Na verdade não vai ter passaporte. Na verdade mesmo, nem deve ter viagem. De qualquer forma, chegaram as férias do redatozim e o tio Maurilo vai aproveitar algumas semanas de ócio e freelas.
Isso significa que o Pastelzinho deve ficar às moscas até o dia 22 de agosto, apenas com posts ocasionais.
Então é isso. Um abraço pra quem fica e muito juízo nessas cabecinhas ocas.
Esse filmizinho lindo é de presente procês, viu?
Direto na têmpora: All my friends - LCD Soundsystem
quarta-feira, julho 28, 2010
terça-feira, julho 27, 2010
Papai Noel e Sophia
Esse foi o casinho que rolou outro dia com a Sophia.
- Papai Noel existe?
- Eu acho que existe, filha, mas o que é que você acha?
- Acho que não.
- É? Você acha que Papai Noel não existe de verdade?
- Acho que não. É só imaginação.
- Mas não ia ser bom se ele existisse de verdade?
E ela, sorrindo como se acabasse de salvar o próprio sonho.
Ia sim!
Direto na têmpora: Sorry somehow - Hüsker Dü
- Papai Noel existe?
- Eu acho que existe, filha, mas o que é que você acha?
- Acho que não.
- É? Você acha que Papai Noel não existe de verdade?
- Acho que não. É só imaginação.
- Mas não ia ser bom se ele existisse de verdade?
E ela, sorrindo como se acabasse de salvar o próprio sonho.
Ia sim!
Direto na têmpora: Sorry somehow - Hüsker Dü
segunda-feira, julho 26, 2010
Os belos que me perdoem
Para você que é feio como eu, olha aí que puta oportunidade (dica do Ivan Pawlow).
Direto na têmpora: Half Full Glass Of Wine - Tame Impala
Direto na têmpora: Half Full Glass Of Wine - Tame Impala
Tudo menos Tiradentes
Esse quem me contou foi a amiga Dri Fonseca, mãe da Juju Bernardi. Diz que estavam em um carro uns meninos de 5 ou 6 anos e outros mais velhos quando começou a avacalhação.
Os mais velhos diziam "papai noel não existe" e os mais novos resistiam dizendo que sim. No meio daquela zona os mais novos começa a encher a cabeça da mãe motorista e ela explode:
- Quer saber? Então eu vou falar a verdade! Papai Noel não existe. É tudo fantasia e pronto!
- E coelhinho da Páscoa?
- Também não existe, é tudo mentira!
Nesse momento um dos mais novinhos pergunta emocionado à mãe, como alguém prestes a perder toda a ilusão.
- Peraí, mãe... não vai me dizer... Tiradentes também é de mentira!?
Direto na têmpora: She runs - Tim Halperin
Os mais velhos diziam "papai noel não existe" e os mais novos resistiam dizendo que sim. No meio daquela zona os mais novos começa a encher a cabeça da mãe motorista e ela explode:
- Quer saber? Então eu vou falar a verdade! Papai Noel não existe. É tudo fantasia e pronto!
- E coelhinho da Páscoa?
- Também não existe, é tudo mentira!
Nesse momento um dos mais novinhos pergunta emocionado à mãe, como alguém prestes a perder toda a ilusão.
- Peraí, mãe... não vai me dizer... Tiradentes também é de mentira!?
Direto na têmpora: She runs - Tim Halperin
sexta-feira, julho 23, 2010
Eu aprendo com o tio Bill e seus leitores
Digo mais uma vez: eu sou fã do Bill Simmons. Além de ser fã dos Celtics, Bill comenta sobre esportes e assuntos mais mundanos com muito humor e alguma sabedoria. No entanto, em seu último mailbag o que eu mais gostei foi da carta de Andrew Gordon (Washington, DC).
Vou colocar o trecho original e tentar explicar depois.
"Dr. Drew has a theory about the impact of reality TV, and that it has created a generation of people who want to be famous, but don't want to put in the work to develop the skills or talent to be famous. Why study or practice or go to acting school or music school, etc., when you can just get on a reality TV show and be famous instantly? Isn't that theory exactly what we have in LeBron? He wants to be the greatest of all time, he wants to be a global icon, he wants to be the King, yet he has shown no evidence that he wants to put in the work to really achieve those things. Instead of spending this offseason working on developing a low post game, or a midrange offense, he spent his time developing his media machine. He knows the key to being an all-time great is winning titles, but he thinks there is a shortcut to getting there. Why improve your own game and find a way to make everyone around you better, when he can just piggyback on Dwyane Wade to get there."
Em resumo, o que Andrew diz é que com a cultura dos reality shows, as pessoas passaram a achar que existe algo como fama instantânea. Para que estudar teatro, se esforçar em produzir algo culturalmente relevante ou melhorar suas aptidões se basta aparecer em um reality show para obter a fama? Não é melhor investir em marketing pessoal e em contatos?
A partir daí, Andrew traça um paralelo sobre como LeBron James escolheu o caminho fácil ao se juntar a Dwayne Wade ao invés de melhorar suas deficiências, mas eu não vou encher o saco de vocês com isso.
O que eu vou dizer é que vejo isso muito mesmo. A vontade de ser ídolo rápido é reforçada pelos jogadores de futebol que fazem duas grandes partidas com 16 anos e fecham contratos milionários na Europa.
Hoje, aquela cultura de que o trabalho leva ao sucesso dançou. Não cabe na cabeça dos caras que às vezes é preciso ralar uma vida inteira para obter reconhecimento. O título de "gênio" deve ser entregue imediatamente, mesmo que a pessoa só se encaixe nessa categoria em sua própria percepção.
Ser visto passou a ser mais importante do que ser respeitado. Ser idolatrado por 5 minutos bate de longe a vontade de ser referência de uma geração.
Cada vez mais eu vejo gente achando que trabalhar dá muito trabalho e adotando a postura do just gimme the prize. Não é coisa de gente jovem. É coisa de gente idiota de qualquer idade.
E eu, como um velho resmungão, só posso dizer que não acho que vá melhorar.
Direto na têmpora: Empty room - Arcade Fire
Vou colocar o trecho original e tentar explicar depois.
