A Brastemp acaba de enfrentar uma situação complicada. Um de seus clientes reclamou de um defeito que não foi resolvido e, após uma série de problemas no atendimento, partiu para o ataque com este vídeo aqui e algumas observações no Twitter.
A Brastemp não só resolveu o problema, como pediu desculpas ao cliente e anunciou mudanças no seu formato de atendimento.
Corta para Belo Horizonte há alguns anos. Um dos clientes de uma empresa local reclamou de um problema, levou dedo na cara, e não recebeu solução para a questão mesmo tendo razão.
Também partiu para o ataque usando as mídias sociais, mas foi processado e, há pouco tempo, teve que pagar indenização à empresa.
Sei disso porque recebi uma carta ameaçadora sobre uma mênção que fiz aqui no Pastelzinho sobre o caso, sem qualquer julgamento sobre os erros cometidos ou não, e tive que retirar o post do ar.
À primeira vista, pode parecer que a Brastemp perdeu e que a outra empresa ganhou. Engana-se quem pensa assim.
A Brastemp assumiu erros, compensou o prejudicado e mostrou-se uma empresa flexível e atenta aos interesses dos consumidores.
A empresinha daqui mostrou-se arrogante, indiferente e deixou claro que não se importa em reconhecer seus erros, mas apenas em manter as aparências.
No meu ponto de vista, a Brastemp perdeu uma batalha, mas seguiu em frente com dignidade. A outra, venceu a batalha, mas não vale dois centavos sequer.
Direto na têmpora: What you know - Two Door Cinema Club
segunda-feira, janeiro 31, 2011
Leio porque gosto
A Cris Bartis veio me dar ideias de que eu deveria escrever um blog falando sobre os livros que eu leio. Confesso que gostei muito da possibilidade, mas mal comecei a pensar no assunto e já vi um monte de problemas.
Pra começar, não sou literato, não sou crítico, não sou intelectual. Leio porque gosto, mas não sei até que ponto minha opinião sobre livros interessaria a alguém de fora do círculo do Pastelzinho. Aí fico pensando se não seria o caso de fazer esses comentários na própria pastelaria e pronto.
Por outro lado, dificilmente um blog tem sucesso se não tiver um foco específico. Facilita a busca dos leitores, propicia o debate entre pessoas com interesses comuns, enfim, funciona melhor.
O problema desse cenário é que entre o trabalho na agência, os freelas, minha vida pessoal e o pastelzinho, arranjar mais tempo pra escrever outro blog é um desafio. Desafio mesmo, até porque não dá pra garantir periodicidade como eu faço nesse aqui.
Eu até tenho o domínio para um blog só com meus textos para crianças e adolescentes e não consigo colocar no ar, pô!
De qualquer forma, a Cris plantou a maldita semente na minha cabeça e eu ando pensando muito nisso. Vamos ver no que dá.
Direto na têmpora: Jeane if you're ever in Portland - Casiotone Fot The Painfully Alone
Pra começar, não sou literato, não sou crítico, não sou intelectual. Leio porque gosto, mas não sei até que ponto minha opinião sobre livros interessaria a alguém de fora do círculo do Pastelzinho. Aí fico pensando se não seria o caso de fazer esses comentários na própria pastelaria e pronto.
Por outro lado, dificilmente um blog tem sucesso se não tiver um foco específico. Facilita a busca dos leitores, propicia o debate entre pessoas com interesses comuns, enfim, funciona melhor.
O problema desse cenário é que entre o trabalho na agência, os freelas, minha vida pessoal e o pastelzinho, arranjar mais tempo pra escrever outro blog é um desafio. Desafio mesmo, até porque não dá pra garantir periodicidade como eu faço nesse aqui.
Eu até tenho o domínio para um blog só com meus textos para crianças e adolescentes e não consigo colocar no ar, pô!
De qualquer forma, a Cris plantou a maldita semente na minha cabeça e eu ando pensando muito nisso. Vamos ver no que dá.
Direto na têmpora: Jeane if you're ever in Portland - Casiotone Fot The Painfully Alone
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sexta-feira, janeiro 28, 2011
Fuck Yeah Diretor de Criação
Se você é publicitário, possivelmente acompanhou pelo menos superficialmente o fenômeno que foram as 24 horas de hype do Fuck Yeah Diretor de Criação.
Para quem não é da área ou não ficou sabendo, o FYDC era um site com perfis (incluindo foto) dos principais Diretores de Criação das agências de São Paulo e um espaço para fazer seu comentário, anônimo ou não, sobre os caras.
A primeira vez que eu vi o link, ontem cedo, foi por indicação do Cris Dias que ainda comentou: "Chances de dar merda: 101,3%".
O fim foi anunciado, um dia depois, pelo perfil do @fyeahdc no Twitter: "Egos de publicitários ofendidos derruba o ficha-limpa do mercado. É oficial, temos um case: Em 24h mais de 600 mil page views."
Na verdade, apesar de ser divertido ver os comentários de mortais que atiram pedras no Olimpo (e putz, como foi divertido enquanto durou), o fim da empreitada não foi apenas uma questão de "egos de publicitários ofendidos". Tem também algumas questões éticas que eu considero muito sérias.
1) As pessoas expostas ali não concordaram necessariamente com a utilização de seu nome e imagem em um site com esse perfil.
2) Os apedrejados tinham rosto e nome, mas os que atiravam pedras podiam se valer do anonimato.
3) Não havia espaço equânime para réplica por parte dos atingidos.
4) Os comentários eram muitas vezes de cunho pessoal, com ataques e ofensas que tinham a ver com uma série de outras coisas que não o papel da figura como Diretor de Criação.
Resumindo, ri muito do FYDC enquanto durou. Alguns comentários são verdadeiras pérolas que deveriam ser imortalizadas, outros são apenas recalque violento e inútil. O fato é que o site não tinha futuro. Não merecia ter futuro. Foi uma ação de guerrilha que, acredito, ainda vai ter algumas consequências pros autores, possivelmente gerar protestos (pró e contra) e filhotes pelo Brasil.
Uma coisa no entanto é inegável, a ação foi impactante. Aliás, foi tão impactante que hoje pela manhã, quando o @glodin colocou o tuitou "Fuck Yeah Diretor de Criação MG : http://t.co/Z6u91Ud", eu cliquei imediatamente para ver o bafão.
Resultado? Fui sumariamente rickrolled e tive que passar pra frente.
PS - Se você quiser ler um texto muito mais bem escrito e opinativo do que o meu, mas com o qual eu tenho alguns pontos de discordância, confira o que o Marcelo Reis escreveu no site do CCSP.
