempre a palavra final.
Ela me ensina todo dia que ser pai é ter paciência, que ser pai é errar e ser amado, que ser pai é ser presente mesmo de longe, que ser pai é ter a certeza, depois do grito, de que todo grito é desperdício e que bom mesmo seriam o abraço e o beijo e o sonho.
Mas ela é assim e eu sou assado. E ela ainda vai ser tudo quando eu sou cada vez menos. Ela aprende o que eu esqueço, ela acredita onde eu duvido, ela enxerga onde eu já me perdi de vista.
Ela é o começo de uma Sophia, de toda Sophia, de muitas Sophias e eu sou alguém que olha e que se confunde todo entre ser pai e querer ficar olhando e curtindo o milagre de vê-la se transformar em si mesma.
Direto na têmpora: Girl - Built to Spill
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Sophia
segunda-feira, março 21, 2011
Hope Sandoval
Você também viveu os anos 90?
Você também se lembra de Mazzy Star?
Você também era apaixonado pela Hope Sandoval?
Pois hoje eu estava ouvindo obsessivamente Sometimes Always do The Jesus & Mary Chain e resolvi rever o vídeo da canção.
Eu me lembrava claramente do clipe se passar em um pub, mas não recordava de jeito nenhum quem era a moça que cantava. E foi assim que, ao acessar o Youtube, tive a belíssima surpresa de rever Hope Sandoval e descobrir (será que eu já soube disso e esqueci?) que era ela que dividia o vocal com Jim Reid.
Confesso, eu curtia Mazzy Star, mas gostava mesmo era da moça. Não que ela fosse uma lindeza assoberbante, mas como meu amigo Jônio Bethônico tinha lá sua paixonite pela PJ Harvey, meu lance era com a Hope Sandoval. Cada doido com sua mania.
Por conta disso e por conta da minha obsessão musical de hoje, toma aí, ó.
Direto na têmpora: Happy - Mazzy Star
Você também se lembra de Mazzy Star?
Você também era apaixonado pela Hope Sandoval?
Pois hoje eu estava ouvindo obsessivamente Sometimes Always do The Jesus & Mary Chain e resolvi rever o vídeo da canção.
Eu me lembrava claramente do clipe se passar em um pub, mas não recordava de jeito nenhum quem era a moça que cantava. E foi assim que, ao acessar o Youtube, tive a belíssima surpresa de rever Hope Sandoval e descobrir (será que eu já soube disso e esqueci?) que era ela que dividia o vocal com Jim Reid.
Confesso, eu curtia Mazzy Star, mas gostava mesmo era da moça. Não que ela fosse uma lindeza assoberbante, mas como meu amigo Jônio Bethônico tinha lá sua paixonite pela PJ Harvey, meu lance era com a Hope Sandoval. Cada doido com sua mania.
Por conta disso e por conta da minha obsessão musical de hoje, toma aí, ó.
Direto na têmpora: Happy - Mazzy Star
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domingo, março 20, 2011
Grito de guerra
O fim de semana foi uma delícia. Ontem fomos a Macacos e na volta subimos na torre do Alta Vila pra conferir a lua absurda que andou pelo céu.
A lua tava exibida no sábado.
Hoje fomos ao cinema e, na volta, passamos na casa dos meus sogros.
Estávamos brincando de vôlei com balão, Sophia dividiu a família em duas equipes e a partida estava emocionante quando a Renata, tia da Sophia, resolveu animar a pequena.
- Sophia, qual é o grito de guerra do nosso time?
E a baixinha mais do que depressa.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrggggggggggghhhhhh!
Não foi criativo, mas foi um grito, pô.
Sophia aprendeu a usar os cachos como porta-canetas. Juro.
Direto na têmpora: Love is rare - Morcheeba
A lua tava exibida no sábado.
Hoje fomos ao cinema e, na volta, passamos na casa dos meus sogros.
Estávamos brincando de vôlei com balão, Sophia dividiu a família em duas equipes e a partida estava emocionante quando a Renata, tia da Sophia, resolveu animar a pequena.
- Sophia, qual é o grito de guerra do nosso time?
E a baixinha mais do que depressa.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrggggggggggghhhhhh!
Não foi criativo, mas foi um grito, pô.
Sophia aprendeu a usar os cachos como porta-canetas. Juro.
Direto na têmpora: Love is rare - Morcheeba
sexta-feira, março 18, 2011
Nevando na Sophia
- Papai eu queria que aqui tivesse neve pra eu poder brincar nela.
- Deve ser legal mesmo, Sophia, mas muita neve é ruim, porque as pessoas nem podem sair de casa, as ruas ficam fechadas, complica tudo. Aí muita neve não é legal, né?
- É, podia nevar só sabado e domingo...
Direto na têmpora: The dazzled - Crystal Stilts
- Deve ser legal mesmo, Sophia, mas muita neve é ruim, porque as pessoas nem podem sair de casa, as ruas ficam fechadas, complica tudo. Aí muita neve não é legal, né?
- É, podia nevar só sabado e domingo...