"Dr. Drew has a theory about the impact of reality TV, and that it has created a generation of people who want to be famous, but don't want to put in the work to develop the skills or talent to be famous. Why study or practice or go to acting school or music school, etc., when you can just get on a reality TV show and be famous instantly? Isn't that theory exactly what we have in LeBron? He wants to be the greatest of all time, he wants to be a global icon, he wants to be the King, yet he has shown no evidence that he wants to put in the work to really achieve those things. Instead of spending this offseason working on developing a low post game, or a midrange offense, he spent his time developing his media machine. He knows the key to being an all-time great is winning titles, but he thinks there is a shortcut to getting there. Why improve your own game and find a way to make everyone around you better, when he can just piggyback on Dwyane Wade to get there."
Em resumo, o que Andrew diz é que com a cultura dos reality shows, as pessoas passaram a achar que existe algo como fama instantânea. Para que estudar teatro, se esforçar em produzir algo culturalmente relevante ou melhorar suas aptidões se basta aparecer em um reality show para obter a fama? Não é melhor investir em marketing pessoal e em contatos?
A partir daí, Andrew traça um paralelo sobre como LeBron James escolheu o caminho fácil ao se juntar a Dwayne Wade ao invés de melhorar suas deficiências, mas eu não vou encher o saco de vocês com isso.
O que eu vou dizer é que vejo isso muito mesmo. A vontade de ser ídolo rápido é reforçada pelos jogadores de futebol que fazem duas grandes partidas com 16 anos e fecham contratos milionários na Europa.
Hoje, aquela cultura de que o trabalho leva ao sucesso dançou. Não cabe na cabeça dos caras que às vezes é preciso ralar uma vida inteira para obter reconhecimento. O título de "gênio" deve ser entregue imediatamente, mesmo que a pessoa só se encaixe nessa categoria em sua própria percepção.
Ser visto passou a ser mais importante do que ser respeitado. Ser idolatrado por 5 minutos bate de longe a vontade de ser referência de uma geração.
Cada vez mais eu vejo gente achando que trabalhar dá muito trabalho e adotando a postura do just gimme the prize. Não é coisa de gente jovem. É coisa de gente idiota de qualquer idade.
E eu, como um velho resmungão, só posso dizer que não acho que vá melhorar.
Direto na têmpora: Empty room - Arcade Fire
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quinta-feira, julho 22, 2010
Bebê sabonete
Da barriga da mãe saiu deslizando
Um bebê incrivelmente escorregadio
E o médico, mesmo com luvas usando,
Não o conseguiu segurar por um fio
A enfermeira tentou aparar o corpinho
Mas a criança era lisa como uma enguia
No piso do quarto ela deu um peixinho
E quicou veloz como não se previa
Com o impulso o neném voou pela janela
E deixou sua mãe chorando um mês
É que no fundo a culpa era toda dela
Que comeu sabonete por toda a gravidez
Direto na têmpora: Brand new love - Sebadoh
Um bebê incrivelmente escorregadio
E o médico, mesmo com luvas usando,
Não o conseguiu segurar por um fio
A enfermeira tentou aparar o corpinho
Mas a criança era lisa como uma enguia
No piso do quarto ela deu um peixinho
E quicou veloz como não se previa
Com o impulso o neném voou pela janela
E deixou sua mãe chorando um mês
É que no fundo a culpa era toda dela
Que comeu sabonete por toda a gravidez
Direto na têmpora: Brand new love - Sebadoh
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Tempo livre
O tempo livre é uma das coisas de maior potencial da vida. É ocupando bem o tempo livre que você faz o que não é obrigação, mas prazer e explora outras áreas do seu cérebro e dos seus interesses.
Mas não estou falando daquele tempo livre que você força se espremendo entre dois trabalhos para escrever no blog (ops). Não, eu falo daquele tempo livre que surge lindo e livre na sua frente e que você pode usar para escrever um texto longo sobre algo que ame, ouvir música, passear no parque ou qualquer coisa assim.
Eu me orgulho muito, por exemplo, de quando tinha meus 13 ou 14 anos e ficava sentado assistindo às aulas de matérias nas quais já tinha passado, só descascando giz em uma folha de papel por horas e horas.
Tudo isso para, no último horário, colocar cuidadosamente o pó sobre as pás do ventilador de teto, reclamar do calor com o professor e ver a sala inteira ficar coberta de uma neblina esbranquiçada.
Isso sim, era um bom uso do tempo livre.
Direto na têmpora: I stand corrected - Vampire Weekend
Mas não estou falando daquele tempo livre que você força se espremendo entre dois trabalhos para escrever no blog (ops). Não, eu falo daquele tempo livre que surge lindo e livre na sua frente e que você pode usar para escrever um texto longo sobre algo que ame, ouvir música, passear no parque ou qualquer coisa assim.
Eu me orgulho muito, por exemplo, de quando tinha meus 13 ou 14 anos e ficava sentado assistindo às aulas de matérias nas quais já tinha passado, só descascando giz em uma folha de papel por horas e horas.
Tudo isso para, no último horário, colocar cuidadosamente o pó sobre as pás do ventilador de teto, reclamar do calor com o professor e ver a sala inteira ficar coberta de uma neblina esbranquiçada.
Isso sim, era um bom uso do tempo livre.
Direto na têmpora: I stand corrected - Vampire Weekend
quarta-feira, julho 21, 2010
Samir, o gato pequenininho
Quando o papai chegou perto, seus gatinhos tinham acabado de nascer e já estavam mamando.
Uma fêmea pretinha, um machinho de cara branca e um casalzinho rajado.
- Quatro filhotinhos, meu bem. Parabéns!
Ainda cansada, a mamãe respondeu com um sorriso:
- Quatro, não. Cinco.
E empurrou com a patinha um filhotinho muito menor que os outros, menor até que um camundongo.
O pai, que nunca tinha visto um gato desse tamaninho, olhou meio ressabiado, cheirou e depois lambeu o filhotinho com o sorriso.
- Samir. É assim que vai se chamar o nosso pequenininho.
Samir foi crescendo, mas não importava quanto leite tomasse ou quanto peixe comesse, ele sempre era menor do que os outros gatinhos da sua idade.
Brincar era uma dificuldade. Se rolavam novelos, Samir era atropelado pela bola de lã. Se corriam atrás de algum brinquedo, Samir era pisoteado pelos irmãozinhos. Nem afiar as garras na cortina o Samir conseguia.
Acabou que o Samir foi ficando de lado, quietinho, sem brincar com ninguém. Até que um dia apareceu um ratinho e ficou olhando para aquele bicho do seu tamanho, mas muito diferente dele.
- Ei, rabo peludo, que bicho é você?
- Sou um gato, oras!
