Meu primeiro carro foi um fusquinha 66 branco que meu pai ganhou em uma rifa. O nome era Ajax, o furacão branco, em referência ao slogan de um produto de limpeza da época. Pois Ajax vinha ainda com o Tibilinha, um caranguejo daqueles que costumam vir nas marchas de fuscas bem antigos, e que contava com o diferencial de poder ser retirado a qualquer momento, bastando desenroscá-lo. Tibilinha assistiu aulas comigo na faculdade, tomou chopps no Sea Lord, visitou muitos fins de mundo nessas Minas Gerais, enfim, fez parte de bons anos da minha vida.
Mas esse post é pra falar de outra característica bacana do Ajax. Como eu morava no Santo Antônio, invariavelmente tinha que pegar uma subida para chegar em casa. Porque o Santo Antônio, como Ouro Preto, desafia as leis da física: se para ir do ponto A ao B você sobe, pode ter certeza de que para voltar do B para o A vai subir outra vez. Uma grande e íngreme Rua do Amendoim.
Pois bem, o Ajax tinha o hábito de, no meio dessas precipícicas subidas, simplesmente largar o banco do motorista. Ou seja, enquanto o motor urrava pra aguentar o morro, eu me via com o banco colado no assento traseiro, praticamente pendurado pelo volante e acelerando apenas com a ponta do pé até o próximo trecho plano. O resultado foi que, durante anos, peguei a estranha mania de só dirigir segurando o banco com uma das mãos.
Saudades do Ajax, do Tibilinha e de uma época em que eu ainda era mais novo que meus carros.
Direto na têmpora: My poor brain - Foo Fighters
7 comentários:
hehehe... essa do banco eu não conhecia, mas tem a variação da mão na porta, durante a curva.
imagina se fosse uma curva na subida?
Cara, se a porta abrisse eu pulava. O dodgão ocre de capota preta do meu pai, ano 71, teve durante um tempo essa particularidade da porta também. E o povo achando que meu pai era boy por dirigir com o braço pra fora.
Morri de rir imaginando a cena... Eu tb tenho mania de segurar o banco do motorista, mas é pq uma vez meu cahorro que lá estava voou longe qdo eu dei uma freiada brusca.. tadinho ele ficou traumatizado, nunca mais ele deitou sossegado quando andava de carro..rs.. e aí eu fiquei com essa mania tb! rs....
Eu tive um bulldog que pulou na Pedro II, atravessou duas pistas e se escondeu numa garagem de tanto susto quando caiu do carro. Encontrei quase duas horas depois, todo tremendo de medo, mas sem um arranhão. Velho Clemente, meu companheiro...
Só faltava o cinzeiro viver cheio de amendoins salgadinhos.
Redatozim, meu irmão! Eu me lembro bem do Ajax e do Tibilinha. Lembro especificamente daquele churrasco da sua turma de primeiro período da UFMG. Ajax me ajudou muito naquele dia (ou não, depende do ponto de vista). Me lembro que para fazer um retorno na BR (4 pistas, duas pra lá, duas pra cá) você precisou manobrar, o jogo de direção não era dos melhores. Mas é um veículo memorável na nossa adolescência.
Era um carro como eu, Luizito: duro, feio e sem jogo de cintura.
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