Direto na têmpora: The dazzled - Crystal Stilts
Profissionalmente incorreto
Advogado é aquele cara que trabalha com terno e bravata.
Publicitário é aquele cara que sabe que propaganda é a lama do negócio.
Médico é aquele cara que só atende quem é paciente mesmo.
Jornalista é aquele cara que relata os fatos com toda a isenção do dono do jornal.
Engenheiro de trânsito é aquele cara que desenha o sistema de circulação perfeito para uma cidade sem carros, ônibus e pessoas.
Dentista é aquele cara que cuida dos dentes da boca e cobra os olhos da cara.
Desenvolvedor de tecnologia é aquele cara que inventa algo de que você não precisava, que vai te dar muita dor de cabeça e sem o qual você nunca mais vai conseguir viver.
Veterinário é aquele cara que cuida do seu amigo, mas cobra de você.
Gigolô é aquele cara que administra o restaurante e ainda bate na comida.
Professor é aquele cara que ensina 95% de tudo o que você vai esquecer ao longo da vida.
Direto na têmpora: Salute your solution - The Raconteurs
Publicitário é aquele cara que sabe que propaganda é a lama do negócio.
Médico é aquele cara que só atende quem é paciente mesmo.
Jornalista é aquele cara que relata os fatos com toda a isenção do dono do jornal.
Engenheiro de trânsito é aquele cara que desenha o sistema de circulação perfeito para uma cidade sem carros, ônibus e pessoas.
Dentista é aquele cara que cuida dos dentes da boca e cobra os olhos da cara.
Desenvolvedor de tecnologia é aquele cara que inventa algo de que você não precisava, que vai te dar muita dor de cabeça e sem o qual você nunca mais vai conseguir viver.
Veterinário é aquele cara que cuida do seu amigo, mas cobra de você.
Gigolô é aquele cara que administra o restaurante e ainda bate na comida.
Professor é aquele cara que ensina 95% de tudo o que você vai esquecer ao longo da vida.
Direto na têmpora: Salute your solution - The Raconteurs
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quinta-feira, março 17, 2011
Falando pra criançada
Hoje estive na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH para conversar com a meninada da Escola Municipal Ulisses Guimarães.
Obviamente a conversa foi quase nada e passamos meia hora contando histórias, rindo e bagunçando.
E aproveitando que o assunto é literatura infantil, aproveito pra colocar aqui o poeminha que os meninos da AURA me encomendaram falando de Power Rangers, praia, camarões e Dia das Bruxas.
Com areia até o joelho
Na frente daquele marzão
O Power Ranger vermelho
Vendia o seu camarão
Estava juntando dinheiro
Pra comprar sua fantasia
De polícia ou marinheiro
E depois viajar para a Bahia
A festa das Bruxas ele queria ver
Dançar fantasiado e feliz
Por isso trabalhava até anoitecer
Cheio de protetor no nariz
Até aí, tudo muito legal
O Dia das Bruxas é mesmo estupendo
Mas existia um segredo mortal
Que o Power Ranger vivia escondendo
E o que o tal Power Ranger magrelo
Contou para pouca gente
É que chegou na praia amarelo
Mas foi avermelhando com o sol quente
Direto na têmpora: Just looking - Stereophonics
Obviamente a conversa foi quase nada e passamos meia hora contando histórias, rindo e bagunçando.
E aproveitando que o assunto é literatura infantil, aproveito pra colocar aqui o poeminha que os meninos da AURA me encomendaram falando de Power Rangers, praia, camarões e Dia das Bruxas.
Com areia até o joelho
Na frente daquele marzão
O Power Ranger vermelho
Vendia o seu camarão
Estava juntando dinheiro
Pra comprar sua fantasia
De polícia ou marinheiro
E depois viajar para a Bahia
A festa das Bruxas ele queria ver
Dançar fantasiado e feliz
Por isso trabalhava até anoitecer
Cheio de protetor no nariz
Até aí, tudo muito legal
O Dia das Bruxas é mesmo estupendo
Mas existia um segredo mortal
Que o Power Ranger vivia escondendo
E o que o tal Power Ranger magrelo
Contou para pouca gente
É que chegou na praia amarelo
Mas foi avermelhando com o sol quente
Direto na têmpora: Just looking - Stereophonics
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quarta-feira, março 16, 2011
Hoje, 18h32
Funcionário 1
- Porra, ouviu esse trovão?
Funcionário 2
- Aposto que a chuva vai desabar 3 pras 7.
Funcionário 3 em tom desesperançoso
- Foda-se, eu não vou pra casa tão cedo hoje mesmo.
Direto na têmpora: The great beyond - R.E.M.
- Porra, ouviu esse trovão?
Funcionário 2
- Aposto que a chuva vai desabar 3 pras 7.
Funcionário 3 em tom desesperançoso
- Foda-se, eu não vou pra casa tão cedo hoje mesmo.
Direto na têmpora: The great beyond - R.E.M.
terça-feira, março 15, 2011
Na cara
Eu estava conversando com minha polida colega e socialite de primeira Carmita Almeida sobre o péssimo hábito de falar mal dos outros pela frente.