- Uma gato? Mas gatos são enormes e ferozes... minha mãe vive dizendo isso.
- Ah, é? Pois eu não sou grande, mas sou feroz sim, viu?
E deu um pulo para pegar o ratinho. Só que como não estava bem treinado como seus irmãos, Samir tropeçou e acabou levando um grande tombo.
O ratinho riu baixinho e disse:
- Olha, rabo peludo, eu não sei que bicho você é, mas gostei de você. Quer brincar com a gente?
Samir ficou pensando, olhou pra trás e viu os outros gatos grandes brincando sem nem se dar falta dele.
- Vamos, sim. Eu adoraria!
Daquele dia em diante, Samir virou o melhor amigo de Tito, o ratinho, e seus vinte irmãos. Brincavam de esconde-esconde dentro das paredes, corriam, se divertiam e todos ficavam muito impressionados com os saltos que Samir conseguia dar.
O tempo foi passando e Samir e Tito começaram a entender que eram gato e rato.
A família de Tito sempre vivia morrendo de medo de sair de casa por causa dos irmãos e dos pais de Samir. E cada vez que um dos outros gatos trazia algum bichinho na boca, Samir quase morria de susto imaginando que pudesse ser Tito ou algum de seus familiares.
Ainda se encontravam e brincavam em segredo, mas não dava mais pra continuar daquele jeito. Combinaram de reunir suas famílias no jardim e contar tudo.
Samir disse aos pais que queria dizer algo muito importante para eles bem debaixo da goiabeira. E o Tito disse a mesma coisa para seus parentes.
Quando os dois grupos chegaram no lugar marcado foi aquela confusão. Gatos arrepiados e fazendo sons ameaçadores, ratos correndo e se escondendo por todos os cantos.
Samir então começou a pular na buzina da bicicleta que estava largada no chão e começou a gritar.
- Parem! Parem todos vocês! Eu e o Tito queremos dizer uma coisa importante, poxa!
Gatos e ratos pararam, olharam para aquele gatinho pequenininho pulando na buzina e, muito desconfiados, foram se aproximando.
Samir então explicou que adorava ser gato, mas que por causa do seu tamanho, tinha aprendido a amar os ratos. Era com eles que ele brincava e se eles tentassem se conhecer um pouco mais, iam perceber que era só no tamamnho que eles eram tão diferentes assim.
É claro que demorou um tempo para as coisas se acertarem. De vez em quando algum gato se esquecia e nhac... abocanhava um rato. Mas depois se lembrava soltava o bichinho todo babado e pedia desculpas.
Alguns ratos também ainda tomavam sustos enormes quando davam de cara com aquelas patas gigantes de unhas afiadas.
Mas conversando eles foram se entendendo e começaram até a se ajudar. Os gatos contavam onde ficava escondido o queijo mais fresco e levavam pedacinhos para os ratos.
Os ratos iam de mansinho e avisavam se o cachorro do vizinho já estava dormindo para os gatos poderem cantar no muro.
E assim, foram tão felizes, mas tão felizes que ali a velha frase mudou de "brigando feito gato e rato" para "brincando feito gato e rato".
Essa história eu inventei só pro seu aplauso eu receber.
Se gostou, muito obrigado. Se não gostou, o chato é você.
Direto na têmpora: If I only had a brain - The Flaming Lips
Uma fêmea pretinha, um machinho de cara branca e um casalzinho rajado.
- Quatro filhotinhos, meu bem. Parabéns!
Ainda cansada, a mamãe respondeu com um sorriso:
- Quatro, não. Cinco.
E empurrou com a patinha um filhotinho muito menor que os outros, menor até que um camundongo.
O pai, que nunca tinha visto um gato desse tamaninho, olhou meio ressabiado, cheirou e depois lambeu o filhotinho com o sorriso.
- Samir. É assim que vai se chamar o nosso pequenininho.
Samir foi crescendo, mas não importava quanto leite tomasse ou quanto peixe comesse, ele sempre era menor do que os outros gatinhos da sua idade.
Brincar era uma dificuldade. Se rolavam novelos, Samir era atropelado pela bola de lã. Se corriam atrás de algum brinquedo, Samir era pisoteado pelos irmãozinhos. Nem afiar as garras na cortina o Samir conseguia.
Acabou que o Samir foi ficando de lado, quietinho, sem brincar com ninguém. Até que um dia apareceu um ratinho e ficou olhando para aquele bicho do seu tamanho, mas muito diferente dele.
- Ei, rabo peludo, que bicho é você?
- Sou um gato, oras!
- Uma gato? Mas gatos são enormes e ferozes... minha mãe vive dizendo isso.
- Ah, é? Pois eu não sou grande, mas sou feroz sim, viu?
E deu um pulo para pegar o ratinho. Só que como não estava bem treinado como seus irmãos, Samir tropeçou e acabou levando um grande tombo.
O ratinho riu baixinho e disse:
- Olha, rabo peludo, eu não sei que bicho você é, mas gostei de você. Quer brincar com a gente?
Samir ficou pensando, olhou pra trás e viu os outros gatos grandes brincando sem nem se dar falta dele.
- Vamos, sim. Eu adoraria!
Daquele dia em diante, Samir virou o melhor amigo de Tito, o ratinho, e seus vinte irmãos. Brincavam de esconde-esconde dentro das paredes, corriam, se divertiam e todos ficavam muito impressionados com os saltos que Samir conseguia dar.
O tempo foi passando e Samir e Tito começaram a entender que eram gato e rato.
A família de Tito sempre vivia morrendo de medo de sair de casa por causa dos irmãos e dos pais de Samir. E cada vez que um dos outros gatos trazia algum bichinho na boca, Samir quase morria de susto imaginando que pudesse ser Tito ou algum de seus familiares.
Ainda se encontravam e brincavam em segredo, mas não dava mais pra continuar daquele jeito. Combinaram de reunir suas famílias no jardim e contar tudo.
Samir disse aos pais que queria dizer algo muito importante para eles bem debaixo da goiabeira. E o Tito disse a mesma coisa para seus parentes.
Quando os dois grupos chegaram no lugar marcado foi aquela confusão. Gatos arrepiados e fazendo sons ameaçadores, ratos correndo e se escondendo por todos os cantos.
Samir então começou a pular na buzina da bicicleta que estava largada no chão e começou a gritar.
- Parem! Parem todos vocês! Eu e o Tito queremos dizer uma coisa importante, poxa!
