sexta-feira, dezembro 14, 2012

Rejeição no Facebook

Amiguinhos, trago más (ou boas) notícias: o Facebook não representa a verdade absoluta. É um nicho, um espaço de opinião importante, mas também um lugar para muita gente que replica textos ou conteúdos sem que isso reflita suas atitudes ou visões de mundo.

E para fazer isso de uma maneira apartidária e não ideológica, vou citar dois exemplos em lados opostos do campo político: Marcio Lacerda e Dilma.

Nos meses antes da eleição, ninguém foi tão repudiado no Facebook quanto Marcio Lacerda. Um fato que parece ter representado pouco quando o prefeito foi reeleito com relativa tranquilidade no primeiro turno.

Atualmente, minha timeline parece uma sessão de descarrego contra a Dilma. Ainda assim, a última pesquisa dá números recordes de aprovação popular com 78% de "curtir" para seu desempenho pessoal e 62% para o de seu governo.

O que isso quer dizer? Que existe outro mundo fora do Facebook e que pode ser muito bom olhar pra ele antes de se convencer de tantas verdades postadas ali diariamente.

Nenhuma novidade, eu sei, mas é sempre bom lembrar.




Direto na têmpora: When I'm with you - Best Coast

terça-feira, dezembro 11, 2012

Biblioteca solidária max ultra giga tera plus

Jingle bells vai, jingle bells vem e olha aí a Biblioteca Solidária do tio Maurilo.

Como sempre, vendo os livros que já li ao preço de dois panetones e depois dôo tudo para as crianças da creche Morada Nova, no morro do Papagaio.

E como agora várias pessoas ajudaram cedendo seus livros, o acervo aumentou e o estilo das obras ficou mais variado.


São só 10 reais para qualquer livro, hein?

Quem mandar primeiro o email para mauriloandreas@gmail.com garante o livro. É só pelo email pra evitar confusão: Facebook, blog ou twitter não vale.


Participem, divulguem e façam boas compras. Muito obrigado!



A batalha da noite anterior – Javert Denilson

A condenação da Emília - Ilan Brenman

A lei da atração – Michael J. Losier

A Necessary Spectacle (ING) - Selena Roberts

A semente da vitória – Nuno Cobra

A vida em família – Rodolfo Calligaris

A vida escreve – Chico Xavier

Aconteceu na casa espírita – Emanuel Cristiano

Alegria e triunfo – Lourenço Prado

Além da trilha menos percorrida – M. Scott Peck

Anotações de Servidor – Wagner Gomes da Paixão

Apocalipse – Robson Pinheiro Santos

As mais belas orações dos nossos corações – Marília Borges

As obsessões e o espiritismo - Wagner Gomes da Paixão

Aspectos psicológicos da adoção – Lidia Natalia D. Weber

Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho – Chico Xavier

Canção da natureza – João Nunes Maia

Carta a El-Rei D. Manuel sobre o achamento do Brasil – Pero Vaz de Caminha

Comunicação global – Lair Ribeiro

Cromoterapia – Reuben Amber

De Boca-de-Bode a Gourmet – Lesley Scarioli

Elucidações evangélicas – Antônio Luiz Sayão

Em espírito e verdade – Wagner Gomes da Paixão

Encontro no Ideal - Wagner Gomes da Paixão

Entre a sombra e a luz – Carlos A. Baccelli e Paulino Garcia

Eu, sua mãe – Christiane Collange

Eu te busco – Irene Pacheco Machado

Finanças corporativas – Alexandre Galvão e outros autores

Flor da morte - Henriqueta Lisboa

Flores no pote – Antônio Souza

Hamlet e Macbeth nasceram em Muriaé – Remo Mannarino

Homens que odeiam suas mulheres e as mulheres que os amam – Susan Forward

Jesus perante a cristandade – Frederico Pereira da Silva Júnior

Jesus terapeuta (vol. 2) – Cláudio Fajardo

Laços de ternura – Lidia Natalia D. Weber

Lídia – José Suriñach

Luz imperecível – União Espírita Mineira

Marte e Vênus recomeçando – John Gray

Médiuns – João Nunes Maia

Mentes perigosas - Ana Beatriz Barbosa Silva

Mercados financeiros – Virgínia Oliveira e outros autores

Minha formação - Joaquim Nabuco

Mulher, o negro do mundo – Malcolm Montgomery

Na sombra e na luz – Zilda Gama

O Aleijadinho – Delson Golçalves Ferreira

O alquimista – Paulo Coelho

O evangelho redivivo - Wagner Gomes da Paixão

O homem integral – Divaldo Pereira Franco

O jugo leve – Carlos A. Baccelli e Inácio Ferreira

O livro da bruxa – Roberto Lopes

O mais importante é o amor – Liga Bíblica Mundial

O ministro Che Guevara – Tirso W. Saenz

O pai Goriot - Honoré de Balzac

O poder do Agora – Eckhart Tolle

O presente precioso – Dr. Spencer Johnson

O que é fenômeno mediúnico – Hermínio C. Miranda

O santo inquérito – Dias Gomes

O segredo – Rhonda Byrne

O sucesso é ser feliz - Roberto Shinyashiki

O treco - Artur Eduardo Souza

O vendedor de sonhos – Augusto Cury

O Zahir – Paulo Coelho

Onze minutos – Paulo Coelho

Opções reais – Haroldo Guimarães Brasil e outros autores

Os caminhos do amor e do desamor – José Fonseca Duarte

Os delírios de consumo de Becky Bloom – Sophie Kinsella

Os segredos do seu supra mental – Adelino da Rosa

Poesia a destempo – José Alcino Bicalho

Ponte das lembranças – Eliana Machado Coelho

Presente do mar – Anne Morrow Lindbergh

Prosperidade – Lair Ribeiro

Rituais - Cees Nooteboom

Trilha menos percorrida – M. Scott Peck

Tua casa – João Nunes Maia

Um amor na eternidade – Ivan Jubert Guimarães

Vila dos Confins – Mário Palmério




Direto na têmpora: 1997 - Saint Motel

segunda-feira, novembro 19, 2012

Em algum ponto do caminho


Você já se sentiu genuinamente perdido?

Longe demais para voltar ao ponto de partida e cansado demais para seguir até a chegada?

Você parado, inanimado, no ponto central de um caminho longo que agora já não faz nenhum sentido.

Sem respeitar o que passou, sem acreditar no que virá. Inerte, inepto, infértil.

Você já se sentiu assim?

E enquanto isso, o mundo gira sem promessas. Coisas, pessoas, palavras, luzes e você cansado demais para olhar.

No entanto, muitas vezes basta um passo para que a vida esbarre em você e indique um rumo que você não tinha visto.

Uma estrada com outros percalços e outras paisagens.

Um outro motivo para andar e descobrir que Cervantes estava certo quando disse que “hasta la muerte, todo es vida”.




Direto na têmpora: Lesley Gore on the T.A.M.I. SHOW - Casiotone For The Painfully Alone

segunda-feira, outubro 08, 2012

Minha mãe contou

Quando eu era menino, talvez com meus 6 ou 7 anos, a escolinha onde eu estudava entrou em acordo com os pais e mandou proibir os chicletes dentro do ambiente.

As razões eram mais que justas: além de conter muito açúcar, fazer mal aos dentes e causar risco de acidentes com criancas que corriam sem parar, o chiclete atrapalhava as refeições e tudo mais.

Tudo foi muito bem até o dia em que a professora interpelou uma menininha que mascava seu chiclete tranquilamente durante a aula.

- Fulaninha, a gente já conversou e não pode mascar chiclete. Joga fora, por favor?

- Não posso, fessora.