Gente, é muita falta de educação falar mal de alguém na própria cara do caluniado. Causa conflitos, gera atritos, estremece relações.
Por isso, gostaria de garantir a todos vocês que se algum dia eu precisar descer a lenha em um dos queridos leitores, fá-lo-ei como mandam a ética e os bons modos: às escondidas.
Sem mais para o momento, um beijo nas crianças e saudações àquela sua tia que faz uma broa de fubá daqui, ó.
Direto na têmpora: Some guys have all the luck - Rod Stewart
Gente, é muita falta de educação falar mal de alguém na própria cara do caluniado. Causa conflitos, gera atritos, estremece relações.
Por isso, gostaria de garantir a todos vocês que se algum dia eu precisar descer a lenha em um dos queridos leitores, fá-lo-ei como mandam a ética e os bons modos: às escondidas.
Sem mais para o momento, um beijo nas crianças e saudações àquela sua tia que faz uma broa de fubá daqui, ó.
Direto na têmpora: Some guys have all the luck - Rod Stewart
Terças
As terças viraram dias especiais desde que comecei a ir contar minhas histórias na AURA. Hoje contei pra eles a historinha do Burumbá e eles desenharam como seria o bichinho.
Das três vezes que fui à AURA, apenas uma criança esteve presente em todas as visitas: Maria Clara. Eu evito perguntar que tipo de câncer eles têm, mas é invariavelmente bom fazê-los sorrir e se encantar um pouco. Principalmente quando estão presentes crianças como o Raininho, que mal conseguia ficar acordado por causa da medicação pesada, mas que ainda assim riu e participou.
Não dá pra falar aqui sobre cada um deles e nem sobre como eu me emociono e torço para que todos melhorem rápido e cresçam fortes para espalhar algum tipo de amor pelo mundo.
Saio de lá leve, completo, pronto para o dia. E se ao sair às vezes choro no carro e abraço Sophia com mais força do que ela suporta é porque sei que a vida está aí fora, espreitando, e não nos resta fazer muita coisa além de amar e cuidar de quem podemos.
E disso eu já não abro mão.
Raininho, Maria Clara, eu, Maria Raimunda e Otávio.
A Maria Raimunda fez esse Burumbá.
Direto na têmpora: Be my thrill - The Weepies
Das três vezes que fui à AURA, apenas uma criança esteve presente em todas as visitas: Maria Clara. Eu evito perguntar que tipo de câncer eles têm, mas é invariavelmente bom fazê-los sorrir e se encantar um pouco. Principalmente quando estão presentes crianças como o Raininho, que mal conseguia ficar acordado por causa da medicação pesada, mas que ainda assim riu e participou.
Não dá pra falar aqui sobre cada um deles e nem sobre como eu me emociono e torço para que todos melhorem rápido e cresçam fortes para espalhar algum tipo de amor pelo mundo.
Saio de lá leve, completo, pronto para o dia. E se ao sair às vezes choro no carro e abraço Sophia com mais força do que ela suporta é porque sei que a vida está aí fora, espreitando, e não nos resta fazer muita coisa além de amar e cuidar de quem podemos.
E disso eu já não abro mão.
Raininho, Maria Clara, eu, Maria Raimunda e Otávio.
A Maria Raimunda fez esse Burumbá.
Direto na têmpora: Be my thrill - The Weepies
Bulldog e você, tudo a ver.
Entenda porque eu tenho tudo a ver com bulldogs. E você também.
Direto na têmpora: Beat it - Pomplamoose
Direto na têmpora: Beat it - Pomplamoose
segunda-feira, março 14, 2011
Zona de conforto
Outro dia uma pessoa que respeito muito me mandou um email e usou a expressão "zona de conforto" em uma situação que considerei bastante infeliz.
Até aí tudo bem, eu vivo usando expressões mal colocadas em todo tipo de situação, mas aconteceu que eu peguei birra da tal "zona de conforto".
A verdade é que "zona de conforto" está virando um daqueles eufemismos corporativos que tanto irritam a gente e eu, como velho resmungão que sou, não posso me furtar a fazer a velha brincadeirinha que todo mundo já recebeu por email mostrando o verdadeiro significado das coisas.
O que é dito
A equipe precisa estar preparada para sair da sua zona de conforto.
O que significa
Alguém aí trouxe vaselina?
O que é dito
Você precisa ser mais proativo.
O que significa
Eu não te pago pra passar o dia inteiro no Facebook.
O que é dito
O mercado de publicidade mudou.
O que significa
Aumento? Nem fodendo.
A verdade é que me parece haver hoje uma verdadeira luxúria por essas palavrinhas que não dizem o que querem dizer. É uma vontade de inventar adjetivos e substantivos pra significar as mesmas coisas de sempre, mas soando como se estivéssemos inventando a roda.
Enfim, eu sou um velho (indivíduo da melhor idade) resmungão (com foco em questionamentos) e o que mata é essa preguiça de sair da minha velha e ensebada zona de conforto.