Gatos e ratos pararam, olharam para aquele gatinho pequenininho pulando na buzina e, muito desconfiados, foram se aproximando.
Samir então explicou que adorava ser gato, mas que por causa do seu tamanho, tinha aprendido a amar os ratos. Era com eles que ele brincava e se eles tentassem se conhecer um pouco mais, iam perceber que era só no tamamnho que eles eram tão diferentes assim.
É claro que demorou um tempo para as coisas se acertarem. De vez em quando algum gato se esquecia e nhac... abocanhava um rato. Mas depois se lembrava soltava o bichinho todo babado e pedia desculpas.
Alguns ratos também ainda tomavam sustos enormes quando davam de cara com aquelas patas gigantes de unhas afiadas.
Mas conversando eles foram se entendendo e começaram até a se ajudar. Os gatos contavam onde ficava escondido o queijo mais fresco e levavam pedacinhos para os ratos.
Os ratos iam de mansinho e avisavam se o cachorro do vizinho já estava dormindo para os gatos poderem cantar no muro.
E assim, foram tão felizes, mas tão felizes que ali a velha frase mudou de "brigando feito gato e rato" para "brincando feito gato e rato".
Essa história eu inventei só pro seu aplauso eu receber.
Se gostou, muito obrigado. Se não gostou, o chato é você.
Direto na têmpora: If I only had a brain - The Flaming Lips
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terça-feira, julho 20, 2010
Confiança
Existem vários graus de confiança.
A confiança cega, por exemplo, é aquela que você tem na data de validade da caixa do remédio que você vai dar para o seu filho. Não tem como ter 100% de certeza e você não tem muito o que fazer a respeito além de acreditar que tá tudo certo e mandar ver. Até porque você não tem motivos pra desconfiar da informação e, se pensar demais no assunto, fodeu.
Um nível de confiança diferente é aquele que vem quando da resposta à questão "esse salgado é novo"? O cara sempre vai dizer sim, você torce pra ser verdade, mas depois da primeira mordida não faz muita diferença. De qualquer forma, sempre há espaço para a surpresa de uma resposta do quilate de "isso está aí desde a visita do Papa", portanto, não custa perguntar.
E tem ainda a confiança retórica. Na verdade, são perguntas que só admitem um tipo de resposta nas quais você confia mesmo sabendo que elas não representam necessariamente a verdade. Exemplos:
- E aí, __________ (insira aqui a sua celebridade internacional), gostou do Brasil?
- Então o senhor admite que há corrupção no seu governo?
- A comida aqui é boa mesmo?
- Você vai gozar fora, né?
Direto na têmpora: Love lost - The Temper Trap
A confiança cega, por exemplo, é aquela que você tem na data de validade da caixa do remédio que você vai dar para o seu filho. Não tem como ter 100% de certeza e você não tem muito o que fazer a respeito além de acreditar que tá tudo certo e mandar ver. Até porque você não tem motivos pra desconfiar da informação e, se pensar demais no assunto, fodeu.
Um nível de confiança diferente é aquele que vem quando da resposta à questão "esse salgado é novo"? O cara sempre vai dizer sim, você torce pra ser verdade, mas depois da primeira mordida não faz muita diferença. De qualquer forma, sempre há espaço para a surpresa de uma resposta do quilate de "isso está aí desde a visita do Papa", portanto, não custa perguntar.
E tem ainda a confiança retórica. Na verdade, são perguntas que só admitem um tipo de resposta nas quais você confia mesmo sabendo que elas não representam necessariamente a verdade. Exemplos:
- E aí, __________ (insira aqui a sua celebridade internacional), gostou do Brasil?
- Então o senhor admite que há corrupção no seu governo?
- A comida aqui é boa mesmo?
- Você vai gozar fora, né?
Direto na têmpora: Love lost - The Temper Trap
segunda-feira, julho 19, 2010
Bodas de rubi
Ok, bodas de rubi é um nomezinho muito brega. Para quem não sabe, a alcunha refere-se à celebração de 40 anos de casamento.
Ontem meus pais comemoraram bodas de rubi e se eu tive uma certeza ao longo da minha vida foi a de que meu pai sempre estaria ao lado da minha mãe e minha mãe ao lado do meu pai.
Quando digo "estar ao lado" não digo simplesmente estar casado ou vivendo na mesma casa. Meu pai e minha mãe sempre conseguiram me passar a sensação de que eu poderia contar com os dois em qualquer situação.
Difícil ver um casal tão diferente e tão apaixonado, tão pronto para dividir sonhos, sacrifícios e encarar mudanças.
Estiveram presentes em minha vida sem serem invasivos. Deram apoio total sem tirarem minha iniciativa ou responsabilidade sobre as ações. Deixaram clara a sua visão de mundo, mas nunca a impuseram a mim.
São duas pessoas completamente diferentes, mas indissoluvelmente unidas por algo maior. São meus pais, que durante tanto tempo estiveram longe e que hoje estão fisicamente presentes novamente na vida da minha filha, minha e da Fernanda.
Parabéns pelos 40 anos de casamento de Nilo e Wanda, que só quiseram ser felizes e acabaram por puro amor se transformando em exemplo.
Amo vocês.
Direto na têmpora: Crushcrushcrush - Paramore
Ontem meus pais comemoraram bodas de rubi e se eu tive uma certeza ao longo da minha vida foi a de que meu pai sempre estaria ao lado da minha mãe e minha mãe ao lado do meu pai.
Quando digo "estar ao lado" não digo simplesmente estar casado ou vivendo na mesma casa. Meu pai e minha mãe sempre conseguiram me passar a sensação de que eu poderia contar com os dois em qualquer situação.
Difícil ver um casal tão diferente e tão apaixonado, tão pronto para dividir sonhos, sacrifícios e encarar mudanças.
Estiveram presentes em minha vida sem serem invasivos. Deram apoio total sem tirarem minha iniciativa ou responsabilidade sobre as ações. Deixaram clara a sua visão de mundo, mas nunca a impuseram a mim.
São duas pessoas completamente diferentes, mas indissoluvelmente unidas por algo maior. São meus pais, que durante tanto tempo estiveram longe e que hoje estão fisicamente presentes novamente na vida da minha filha, minha e da Fernanda.
Parabéns pelos 40 anos de casamento de Nilo e Wanda, que só quiseram ser felizes e acabaram por puro amor se transformando em exemplo.
Amo vocês.