- Pode, sim, Fulaninha, todo mundo combinou, tem que cumprir. Joga fora, vai.

- Não... não posso jogar fora.

- Como não pode, menina? Tem que jogar fora. Vamos, cospe esse chiclete agora.

- Não posso, fessora, ele não é meu, é da Ciclana, ela só me emprestou um pouquinho...

Parece piada, mas eu acredito, porque foi minha mãe que contou.




Direto na têmpora:  Sweet sour - Band Of Skulls

segunda-feira, outubro 01, 2012

Quase astronauta

Até pouco tempo estava tudo resolvido: Sophia iria ser astronauta. Só falava nisso, só queria isso.

Na escola começou um projeto sobre o espaço sideral e seu entusiasmo era óbvio até que, no final da semana passada, perguntamos:

- E aí, filhinha, tá gostando do projeto?

- Tô, mas eu não quero mais ser astronauta.

- Ué, mas por quê?

E ela, fazendo sua cara de medo exagerado:

- Por causa do buraco neeegrooo...




Direto na têmpora: Two more years - Bloc Party

terça-feira, setembro 18, 2012

Pai e filho

- Pai, olha o que eu construí.

Abaixando o jornal, o pai olhou sem muito interesse o amontoado de palitos de picolé com forma indefinida. Rapidamente voltou à leitura e perguntou automático:

- Bonito, filho, o que é?

- Ainda não sei – respondeu o pequeno – primeiro eu construí, agora preciso inventar.

E assim foi-se a tarde, o jornal relegado a um canto e pai e filho construindo algo enorme a partir de um amontoado de palitos de picolé: um hidroavião, um dragão, um castelo. Um pai. Um filho.




Direto na têmpora:  Super stupid - Funkadelic

sexta-feira, agosto 24, 2012

Meu amigo, o jerico

Desde que eu era pequeno minha mãe sempre dizia: "pára com isso, menino, que ideia de jerico".

Acho que era a coisa que eu mais ouvia.

Quando eu quis comer algodão porque não me achava fofinho, ela disse isso.

Quando eu resolvi ir atrás da minha paixão, Rapunzel, e eles me acharam pedindo carona na beira da estrada com a mochila no ombro, ela também disse isso.

Até quando eu derreti uma joiazinhas dela pra fazer um megasuperanel ela disse isso!

Fui ouvindo, fui ouvindo e acabei mesmo acreditando que eu tinha um amigo chamado Jerico e que vivia tendo ideias muito legais que minha mãe odiava.

Só muito tempo depois fui saber que jerico era tipo um burro. Naquela época, o Jerico pra mim era um menino da minha idade, do meu tamanho, só que muito mais esperto e maneiro do que eu.

Resolvi assumir a amizade e pra tudo o que eu precisava, sabia que podia contar com o Jerico.

Na hora da prova eu não sabia qual era a capital da Bolívia? Perguntava pro Jerico e a resposta vinha fácil: Inhapim.

Não sabia o que dizer pra menina mais linda da escola? Fala pra ela que você é um robô e que foi programado pra ficar ao lado dela até ganhar um beijo, se não você vai destruir a cidade.

Queria entrar pro time de futebol, mas era péssimo? Vai de óculos escuros e bengala, o treinador vai achar que pra quem é cego você até que joga muito bem.

E assim foi. Sempre que eu precisava, o Jerico estava do meu lado. Claro que as sugestões dele nem sempre funcionavam, mas uma coisa eu preciso dizer: ele nunca era chato. Mesmo quando tudo dava errado, eu e ele morríamos de rir e nos preparávamos para outra situação com a mesma vontade de fazer tudo, menos o que todo mundo fazia.

Fui crescendo, entrei para a faculdade, me formei, me casei e hoje trabalho em uma grande empresa. Não vejo mais o Jerico com tanta frequência, mas quando a coisa aperta, quando tudo fica muito comum, eu chamo meu amigo e lá vamos nós descobrir até que ponto somos loucos e até onde os outros são capazes de ir.

Tem dado certo. E sabe a menininha do robô? Tá esperando o nosso terceiro filho.

Valeu, Jerico!


PS - historinha inspirada pela Sophia, que sempre tem as mais adoráveis ideias de jerico.


Direto na têmpora: Naked in the city again - Hot Hot Heat

segunda-feira, agosto 20, 2012

Irreversível

Dizem que a morte é irreversível. Na verdade, não sei.

Até onde percebo, nunca estive morto e não faltam crenças por aí a me defenderem milhares de conceitos diferentes sobre a morte e o que acontece após a mesma.

Já com a vida é diferente. Podemos até ter outras depois, mas nenhuma será igual a esta. É o barro com que trabalhamos hoje, é o que nos resta e o que nos sobra.

É nesse breve percurso, que algumas vezes nos parece tão longo, que deixamos o rastro de nossos erros, nossas mãos estendidas, nossas ações, nossas intenções, nossas conquistas, perdas e paixões. 

Pode ser que haja outra chance em outro lugar, em outra vida, em outra dimensão. Quem sabe?

A verdade é que nessa vida que vivemos, nesse insignificante e único nanoinstante do infinito que nós é dado, não há remendo. Nosso trajeto é nosso legado para outros trajetos tão curtos como os nossos.

A vida, sim, é irreversível, meus amigos. E viver bem é o único caminho.




Direto na têmpora: Remember - The Raveonettes

sexta-feira, agosto 17, 2012

Paixão

Eu respeito e acredito no poder de tudo aquilo que te faça viver melhor e ser mais feliz, seja uma religião, uma dieta ou um programa de tv.

Quem sou eu para tentar te ensinar o que é felicidade quando ainda estou aprendendo que o que é bom pra mim pode ser veneno para os outros?

O fato é que eu acredito na força das paixões. Muitas vezes eu não compreendo alguém que dá a vida por um time de futebol ou que esbraveja e rompe amizades por conta de uma visão política, mas eu admiro. De verdade. E torço pra que essa paixão não seja um equívoco, mas sim um motor que faça a pessoa ser melhor, mais completa, mais "ela mesma".

Até porque, sobre alguém sem paixões há muito pouco o que se dizer.




Direto na têmpora: Sir, Your Fashion Has the Cold Heart of A Killer - The Beautiful Girls


quinta-feira, agosto 16, 2012

O que a gente tem a dizer

Durante anos encontrei profissionais de publicidade que sabiam exatamente como dizer as coisas. Como dizer que o consumidor iria pagar mais, como dizer que aquela promoção era imperdível, como dizer que meu achocolatado era melhor do que o outro. Na verdade, sempre fui, ou tentei ser, um deles.

Os reis da forma, os mestres da boa ideia. Admirava, admiro e respeito todos eles. O título que marca, o roteiro bem sacado são uma forma de trazer leveza, beleza e criatividade ao dia do público. E de vender, é claro.

O problema é que, já faz algum tempo, somos convidados a participar do processo de descobrir, junto ao cliente, "o que deve ser dito". É um passo anterior, que fornece a base para a grande ideia sobre "como dizer".

Talvez seja um momento mais assustador do que a chegada do computador e mais revolucionário do que a popularização da internet. Precisamos nos envolver mais, abrir nossas mentes para outros processos, outras demandas, outras questões.

O desafio de sermos mais completos do que julgávamos necessário faz com que uns aproveitem e outros se encolham.

Por enquanto é uma decisão de cada um. Em pouco tempo será uma questão de sobrevivência. Melhor escolher seu lado agora e arregaçar as mangas, filhote.




Direto na têmpora: One - Vampire Weekend

quinta-feira, agosto 09, 2012

Álbum de fotografias

Gino tinha 21 anos e, no meio do curso de Engenharia Química, com tantas provas, matérias e preocupações com estágios e empregos, já começava a sentir falta da época do colégio.