Direto na têmpora: The lights go down - Electric Light Orchestra
Até aí tudo bem, eu vivo usando expressões mal colocadas em todo tipo de situação, mas aconteceu que eu peguei birra da tal "zona de conforto".
A verdade é que "zona de conforto" está virando um daqueles eufemismos corporativos que tanto irritam a gente e eu, como velho resmungão que sou, não posso me furtar a fazer a velha brincadeirinha que todo mundo já recebeu por email mostrando o verdadeiro significado das coisas.
O que é dito
A equipe precisa estar preparada para sair da sua zona de conforto.
O que significa
Alguém aí trouxe vaselina?
O que é dito
Você precisa ser mais proativo.
O que significa
Eu não te pago pra passar o dia inteiro no Facebook.
O que é dito
O mercado de publicidade mudou.
O que significa
Aumento? Nem fodendo.
A verdade é que me parece haver hoje uma verdadeira luxúria por essas palavrinhas que não dizem o que querem dizer. É uma vontade de inventar adjetivos e substantivos pra significar as mesmas coisas de sempre, mas soando como se estivéssemos inventando a roda.
Enfim, eu sou um velho (indivíduo da melhor idade) resmungão (com foco em questionamentos) e o que mata é essa preguiça de sair da minha velha e ensebada zona de conforto.
Direto na têmpora: The lights go down - Electric Light Orchestra
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Moleques
Eu e meus irmãos tínhamos uma arma de chumbinho quando éramos criança. Atirávamos em latas colocadas sobre o muro e coisas assim, mas com exceção do Diogo que dizimava calangos, evitávamos animais.
Pois um dia estávamos tentando acertar algo quando surgiu meu pai.
- Vocês são muito ruins de mira... me dá isso aqui. Quer ver que eu acerto naquela lâmpada?
Apontou a arma para uma lâmpada na casa do vizinho de trás e atirou com a certeza de que iria errar. Pow! Não deu outra e acertou em cheio.
Na mesma hora entregou a causadora da tragédia pra nós e avisou:
- Qualquer coisa a culpa é de vocês, hein?
No dia seguinte o vizinho de trás foi conversar com ele e meu pai imediatamente iniciou a falação:
- Pois é, Fulano, esses meninos são fogo. Eu já falei pra não brincarem com a arma no quintal, já disse que ia dar problema. Você me desculpe, viu? Chegando em casa eu vou dar um castigo neles e a lâmpada você deixa que eu pago.
Então o vizinho abre um sorriso e diz:
- Sabe o que é, Nilo, o Beltrano que é seu vizinho de lado viu que foi você quem atirou.
O vizinho então caiu na gargalhada e meu pai pediu desculpas como deu, pagou o que devia e nunca mais tocou em uma arma de chumbinho.
Direto na têmpora: Loving cup - The Rolling Stones
Pois um dia estávamos tentando acertar algo quando surgiu meu pai.
- Vocês são muito ruins de mira... me dá isso aqui. Quer ver que eu acerto naquela lâmpada?
Apontou a arma para uma lâmpada na casa do vizinho de trás e atirou com a certeza de que iria errar. Pow! Não deu outra e acertou em cheio.
Na mesma hora entregou a causadora da tragédia pra nós e avisou:
- Qualquer coisa a culpa é de vocês, hein?
No dia seguinte o vizinho de trás foi conversar com ele e meu pai imediatamente iniciou a falação:
- Pois é, Fulano, esses meninos são fogo. Eu já falei pra não brincarem com a arma no quintal, já disse que ia dar problema. Você me desculpe, viu? Chegando em casa eu vou dar um castigo neles e a lâmpada você deixa que eu pago.
Então o vizinho abre um sorriso e diz:
- Sabe o que é, Nilo, o Beltrano que é seu vizinho de lado viu que foi você quem atirou.
O vizinho então caiu na gargalhada e meu pai pediu desculpas como deu, pagou o que devia e nunca mais tocou em uma arma de chumbinho.
Direto na têmpora: Loving cup - The Rolling Stones
sexta-feira, março 11, 2011
On the radio
Porque eu hoje estou sem tempo e porque eu acho que é assim mesmo, vai um trecho de "On The Radio", da Regina Spektor.
This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath
Direto na têmpora: I can't dance - Genesis
This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath
Direto na têmpora: I can't dance - Genesis
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música
quinta-feira, março 10, 2011
Criatividade
Assim que eu fiz meu primeiro estágio, fiquei absurdado de ver como a criatividade é algo que responde bem a prazos e limites.
Juro que quando recebi meu primeiro job em uma agência (um anúncio para uma marca de sapatos femininos com dois dias de prazo) eu pensei em desistir. "Eu nunca vou conseguir um título do caralho pra isso em 48 horas. Nunca!". Mal sabia eu que um dia mataria por prazos assim.
O fato é que consegui, recebi alguns elogios e aprendi logo de cara que a criatividade é facilmente direcionável quando se tem um problema a ser resolvido em mãos. Talvez não seja o melhor, talvez não seja genial, mas é sempre possível conseguir uma solução adequada.