Direto na têmpora: Crushcrushcrush - Paramore
Filminho
Tô postando muito sobre a Sophia, mas essa não dá pra deixar passar. Estávamos fazendo compras no Super Nosso quando, de repente, um pique de luz nos deixa 2 ou 3 segundos no escuro.
Ao invés de tomar susto, a cinéfila Sophia emenda toda felizona:
- Ó! Vai ter filminho aqui hoje?
Direto na têmpora: True love ways - Buddy Holly
Ao invés de tomar susto, a cinéfila Sophia emenda toda felizona:
- Ó! Vai ter filminho aqui hoje?
Direto na têmpora: True love ways - Buddy Holly
sábado, julho 17, 2010
Zumbiar
Zumbiar eh sentir-se solto, num desamparo sem fim.
Zumbiar eh perder-se um pouco, fugindo pra longe de mim.
Zumbiar eh ganhar o espaco tirando o impulso de si.
Zumbiar eh voar sem asas, eh se flutuar colibri.
Zumbiar eh cobrir distancia, partir sem saber voltar.
Zumbiar eh montar no vento, eh aprender a viver sem ar.
Zumbiar eh algum verbo novo, sentido que eu nao sabia.
Zumbiar eh a causa do zelo, eh o que me ensinou Sophia.
Direto na tempora: Let the cool goddess rust away - Clap Your Hands Say Yeah
Zumbiar eh perder-se um pouco, fugindo pra longe de mim.
Zumbiar eh ganhar o espaco tirando o impulso de si.
Zumbiar eh voar sem asas, eh se flutuar colibri.
Zumbiar eh cobrir distancia, partir sem saber voltar.
Zumbiar eh montar no vento, eh aprender a viver sem ar.
Zumbiar eh algum verbo novo, sentido que eu nao sabia.
Zumbiar eh a causa do zelo, eh o que me ensinou Sophia.
Direto na tempora: Let the cool goddess rust away - Clap Your Hands Say Yeah
sexta-feira, julho 16, 2010
Vocabulário
- Papai, não solta o balão senão ela vai zumbiá!
- Zumbiar? O que é isso, Sophia?
- Zumbiá, uai.
- Ah, bom.
Direto na têmpora: Stripper - The SoHo Dolls
- Zumbiar? O que é isso, Sophia?
- Zumbiá, uai.
- Ah, bom.
Direto na têmpora: Stripper - The SoHo Dolls
quinta-feira, julho 15, 2010
Sorrindo
Quando eu rio meus olhos se fecham muito. Automaticamente.
É involuntário (e inexplicável) esse riso algo nipônico que se equilibra de forma estranha: quanto mais aberta a gargalhada, mais cerradas as pálpebras.
Talvez seja risada de quem não quer enxergar mais nada além da alegria.
Talvez o que eu queira mesmo seja viver sem ter vistas para o que há de ruim.
Talvez eu seja feito pra ser assim, cego de tanto rir.
Direto na têmpora: Hyper enough - Superchunk
É involuntário (e inexplicável) esse riso algo nipônico que se equilibra de forma estranha: quanto mais aberta a gargalhada, mais cerradas as pálpebras.
Talvez seja risada de quem não quer enxergar mais nada além da alegria.
Talvez o que eu queira mesmo seja viver sem ter vistas para o que há de ruim.
Talvez eu seja feito pra ser assim, cego de tanto rir.
Direto na têmpora: Hyper enough - Superchunk
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Duas ou três coisinhas
Dois ou três conselhos que não tivesse ouvido, duas ou três mentiras em que tivesse acreditado, dois ou três "sim", dois ou três fins, dois ou três dias.
Dois ou três beijos roubados, duas ou três respostas erradas, duas ou três lições, dois ou três senões, dois ou três "não".
Duas ou três balas perdidas, duas ou três vontades não vividas, dois ou três dólares, dois ou três centímentros, dois ou três sorrisos.
Dois ou três encontros marcados, dois ou três telefones perdidos, dois ou três arquivos mortos, dois ou três líderes depostos, dois ou três sonhos.
Dois ou três disso, dois ou três daquilo.
Dois ou três, nada mais.
E basta.
Direto na têmpora: My Party - Kings of Leon
Dois ou três beijos roubados, duas ou três respostas erradas, duas ou três lições, dois ou três senões, dois ou três "não".
Duas ou três balas perdidas, duas ou três vontades não vividas, dois ou três dólares, dois ou três centímentros, dois ou três sorrisos.
Dois ou três encontros marcados, dois ou três telefones perdidos, dois ou três arquivos mortos, dois ou três líderes depostos, dois ou três sonhos.
Dois ou três disso, dois ou três daquilo.
Dois ou três, nada mais.
E basta.
Direto na têmpora: My Party - Kings of Leon
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quarta-feira, julho 14, 2010
Humor
Poucas coisas são mais discutíveis do que o humor. Há os que amam Monty Python, há os que adoram Zorra Total, há os que endeusam Charles Chaplin e há os que acham que humor mesmo é a Veja dizer que é isenta.
Não existe uma fórmula para humor, não existe limite claro entre o engraçado e o ofensivo, não existe como dizer "goste disso". O humor muda com a cultura, com os gostos pessoais, com o tempo.
Ainda assim, tem certas coisas que eu gostaria muito de poder mostrar pra todo mundo e fazer eles entenderem a graça que eu acho. Se eu pudesse, eu ia baixar um decreto para que todo mundo achasse isso aqui tão engraçado como eu acho.
Blake Edwards e Peter Sellers, pra mim isso é humor.
Direto na têmpora: Sound the alarm - Thievery Corporation
Não existe uma fórmula para humor, não existe limite claro entre o engraçado e o ofensivo, não existe como dizer "goste disso". O humor muda com a cultura, com os gostos pessoais, com o tempo.
Ainda assim, tem certas coisas que eu gostaria muito de poder mostrar pra todo mundo e fazer eles entenderem a graça que eu acho. Se eu pudesse, eu ia baixar um decreto para que todo mundo achasse isso aqui tão engraçado como eu acho.
Blake Edwards e Peter Sellers, pra mim isso é humor.
Direto na têmpora: Sound the alarm - Thievery Corporation
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terça-feira, julho 13, 2010
Minha Sophia, Deus e os pichadores
Sophia anda encasquetada com Deus.
- Papai, o papai do céu fica em cima das nuvens ou ele voa?
- Papai, quando a gente vira estrelinha é que a gente encontra o papai do céu?