Foi assim que bateu nele a vontade de rever as fotos da velha turma: as festas, os encontros, a bagunça na escola e a formatura do ensino fundamental.

Abria os arquivos e relembrava rostos, piadas, aventuras e parecia que já não estava mais no meio da faculdade, e sim vivendo novamente os bons momentos dos seus 17 anos. Tudo havia se passado há apenas 4 anos, mas pareciam séculos.

Até que um rosto chamou a atenção de Gino. Começou a reparar em um menino de cabelos claros e olhos bem pretos que aparecia em todas as fotos. Engraçado, não se lembrava dele.

Com certeza não eram da mesma sala, mas o garoto podia ser de outra classe. A idade era mais ou menos a mesma dele na época e não seria estranho se eles tivessem amigos em comum.

Passou as fotos na escola, as fotos das festas, da formatura e o menino sempre estava ali, sorridente, brincalhão e irritantemente desconhecido.

Deu de ombros, desligou o computador e foi dormir. Inútil, a imagem do menino tão presente e que escapava da sua memória o mantinha acordado. Resolveu mandar um email com uma das fotos para ver se alguém da turma se lembrava.

Acordou no dia seguinte, correu pra mais uma das intermináveis aulas e, no meio do caminho, foi checar os emails. Dos 13 emails para amigos que havia enviado, 7 haviam respondido e nem um sequer se lembrava do garoto.

Achou aquilo estranho e ficou mais impressionado ainda quando de noite descobriu que nenhum dos colegas se lembrava do rapaz. Encaminhou a foto para a turma inteira e, 3 dias depois, tinha a certeza na caixa de emails: ninguém sabia quem era o mocinho de olhos escuros.

Os dias se passavam e Gino ficava cada vez mais incomodado com aquilo. A coisa chegou a tal ponto que se resolveu a matar estágio e foi até a escola falar com os professores. Como podia se esquecer de alguém que estivera tão perto dele em tantas ocasiões? Algum educador com certeza poderia esclarecer o mistério.

Chegou à escola e deu de cara com o Romão da portaria. O Romão estava ali há uns 30 anos e seria a pessoa certa para esclarecer as coisas.

Conversaram fiado, trocaram novidades e logo depois o Gino já foi mostrando a foto. Romão olhou, olhou e um tempo depois perguntou.

- Como é que você fez isso? 

- Isso o quê?

- Essa foto com o Rui.

- Ah, então esse de cabelo claro chama Rui? De que turma ele era?

- Chamava Rui, sim. Como é que você fez isso?

- Fiz o quê, Romão? São as fotos da minha época aqui na escola.

Romão balançou a cabeça. Gino ficou olhando pra ele sem entender até que o velho porteiro falou.

- Gino, essa foto é impossível. O Rui estudou aqui 20 anos antes de você. Ele tinha uns 16 anos quando se enforcou no banheiro do vestiário. Eu sei porque fui eu quem tirou o corpo da corda. Agora, me responde como é que você fez isso?

Gino saiu correndo. Apagou todas as fotos do computador, reformatou a máquina e jurou nunca mais dizer uma palavra sobre o assunto para ninguém. Nunca mais procurou o Romão e nem buscou o contato dos velhos amigos.

O medo durou uns 3 anos. Dormia de luz acesa,acordava sobressaltado, olhava pra trás sempre que estava sozinho e sentia arrepios e calafrios a todo o instante.

Com o tempo foi esquecendo as fotos, esquecendo o menino-fantasma e seguiu sua vida. Formou-se, casou, teve duas filhas e assim seguia sua história.

Em uma manhã de domingo qualquer acordou com uma bagunça tremenda na sala. Levantou-se e encontrou as baixinhas com as fotos do casamento espalhadas pela sala. Comentavam que o pai usava cavanhaque, que estava mais magro, que não tinha cabelos, brancos, que a mãe que estava linda, que a avó estava engraçada.

Juntou-se a elas, pegou uma foto a esmo e gelou ao ver, bem atrás dele e da mulher, aqueles cabelos claros, aquele sorriso vivo e aqueles malditos olhos bem pretos que olhavam direto para a câmera.




Direto na têmpora: Jane Says - Jane's Addiction

terça-feira, julho 24, 2012

O jeito dela

Nada é mais italiano do que uma história contada por Sophia.

Da mente para a boca, um torvelinho. Da boca para as mãos, um furacão.

Tirar dela o gesto, é roubar-lhe um pouco da voz, é amansar a fantasia, é fazer dela mais uma menina comum.

Menos italiana, menos força da natureza, menos minha Sophia.




Direto na têmpora: Finish line - Fanfarlo

segunda-feira, julho 09, 2012

Cadê Sophia?

 A festa já ia começar, mas cadê Sophia Comelli? Ninguém sabia.

Todo mundo já tinha chegado, a música estava animada, mas nada da Sophia chegar.

Tinham jogos, brincadeiras, correria e diversão, mas cadê Sophia Comelli? Não tinha chegado, não…

Foi aí que, um pouco preocupada, a meninada do Bolão começou a imaginar.

-       Será que um E.T., chegou na casa dela para tomar chá? – perguntou Enzo.

-       Pode ter sido que as plantas cresceram tanto que ela não conseguiu sair – argumentou Ana Carolina.

-       E se o pai dela virou um urso? – disse João Pedro.

-       E se a mãe dela virou uma pata? – espantou-se Maria.

-       Hmmm… eu acho que ela ficou comendo amora até perder a hora – rimou o Lucas Szuster.

-       Ou comendo broa até ficar à toa – completou Sophia Zeferino.

-       Pra mim, ela atrasou porque choveu mel e ela ficou grudada – sugeriu o João Victor.

-       Pois, pra mim, ela quis vestir uma roupa de geleia e ficou toda atrapalhada – respondeu a Ana.

-       Eu acho que uma bruxa quis sequestrá-la – assustou-se o Pedro França.

-       Eu acho que um ogro deixou ela presa dentro da mala – gritou a Julinha.

-       Aposto que ela errou o caminho e foi parar na Bahia – pensou alto o Henrique.

-       Ou pegou um ônibus e foi visitar a tia – falou baixinho a Lalá.

-       O foguete dela pode ter ficado sem gasolina – comentou o Dudu.

-       Ela pode ter ficado conversando com um sapo bonina – arriscou a Cacá.

-       Vai que um elefante sentou no pé dela – exclamou o Thomás.

-       Vai que a cara dela ficou toda amarela – emendou a Nicole.

-       Quem sabe ela está cuidando de mil gatos? – supôs o Marcelo.

-       Quem sabe ela precisou comprar mil sapatos? – divagou a Jojô.

-       Ela pode ter ganhado um sorteio de um milhão – animou-se o Lucas Passeado.

-       Ela pode ter ficado afundada no colchão – matutou o João Camilo.

Estavam todos assim, imaginando coisas malucas, quando chegou a Sophia bem feliz e sorridente.

-       SOPHIA, ONDE VOCÊ ESTAVA? – berraram todos juntos.

E então ela respondeu.