Direto na têmpora: Sunny - Dusty Springfield
Para quem não é da área ou não ficou sabendo, o FYDC era um site com perfis (incluindo foto) dos principais Diretores de Criação das agências de São Paulo e um espaço para fazer seu comentário, anônimo ou não, sobre os caras.
A primeira vez que eu vi o link, ontem cedo, foi por indicação do Cris Dias que ainda comentou: "Chances de dar merda: 101,3%".
O fim foi anunciado, um dia depois, pelo perfil do @fyeahdc no Twitter: "Egos de publicitários ofendidos derruba o ficha-limpa do mercado. É oficial, temos um case: Em 24h mais de 600 mil page views."
Na verdade, apesar de ser divertido ver os comentários de mortais que atiram pedras no Olimpo (e putz, como foi divertido enquanto durou), o fim da empreitada não foi apenas uma questão de "egos de publicitários ofendidos". Tem também algumas questões éticas que eu considero muito sérias.
1) As pessoas expostas ali não concordaram necessariamente com a utilização de seu nome e imagem em um site com esse perfil.
2) Os apedrejados tinham rosto e nome, mas os que atiravam pedras podiam se valer do anonimato.
3) Não havia espaço equânime para réplica por parte dos atingidos.
4) Os comentários eram muitas vezes de cunho pessoal, com ataques e ofensas que tinham a ver com uma série de outras coisas que não o papel da figura como Diretor de Criação.
Resumindo, ri muito do FYDC enquanto durou. Alguns comentários são verdadeiras pérolas que deveriam ser imortalizadas, outros são apenas recalque violento e inútil. O fato é que o site não tinha futuro. Não merecia ter futuro. Foi uma ação de guerrilha que, acredito, ainda vai ter algumas consequências pros autores, possivelmente gerar protestos (pró e contra) e filhotes pelo Brasil.
Uma coisa no entanto é inegável, a ação foi impactante. Aliás, foi tão impactante que hoje pela manhã, quando o @glodin colocou o tuitou "Fuck Yeah Diretor de Criação MG : http://t.co/Z6u91Ud", eu cliquei imediatamente para ver o bafão.
Resultado? Fui sumariamente rickrolled e tive que passar pra frente.
PS - Se você quiser ler um texto muito mais bem escrito e opinativo do que o meu, mas com o qual eu tenho alguns pontos de discordância, confira o que o Marcelo Reis escreveu no site do CCSP.
Direto na têmpora: Sunny - Dusty Springfield
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quinta-feira, janeiro 27, 2011
Certos nomes
Pois é, olha só, estava totalmente sem assunto pra postar hoje (assim como ontem), quando saindo da TOM para lanchar, vi uma moça com um crachá e, sem querer, li o nome da criança.
Pois bem, para explicar detalhadamente a coisa, quando Zico era o grande astro do futebol brasileiro, ele foi vendido à Itália em uma transação milionária, algo até então impensável em termos de valores.
Sabe para que time ele foi? Udinese.
Sabe o nome no crachá da moça? Udinésia.
Direto na têmpora: All tour secrets - Yo La Tengo
Pois bem, para explicar detalhadamente a coisa, quando Zico era o grande astro do futebol brasileiro, ele foi vendido à Itália em uma transação milionária, algo até então impensável em termos de valores.
Sabe para que time ele foi? Udinese.
Sabe o nome no crachá da moça? Udinésia.
Direto na têmpora: All tour secrets - Yo La Tengo
quarta-feira, janeiro 26, 2011
Grizzly Bear
Sem nada pra dizer, o clipe de Two Weeks, do Grizzly Bear, fica sendo o post de hoje.
Direto na têmpora: Since We've Been Wrong - The Mars Volta
Grizzly Bear 'Two Weeks' from Passion Pictures on Vimeo.
Direto na têmpora: Since We've Been Wrong - The Mars Volta
terça-feira, janeiro 25, 2011
10 coisas que eu fazia e me davam orgulho, mas hoje nem tanto
1) Usar sobretudo naquele calor infernal de Ipatinga só porque eu curtia The Cure.
2) Entrar de penetra em casamentos.
3) Imitar o Gil Gomes.
4) Gastar todo o meu dinheiro com discos e cds.
5) Dividir a cama com um casal de buldogues.
6) Lembrar o sobrenome de praticamente todo mundo da minha turma.
7) Tomar uma lata de leite condensado de uma vezada só.
8) Estudar russo.
9) Ter duas salamandras.
10) Nunca anular um voto.
Direto na têmpora: In this twilight - Nine Inch Nails
2) Entrar de penetra em casamentos.
3) Imitar o Gil Gomes.
4) Gastar todo o meu dinheiro com discos e cds.
5) Dividir a cama com um casal de buldogues.
6) Lembrar o sobrenome de praticamente todo mundo da minha turma.
7) Tomar uma lata de leite condensado de uma vezada só.
8) Estudar russo.
9) Ter duas salamandras.
10) Nunca anular um voto.
Direto na têmpora: In this twilight - Nine Inch Nails
segunda-feira, janeiro 24, 2011
Médicos
Semana passada Sophia caiu de cara no Clic. Não parecia ser nada grave, mas como sangrou e inchou um pouco, me chamaram para, quem sabe, levar ao médico e tirar uma radiografia.
Chegando lá, Sophia estava tomando banho de mangueira toda feliz. Chamei a baixinha, vi que o nariz estava legal e perguntei:
- Sophia, seu narizinho já está legal, então você quer continuar brincando aqui no Clic ou quer ir ao médico com o papai?
E ela, pulando e explodindo de felicidade:
- Médico com o papai! Médico com o papai! Médico com o papai!
Enfim, vai entender.
Direto na têmpora: Chocolate Rain - Tay Zonday
Chegando lá, Sophia estava tomando banho de mangueira toda feliz. Chamei a baixinha, vi que o nariz estava legal e perguntei:
- Sophia, seu narizinho já está legal, então você quer continuar brincando aqui no Clic ou quer ir ao médico com o papai?
E ela, pulando e explodindo de felicidade:
- Médico com o papai! Médico com o papai! Médico com o papai!
Enfim, vai entender.
Direto na têmpora: Chocolate Rain - Tay Zonday
Rango!
Johnny Depp interpreta (sim, Luciano Huck, "interpreta") a voz do camaleão Rango na próxima animação fodásticva que eu já estou doido pra ver. Saca só.