Mas mais do que isso ela anda encasquetada com o mundo urbano. Ao ver um muro pichado ela me soltou essa:
- Quem escreve desse jeito aí é menino que não tem sapato.
E eu, nos dois casos, não faço a menor ideia do que dizer.
Direto na têmpora: Pitter patter goes my heart - Broken Social Scene
- Papai, o papai do céu fica em cima das nuvens ou ele voa?
- Papai, quando a gente vira estrelinha é que a gente encontra o papai do céu?
Mas mais do que isso ela anda encasquetada com o mundo urbano. Ao ver um muro pichado ela me soltou essa:
- Quem escreve desse jeito aí é menino que não tem sapato.
E eu, nos dois casos, não faço a menor ideia do que dizer.
Direto na têmpora: Pitter patter goes my heart - Broken Social Scene
Parece continuação
Ontem falei da Blockbuster e hoje falo do Jornal do Brasil, que vai abandonar a versão impressa para existir apenas na internet.
O desafio da mudança é, como em quase tudo o que diz respeito à internet, como monetarizar. Ou seja, como manter uma estrutura profissional, como ser remunerado, como cobrar por informação relevante e mostrar-se, se não indispensável, pelo menos desejado.
E essa redescoberta das formas de ser pago pede evolução, pede ousadia, pede salto sem rede de segurança.
Toda essa transformação oferece riscos, mas é um risco mínimo perto da decisão pela imobilidade.
Direto na têmpora: The cave - Mumford & Sons
O desafio da mudança é, como em quase tudo o que diz respeito à internet, como monetarizar. Ou seja, como manter uma estrutura profissional, como ser remunerado, como cobrar por informação relevante e mostrar-se, se não indispensável, pelo menos desejado.
E essa redescoberta das formas de ser pago pede evolução, pede ousadia, pede salto sem rede de segurança.
Toda essa transformação oferece riscos, mas é um risco mínimo perto da decisão pela imobilidade.
Direto na têmpora: The cave - Mumford & Sons
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segunda-feira, julho 12, 2010
As coisas mudam, queridão
Dizem que a Blockbuster vai acabar.
Bom, não é exatamente uma surpresa. O negócio da Blockbuster se baseia no fornecimento de um serviço que vai se tornando mais irrelevante a cada segundo. Afinal, não é de hoje que podemos baixar filmes em casa e assistir com qualidade cada vez maior.
Para mim, um dos maiores pecados do mundo de hoje é a arrogância de se imaginar indispensável, insubstituível, insuperável, indestrutível. Não estou dizendo que essa tenha sido a postura da Blockbuster, mas não é raro empresas que se baseiam em tamanho serem massacradas por outras menores que acreditam na constante reinvenção e na capacidade de adaptação.
Se existe uma certeza nessa vida é que impérios caem e o mundo segue em frente. A história não é complacente com os grandes e cada vez mais empresas insistem em não compreender isso.
E enquanto a vontade de evoluir não se tornar uma atividade diária, uma obrigação profissional, veremos acumulados ao lado da estrada montes enferrujados de logomarcas que apostaram na não-mudança.
Direto na têmpora: Staring At The Rude Boys - The Ruts
Bom, não é exatamente uma surpresa. O negócio da Blockbuster se baseia no fornecimento de um serviço que vai se tornando mais irrelevante a cada segundo. Afinal, não é de hoje que podemos baixar filmes em casa e assistir com qualidade cada vez maior.
Para mim, um dos maiores pecados do mundo de hoje é a arrogância de se imaginar indispensável, insubstituível, insuperável, indestrutível. Não estou dizendo que essa tenha sido a postura da Blockbuster, mas não é raro empresas que se baseiam em tamanho serem massacradas por outras menores que acreditam na constante reinvenção e na capacidade de adaptação.
Se existe uma certeza nessa vida é que impérios caem e o mundo segue em frente. A história não é complacente com os grandes e cada vez mais empresas insistem em não compreender isso.
E enquanto a vontade de evoluir não se tornar uma atividade diária, uma obrigação profissional, veremos acumulados ao lado da estrada montes enferrujados de logomarcas que apostaram na não-mudança.
Direto na têmpora: Staring At The Rude Boys - The Ruts
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Copa do Mundo
Lá se foi mais uma Copa do Mundo. Em 70 eu não era nascido; não me lembro de nada de 74 e sobre a de 78 só me recordo do papel picado no campo e de meu pai dizendo que o Brasil saiu invicto.
Em 82 pintei ruas, acreditei, torci e chorei. Em 86 acreditei, torci, bebi e já não chorei. Em 90 não era mais menino e não me empolguei. Em 94 assisti praticamente a tudo do hospital, menos a final que fui ver em casa e que comemorei ainda deitado, estranhando as muletas.
Em 98 torci baixo porque meu sobrinho/afilhado estava em casa. Em 2002 fui campeão novamente, mas dessa vez comemorei em um horário estranho, na cama com minha Fer.
Em 2006 fui torcedor-pai e passei raiva na agência (a mesma Tom pra onde voltei faz um ano) com uma seleção esquisitinha.
Em 2010 vi um técnico que não era técnico e um futebol brasileiro que não era brasileiro. Mas vi também uma final inédita e a Espanha acabando com o estigma de sempre chegar perto, mas nunca chegar lá.
Em 2014 vou assistir a Copa aqui mesmo, quem sabe levar Sophia ao campo. Vou torcer como sempre torço e se vier o título, ótimo. Mas já não vou mais esperar o próximo técnico, o próximo craque, o próximo gênio, a próxima Copa, como eu já fiz um dia.
Hoje eu tenho mais pelo que torcer.
Direto na têmpora: Don't stop believing - Journey
Em 82 pintei ruas, acreditei, torci e chorei. Em 86 acreditei, torci, bebi e já não chorei. Em 90 não era mais menino e não me empolguei. Em 94 assisti praticamente a tudo do hospital, menos a final que fui ver em casa e que comemorei ainda deitado, estranhando as muletas.
Em 98 torci baixo porque meu sobrinho/afilhado estava em casa. Em 2002 fui campeão novamente, mas dessa vez comemorei em um horário estranho, na cama com minha Fer.
Em 2006 fui torcedor-pai e passei raiva na agência (a mesma Tom pra onde voltei faz um ano) com uma seleção esquisitinha.
Em 2010 vi um técnico que não era técnico e um futebol brasileiro que não era brasileiro. Mas vi também uma final inédita e a Espanha acabando com o estigma de sempre chegar perto, mas nunca chegar lá.