-       Meninada, meninada, vocês não sabem o que aconteceu. Eu já estava saindo de casa quando um E.T. amigo meu apareceu para tomar chá. Quando ele foi embora, eu tentei vir, mas as plantas tinham crescido tanto que fecharam a porta. Aí eu cortei tudo, mas meu pai virou um urso, minha mãe virou uma pata e eu demorei um tempão pra desfazer o feitiço. Quando eu acabei, fiquei horas comendo amoras e depois comendo broa. Aí caiu uma chuva de mel e eu fiquei toda grudada, vesti minha roupa de geleia e fiquei toda atrapalhada. Quando estava prontinha, uma bruxa tentou me sequestrar. Escapei dela, mas um ogro me pegou e prendeu dentro da mala. Foi uma luta pra escapar, mas saí correndo, errei o caminho e fui parar na Bahia. Precisava voltar depressa, então peguei um ônibus, mas, no meio do caminho, resolvi visitar minha tia. Pra chegar na hora, só mesmo de foguete, mas, imaginem só, o meu estava sem gasolina. Fiquei triste, mas aí chegou um sapo bonina e conversou comigo pra me animar. Quando fui me levantar, tinha um elefante no meu pé. Briguei pra ele sair e fiquei com a cara amarela de tanto gritar. Enquanto tiravam o elefante do meu pé e eu lavava meu rosto, passaram mil gatinhos e eu resolvi cuidar de todos eles. Foi aí que eu lembrei de um monte de aniversários e fui na loja comprar mil sapatos de presente. Comprei um cupom e ganhei um milhão na hora. Estava muito cansada de tanta atividade, então fui tirar um cochilo e, juro que é verdade, fiquei afundada no colchão. Quando consegui me livrar, peguei o dinheiro do sorteio, comprei um avião e pedi pro moço me trazer até aqui.

E aí, depois de tanta conversa, de tanta bagunça, de tanta aventura, de tanta história e de tanta confusão, sabe o que acontece? A festa acabou. Ah, e esta história também. Tchau!




Direto na têmpora: On Melancholy Hill - Gorillaz

quinta-feira, junho 28, 2012

Futuro

O futuro tem o hábito engraçado

De nunca chegar

Para quem vive no passado




Direto na têmpora: Countdown - Pulp

sexta-feira, junho 22, 2012

Hot Heat

Eu torci muito pelo LeBron James em Cleveland (exceto contra o Boston, é claro). Eu me decepcionei muito com LeBron James nos anos seguintes, não tanto como jogador, mas principalmente por sua postura fora das quadras. Eu me rendi ao talento de LeBron James nos últimos dias.

Aliás, ano passado eu escrevi esse texto aqui sobre ele e muito do que eu achava continua valendo.

O fato é que o Miami Heat venceu um time mais jovem e muito talentoso, mostrou calma diante da pressão e provou que pode sim, e infelizmente, confirmar a bravata de LeBron ao dizer que foi a Miami para ganhar "não um, não dois, não três, mas múltiplos títulos".

Não é um resultado que me deixa feliz, até porque gosto muito do time do Thunder, mas é, acima de tudo, merecido.

E, mais importante, LeBron James mostrou que não é o garotinho assustado que imaginávamos diante dos grandes momentos. É um jogador capaz de fazer com que os grande momentos se curvem a ele.

Parabéns, Heat. Parabéns, LeBron. Ah, e parabéns pro Wade de quem eu sempre gostei.




Direto na têmpora: She don't use jelly - The Flaming Lips

segunda-feira, junho 18, 2012

Sertanejo

Sou do fazendeiro o oposto
Na lida que inventei
Amores, sortes e gosto
Colho mais do que plantei

Não há horta ou semeadura
Não se tira do mal a raiz
E ainda assim há fartura
De tudo o que faz feliz

Na chuva ou na estiagem
Sol rachando ou geada
Minha terra não é miragem
É vida que me foi dada

Ao fim desta safra tardia
Retorno à terra enfim
Deixando semente em Sophia
O bem que existiu em mim




Direto na têmpora: This city's a mess - Said The Whale

quinta-feira, junho 14, 2012

Verde

- Então tá bom, chegando em casa eu te conto a novidade, tá?

- Novidade? Que novidade, Guta?

- É segredo, curioso. Em casa você fica sabendo.

Pronto, bastou aquilo pra bagunçar o dia dele. Cabeça voando, falava consigo mesmo diante da tela imóvel do computador.

- Segredo? Guta nunca teve segredo pra mim. Bom, coisa ruim não deve ser pela voz dela. Ou então é bom pra ela e ruim pra mim. E se a novidade for aquele curso na França que ela sempre sonhou? E se ela estiver indo embora?

Ficou naquela, entre intrigado e irritado pela tal novidade. Na volta, o caminho que ele fazia diária e calmamente de bicicleta, agora parecia a subida da Graciosa. A cabeça não parava. Maldita curiosidade.

O tempo no elevador, outra eternidade. Abriu a porta e se deparou com ela a sorrir no meio da sala. A mesma Guta, mas agora com cabelos completamente verdes.

- Cabelo verde, Guta? Sério?

- Não gostou?

- Não sei. Verde? Difícil de acostumar.

- Pois é, resolvi hoje cedo, assim, de surpresa.

- É? Mas cabelo verde? Tem certeza? De onde você tirou essa ideia?

- Sei lá, assim que eu soube que o juiz havia autorizado a adoção hoje cedo decidi que queria ser a primeira mãe de cabelo verde da minha família.

Ele não parava de chorar. Seria pai. E então era verde a cor da alegria.




Direto na têmpora:  Can't get used to losing you - The English Beat

terça-feira, junho 12, 2012

All you need is love

Uma fagulha.
Um instante.
Duas palavras, talvez três.
Um começo sorri.
O resto é entrega, é labuta, é a busca.
Porque o amor não é presente, é conquista.
A dor e o prazer de lutar juntos a luta que se escolheu lutar.
Uma vida inteira, muitas.
E ainda assim morrer sabendo que desistir nunca foi uma opção.
Porque viver de outro jeito não seria viver.




Direto na têmpora:  Dearest - The Black Keys

segunda-feira, junho 11, 2012

O namorado da Fernanda

Amanhã é Dia dos Namorados. Dia de jantares e motéis e presentes e beijos e reencontros e longos telefonemas.

E no meio de tudo isso eu ainda acordo pensando como um menino: "ela disse sim, ela disse sim".




Direto na têmpora: FNT - Semisonic

sexta-feira, junho 08, 2012

Leitorinha

Sophia comprou seu primeiro livro "grande" para ler sozinha: "Tito, o cãozinho roubado". DEita na sala para ler. Lê antes de dormir. Senta com o livro à mesa. Uma delícia de se ver como ela diz em tons de conquista que já acabou a página 19.

E lá vai ela, parecida comigo em algumas coisas, com a Fernanda em outras e com ela mesma em muitas.

Minha leitorinha, meu denguinho, minha menina tão melhor que eu.




Direto na têmpora: Turn to stone - Electric Light Orchestra

quarta-feira, junho 06, 2012

A teoria do problema

Pode reclamar, pode xingar, pode querer se matar, pode querer dar porrada, pode chorar, pode fingir de morto, pode brigar, pode questionar, pode argumentar, pode explicar, pode detonar, pode fingir que nem liga, pode nem ligar, pode fazer o que você quiser, mas RESOLVA A PORRA DO PROBLEMA!




Direto na têmpora: Let me on out - The Raveonettes

terça-feira, junho 05, 2012

Radicais livres

Essa semana foi pródiga em topar com pessoas de raciocínio extremista sobre os mais diversos temas. Gente que não entende que você escolher uma coisa não faz com que ela seja perfeita e que não basta fechar os olhos para que os problemas daquilo que você defende sumam.

Gente, por exemplo, que acha absurdo quando uma ditadura censura um jornal, mas acha normal quando um líder de esquerda fecha uma tv. Pouco importa que os argumentos dos dois lados sejam exatamente iguais, a pessoa sempre usa dois pesos e duas medidas.

E isso tem acontecido recentemente não apenas com posições políticas, futebolísticas ou religiosas, mas até mesmo nos assuntos mais bestas. Não sei se as pessoas estão mais extremistas e indisponíveis para ouvir os outros ou se tem sido apenas um azar meu mesmo.