Direto na têmpora: Factory - Band of Horses
Direto na têmpora: Factory - Band of Horses
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sexta-feira, janeiro 21, 2011
Outros monstrinhos
Do monstro cheio de dentes
É fácil seguir a pista
Basta ir atrás do barulhão
Do motorzinho do dentista
__//__
Nariz longo, cheiro ruim
E o corpo todo escamoso
O monstro não come gente
Mas acha ratinho gostoso
__//__
Atacava como uma cobra
Voava como um pardal
O monstro se distraiu
E deu de cara na catedral
Direto na têmpora: Answer to yourself - The Soft Pack
É fácil seguir a pista
Basta ir atrás do barulhão
Do motorzinho do dentista
__//__
Nariz longo, cheiro ruim
E o corpo todo escamoso
O monstro não come gente
Mas acha ratinho gostoso
__//__
Atacava como uma cobra
Voava como um pardal
O monstro se distraiu
E deu de cara na catedral
Direto na têmpora: Answer to yourself - The Soft Pack
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quinta-feira, janeiro 20, 2011
Sophia e os cachorros de asa
Estávamos ontem conversando sobre o cachorrinho que Sophia deve ganhar até o final do ano. Fernanda vetou Pug e Buldogue Inglês enquanto Sophia mudava de ideia entre Scottish Terrier, Beagle (eu vetei) e Buldogue Francês.
De repente, o rosto da baixinha se iluminou.
- Tem também cachorrinho de asa que é muito fofinho!
- Cachorrinho de asa?
- É, eu vou querer um cachorrinho de asa.
- Cachorrinho que voa só existe na imaginação, né Sosophie?
- Ele não voa, ele é de asa.
- Ele tem asa mas não voa?
Sophia então começou a perder a paciência. E, infelizmente, ela é igualzinha a mim quando fica impaciente: bufa, xinga, dá chilique, uma coisa insuportável.
- Ele não tem asa e ele não voa! Ele é da raça de asa!
- Então, filha, não existe cachorro de asa...
- Existe! Eu vi com a Tia Renata. A raça é de asa! Eu já vi!
Então, como uma luz divina, em meio às trevas da minha mente surgiu uma possível explicação:
- É um cachorrinho lhasa, Sophia?
E ela, como se nada tivesse acontecido.
- É, eu vou querer um cachorrinho lhasa. Ele é tão fofinho...
Direto na têmpora: Don't look back - She & Him
De repente, o rosto da baixinha se iluminou.
- Tem também cachorrinho de asa que é muito fofinho!
- Cachorrinho de asa?
- É, eu vou querer um cachorrinho de asa.
- Cachorrinho que voa só existe na imaginação, né Sosophie?
- Ele não voa, ele é de asa.
- Ele tem asa mas não voa?
Sophia então começou a perder a paciência. E, infelizmente, ela é igualzinha a mim quando fica impaciente: bufa, xinga, dá chilique, uma coisa insuportável.
- Ele não tem asa e ele não voa! Ele é da raça de asa!
- Então, filha, não existe cachorro de asa...
- Existe! Eu vi com a Tia Renata. A raça é de asa! Eu já vi!
Então, como uma luz divina, em meio às trevas da minha mente surgiu uma possível explicação:
- É um cachorrinho lhasa, Sophia?
E ela, como se nada tivesse acontecido.
- É, eu vou querer um cachorrinho lhasa. Ele é tão fofinho...
Direto na têmpora: Don't look back - She & Him
quarta-feira, janeiro 19, 2011
Planejamento é o que mesmo?
Textinho para quem está começando em propaganda e não sabe ainda muito bem qual é a do Planejamento.
Planejamento não existe para fazer briefing. Mas ajuda.
Planejamento não existe para criar campanha. Mas ajuda.
Planejamento não existe para organizar equipes. Mas ajuda.
Planejamento não existe para fazer criativos ganharem prêmios. Mas ajuda.
Planejamento não existe para fornecer números para videocase. Mas ajuda.
Planejamento não existe para transformar uma campanha em algo maior. Mas ajuda.
Eu não sei para quê o Planejamento existe. Mas ajuda.
Direto na têmpora: Echoes - Team Ghost
Planejamento não existe para fazer briefing. Mas ajuda.
Planejamento não existe para criar campanha. Mas ajuda.
Planejamento não existe para organizar equipes. Mas ajuda.
Planejamento não existe para fazer criativos ganharem prêmios. Mas ajuda.
Planejamento não existe para fornecer números para videocase. Mas ajuda.
Planejamento não existe para transformar uma campanha em algo maior. Mas ajuda.
Eu não sei para quê o Planejamento existe. Mas ajuda.
Direto na têmpora: Echoes - Team Ghost
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terça-feira, janeiro 18, 2011
Volta às aulas
Sophia andava com muita saudade dos seus coleguinhas de Clic. Ontem, ela chegou em casa bem mais feliz.
- Quase toda a meninada já voltou de férias! Só falta o Fê e a Luana Figueiredo.
Em seguida, com uma ponta de tristeza, desilusão e saudade, completou.
- Eu acho que a Luana Figueiredo desistiu de estudar...
Direto na têmpora: The robots - Kraftwerk
- Quase toda a meninada já voltou de férias! Só falta o Fê e a Luana Figueiredo.
Em seguida, com uma ponta de tristeza, desilusão e saudade, completou.
- Eu acho que a Luana Figueiredo desistiu de estudar...
Direto na têmpora: The robots - Kraftwerk
segunda-feira, janeiro 17, 2011
Porra, Luciano
Não tenho nada contra o Luciano Huck. É um apresentador que se comunica bem com o povão, que tem um programa bem produzido e que, pelo que me consta, pode até ser alguém simpático na vida privada. Isso sem falar que nos apresentou Dani Bananinha, Feiticeira, Tiazinha e, por isso, agradeço.
Valeu, Huckão, mas dublagem nunca mais, falô?
Acontece que alguém teve a ideia de colocar o Huck como a voz do personagem Flynn na nova animação da Disney, "Enrolados". Péssima ideia. Horrível mesmo.
Luciano Huck quase tira todo o prazer de assistir o filme. Não, não é só porque a voz dele já seja conhecida e você fique lembrando da cara dele quando assiste o desenho. É pior. Luciano Huck não sabe interpretar e deixa o personagem completamente sem emoção e sem qualquer tipo de simpatia.
Tá certo, ele não é ator e não tem a obrigação de saber interpretar, mas então por que ele? Por que não usaram alguém capaz de fazer bem a voz do personagem? Por que submeter tantas pessoas a esta tortura monótona?