Claro que às vezes vem uma inspiração sabe-se lá de onde e você tira leite de pedra até nos trabalhinhos mais comuns, mas aí é que está a diferença. Criatividade não é inspiração.
Em publicidade não se pode contar com a inspiração, não se pode depender do lampejo, do insight, porque temos prazos, verbas e demandas a serem respeitados. O que podemos e devemos fazer é transformar nossa mente em solo fértil para que o "lance genial" surja com mais frequência.
Eu tento fazer isso com livros, filmes, música, redes sociais e inutilidades em geral que me mantenham intelectualmente ativo e interessado. Outras pessoas preferem outros caminhos.
De qualquer forma, a criatividade é o exercício de olhar as coisas de outra forma, de listar possibilidades, formatos, combinações, de evitar e de usar bem o clichê. Criatividade é acenar com brinquedinhos e guloseimas para atrair a solução que está entocada em algum canto do cérebro.
Como eu disse no começo do parágrafo anterior, é exercício. E já aconteceu mais de uma vez que, usando a criatividade, eu conseguisse extrair a fórceps a solução muito bacana que a inspiração não me trouxe de mão beijada.
Direto na têmpora: My Best Friend's Girl - The Cars
Juro que quando recebi meu primeiro job em uma agência (um anúncio para uma marca de sapatos femininos com dois dias de prazo) eu pensei em desistir. "Eu nunca vou conseguir um título do caralho pra isso em 48 horas. Nunca!". Mal sabia eu que um dia mataria por prazos assim.
O fato é que consegui, recebi alguns elogios e aprendi logo de cara que a criatividade é facilmente direcionável quando se tem um problema a ser resolvido em mãos. Talvez não seja o melhor, talvez não seja genial, mas é sempre possível conseguir uma solução adequada.
Claro que às vezes vem uma inspiração sabe-se lá de onde e você tira leite de pedra até nos trabalhinhos mais comuns, mas aí é que está a diferença. Criatividade não é inspiração.
Em publicidade não se pode contar com a inspiração, não se pode depender do lampejo, do insight, porque temos prazos, verbas e demandas a serem respeitados. O que podemos e devemos fazer é transformar nossa mente em solo fértil para que o "lance genial" surja com mais frequência.
Eu tento fazer isso com livros, filmes, música, redes sociais e inutilidades em geral que me mantenham intelectualmente ativo e interessado. Outras pessoas preferem outros caminhos.
De qualquer forma, a criatividade é o exercício de olhar as coisas de outra forma, de listar possibilidades, formatos, combinações, de evitar e de usar bem o clichê. Criatividade é acenar com brinquedinhos e guloseimas para atrair a solução que está entocada em algum canto do cérebro.
Como eu disse no começo do parágrafo anterior, é exercício. E já aconteceu mais de uma vez que, usando a criatividade, eu conseguisse extrair a fórceps a solução muito bacana que a inspiração não me trouxe de mão beijada.
Direto na têmpora: My Best Friend's Girl - The Cars
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Carnavalesco
Dos carnavais em Ipatinga, meio zonzo de tanto tomar Manoela no Esaki, eu me lembro dos planos para entrar nos bailes do Cariru Tênis Clube, de onde eu não era sócio.
Eram estratégias, desculpas e distrações que me valeram o apelido de McGyver junto ao meu amigo Tananan, tudo para encontrar alguma menina ou simplesmente ficar em um lugar onde houvesse menos gente pronta para dar notícias aos meus pais.
Ficávamos naquele alalaô até o sol raiar e depois voltava-se a pé para casa. Dormíamos até as 15h, íamos pro Clube e mal a noite começava já começávamos também mais uma noite de carnaval.
E hoje eu tenho preguiça até de ver os desfiles na Globo.
Direto na têmpora: So many ways - The Mighty Mighty Bosstones
Eram estratégias, desculpas e distrações que me valeram o apelido de McGyver junto ao meu amigo Tananan, tudo para encontrar alguma menina ou simplesmente ficar em um lugar onde houvesse menos gente pronta para dar notícias aos meus pais.
Ficávamos naquele alalaô até o sol raiar e depois voltava-se a pé para casa. Dormíamos até as 15h, íamos pro Clube e mal a noite começava já começávamos também mais uma noite de carnaval.
E hoje eu tenho preguiça até de ver os desfiles na Globo.
Direto na têmpora: So many ways - The Mighty Mighty Bosstones
quarta-feira, março 09, 2011
Fotos históricas
Mais uma foto da incrível série: Quando tínhamos pescoço. Ô saudade dos tempos da Fafich e dessa turma sumida.
Direto na têmpora: I Felt Stupid - The Drums
Direto na têmpora: I Felt Stupid - The Drums
Notas de Sophia
Hoje eu e Sophia fizemos pizza com a massa que ganhamos na Domenico Pizzeria. Molho de tomate com parmesão ralado, azeitonas verdes, tomates, queijos emental e gouda. Ficou bom.
__//__
- E aí, Sophia, o que é que tá rolando?
- Eu é que rolo, papai.
__//__
As três canções favoritas da Sophia hoje são: Merry Happy, da Kate Nash; Better, da Regina Spektor e (gulp) Garotos II, do Leoni.