De qualquer forma, a única verdade absoluta é que o torresmo é feito por anjos cozinheiros em um castelo cercado por unicórnios e temperado com arco-íris. O resto sempre é discutível.




Direto na têmpora: Drive - Blind Melon

segunda-feira, maio 07, 2012

Biblioteca solidária maio 2012

Chegou o frio e com ele a Biblioteca solidária do tio Maurilo. A ideia é a mesma. Vendo os livros que já li (e tem dois da Fernanda também) ao preço de um cobertor. Você pode pagar em cobertor ou em dinheiro: só 10 reais.

E pra completar, estou vendendo meus livros infantis Esse Bicho Virou História e Na Horta, no Jardim, No Quintal ao preço de 10 reais + um cobertor (ou 20 reais).

O funcionamento é o mesmo: quem mandar primeiro o email para mauriloandreas@gmail.com garante o livro, sem chororô. Pelo Facebook, pelo blog ou pelo twitter não vale.

Chega de papo e segue a lista:

A cabana – William P. Young
Momo e o senhor do tempo – Michael Ende
Agora é que são elas – Paulo Leminski
O romancista ingênuo e o sentimental – Orhan Pamuk
Milarepa – Eric-Emmanuel Schmitt
As pequenas memórias – José Saramago
Expedição ao inverno – Aharon Appelfeld
La ley de la ferocidad – Pablo Ramos
Romance sem palavras – Carlos Heitor Cony
A escalada – Anatoli Boukreev / G. Weston DeWalt
Azul – Rubén Darío
Submarino – Joe Dunthorne
Fala, amendoeira – Carlos Drummond de Andrade
O clube do suicídio – Robert Louis Stevenson
Steve Jobs – Walter Isaacson
Desonra – J. M. Coetzee
A máquina de fazer espanhóis – Valter Hugo Mãe
Nova York – Will Eisner
Sandman (Noites sem fim) – Neil Gaiman
Nada me faltará – Lourenço Mutarelli
Inconfidências de uma adolescente – Marcita Coelho
O galo músico – Fernando Sabino
Amores guardados – Lêda Couto
Sinal e ruído – Neil Gaiman
A comédia trágica ou a tragédia cômica de Mr. Punch – Neil Gaiman
Slam – Nick Hornby
Pequeñas intenciones – Jorge Consiglio




Direto na têmpora: Do you - Portugal The Man

quinta-feira, maio 03, 2012

Pode acontecer

Pode acontecer, sem aviso ou motivo aparente, que tudo aquilo que nos separa se transforme precisamente naquilo que nos une.

E assim, entre perplexos e ausentes, sentimos que nossas verdades valem nada, que nossas certezas são risíveis, que é preciso entender que a mudança do outro corre paralela à nossa e que é infinita a chance de nos encontrarmos. Por infinitos motivos, em infinitos momentos.

Basta não olhar o passado, basta fazer parte do acaso, basta estar solto e leve como quem não espera. E aí o oceano que separa passa a ser a vasta água que conecta.

E ódio se esvai, líquido pelo ralo.




Direto na têmpora: Always new depths - Bloc Party

terça-feira, abril 24, 2012

Esse cara aí do seu lado.

Esse cara aí do seu lado come wasabi com pão.

Esse cara aí do seu lado batia muito na irmã.

Esse cara aí do seu lado já namorou o meu chefe.

Esse cara aí do seu lado já levantou, agora é outro.

Esse cara aí do seu lado tem alergia a perfume.

Esse cara aí do seu lado arranhou o carro da Dona Célia.

Esse cara aí do seu lado eu nunca vi antes.

Esse cara aí do seu lado tem o maior jeito de pintor.

Esse cara aí do seu lado tava naquela festa.

Esse cara aí do seu lado tava naquele enterro.

Esse cara aí do seu lado é aquele que você falou?

Esse cara aí do seu lado tem cara de corno.

Esse cara aí do seu lado.

Todo cara aí do seu lado.

E aquele ali mais na frente também.



Direto na têmpora: Crash years - The New Pornographers

quinta-feira, abril 12, 2012

A gente se encontra

A gente se encontra na internet. É impossível calcular o número de amigos com os quais retomei contato e pessoas novas que passei a conhecer e admirar por causa da internet.

Você que não nasceu analógico como eu, não sabe a diferença que isso faz. Não sabe o que é falarolhando nos olhos e instantaneamente ao invés de mandar uma carta e não sabe o que é encontrar alguém que, sem a internet, teria 99,99999% de chances de nunca fazer parte da sua caminhada.

Tudo isso para dizer que Rudolf Reimerink buscou por "Musetti" no Google e chegou ao Pastelzinho. Ele se apresentou como amigo de infância do meu pai e dos meus tios e desde então retomou contato com eles e passou a me conhecer também.

Pois outro dia contei no Pastelzinho como me lembrava com saudades do Sujismundo e como o apresentei para a minha Sophia, que simplesmente adorou. É aí que volta à cena o Rudolf Reimerink, amigo do meu pai. Alguém que, sem nunca ter conhecido pessoalmente eu ou Sophia, resolver nos presentear gcom uma ilustração do Sujismundo original e assinada pelo seu criador Ruy Perotti.

Uma relíquia de 1973 que deixa uma alegria enorme de saber que a internet significa muita coisa, mas que ela vale a pena mesmo quando é amplificador do que a gente tem de bom.

Muito obrigado, Rudolf. Eu, Fernanda e Sophia adoramos.






Direto na têmpora: Myriad harbour - The New Pornographers

quinta-feira, abril 05, 2012

Sua mão que me guia

Os antigos navegantes aprenderam a ler as estrelas para chegar. Nunca se estava irremediavelmente perdido enquanto sobre sua cabeça houvesse um céu e dentro dela uma esperança.

Hoje é mais fácil perder-se, mesmo com aparelhos, mapas, computadores, satélites. Em algum momento deixamos de olhar para o céu sobre nossas cabeças. Em algum momento nos abandonou a esperança.

E assim começamos a criar nossas próprias estrelas, que podem ter a forma de um sonho, de uma paixão ou simplesmente de duas mãos.

Duas pequenas mãos que seguram as minhas e me guiam por um mundo cada vez mais escuro em que já não me enxergo.

Duas mãos e um sorriso.

Duas mãos e mil cachos.

Duas mãos e um coração.

Duas mãos e o nome Sophia: minha filha, minha vida, minha estrela, meu guia.




Direto na têmpora: The other side of zero - Elizabeth & The Catapult

quarta-feira, abril 04, 2012

Inimigo meu

Inimigo meu, fiques tranquilo que não te desejo o pior em todos os dias e nem sequer uma morte dolorosa e lenta. Não sou desses, embora fale como esses.

A verdade, inimigo meu, é que tampouco te desejo sucesso, alegria e saúde. Apenas pensei em ti porque me faltava assunto para escrever e eu, que tanto já falei sobre a amizade, hoje tive um gosto de variar.

Mas se quase não penso em ti, o que desejo afinal? Uma saudável distância, a paz de jamais rever-te e a esperança de que o teu caminho, qualquer que seja, nada tenha que ver com o meu.

Pouco me importa o que te venha a suceder, inimigo meu, e assim é melhor.

De resto, mantenho o compromisso de viver, lutar, ser feliz e errar como sempre fiz, preferencialmente sem que tenhas absolutamente nada a ver com isso.

E a ti, nada além da vida que mereças.




Direto na têmpora: Walking with a ghost - The National Fanfare Of Kadebostany

quarta-feira, março 28, 2012

Queen

Eu era muito fã de Queen desde os meus 7 anos de idade. Enquanto em casa meus pais ouviam muita música clássica, Chico Buarque e MPB (o que era ótimo), foi através do "tio" Ernesto, nosso vizinho, que eu me aprofundei mais em Queen.