O pior é que a voz da Rapunzel é ótima, da madastra é ótima, o filme tem um visual maravilhoso, os personagens coadjuvantes são muito legais, a trilha é bem bacana e, ainda assim, no meio de tudo isso está lá a voz do Luciano Huck, destruindo tudo como uma barata morta no meio do delicioso jantar.
Enfim, se você tem filhos, assista. Se não tem, procure uma versão legendada ou aguarde o DVD e assista em casa com legendas.
A verdade é que fiquei com tanta raiva da voz do Luciano no meio do filme que nem a lembrança da Tiazinha, da Feiticeira e da Dani Bananinha amenizaram a dor. Maldição.
Direto na têmpora: Iceage babeland - Natalie Portman's Shaved Head
Valeu, Huckão, mas dublagem nunca mais, falô?
Acontece que alguém teve a ideia de colocar o Huck como a voz do personagem Flynn na nova animação da Disney, "Enrolados". Péssima ideia. Horrível mesmo.
Luciano Huck quase tira todo o prazer de assistir o filme. Não, não é só porque a voz dele já seja conhecida e você fique lembrando da cara dele quando assiste o desenho. É pior. Luciano Huck não sabe interpretar e deixa o personagem completamente sem emoção e sem qualquer tipo de simpatia.
Tá certo, ele não é ator e não tem a obrigação de saber interpretar, mas então por que ele? Por que não usaram alguém capaz de fazer bem a voz do personagem? Por que submeter tantas pessoas a esta tortura monótona?
O pior é que a voz da Rapunzel é ótima, da madastra é ótima, o filme tem um visual maravilhoso, os personagens coadjuvantes são muito legais, a trilha é bem bacana e, ainda assim, no meio de tudo isso está lá a voz do Luciano Huck, destruindo tudo como uma barata morta no meio do delicioso jantar.
Enfim, se você tem filhos, assista. Se não tem, procure uma versão legendada ou aguarde o DVD e assista em casa com legendas.
A verdade é que fiquei com tanta raiva da voz do Luciano no meio do filme que nem a lembrança da Tiazinha, da Feiticeira e da Dani Bananinha amenizaram a dor. Maldição.
Direto na têmpora: Iceage babeland - Natalie Portman's Shaved Head
sexta-feira, janeiro 14, 2011
70%
Tem uma música do André Abujamra que eu e Sophia amamos. A letra é bem simples e Sophia entendeu bem o significado, percebendo que ninguém é 100% bom ou 100% ruim, e que todo mundo tem um pouco dos dois.
Acontece que um dia Sophia estava no auge da birra e eu fui falar com ela.
- Poxa, Sophia, você é uma menina tão legal e fica fazendo pirraça? Que coisa chata, filha, justo você que é tão educadin...
- É, papai, mas eu não sou 100%! Ninguém é 100% e eu não sou 100% boazinha!
Foi uma explosão que me pegou de surpresa, que me fez pensar no que eu estava exigindo e que só me deixou uma resposta.
- Tem razão, Sosophie, vem cá que eu vou te ajudar.
O vídeo com a canção eu não achei no Youtube, mas a letra da música tá aqui.
"Todo golfinho tem um pouquinho de tubarão
Todo ateu tem algum tipo de deus no coração
Todo cordeiro tem um pouquinho de lobo
Todo geninho tem um pouquinho de bobo
100% não exite
Ninguém é somente triste
100% gato mia
Ninguém é só alegria
Todo golfinho tem um pouquinho de tubarão
Toda gazela tem um pouquinho de leão
Todo cordeiro tem um pouquinho de lobo
Todo geninho tem um pouquinho de bobo"
Direto na têmpora: 70% - André Abujamra
Acontece que um dia Sophia estava no auge da birra e eu fui falar com ela.
- Poxa, Sophia, você é uma menina tão legal e fica fazendo pirraça? Que coisa chata, filha, justo você que é tão educadin...
- É, papai, mas eu não sou 100%! Ninguém é 100% e eu não sou 100% boazinha!
Foi uma explosão que me pegou de surpresa, que me fez pensar no que eu estava exigindo e que só me deixou uma resposta.
- Tem razão, Sosophie, vem cá que eu vou te ajudar.
O vídeo com a canção eu não achei no Youtube, mas a letra da música tá aqui.
"Todo golfinho tem um pouquinho de tubarão
Todo ateu tem algum tipo de deus no coração
Todo cordeiro tem um pouquinho de lobo
Todo geninho tem um pouquinho de bobo
100% não exite
Ninguém é somente triste
100% gato mia
Ninguém é só alegria
Todo golfinho tem um pouquinho de tubarão
Toda gazela tem um pouquinho de leão
Todo cordeiro tem um pouquinho de lobo
Todo geninho tem um pouquinho de bobo"
Direto na têmpora: 70% - André Abujamra
quinta-feira, janeiro 13, 2011
Enquanto isso, em uma drogaria da cidade...
- Ficou em R$6,80, senhor.
- Tenho R$6,75. Posso ficar devendo cinco centavos?
- Infelizmente, não.
- Cinco centavos eu não posso ficar devendo?
- Não... o senhor não tem nota maior?
- Tenho uma de cinquenta reais.
- Pode ser.
Alguns segundo depois.
- Aqui está seu troco, senhor, gostaria de doar vinte e cinco centavos?
Preferi sair sem responder.
Direto na têmpora: Easykill - We Are Scientists
- Tenho R$6,75. Posso ficar devendo cinco centavos?
- Infelizmente, não.
- Cinco centavos eu não posso ficar devendo?
- Não... o senhor não tem nota maior?
- Tenho uma de cinquenta reais.
- Pode ser.
Alguns segundo depois.
- Aqui está seu troco, senhor, gostaria de doar vinte e cinco centavos?
Preferi sair sem responder.
Direto na têmpora: Easykill - We Are Scientists
quarta-feira, janeiro 12, 2011
Maria Neves: minha bisavó, mãe de todo mundo
- Ô, Jardim, você tá mais gordinho... o que é que tá acontecendo, hein?
- Eu? Gordinho? Que é isso, mulher?
- Ora, não desconversa. Olha esse uniforme, mal cabe em você!
- Deixa de ser boba, mulher, isso aí encolheu porque você não sabe lavar direito.
Ela então ri com gosto.
- Ah, Jardim, Jardim... sua boca fala uma coisa, mas sua barriga diz outra. Fala a verdade, isso é doce de Dona Maria Neves que você anda roubando, não é não?
- Quê? Doce? Para com isso, mulher! Doce... onde já se viu? Roubar doce, eu?