Em 2014 vou assistir a Copa aqui mesmo, quem sabe levar Sophia ao campo. Vou torcer como sempre torço e se vier o título, ótimo. Mas já não vou mais esperar o próximo técnico, o próximo craque, o próximo gênio, a próxima Copa, como eu já fiz um dia.
Hoje eu tenho mais pelo que torcer.
Direto na têmpora: Don't stop believing - Journey
sexta-feira, julho 09, 2010
Sophia e Tolstoi
Sophia sempre quer saber quem escreveu e ilustrou os livrinhos que a gente lê pra ela. Acho que vem do Clic e acho a coisinha mais bonitinha do mundo, principalmente quando ela inventa histórias pra contar pra gente e começa dizendo coisas do tipo:
- Essa história se chama "O cavalo voador", de Ruth Rocha.
Aliás, toda his†ória que ela inventa é da Ruth Rocha. Enfim, ontem eu estava lendo pra ela um livrinho e fui dando a ficha técnica.
- Esse livro se chama "O Nabo Gigante" e foi escrito por Aleksei Tolstoi...
- Ó! Aleksei Toystory! Igual ao Toy Story 3 3D!
Direto na têmpora: Hateful - The Clash
- Essa história se chama "O cavalo voador", de Ruth Rocha.
Aliás, toda his†ória que ela inventa é da Ruth Rocha. Enfim, ontem eu estava lendo pra ela um livrinho e fui dando a ficha técnica.
- Esse livro se chama "O Nabo Gigante" e foi escrito por Aleksei Tolstoi...
- Ó! Aleksei Toystory! Igual ao Toy Story 3 3D!
Direto na têmpora: Hateful - The Clash
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quinta-feira, julho 08, 2010
Biologia para crianças
A tartaruga, o cágado e o jabuti
São bichos parecidos com eu nunca vi
Mas vivem na terra, no rio ou no mar
E precisam do nome pra diferenciar
Direto na têmpora: Clark Gable - The Postal Service
São bichos parecidos com eu nunca vi
Mas vivem na terra, no rio ou no mar
E precisam do nome pra diferenciar
Direto na têmpora: Clark Gable - The Postal Service
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Pena que é propaganda
O Eduardo César me mostrou esse filme muito legal, até emocionante. Aí ele fica mais legal porque fala sobre uma empresa de varejo e isso pede coragem, mas ao mesmo tempo fica mais frio porque, afinal, podia ser uma homenagem e é "só" publicidade.
Mas enfim, eu sou um velho resmungão.
Direto na têmpora: Here's your future - The Thermals
Mas enfim, eu sou um velho resmungão.
Direto na têmpora: Here's your future - The Thermals
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quarta-feira, julho 07, 2010
Leitor noturno
A história de Samir, o gato pequenininho. A história do caracol e a festa. A história do tigre Galileu e do touro Ferdinando, que meu pai contava pra mim quando eu era criança.
Quase toda noite eu conto uma "história de boca" pra Sophia. Algumas eu herdei do meu pai, outras eu mesmo inventei, nem uma sequer eu pus no papel.
Quem sabe um dia a Sophia arranca isso da memória e faz um livro melhor que os meus? Isso se ainda existirem livros, isso ainda se contarem "histórias de boca".
Direto na têmpora: Art isn't real (City of Sin) - Deer Tick
Quase toda noite eu conto uma "história de boca" pra Sophia. Algumas eu herdei do meu pai, outras eu mesmo inventei, nem uma sequer eu pus no papel.
Quem sabe um dia a Sophia arranca isso da memória e faz um livro melhor que os meus? Isso se ainda existirem livros, isso ainda se contarem "histórias de boca".
Direto na têmpora: Art isn't real (City of Sin) - Deer Tick
terça-feira, julho 06, 2010
A patagata e a gatapata
Nasceu na casa uma gata, nasceu no terreiro uma pata.
A gata da casa era gata por fora, mas adorava água, andava engraçado e sempre que queria algo grasnava "quá".
A pata do terreiro era pata por fora, mas gostava de peixe, andava pisando bem leve e vivia em cima do muro a miar.
Na casa, os outros gatinhos brincavam com o novelo e a gatapata sentava em cima para chocar.
No terreiro, enquanto os patinhos nadavam no lago a patagata saía correndo atrás de borboletas.
Todo mundo achava as duas estranhas, mas elas nem ligavam.
É que ao contrário do mundo todo que estava em torno delas, a gatapata e a patagata sabiam o que queriam ser e não se importavam em serem diferentes de todo mundo.
E quem sabe um dia, muitos anos depois, os outros gatos da casa e os outros bichos do terreiro conseguiriam descobrir que a gente não é o que a gente parece ou o que a gente deve ser.
No fundo, no fundo, a gente é o que a gente ama. A gente é mesmo o que a gente sonha ser.
Direto na têmpora: The Band Geek Mafia - Voodoo Glow Skulls
A gata da casa era gata por fora, mas adorava água, andava engraçado e sempre que queria algo grasnava "quá".
A pata do terreiro era pata por fora, mas gostava de peixe, andava pisando bem leve e vivia em cima do muro a miar.
Na casa, os outros gatinhos brincavam com o novelo e a gatapata sentava em cima para chocar.
No terreiro, enquanto os patinhos nadavam no lago a patagata saía correndo atrás de borboletas.
Todo mundo achava as duas estranhas, mas elas nem ligavam.
É que ao contrário do mundo todo que estava em torno delas, a gatapata e a patagata sabiam o que queriam ser e não se importavam em serem diferentes de todo mundo.
E quem sabe um dia, muitos anos depois, os outros gatos da casa e os outros bichos do terreiro conseguiriam descobrir que a gente não é o que a gente parece ou o que a gente deve ser.
No fundo, no fundo, a gente é o que a gente ama. A gente é mesmo o que a gente sonha ser.
Direto na têmpora: The Band Geek Mafia - Voodoo Glow Skulls
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segunda-feira, julho 05, 2010
O horrorosinho da casa
Estava lá em casa dia desses e Fernanda falou com a Sophia:
- Olha lá, Sophia, não é o papai mais lindo do mundo?
- Não.
- Não? Então quem é?
- O tio Ronnie, pai da Juju Bernardi.
Eu lá, ouvindo aquilo e sendo humilhado dentro da minha própria casa. E o pior é que o Ronnie é feio pra caralho.
Direto na têmpora: Paranoid Android - Sia
- Olha lá, Sophia, não é o papai mais lindo do mundo?