Merry Happy
Better
Garotos
__//__
Sophia tem um polvo de pelúcia chamado César Polvinho.
Direto na têmpora: Ballrooms of Mars - T. Rex
__//__
- E aí, Sophia, o que é que tá rolando?
- Eu é que rolo, papai.
__//__
As três canções favoritas da Sophia hoje são: Merry Happy, da Kate Nash; Better, da Regina Spektor e (gulp) Garotos II, do Leoni.
Merry Happy
Better
Garotos
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Sophia tem um polvo de pelúcia chamado César Polvinho.
Direto na têmpora: Ballrooms of Mars - T. Rex
sexta-feira, março 04, 2011
O fazendeiro e o Burumbá
Um fazendeiro vivia com sua mulher e seus 5 filhos em uma fazenda bem grande.
Era um lugar bonito e cheio de bichos. Tinha vacas, cavalos, porcos, galinhas, perus e um monte de outros animais que andavam soltos ali por perto como cobras, capivaras, tucanos, micos e sapos.
Só que o fazendeiro tinha um segredo. Além desses bichos todos, ele guardava em um lugar bem escondidinho um Burumbá.
Aí você me pergunta "o que é um Burumbá"? E eu te respondo: Burumbá é um bicho do tamanho de um gato, com uma pelagem preta comprida, uma cabeça bem grande, olhos de jacaré e uma boca pequena, mas que fala todas as línguas de gente e de bicho.
O fazendeiro passava horas trancado no esconderijo conversando com o Burumbá, ouvindo histórias, contando causos e levando broa de fubá, que era o que o bicho mais gostava de comer.
Um dia, o filho mais novo do fazendeiro resolveu seguir o pai e encontrou o esconderijo. Entrou e tomou o maior susto quando viu o Burumbá.
O menino ficou assim, assustado, meio sem saber o que fazer, mas quando o Burumbá começou a conversar com ele, foi se acalmando e achou que o bichinho até que era muito simpático.
Assim que saiu dali, foi correndo e contou o segredo pro irmão número 4, que contou pro irmão número 3, que contou pro irmão número 2, que contou pro irmão número 1, que contou pra mãe, que contou pra cozinheira, que contou pro capataz.
A novidade se espalhou e, de uma hora pra outra, todo mundo ia conversar com o Burumbá, até mesmo os bichos da fazenda e da mata.
O fazendeiro logo percebeu o que estava acontecendo e ficou morrendo de raiva. Brigou com todo mundo, tentou tirar o Burumbá dali, mas as pessoas tanto pediram que ele levou o Burumbá pra morar na casa.
Alguns dias se passaram e o fazendeiro percebeu que as vacas tinham parado de dar leite e nem chegavam mais perto do laguinho. Um tempinho depois, os porcos começaram a latir como os cães. Tudo muito estranho, mas a gota d'água foi quando os perus começaram a esconder os ovos das galinhas.
O fazendeiro ficou muito desconfiado daquilo tudo e resolveu ficar bem atento pro que andava acontecendo. Não demorou muito e ele reparou que o Burumbá ficava andando de um lado pro outro, conversando com todos os animais e que por onde ele passava, tudo ia ficando estranho.
Ele então pegou o Burumbá, trancou em um quartinho e perguntou:
- Burumbá, Burumbá, o que é que você anda fazendo por aí que os bichos estão ficando esquisitos?
E o Burumbá calado.
- Burumbá, Burumbá, é melhor você me contar a verdade.
E o Burumbá calado.
Aí o fazendeiro pegou um pedaço de fumo de rolo, que era a única coisa que assustava o Burumbá e chegou bem pertinho dele.
Na mesma hora o bichinho começou a falar e contou pro fazendeiro tudo o que tinha feito. Não é que o sem vergonha andava fofocando com os bichos todos?
Falou para as vacas que os peixes tinham dito que bicho nenhum aguentava o cheiro de leite delas. Falou pros porcos que todo mundo detestava o grunhido deles e amava o barulho dos cachorros. Falou pros perus que o fazendeiro não gostava deles e que era por isso que ele só pegava os ovos das galinhas.
Pra desfazer aquela confusão toda foi uma trabalheira danada. O fazendeiro ficou tão bravo que fez o Burumbá contar a verdade, pedir desculpas para todos os bichos e depois mandou ele embora pra nunca mais voltar.
Depois daquele dia, a fazenda voltou ao normal, mas no fundo, no fundo, todo mundo sentia falta das conversas com o bicho falador.
E o Burumbá? Ah, o burumbá foi pra mata e logo arranjou uma toca pertinho da curva do rio pra morar.
Dizem que ele anda muito feliz, falante como nunca, mas que naquela região, agora a anta tenta subir em árvores, a onça só come cogumelos e os macacos choram sem parar, mas ninguém entende porquê.
PS - Esse texto foi criado a partir de uma sugestão do Gustavo, uma das crianças que conheci na AURA.