É muito provável que o diálogo acima nunca tenha acontecido, mas pensando bem, sabe que pode ser que tenha sido bem próximo disso? É que Dona Maria Neves, minha bisavó, era uma vítima recorrente do Sr. Jardim, um carteiro de tempos mais antigos que sempre roubava alguns doces de figo cristalizados que costumavam secar nas janelas da velha casa da Rua Xavier da Veiga.
Aliás, o Sr. Jardim não era o único. Estudantes das repúblicas mais próximas e jovens vizinhos também não resistiam àqueles pedacinhos verdes de tentação cobertos de açúcar que ficavam atraindo os passantes como moça bonita, daquelas bem namoradeiras, aboletada na janela.
Eu confesso que também já roubei minha cota de doces de figo, doces de nozes e, é claro, dos deliciosos biscoitos de Maurilo (batizados em homenagem à minha paixão desmesurada por eles). Mas era um roubo sem necessidade para um primeiro bisneto e afilhado que era recebido sempre com um abraço e com a frase ao pé do ouvido “coloca a mão no meu bolso”. Quando eu colocava, saía cheio de balas Erlan entre os dedos e ela completava “se quiser mais é só vir me abraçar”.
Isso sem falar que na casa de Vovó Maria tinha penico ao lado da cama, tinha assoalho com frestas pelas quais se via o galinheiro, tinha aquele frio perfeito de Ouro Preto, tinha cama de mola, tinha família reunida e poste de ferro bem na frente da porta da entrada.
A verdade é que aparte toda a diversão e toda a doçura que a memória empresta ao que se amou, minha avó Maria (que eu nunca chamei de bisa) foi das mulheres mais fortes que já conheci.
Vovó Maria nasceu em São Caetano, hoje Monsenhor Horta, mas mudou-se para Ouro Preto ainda moça. Em Ouro Preto casou-se com Levindo Barbosa Leite, que também veio de Monsenhor Horta e era comerciante na cidade.
As certidões dizem que vovó Maria teve 7 filhos, mas isso é bobagem. Foram dezenas. Não faltaram irmãos, netos, amigos e vizinhos para que Dona Maria pudesse abrigar sob suas asas e cobrir de atenção, conselhos, carinho e, é claro, broncas. Muitas broncas.
Ah, sim, porque não se engane você pensando que Dona Maria Neves era dessas avozinhas de novela que se deixam no sofá e assistem a tudo calmamente sem mover um dedo. Ah, mas isso não, senhor.
Dona Maria Neves foi Inspetora de Alunos na antiga Escola Normal Oficial de Ouro Preto, meu amigo.
Dona Maria Neves viu o marido ir a falência e trabalhou como uma leoa vendendo seus trabalhos de crochê e à máquina, meu irmão.
Para os casamentos de dezenas e dezenas de noivas, Dona Maria Neves cansou de fazer salgados, doces, bombons, sempre com as bandejas enfeitadas pela amiga Hyara Tonidandel. Sem falar no seu famoso bolo com recheio de nozes, artisticamente confeitado por D. Eliza Alves de Brito.
Dona Maria Neves trabalhou dia e noite para fazer doces e salgados que abasteceram, ao longo de sua vida, as festas e os estômagos das famílias mais requintadas da região; os alunos da Escola Técnica Federal de Ouro Preto e os carnavais do 15 de Novembro, da Associação Comercial e do CAEM.
E daí? E daí que Dona Maria Neves aprendeu com a necessidade o valor da disciplina. Aprendeu com a adversidade a hora de apoiar e a hora de cobrar. Aprendeu com a vida que se doar não é uma opção: é uma obrigação.
Era um caso sério essa tal Maria Neves. Vaidosa, usava sempre saia e casaquinho e tinha pernas de moça mesmo aos 80 anos. Era louca por queijo Palmira, era louca por cinema, era louca por novelas e foi a mulher mais sã que já conheci.
Como amava as pessoas essa tal Maria Neves e sua casa de portas abertas para estudantes, turistas, amigos, equipes de filmagem e qualquer um que se apresentasse. Como amava e como foi amada. Eu, menino ainda, tinha ciúmes dessa avó/bisavó que era de uma cidade inteira. Bobagem minha. No coração de Dona Maria cabia quem soubesse chegar.
Voltando às datas e certidões e fatos, Dona Maria Neves nasceu a 18 de maio de 1903 e morreu em 1 de janeiro de 1986, aos 82 anos. Da sua morte me lembro de muito pouco, mas foi minha primeira perda de alguém realmente amado.
A lembrança mais forte que tenho é dos adultos chorando ao lado da cozinha. Sim, ao lado da cozinha, misturando lágrima, lembrança e o cheiro algo mágico das mais doces delícias. E foi exatamente como deveria ter sido.
Mas não foi o fim, porque a presença é algo que não se interrompe com algo tão bobo quanto a morte. Maria Neves existiu no jeito aparentemente sóbrio e intensamente alegre de minha Tia Avó Ilka. Maria Neves existe na vitalidade imensa, nos quitutes divinos e no amor que não mede palavras da minha Tia Rosa. Maria Neves para mim sempre existirá no cuidado que move céus e mundo de minha mãe Wanda.
Serei eu um pouco Maria Neves? Quem me dera, sou fraco. Mas imagino ainda assim uma cena em que o velho carteiro Jardim se une a um arcanjo mais saidinho e vão os dois juntos, pé ante pé, roubar os doces de figo celestiais que Vovó Maria deixa secando em alguma janela do Éden.
Ela briga, espinafra, mas no fundo então ri. E eles riem também. Mas que fique aqui o aviso, enquanto falamos dos doces de figo, está tudo certo, está tudo bem. Mas se algum anjinho metido, mesmo que seja o tal Gabriel, resolver roubar uma fornada quentinha de biscoitos de Maurilo a coisa muda de figura.
E aí é melhor se prepararem, porque eu não sou Maria Neves, mas vou aí em cima e acabo na hora com essa pouca vergonha.
Direto na têmpora: Just don't love you - Carbon Copies
- Eu? Gordinho? Que é isso, mulher?
- Ora, não desconversa. Olha esse uniforme, mal cabe em você!
- Deixa de ser boba, mulher, isso aí encolheu porque você não sabe lavar direito.
Ela então ri com gosto.
- Ah, Jardim, Jardim... sua boca fala uma coisa, mas sua barriga diz outra. Fala a verdade, isso é doce de Dona Maria Neves que você anda roubando, não é não?
- Quê? Doce? Para com isso, mulher! Doce... onde já se viu? Roubar doce, eu?