É claro que We Are The Champions, We Will Rock You e outras já rolavam na rádio, mas eu ainda me lembro de escutar o News Of The World inteiro emprestado através do Guga, filho do "tio" Ernesto e um dos primeiros amigos que fiz na minha vida.

Eu me lembro do lançamento do Jazz, em 78 quando tinha apenas 7 anos e de pirar com Don't Stop Me Now e Fat Bottomed Girls enquanto descobria Bohemian Rhapsody, Somebody to Love e outros clássicos mais antigos.

Depois veio The Game, com Crazy Little Thing Called Love, Play The Game e Another One Bites The Dust, seguido pela trilha do filme Flash Gordon. Eu tinha 9 anos e a vida era boa para quem curtia o Queen.

Em 82 veio o Hot Space e, apesar de Under Pressure ser uma das coisas mais incríveis que eu já tinha ouvido, além dela apenas Life is Real e Las Palabras de Amor se destacavam em um disco que estava abaixo do que se esperava do Queen.

Com 13 anos recebi o The Works com desconfiança. Radio Gaga e I Want To Break Free eram hits, mas talvez pop demais para mim na época. Foi o último disco que comprei do Queen.

Ainda assim, vi o show mais importante e sensacional da minha vida em 11 de janeiro de 1985, ainda com 13 anos: Queen no Rock in Rio. Uma experiência alucinante e inesquecível.

Daí em diante acompanhei o Queen com certa distância, vibrando com as poucas músicas novas de que gostava, mas sem comprar discos ou me envolver demais. De uma certa forma era como se aquela banda tivesse quabrado minhas ilusões sobre amor eterno e a infalibilidade humana.

O tempo passou, chorei quando Freddie Mercury morreu e continuei curtindo o velho Queen que foi tão marcante na minha vida.

Uma paixão que continua hoje através da Sophia e que me faz fechar os vidros do carro quando estou dirigindo, colocar Spread Your Wings ou Somebody To Love no máximo volume e cantar desafinada e incontrolavelmente como se estivesse ainda no final dos anos 70, descobrindo a paixão musical de uma vida.




Direto na têmpora: Brighton Rock - Queen

terça-feira, março 27, 2012

Os tigres que caçavam bananas

Pouca gente sabe (na verdade, só eu sabia) que há muitos e muitos anos, os tigres caçavam bananas.

Não queriam saber de comer peixes, nem aves, nem vacas ou porcos. O que eles gostavam mesmo era de atacar uma bananeira indefesa e encher o barrigão com frutas bem maduras. E gulosos, com um apetite de tigre, comiam com casca e tudo.

Só que um dia apareceram macacos nas terras dos tigres. Aqueles bichos espertos logo se apaixonaram pelas bananas também e foi aí que o problema começou.

Como era muito rápidos, vinham saltando de árvore em árvore e logo estavam roubando as bananas dos tigres, que ficavam furiosos com aquilo.

A raiva era muita, mas você já tentou pegar um macaco? Era difícil demais e os tigres ficavam cada vez mais frustrados e com fome.

Chegou um dia em que sobrou apenas uma bananeira cheia, a maior e mais bonita delas. E de guarda por ali, ficava o mais feroz e poderoso dos tigres.

Os macacos queriam muito aquelas bananas, mas sabiam que com aquele tigrão não dava para brincar, então resolveram esperar.

Talvez você não saiba, mas os tigres também dormem, e assim que o grandalhão cochilou, um dos macacos subiu na bananeira e começou a catar as frutas.

Só que o rabo do macaco, comprido como ele só, encostou no focinho do tigre e começou a fazer cosquinhas balançando pra lá e pra cá.

O tigre acordou de repende e sem nem pensar deu uma mordida no rabo do macaco que fugiu como um raio.

Ah, mas vocês nem imaginam o que aconteceu. O tigre lambeu os beiços, sentiu o gosto e disse:

- Hmmmmm... mas isso é melhor que banana! Que coisa gostosa! Está resolvido: de hoje em diante é isso que eu quero comer.

E foi a partir daquele dia que os tigres pararam de comer bananas e começaram a comer veados, porcos-do-mato, bois, búfalos, peixes, macacos, é claro, e até gente.

Por isso, quando acabar essa história, olhe para trás com muito cuidado e veja se não tem um bicho enorme, laranja e preto olhando para você. Se estiver corra! Ou então tente dar uma banana pra ele. Quem sabe funciona?




Direto na têmpora: This tune - Television

segunda-feira, março 26, 2012

Inocentes

A culpa não é de quem mata, não é de quem estupra, nem é de quem rouba.

A culpa não é de quem oferece e nem de quem aceita propina, não é de quem sonega, não é de quem propaga, não é de quem se nega.

A culpa não é de quem cria, não é de quem revisa, não é de quem aprova, não é de quem produz.

A culpa está no outro, está no fundo, já não está.

Culpa? Nem morto.

Culpa? Estamos em falta.

Culpa? Pegue aqui uma justificativa qualquer e bons sonhos.




Direto na têmpora: Safari - The Breeders

sexta-feira, março 23, 2012

Os Saints não são santos

Este é um post sobre futebol americano, mas não é.

Tudo começou quando Sean Payton, técnico dos New Orleans Saints, campeões da NFL em 2009, instituiu uma política de recompensa para os jogadores. A ideia era premiar quem fizesse o quarterback adversário derrubar a bola, impedisse o lançamento, coisas assim.

O problema é que os prêmios valeriam também para quem machucasse os quarterbacks adversários. Tirou do jogo? Prêmio. Tirou da temporada? Prêmio. Jogadores de maior expressão como o talentoso novato Cam Newton tinham valores especiais e o craque Aaron Rodgers, por exemplo, valia um prêmio de 5.000 dólares para quem o lesionasse.

Obviamente futebol americano é um esporte de muito contato e acertar o outro com bastante força faz parte do jogo. É difícil medir durante o jogo a intenção por trás do golpe, se dinheiro ou vontade de vencer, mas ainda assim a prática é questionável.

Induz ao golpe desnecessário, à busca de algo além da vitória, ao ódio contra o seu opositor, alé de colocar em (mais) risco a carreira de um colega de profissão.

A NFL se pronunciou e punições duras foram impostas, mas fica a notícia que assusta e que faz pensar se todo time do esporte, mesmo na universidade, não mantém a mesma prática.




Direto na têmpora: Burn my shadow - Unkle

quinta-feira, março 15, 2012

Injustiças

Eu e minha Sophia no carro há menos de 1 hora.

- Papai, qual é o mês mais curto.

- Fevereiro.

- Porque tem 29 dias, né?

- É, às vezes tem 29 e às vezes tem 28.

- Como assim?

- É que tem um negócio chamado ano bissexto: de quatro em quatro anos fevereiro fica com 29 dias, entendeu?

- Mais ou menos.

- É assim, esse ano teve 29 dias em fevereiro, né? Então ano que vem tem 28 e no outro 28 e no outro 28. Depois volta pra 29. É 28, 28, 28, 29. 28, 28, 28, 29, entendeu agora?

- São três 28 e só um 29?

- Exato.

- Mas isso não é justo...




Direto na têmpora: Ride into the sun - The Velvet Underground

Sophia e as músicas

Às vezes quando estamos só eu e minha Sophia no carro eu coloco alguma música e percebo que ela ficou quieta. Olho para trás e percebo que ela está mirando o nada, ouvindo com algo além dos ouvidos.

A música acaba e ela, sem se mover diz apenas "de novo", com a voz mais ausente do mundo. E eu repito a canção enquanto ela sente aquilo como tudo deve ser sentido.