Direto na têmpora: Sweet tides - Thievery Corporation
Era um lugar bonito e cheio de bichos. Tinha vacas, cavalos, porcos, galinhas, perus e um monte de outros animais que andavam soltos ali por perto como cobras, capivaras, tucanos, micos e sapos.
Só que o fazendeiro tinha um segredo. Além desses bichos todos, ele guardava em um lugar bem escondidinho um Burumbá.
Aí você me pergunta "o que é um Burumbá"? E eu te respondo: Burumbá é um bicho do tamanho de um gato, com uma pelagem preta comprida, uma cabeça bem grande, olhos de jacaré e uma boca pequena, mas que fala todas as línguas de gente e de bicho.
O fazendeiro passava horas trancado no esconderijo conversando com o Burumbá, ouvindo histórias, contando causos e levando broa de fubá, que era o que o bicho mais gostava de comer.
Um dia, o filho mais novo do fazendeiro resolveu seguir o pai e encontrou o esconderijo. Entrou e tomou o maior susto quando viu o Burumbá.
O menino ficou assim, assustado, meio sem saber o que fazer, mas quando o Burumbá começou a conversar com ele, foi se acalmando e achou que o bichinho até que era muito simpático.
Assim que saiu dali, foi correndo e contou o segredo pro irmão número 4, que contou pro irmão número 3, que contou pro irmão número 2, que contou pro irmão número 1, que contou pra mãe, que contou pra cozinheira, que contou pro capataz.
A novidade se espalhou e, de uma hora pra outra, todo mundo ia conversar com o Burumbá, até mesmo os bichos da fazenda e da mata.
O fazendeiro logo percebeu o que estava acontecendo e ficou morrendo de raiva. Brigou com todo mundo, tentou tirar o Burumbá dali, mas as pessoas tanto pediram que ele levou o Burumbá pra morar na casa.
Alguns dias se passaram e o fazendeiro percebeu que as vacas tinham parado de dar leite e nem chegavam mais perto do laguinho. Um tempinho depois, os porcos começaram a latir como os cães. Tudo muito estranho, mas a gota d'água foi quando os perus começaram a esconder os ovos das galinhas.
O fazendeiro ficou muito desconfiado daquilo tudo e resolveu ficar bem atento pro que andava acontecendo. Não demorou muito e ele reparou que o Burumbá ficava andando de um lado pro outro, conversando com todos os animais e que por onde ele passava, tudo ia ficando estranho.
Ele então pegou o Burumbá, trancou em um quartinho e perguntou:
- Burumbá, Burumbá, o que é que você anda fazendo por aí que os bichos estão ficando esquisitos?
E o Burumbá calado.
- Burumbá, Burumbá, é melhor você me contar a verdade.
E o Burumbá calado.
Aí o fazendeiro pegou um pedaço de fumo de rolo, que era a única coisa que assustava o Burumbá e chegou bem pertinho dele.
Na mesma hora o bichinho começou a falar e contou pro fazendeiro tudo o que tinha feito. Não é que o sem vergonha andava fofocando com os bichos todos?
Falou para as vacas que os peixes tinham dito que bicho nenhum aguentava o cheiro de leite delas. Falou pros porcos que todo mundo detestava o grunhido deles e amava o barulho dos cachorros. Falou pros perus que o fazendeiro não gostava deles e que era por isso que ele só pegava os ovos das galinhas.
Pra desfazer aquela confusão toda foi uma trabalheira danada. O fazendeiro ficou tão bravo que fez o Burumbá contar a verdade, pedir desculpas para todos os bichos e depois mandou ele embora pra nunca mais voltar.
Depois daquele dia, a fazenda voltou ao normal, mas no fundo, no fundo, todo mundo sentia falta das conversas com o bicho falador.
E o Burumbá? Ah, o burumbá foi pra mata e logo arranjou uma toca pertinho da curva do rio pra morar.
Dizem que ele anda muito feliz, falante como nunca, mas que naquela região, agora a anta tenta subir em árvores, a onça só come cogumelos e os macacos choram sem parar, mas ninguém entende porquê.
PS - Esse texto foi criado a partir de uma sugestão do Gustavo, uma das crianças que conheci na AURA.
Direto na têmpora: Sweet tides - Thievery Corporation
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Cure-se
Tem que coisas que a gente só cura debaixo de algum pé de árvore, lendo um bom livro leve e deitando com a companheira. Pra outras é preciso folia, é preciso suar a dor e se embebedar de alegria. Outras tantas coisas se curam com solidão, com paixão, com trabalho, com oração, com quietude.
Que nesse carnaval você comece a curar pequenos incômodos e grandes tormentas, porque o ano está só começando, e é preciso acreditar.
Direto na têmpora: Fresh feeling - Eels
Que nesse carnaval você comece a curar pequenos incômodos e grandes tormentas, porque o ano está só começando, e é preciso acreditar.
Direto na têmpora: Fresh feeling - Eels
quinta-feira, março 03, 2011
Aprendizado
As universidades sempre foram centros de produção de conhecimento. Ali as inovações eram desenvolvidas, debatidas, analisadas e redistribuídas para novos alunos prontos para assimiliar o conteúdo e dar o próximo passo.