É muito provável que o diálogo acima nunca tenha acontecido, mas pensando bem, sabe que pode ser que tenha sido bem próximo disso? É que Dona Maria Neves, minha bisavó, era uma vítima recorrente do Sr. Jardim, um carteiro de tempos mais antigos que sempre roubava alguns doces de figo cristalizados que costumavam secar nas janelas da velha casa da Rua Xavier da Veiga.
Aliás, o Sr. Jardim não era o único. Estudantes das repúblicas mais próximas e jovens vizinhos também não resistiam àqueles pedacinhos verdes de tentação cobertos de açúcar que ficavam atraindo os passantes como moça bonita, daquelas bem namoradeiras, aboletada na janela.
Eu confesso que também já roubei minha cota de doces de figo, doces de nozes e, é claro, dos deliciosos biscoitos de Maurilo (batizados em homenagem à minha paixão desmesurada por eles). Mas era um roubo sem necessidade para um primeiro bisneto e afilhado que era recebido sempre com um abraço e com a frase ao pé do ouvido “coloca a mão no meu bolso”. Quando eu colocava, saía cheio de balas Erlan entre os dedos e ela completava “se quiser mais é só vir me abraçar”.
Isso sem falar que na casa de Vovó Maria tinha penico ao lado da cama, tinha assoalho com frestas pelas quais se via o galinheiro, tinha aquele frio perfeito de Ouro Preto, tinha cama de mola, tinha família reunida e poste de ferro bem na frente da porta da entrada.
A verdade é que aparte toda a diversão e toda a doçura que a memória empresta ao que se amou, minha avó Maria (que eu nunca chamei de bisa) foi das mulheres mais fortes que já conheci.
Vovó Maria nasceu em São Caetano, hoje Monsenhor Horta, mas mudou-se para Ouro Preto ainda moça. Em Ouro Preto casou-se com Levindo Barbosa Leite, que também veio de Monsenhor Horta e era comerciante na cidade.
As certidões dizem que vovó Maria teve 7 filhos, mas isso é bobagem. Foram dezenas. Não faltaram irmãos, netos, amigos e vizinhos para que Dona Maria pudesse abrigar sob suas asas e cobrir de atenção, conselhos, carinho e, é claro, broncas. Muitas broncas.
Ah, sim, porque não se engane você pensando que Dona Maria Neves era dessas avozinhas de novela que se deixam no sofá e assistem a tudo calmamente sem mover um dedo. Ah, mas isso não, senhor.
Dona Maria Neves foi Inspetora de Alunos na antiga Escola Normal Oficial de Ouro Preto, meu amigo.
Dona Maria Neves viu o marido ir a falência e trabalhou como uma leoa vendendo seus trabalhos de crochê e à máquina, meu irmão.
Para os casamentos de dezenas e dezenas de noivas, Dona Maria Neves cansou de fazer salgados, doces, bombons, sempre com as bandejas enfeitadas pela amiga Hyara Tonidandel. Sem falar no seu famoso bolo com recheio de nozes, artisticamente confeitado por D. Eliza Alves de Brito.
Dona Maria Neves trabalhou dia e noite para fazer doces e salgados que abasteceram, ao longo de sua vida, as festas e os estômagos das famílias mais requintadas da região; os alunos da Escola Técnica Federal de Ouro Preto e os carnavais do 15 de Novembro, da Associação Comercial e do CAEM.
E daí? E daí que Dona Maria Neves aprendeu com a necessidade o valor da disciplina. Aprendeu com a adversidade a hora de apoiar e a hora de cobrar. Aprendeu com a vida que se doar não é uma opção: é uma obrigação.
Era um caso sério essa tal Maria Neves. Vaidosa, usava sempre saia e casaquinho e tinha pernas de moça mesmo aos 80 anos. Era louca por queijo Palmira, era louca por cinema, era louca por novelas e foi a mulher mais sã que já conheci.
Como amava as pessoas essa tal Maria Neves e sua casa de portas abertas para estudantes, turistas, amigos, equipes de filmagem e qualquer um que se apresentasse. Como amava e como foi amada. Eu, menino ainda, tinha ciúmes dessa avó/bisavó que era de uma cidade inteira. Bobagem minha. No coração de Dona Maria cabia quem soubesse chegar.
Voltando às datas e certidões e fatos, Dona Maria Neves nasceu a 18 de maio de 1903 e morreu em 1 de janeiro de 1986, aos 82 anos. Da sua morte me lembro de muito pouco, mas foi minha primeira perda de alguém realmente amado.
A lembrança mais forte que tenho é dos adultos chorando ao lado da cozinha. Sim, ao lado da cozinha, misturando lágrima, lembrança e o cheiro algo mágico das mais doces delícias. E foi exatamente como deveria ter sido.
Mas não foi o fim, porque a presença é algo que não se interrompe com algo tão bobo quanto a morte. Maria Neves existiu no jeito aparentemente sóbrio e intensamente alegre de minha Tia Avó Ilka. Maria Neves existe na vitalidade imensa, nos quitutes divinos e no amor que não mede palavras da minha Tia Rosa. Maria Neves para mim sempre existirá no cuidado que move céus e mundo de minha mãe Wanda.
Serei eu um pouco Maria Neves? Quem me dera, sou fraco. Mas imagino ainda assim uma cena em que o velho carteiro Jardim se une a um arcanjo mais saidinho e vão os dois juntos, pé ante pé, roubar os doces de figo celestiais que Vovó Maria deixa secando em alguma janela do Éden.
Ela briga, espinafra, mas no fundo então ri. E eles riem também. Mas que fique aqui o aviso, enquanto falamos dos doces de figo, está tudo certo, está tudo bem. Mas se algum anjinho metido, mesmo que seja o tal Gabriel, resolver roubar uma fornada quentinha de biscoitos de Maurilo a coisa muda de figura.
E aí é melhor se prepararem, porque eu não sou Maria Neves, mas vou aí em cima e acabo na hora com essa pouca vergonha.
Direto na têmpora: Just don't love you - Carbon Copies
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terça-feira, janeiro 11, 2011
Mais polaroids e mais poesias
Mais uma vez, texto de Maurilo Andreas sobre fotos de Kika Antunes.
Direto na têmpora: Disco Biscuit Love - The Jezabels
Direto na têmpora: Disco Biscuit Love - The Jezabels
segunda-feira, janeiro 10, 2011
Chorando juntos
Sophia nunca entendeu o fato de eu chorar em desenhos. Ela fica brava comigo, tapa meus olhos, me manda sair da sala, realmente a irrita esse meu lado.