- Não.
- Não? Então quem é?
- O tio Ronnie, pai da Juju Bernardi.
Eu lá, ouvindo aquilo e sendo humilhado dentro da minha própria casa. E o pior é que o Ronnie é feio pra caralho.
Direto na têmpora: Paranoid Android - Sia
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Sophia
A vaca do apartamento X
Eu já contei aqui no Pastelzinho alguns casos sobre o meu prédio (esse e esse, por exemplo), mas confesso que achei que o pior tinha passado. Ledo engano.
Sabe como o Chaves sofria com a Bruxa do 71? Pois agora é a minha vez de sofrer com a Vaca do apartamento X. A casa da mulher é o seguinte: ela passa o dia inteiro fora e a filha se aboleta com o namorado na janela para fumar, o que resulta em bitucas de cigarro, chicletes, papéis de bala e outras delícias na área externa do meu apartamento.
Minha empregada já brigou com a menina, eu já mandei carta e no sábado até o vizinho da casa ao lado me ligou para reclamar que eles jogam cigarro no quintal dele. O que o Tio Maurilo fez? Escrevi um bilhete, juntei as baganas de cigarro e coloquei na porta da pessoa, dizendo que isso era uma constante e devolvendo o lixo que estavam jogando em minha casa.
Esperei uma reação da mãe e sabe o que ela fez? Mandou um bilhete dizendo que o problema era meu. Hoje cedo coloquei mais bitucas em um saquinho e deixei novamente na porta da moca com um bilhete mal educado. Isso vai render muito e eventualmente vai envolver condomínio, o dono do apê dela e, quem sabe, a policia.
O fato é que a Vaca do apartamento X só me fez confirmar que quando as pessoas reclamam que eu sou rígido demais com a Sophia, elas não fazem ideia de como pais permissivos ou preguiçosos podem estragar uma criança.
Vou pecar pelo excesso com a minha baixinha, mas nunca pela falta. E que Deus me ajude.
Minha vizinha, a permissiva Vaca do apartamento X.
Direto na têmpora: Whip it - Devo
Sabe como o Chaves sofria com a Bruxa do 71? Pois agora é a minha vez de sofrer com a Vaca do apartamento X. A casa da mulher é o seguinte: ela passa o dia inteiro fora e a filha se aboleta com o namorado na janela para fumar, o que resulta em bitucas de cigarro, chicletes, papéis de bala e outras delícias na área externa do meu apartamento.
Minha empregada já brigou com a menina, eu já mandei carta e no sábado até o vizinho da casa ao lado me ligou para reclamar que eles jogam cigarro no quintal dele. O que o Tio Maurilo fez? Escrevi um bilhete, juntei as baganas de cigarro e coloquei na porta da pessoa, dizendo que isso era uma constante e devolvendo o lixo que estavam jogando em minha casa.
Esperei uma reação da mãe e sabe o que ela fez? Mandou um bilhete dizendo que o problema era meu. Hoje cedo coloquei mais bitucas em um saquinho e deixei novamente na porta da moca com um bilhete mal educado. Isso vai render muito e eventualmente vai envolver condomínio, o dono do apê dela e, quem sabe, a policia.
O fato é que a Vaca do apartamento X só me fez confirmar que quando as pessoas reclamam que eu sou rígido demais com a Sophia, elas não fazem ideia de como pais permissivos ou preguiçosos podem estragar uma criança.
Vou pecar pelo excesso com a minha baixinha, mas nunca pela falta. E que Deus me ajude.
Minha vizinha, a permissiva Vaca do apartamento X.
Direto na têmpora: Whip it - Devo
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sexta-feira, julho 02, 2010
Furando a fila
Estou lendo simultânea e alternadamente duas obras completas. A do Vinicius de Moraes tem mais de 1500 páginas e vinha em um ritmo excelente até entrar na crítica de cinema que, me desculpe o poetinha, é um saco.
A do Conan Doyle tem lá suas quase mil páginas e é muito bacana, mesmo eu já tendo lido alguma coisa do Sherlock quando novo e o formato gigantesco do livro sendo uma sacanagem na hora de manusear.
Mesmo assim, ontem estava com Fernanda e a minha Sophia na Mineiriana quando vi o "Bordados" da Marjane Satrapi (Persépolis). Não resisti e levei a pepita pra casa junto com o ótimo "Meu vizinho é um cão", da Isabel Minhós Martins (esse último para a Sophia).
Resultado? Furei a fila, li tudo de uma vez só e me diverti muito. Não é Persepolis, mas é bem legal. Recomendo.
Direto na têmpora: Down River - The Temper Trap
A do Conan Doyle tem lá suas quase mil páginas e é muito bacana, mesmo eu já tendo lido alguma coisa do Sherlock quando novo e o formato gigantesco do livro sendo uma sacanagem na hora de manusear.
Mesmo assim, ontem estava com Fernanda e a minha Sophia na Mineiriana quando vi o "Bordados" da Marjane Satrapi (Persépolis). Não resisti e levei a pepita pra casa junto com o ótimo "Meu vizinho é um cão", da Isabel Minhós Martins (esse último para a Sophia).
Resultado? Furei a fila, li tudo de uma vez só e me diverti muito. Não é Persepolis, mas é bem legal. Recomendo.
Direto na têmpora: Down River - The Temper Trap
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quinta-feira, julho 01, 2010
Senhora Debbie Harry
Ah, sim, a senhora Debbie Harry completa 65 anos hoje. A cantora da banda Blondie interpretou sucessos como "Call me", "Maria", "Heart of Glass", "The tide is high" e muito mais.
Pra comemorar os 65 anos de Mrs. Debbie, um clipe dela com os Muppets e mais outro pra vocês curtirem. Long live blondie.
Debbie e os Muppets.
Debbie disco.
Direto na têmpora: Call me - Blondie
Pra comemorar os 65 anos de Mrs. Debbie, um clipe dela com os Muppets e mais outro pra vocês curtirem. Long live blondie.
Debbie e os Muppets.
Debbie disco.
Direto na têmpora: Call me - Blondie
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Ipê
Na frente da Tom, em plena Av. Afonso Pena, primavera invadiu o inverno e agora faz vista bacana quando a gente sai pra quentar um sol na varanda.
Eu curto.
Direto na têmpora: Quality of Armor - Guided By Voices
Eu curto.
Direto na têmpora: Quality of Armor - Guided By Voices
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