Algo mudou. Em algumas áreas mais do que em outras, o conhecimento se reparte, agrega e distribui com mais eficiência fora do ambiente universitário do que na própria instituição.
O saber ficou mais fluido e passou a circular de maneira mais informal e - alerta de clichê - colaborativa.
No caso da comunicação isso é ainda mais flagrante. O ambiente universitário médio, por onde passam grande parte dos novos profissionais, muitas vezes tem que se contentar com estudar o ontem e o anteontem por culpa da velocidade da informação e da inovação constante.
Conseguir professores que se mantenham atualizados e atentos ao que ocorre no instante preciso, tendo o pulso da evolução dos meios e das mudanças que isso causa é um exercício extremamente complexo em um ambiente de competitividade cada vez maior e com salários ainda mais achatados como ocorre no segmento de ensino superior.
Não é que seja preciso abolir o currículo tradicional, mas acredito que seria o caso de encontrarmos novos formatos para uma formação verdadeiramente útil e que não se traduza apenas em um diploma que, na prática, não é sequer exigido.
Talvez pensar em cursos mais modulares partindo de uma base fixa, talvez criar uma rede de instituições de ensino que se complementassem na formação de um curso quase personalizado.
Realmente não tenho a resposta definitiva, mas acho que em um momento em que não nos cansamos de discutir os rumos da publicidade, os novos formatos de relações entre empresas e consumidores e mesmo entre pessoas e pessoas, é fundamental questionar também a formação dos novos profissionais e os processos através dos quais ela ocorre.
Não falo aqui apenas de máquinas ou de ensino à distância, mas de uma discussão fundamental sobre o tradicional ambiente universitário. Se o profissional de 1990 precisou evoluir e se reinventar para existir no mundo de hoje, por que o mesmo não aconteceria com o formato do ensino superior?
Direto na têmpora: We're looking for a lot of love - Hot Chip
Algo mudou. Em algumas áreas mais do que em outras, o conhecimento se reparte, agrega e distribui com mais eficiência fora do ambiente universitário do que na própria instituição.
O saber ficou mais fluido e passou a circular de maneira mais informal e - alerta de clichê - colaborativa.
No caso da comunicação isso é ainda mais flagrante. O ambiente universitário médio, por onde passam grande parte dos novos profissionais, muitas vezes tem que se contentar com estudar o ontem e o anteontem por culpa da velocidade da informação e da inovação constante.
Conseguir professores que se mantenham atualizados e atentos ao que ocorre no instante preciso, tendo o pulso da evolução dos meios e das mudanças que isso causa é um exercício extremamente complexo em um ambiente de competitividade cada vez maior e com salários ainda mais achatados como ocorre no segmento de ensino superior.
Não é que seja preciso abolir o currículo tradicional, mas acredito que seria o caso de encontrarmos novos formatos para uma formação verdadeiramente útil e que não se traduza apenas em um diploma que, na prática, não é sequer exigido.
Talvez pensar em cursos mais modulares partindo de uma base fixa, talvez criar uma rede de instituições de ensino que se complementassem na formação de um curso quase personalizado.
Realmente não tenho a resposta definitiva, mas acho que em um momento em que não nos cansamos de discutir os rumos da publicidade, os novos formatos de relações entre empresas e consumidores e mesmo entre pessoas e pessoas, é fundamental questionar também a formação dos novos profissionais e os processos através dos quais ela ocorre.
Não falo aqui apenas de máquinas ou de ensino à distância, mas de uma discussão fundamental sobre o tradicional ambiente universitário. Se o profissional de 1990 precisou evoluir e se reinventar para existir no mundo de hoje, por que o mesmo não aconteceria com o formato do ensino superior?
Direto na têmpora: We're looking for a lot of love - Hot Chip
quarta-feira, março 02, 2011
A princesa que salvou a si mesma
Vale a pena assistir. Muito lindinho.
Direto na têmpora: Vinegar & Salt - Hooverphonic
The Princess Who Saved Herself from nathan kress on Vimeo.
Direto na têmpora: Vinegar & Salt - Hooverphonic
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terça-feira, março 01, 2011
Bumerangue (Obrigado, AURA)
Lança o teu olhar que ele volta pedido.
Estende a tua mão que ela retorna abraço.
Leva teu carinho que ele te encontra riso.
Conta a tua história, faz a tua dança, inventa algum momento e recebe o amor que desaba como tempestade sobre ti.
E então, como por descuido, sê feliz e sorri.
Gustavo, Eric e Maria Clara. Sorrisos que fazem sorrir.
Direto na têmpora: Rejoyce and be happy - Violent Femmes
Estende a tua mão que ela retorna abraço.
Leva teu carinho que ele te encontra riso.
Conta a tua história, faz a tua dança, inventa algum momento e recebe o amor que desaba como tempestade sobre ti.
E então, como por descuido, sê feliz e sorri.
Gustavo, Eric e Maria Clara. Sorrisos que fazem sorrir.
Direto na têmpora: Rejoyce and be happy - Violent Femmes
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