Pois hoje pela primeira vez ela me entendeu.Dei de presente para ela o filme O Corcunda de Notre Dame da Disney e, enquanto trabalhava, Sophia irrompeu em um choro convulsivo e descontrolado como nunca vi. Disse que havia machucado o pé, mas não queria gelo ou remédio. Simplesmente gritava e não queria ninguém por perto.
Alguns minutos depois, um pouco mais calma, ela explicou entre soluços:
- Eu estou muito triste, porque eles maltrataram o corcunda.
E novamente se entregou ao pranto.
Eu e Fernanda usamos 7 mil argumentos para acalmá-la, mas vocês não imaginam como sofremos por saber que nossa filhinha já tem uma empatia tamanha por aqueles que sofrem. Vai sentir muita dor como sentem todos aqueles de bom coração.
Morro de orgulho e de pena por ela.
Direto na têmpora: Whatever - Oasis
Pois hoje pela primeira vez ela me entendeu.Dei de presente para ela o filme O Corcunda de Notre Dame da Disney e, enquanto trabalhava, Sophia irrompeu em um choro convulsivo e descontrolado como nunca vi. Disse que havia machucado o pé, mas não queria gelo ou remédio. Simplesmente gritava e não queria ninguém por perto.
Alguns minutos depois, um pouco mais calma, ela explicou entre soluços:
- Eu estou muito triste, porque eles maltrataram o corcunda.
E novamente se entregou ao pranto.
Eu e Fernanda usamos 7 mil argumentos para acalmá-la, mas vocês não imaginam como sofremos por saber que nossa filhinha já tem uma empatia tamanha por aqueles que sofrem. Vai sentir muita dor como sentem todos aqueles de bom coração.
Morro de orgulho e de pena por ela.
Direto na têmpora: Whatever - Oasis
Sophia likes Freddie
Depois de aplicar com sucesso a Sophia no som dos Beatles, hoje foi a vez de Queen. A tarefa era bem mais simples porque ela já conhecia Bohemian Rhapsody com os Muppets, é claro.
Coloquei Spread Your Wings pra tocar e falei:
- Sophia, sabia que eu cantava essa música pra você quando você era nenenzinha?
- É?
- É, você gostou?
- Gostei muito.
- O nome do moço que canta essa música era Freddie.
- E todo mundo ficava encantado quando ouvia a voz dele, né?
:-)
Direto na têmpora: Please do not go - Violent Femmes
Coloquei Spread Your Wings pra tocar e falei:
- Sophia, sabia que eu cantava essa música pra você quando você era nenenzinha?
- É?
- É, você gostou?
- Gostei muito.
- O nome do moço que canta essa música era Freddie.
- E todo mundo ficava encantado quando ouvia a voz dele, né?
:-)
Direto na têmpora: Please do not go - Violent Femmes
Mundo injusto
Pérola de Sophia, a menina que acha que ser muito branco é defeito.
- Mamãe, amanhã você tem que ir ao clube comigo e com o papai, tá? Você precisa pegar sol, porque aqui em casa tem dois moreninhos e uma branquinha e isso não é justo.
Direto na têmpora: Stir it up - Bob Marley
- Mamãe, amanhã você tem que ir ao clube comigo e com o papai, tá? Você precisa pegar sol, porque aqui em casa tem dois moreninhos e uma branquinha e isso não é justo.
Direto na têmpora: Stir it up - Bob Marley
sexta-feira, janeiro 07, 2011
Estrada
A melhor forma de se perder é seguir a estrada, é obedecer o mapa, é observar as placas, é manter-se atento a um caminho que não é seu.
Direto na têmpora: Lily - The Dodos
Direto na têmpora: Lily - The Dodos
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quase nada
quinta-feira, janeiro 06, 2011
Vilões
Numa boa? Os vilões do meu tempo são muito mais legais do que os seus.
Iara Faz Sujeira
Hugo Agogô
Tião Gavião
Zorak
Sleestaks
Simon, o Simpático
Um vilão qualquer aí do Scooby Doo
Direto na têmpora: Don't make me a target - Spoon
Iara Faz Sujeira
Hugo Agogô
Tião Gavião
Zorak
Sleestaks
Simon, o Simpático
Um vilão qualquer aí do Scooby Doo
Direto na têmpora: Don't make me a target - Spoon
quarta-feira, janeiro 05, 2011
Ted Williams
Até ontem o único Ted Williams que eu conhecia era o jogador de baseball. Ontem eu conheci Ted Williams, um mendigo que dizia em seu cartaz algo mais ou menos assim: "Eu tenho um dom divino. Eu sou um ex-locutor de rádio que está vivendo tempos difíceis. Por favor, qualquer ajuda será imensamente apreciada. Obrigado e Deus te abençoe."
Acontece que alguém filmou Ted, ouviu um pouco da sua história e colocou no Youtube. 24 horas depois, a rádio WNCI, de Columbus, Ohio, fez uma entrevista com Ted e ofereceu a ele a coisa mais importante que qualquer pessoa poderia receber. Uma segunda chance.
Empresas e ouvintes ofereceram trabalho, dinheiro, moradia, alimentação e até os Cleveland Cavaliers fizeram uma proposta de emprego como apresentador do time em seu ginásio. O fato é que bastou o interesse de uma pessoa para que a história de Ted Williams mudasse. Se ele, que se afastou de suas 7 filhas e 2 filhos por causa das drogas e do álcool, aproveitar essa oportunidade pode ajudá-lo a se redimir.
Essa é uma amostra de que ganhamos braços mais longos com a internet e que agredir, acariciar ou ajudar alguém a se levantar ficou mais fácil. Como usar esses braços é você quem escolhe.
Como tudo começou.
Direto na têmpora: Today has been okay - Emiliana Torrini
Acontece que alguém filmou Ted, ouviu um pouco da sua história e colocou no Youtube. 24 horas depois, a rádio WNCI, de Columbus, Ohio, fez uma entrevista com Ted e ofereceu a ele a coisa mais importante que qualquer pessoa poderia receber. Uma segunda chance.
Empresas e ouvintes ofereceram trabalho, dinheiro, moradia, alimentação e até os Cleveland Cavaliers fizeram uma proposta de emprego como apresentador do time em seu ginásio. O fato é que bastou o interesse de uma pessoa para que a história de Ted Williams mudasse. Se ele, que se afastou de suas 7 filhas e 2 filhos por causa das drogas e do álcool, aproveitar essa oportunidade pode ajudá-lo a se redimir.