E nessas horas eu sinto que alguém no mundo me entende. E amo que eu e a minha Sophia tenhamos coisas em comum como uma música qualquer para amar.

A de hoje foi essa.






Direto na têmpora: Our lies - Rasputina

quarta-feira, março 07, 2012

Pé de amora

Para os meus tempos em Ipatinga.

De cima do pé de amora
O tempo impede a hora
E todo céu é azul
É azul
É azul




Direto na têmpora: One way or another - Blondie

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Depende

Depende do jeito que ela olha pra mim

Se o dia prossegue
Se a dor se apequena
Se eu acredito em pra sempre

Depende do jeito que ela me cuida, do jeito que ela me aninha, do jeito que ela segura minha mão

E então nada mais depende, mesmo que ela me ame um minuto somente, porque com o olhar ela disse que sim.




Direto na têmpora: Vagabond - Beirut

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Farol de São Tomé

A família da Fernanda tem uma casa em Farol de São Tomé, município de Campos, no Rio de Janeiro e fomos para lá no carnaval.

Após o terceiro dia, animadíssima com o sol, mar e praia, Sophia declarou:


- Essa é a melhor viagem da minha vida!


- Melhor que Porto de Galinhas?


- Melhor!


- Melhor que a Praia do Forte?


- Melhor!


- Melhor que o Rio de Janeiro?

- Melhor!
E eu, maligno, pensando no futuro.

- Melhor que a Disney?

Ela então me olhou muito séria e disse:

- Olha, papai, eu nunca fui à Disney e sempre fui doida pra ir, mas agora eu só quero vir aqui pra sempre!

Corta para o pai rindo loucamente por dentro e imaginando tudo o que ele poderá comprar com a grana economizada.




Direto na têmpora: No way - Sonic Youth

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Preconceito

O ser humano é curioso e temerário diante do diferente. Desde crianças, sempre que estamos diante de algo que não compreendemos ou que não corresponde aos padrões apreendidos inicia-se uma batalha dentro de nós entre o instinto de descobrir e o de se afastar.

Grande parte da nossa personalidade e dos caminhos que seguiremos depende das proporções com que combinamos estes fatores de medo e curiosidade.

Com o tempo, a curiosidade tende a se transformar em empatia e o medo tende a se transformar em raiva. Nasce assim o preconceito.

Fui criado em uma época em que piadas sobre gays e negros eram comuns até mesmo em programas infantis como os Trapalhões. Entendo que também no humor existe a capacidade de diminuir, de subjugar, de excluir alguém pela piada, mas sempre consegui enxergar o lado do riso que mostra com leveza a diferença e aproxima mais do que afasta.

São linhas tênues.

Sempre tive amigos negros, alguns namoricos com mulheres negras e nunca entendi bem o preconceito. Para mim a diferença da cor da pele é a mesma da cor do cabelo ou da altura. Poderíamos estar dividos entre gordos e magros, com sardas e sem sardas, orelhas presas e orelhas soltas. Até pelo convívio próximo eu nunca tive esse tipo de visão da diferença na questão cor da pele. Às vezes até fazíamos piada, mas nada com o intuito de ofender, apenas repetindo padrões e costumes.

Mas na questão da diversidade sexual a coisa era diferente. A verdade é que na minha adolescência de interior era padrão criticar, evitar, isolar e até mesmo magoar os gays para mostrar como éramos "machos".

Homem que é homem não fala fino, homem que é homem não beija outro homem, coisas do tipo. E isso nos distanciava das pessoas. "Eles" não eram homens, eram algo diferente, estranho.

E por isso eu tive amigos gays que só foram se assumir anos depois e por isso eu agi muitas vezes como um babaca até que eu amadureci e eles também.

Compreendemos mais ou menos ao mesmo tempo que ser gay é como ser louro, ter orelhas de abano ou mãos bonitas. É apenas uma das características que forma aquela pessoa. Passei a compreender, a respeitar e a romper com padrões com os quais fui criado, menos pelos meus pais, e mais pelo ambiente em que vivia.

Para mim, o preconceito perdeu o sentido e já fica difícil entender porque esses caras não podem se casar na igreja ou entrar de mãos dadas no cinema.

"Ah, mas você já chamou um amigo de gay que eu já vi". Sim. E talvez seja apenas um hábito que preciso mudar. Ou talvez não, talvez o humor não precise ser tão correto e tão cuidadoso assim e a brincadeira seja apenas uma brincadeira quando não tem o intuito de machucar. Pode ser também que eu precise refletir ainda mais sobre o assunto.

Não sei.

Mas sei que, para mim, a questão continua a mesma: como reagimos diante do diferente, do que não responde aos padrões aos quais estivemos expostos por tanto tempo. Curiosidade ou medo?

E quanto menos medo, quanto menos ignorância, menos motivos para que continue sendo assim. Porque a violência é quase sempre sinônimo de incompreensão absoluta, a reação de uma criança que, diante de um brinquedo de montar resolve o problema do seu jeito ou se frustra e quebra o joguete.

Eu amadureci (ou estou amadurecendo). E você?



* Parabéns pela inconstitucionalidade da Prop8 na Califórnia.




Direto na têmpora: Elevator love letter - Stars

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Abandono

Três pessoas vieram perguntar / reclamar / constatar que eu abandonei o Pastelzinho. Não nego, larguei mesmo isso aqui de lado.

Acho que perdi o pique de escrever diariamente e, sem essa motivação, acabo deixando pra depois. Percebi também que um post colocado aqui tem uns 200 views e 2 ou 3 comentários, enquanto que basta que eu coloque no Facebook para que ele alcance fácil 500 ou 600 views.

Não vou dizer que não posto mais, mas posso garantir que vai ser cada vez menos.

Quem sabe um dia eu recupero o pique?




Direto na têmpora: Needing / Getting - OK Go

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Vocês ainda vendem Foundphotos aqui?

 Conseguiu fotografar o Gelson caindo, Edith?



Amei a bicicleta, agora me dá um quintal?



Ei, Timmy, eu vou ser seu amigo pra sempre... pra sempre!




Direto na têmpora: The mess up - DZ Deathrays

domingo, janeiro 22, 2012

Domingo

O quarto cheirava a manhãs. Levantou o pescoço sem abrir os olhos e sem vontade. Sorriu. Sentia café, torradas e suco de laranja no ar.

Abriu os olhos. Deitado ao pé da cama o cão ainda ressonava.

Depois da porta, mais um dia.

Encostou novamente a cabeça no travesseiro. Pensou em alguma lembrança morna. Sonhou-se.

Menos um dia.








Direto na têmpora: We have all the time in the world - Fun Lovin' Criminals

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Vê se não fode, Nascimento.

Cancelem o carnaval em 2012. O Brasil tem mais problemas a resolver. Sumam de vista também com o Campeonato Brasileiro, as festas de finais de ano e todo e qualquer reality show, meu amigo, porque é problema pra caramba.

Aproveitando o ensejo, matem o Michel Teló, proibam a exibição do Chaves, tirem as novelas do ar, exilem o Silvio Santos, fechem o canal Sony e desliguem os aparelhos do Chico Anysio.

Mas antes e mais importante do que tudo, eliminem qualquer possibilidade de que cheguem um dia as férias do Carlos Nascimento.

Sem o Carlos Nascimento e os arautos da velha imprensa somos um bando de idiotas. Quem nos dirá o que é divertido, o que está na moda, o que é relevante?

Quem nos trará opiniões compradas com dinheiro de mídia para que possamos respeitar, concordar e obedecer?

Já fomos mais inteligentes, já fomos mais obedientes. Já entendemos melhor que se não está na tv não é verdade, não existe.

