sexta-feira, julho 23, 2010

Eu aprendo com o tio Bill e seus leitores

Digo mais uma vez: eu sou fã do Bill Simmons. Além de ser fã dos Celtics, Bill comenta sobre esportes e assuntos mais mundanos com muito humor e alguma sabedoria. No entanto, em seu último mailbag o que eu mais gostei foi da carta de Andrew Gordon (Washington, DC).

Vou colocar o trecho original e tentar explicar depois.


"Dr. Drew has a theory about the impact of reality TV, and that it has created a generation of people who want to be famous, but don't want to put in the work to develop the skills or talent to be famous. Why study or practice or go to acting school or music school, etc., when you can just get on a reality TV show and be famous instantly? Isn't that theory exactly what we have in LeBron? He wants to be the greatest of all time, he wants to be a global icon, he wants to be the King, yet he has shown no evidence that he wants to put in the work to really achieve those things. Instead of spending this offseason working on developing a low post game, or a midrange offense, he spent his time developing his media machine. He knows the key to being an all-time great is winning titles, but he thinks there is a shortcut to getting there. Why improve your own game and find a way to make everyone around you better, when he can just piggyback on Dwyane Wade to get there."


Em resumo, o que Andrew diz é que com a cultura dos reality shows, as pessoas passaram a achar que existe algo como fama instantânea. Para que estudar teatro, se esforçar em produzir algo culturalmente relevante ou melhorar suas aptidões se basta aparecer em um reality show para obter a fama? Não é melhor investir em marketing pessoal e em contatos?

A partir daí, Andrew traça um paralelo sobre como LeBron James escolheu o caminho fácil ao se juntar a Dwayne Wade ao invés de melhorar suas deficiências, mas eu não vou encher o saco de vocês com isso.

O que eu vou dizer é que vejo isso muito mesmo. A vontade de ser ídolo rápido é reforçada pelos jogadores de futebol que fazem duas grandes partidas com 16 anos e fecham contratos milionários na Europa.

Hoje, aquela cultura de que o trabalho leva ao sucesso dançou. Não cabe na cabeça dos caras que às vezes é preciso ralar uma vida inteira para obter reconhecimento. O título de "gênio" deve ser entregue imediatamente, mesmo que a pessoa só se encaixe nessa categoria em sua própria percepção.

Ser visto passou a ser mais importante do que ser respeitado. Ser idolatrado por 5 minutos bate de longe a vontade de ser referência de uma geração.

Cada vez mais eu vejo gente achando que trabalhar dá muito trabalho e adotando a postura do just gimme the prize. Não é coisa de gente jovem. É coisa de gente idiota de qualquer idade.

E eu, como um velho resmungão, só posso dizer que não acho que vá melhorar.




Direto na têmpora: Empty room - Arcade Fire

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo em 100%.

Julia.

redatozim disse...

Tio Bill e seus leitores sabem das coisas, Julia.