Que o problema só é real se for veiculado.

Emburrecemos, de fato, sem o discurso de Carlos Nascimento e outros arautos da verdade patrocinada.

Gostamos de bobagem, falamos merda, fazemos piada com pum e cocô, curtimos mais a caixa do que o brinquedo que eles nos oferecem há tanto tempo.

Tá certíssmo o Carlos Nascimento. Mas vai ficar sozinho com toda a razão dele, meus queridos, porque o mundo mudou pra todo mundo. Até mesmo pra Luiza que está no Canadá ou na putaqueapariu.




Direto na têmpora: Dance with me - Etta James

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Forgotten foolery

Tem uma música da Ida Maria sobre a qual eu já falei antes e que acho maravilhosa chamada "When it comes to you". Gosto demais mesmo e a letra tem dois trechos que me impressionam muito por bater com o que eu sinto. Saca só.


I can't wait for the day
When all the bad things I deserve
Come crashing in and all I do is love you

(...)
Then, when everything's changed
When all's forgotten foolery 
And you are mine entirely and


Stars could guide our way
No matter how far away
Deep down or gone astray
God knows I'm lost
and all I do is love you


Se bobear, eu até já falei disso também, mas é o que eu penso. O ideal era que chegasse logo o dia em que a gente pagasse por todas as merdas que fez, que o passado ficasse pra trás, que as brigas, que as picuinhas, que as bobagens e tudo mais se tornassem "tolices esquecidas" e a gente pudesse se perder.

Que nada adiante importasse e os caminhos não trouxessem o medo do  já vivido, mas só o começo do que houvesse para se viver. Que mesmo as memórias boas e maravilhosas ficassem inúteis diante do que está pela frente. Do que a gente quer, do que a gente sonha, do que a gente precisa.

Que amar fosse o início do início, o zero absoluto, a surpresa do simples. O primeiro passo de toda você que ainda tenho pra amar, Fernanda.




Direto na têmpora: Canvas - Imogen Heap

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Occupy e SOPA

Dois movimentos ganharam muito espaço na internet recentemente. Um deles, na verdade, ainda está por acontecer verdadeiramente.

O Occupy Wall Street foi um movimento que buscou questionar, protestar e tentar transformar o capitalismo através de uma ação de presença física em seu símbolo máximo que é Wall Street. O movimento ganhou outras cidades, invadiu a internet, mas, até onde eu sei, não obteve resultados concretos.

Sendo honesto, é um movimento de pressão que revela insatisfações, levanta questionamentos, mas acredito que só pode trazer mudanças práticas com a chegada de novos empresários e políticos com novas visões. Cabe ao povo votar, pressionar e aguardas. Fora isso, não há muito o que fazer.

Independentemente de concordar ou não com o movimento, ele é um tanto inocente em suas pretensões.

Ao contrário do Occupy, onde a insatisfação das pessoas comuns era a base, com a SOPA a batalha na verdade se dá entre algumas grandes empresas (Google, Facebook) e outras ainda maiores (Time Warner, CBS).

Outra diferença é que no caso da SOPA os boicotes podem ser eficientes, embora eu ache difícil imaginar que o Google irá parar de funcionar por causa da lei ou que as pessoas deixarão de ver filmes da Warner para protestar.

A propósito, eu sou contra a SOPA pelo poder que ela confere ao governo americano de proibir sites que sejam ideologicamente conflitantes com seus interesses sobre as mais diversas alegações. No entanto, para mim esta é outra batalha perdida. A vantagem é que pelo próprio espaço da guerra ser virtual, existe espaço para burlar a vigilância com soluções tecnológicas e outras artimanhas.

Se a SOPA vingar, como eu imagino que irá vingar, os direitos autorais terão vencido uma batalha contra a "liberdade" da internet, mas a guerrilha está só começando.




Direto na têmpora: Videogames - Lana Del Rey

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Papel e tinta






Direto na têmpora: Put me to sleep - Porcelain Raft

terça-feira, janeiro 10, 2012

Gêmeos

Hoje no almoço Sophia viu o Messi na tv e gritou:

- Olha, papai, o Ringo!

Pior que parece. Deve ser o nariz.
















Direto na têmpora: Wake up - Tim Armstrong

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Trilhando

Estende a mão

Alcança o fogo

E se deixa queimar

Que a dor purifica

Que a perda ilumina

Que todo caminho perdido

Foi feito para não se trilhar




Direto na têmpora: Say Aha - Santigold

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Oi, obrigado, por favor, tchau

Minha Sophia começou com timidezas ao encontrar pessoas novas. Normal, mas foi aí que eu expliquei a ela o seguinte: "você não precisa ser simpática, você não precisa conversar, você não precisa fazer gracinhas, mas educada você precisa ser."

A partir daí Sophia sempre diz oi, tchau, obrigado e por favor. É o mínimo que se espera de alguém preparado para respeitar e merecer o respeito dos outros.

Ah, mas Sophia tem só 6 anos e essas coisas não são tão importantes assim nessa idade, né? Mas são. Educação é coisa que se aprende de pequeno e que se leva para sempre.

Por isso eu não consigo respeitar quem entra em uma sala e não dá bom dia, quem interrompe uma conversa e não pede licença ou desculpas. Eu simplesmente tenho vergonha de pessoas que convivem com você, mas não acham importante dizer "olá", "tudo bom" ou qualquer coisa assim.

Pra mim é o tipo de gente que olha tanto para o próprio umbigo que sequer percebe que são seres humanos aqueles que estão à sua volta. E se a falta de educação é hierarquizada, pior. Sabe aqueles que cumprimentam o chefe e não olham na cara do vizinho de sala? Pois é.

O que essas pessoas não percebem é que agir assim é como tatuar "babaca" na própria testa.

O gesto de ignorar os outros vira parte de quem a pessoa é: "o cara é muito competente, mas notem, é um babaca" ou "a menina é talentosa demais, mas nunca vi tão babaca". Se você convive com gente assim, seja no clube, no prédio, no trabalho ou na família, afaste-se.

Como eu sempre digo, um babaca por perto é tudo o que o seu dia precisa para ser uma merda.




Direto na têmpora: Hey - The Vines

terça-feira, janeiro 03, 2012

Os jovens velhos

Eu invejo os da geração de hoje por serem nativos digitais. Acho que eles têm uma oportunidade de ouro para transformar os meios digitais enquanto consumidores e atores na circulação das mensagens.

Por isso talvez eu me assuste tanto quand me deparo com jovens velhos, gente de 20 anos ou menos que quer ditar regras para tudo. Perfil de twitter de carro só pode falar sobre carro, Facebook de shopping só pode falar sobre compras e promoções, blog de agência de publicidade tem que ser um portifólio online.

Esse raciocínio tolo deve significar que se você está namorando só pode falar de amor com ela. Se está na pelada com os amigos, não pode falar de política, só de futebol.

Quanto mais eu trabalho em comunicação, mais eu acredito que as relações das pessoas com as marcas se dão além dos produtos e serviços em si (e graças a Deus a agência em que eu trabalho pensa assim também). Infelizmente algumas pessoas pensam como se pensava há 50 anos e jogam fora a oportunidade de inovar, de viver seu tempo com o que ele tem de bom.

Pobres coitados. Tão jovens e já tão velhos.




Direto na têmpora: Eyelids - Fridge

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Resolução única

Minha única resolução para 2012 é não comprar mais livros. claro que se eu ganhar algum não irei recusar, mas comprar está fora de cogitação.

E se você me pergunta o motivo, seguem fotos da minha fila de livros para ler, sendo que ainda tenho um por receber.











Direto na têmpora: In the ground - Horse Brothers