Essa é uma amostra de que ganhamos braços mais longos com a internet e que agredir, acariciar ou ajudar alguém a se levantar ficou mais fácil. Como usar esses braços é você quem escolhe.
Como tudo começou.
Direto na têmpora: Today has been okay - Emiliana Torrini
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terça-feira, janeiro 04, 2011
Coisas do Incultos
Incultos, o livro que não existe mais, aparece mais uma vez no Pastelzinho, agora com uma semificçãozinha que eu escrevi: Belô Lugosi.
Não sou de Belo Horizonte, mas apesar da resistência inicial que tive com a cidade, tenho que reconhecer que aqui tem uns negócios realmente meio fora do padrão.
Pois às vezes BH também tem seu lado tétrico e parece um filme com Bela Lugosi, principalmente quando um se descobre no meio daquela neblina que chega de repente e tudo encobre e esconde.
E foi numa noite assim que me peguei voltando para casa em estado de semiporre pelas tortuosas ruas do Santa Lúcia. O vento me gelava o nariz e me fazia apressar o passo, mas nada que justificasse o quase trotar que passei a ouvir.
Era uma rua com poucas casas e muitos lotes vagos (como dezenas de outras no bairro), donde imaginei que pudesse ser um cavalo ou cachorro que a névoa mantinha invisível em algum matagal. No entanto, quando parei, o ruído também parou. Olhei para os lados procurando algum vulto ou sinal de movimento, dei de ombros e segui andando apenas para perceber que o ruído recomeçava.
Naquele momento, o álcool me encheu de coragem e, ao invés de sair em desabalada carreira, decidi perguntar em voz alta "Tem fogo, companheiro?". Sem receber resposta, ganhei ânimo e provoquei "Tá com medo de mim, amigo?". Dei uma risada sarcástica e voltei ao meu caminho, agora com passos mais firmes.
Mais uma vez o som de outros passos começou e desta vez resolvi não arriscar. Fosse desse mundo ou não, haveria de ter um foguete nos pés para me alcançar.
Cheguei em casa colocando o coração pela boca e pela primeira vez desde que comecei a correr olhei para trás. Mesmo tendo ouvido som de passos me acompanhando aceleradamente por todo o caminho, procurei e não havia ninguém por perto.
Abri o portão atabalhoadamente, tremendo com um misto de cansaço e pavor. Subi as escadas correndo, quase arrombei minha própria porta e dormi ali mesmo na sala, a luz acesa, a tv ligada.
Um sono agitado, constantemente interrompido pela sensação de uma companhia silenciosa que, mesmo agora quando escrevo, teima em me pertubar.
Direto na têmpora: Alcoholics Unanimous - Art Brut
Não sou de Belo Horizonte, mas apesar da resistência inicial que tive com a cidade, tenho que reconhecer que aqui tem uns negócios realmente meio fora do padrão.
Pois às vezes BH também tem seu lado tétrico e parece um filme com Bela Lugosi, principalmente quando um se descobre no meio daquela neblina que chega de repente e tudo encobre e esconde.
E foi numa noite assim que me peguei voltando para casa em estado de semiporre pelas tortuosas ruas do Santa Lúcia. O vento me gelava o nariz e me fazia apressar o passo, mas nada que justificasse o quase trotar que passei a ouvir.
Era uma rua com poucas casas e muitos lotes vagos (como dezenas de outras no bairro), donde imaginei que pudesse ser um cavalo ou cachorro que a névoa mantinha invisível em algum matagal. No entanto, quando parei, o ruído também parou. Olhei para os lados procurando algum vulto ou sinal de movimento, dei de ombros e segui andando apenas para perceber que o ruído recomeçava.
Naquele momento, o álcool me encheu de coragem e, ao invés de sair em desabalada carreira, decidi perguntar em voz alta "Tem fogo, companheiro?". Sem receber resposta, ganhei ânimo e provoquei "Tá com medo de mim, amigo?". Dei uma risada sarcástica e voltei ao meu caminho, agora com passos mais firmes.
Mais uma vez o som de outros passos começou e desta vez resolvi não arriscar. Fosse desse mundo ou não, haveria de ter um foguete nos pés para me alcançar.
Cheguei em casa colocando o coração pela boca e pela primeira vez desde que comecei a correr olhei para trás. Mesmo tendo ouvido som de passos me acompanhando aceleradamente por todo o caminho, procurei e não havia ninguém por perto.
Abri o portão atabalhoadamente, tremendo com um misto de cansaço e pavor. Subi as escadas correndo, quase arrombei minha própria porta e dormi ali mesmo na sala, a luz acesa, a tv ligada.
Um sono agitado, constantemente interrompido pela sensação de uma companhia silenciosa que, mesmo agora quando escrevo, teima em me pertubar.
Direto na têmpora: Alcoholics Unanimous - Art Brut
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segunda-feira, janeiro 03, 2011
A cabritinha e a ovelhinha
Sophia pediu e eu fiz mais uma historinha pra ela. Se alguém aí gostar, fique à vontade para contar em casa ou arranjar editora, beleza?
Lita era uma cabritinha muito boazinha, que vivia em uma fazenda cheia de animais em um lugar muito bonito.
Ela era muito querida por todos, educada, amiga e sempre que podia ia visitar os outros bichos para conversar e se distrair um pouco.
Um dia, quando chegou perto do galpão onde viviam as ovelhas, a Lita teve uma surpresa: lá dentro estava uma ovelhinha tão bonita como ela nunca tinha visto.
Ah, eu me esqueci de contar para vocês que a Lita era também um pouco insegura, sabe. Mesmo com muitos amigos ela não se achava tão bonita e pra ela isso era um problemão. Sabe por quê? Porque ela achava que os outros bichos só iam gostar dela de verdade se ela fosse linda, olha só que bobagem...
Bom, mas o que é bobagem para uns, para outros é muito importante, aí aconteceu que a partir daquele dia a Lita não teve mais sossego. Ela vivia achando que os amigos dela iam gostar mais da ovelhinha nova, que ela ia acabar ficando sozinha e um monte de outras coisas ruins. Aí ela tomou uma decisão! Ela tinha que fazer alguma coisa, porque daquele jeito não podia ficar.
Lita foi para casa e começou a executar seu plano. Passou um dia inteirinho trancada no estábulo, se preparando toda e deixou todo mundo curioso.
Quando Lita saiu, parecia outra pessoa. Ela tinha colado as orelhas com fita adesiva pra elas ficarem mais curtas, tinha enchido o corpo de algodão bem branquinho, tinha escondido seus chifrinhos com um pano branco, tinha enchido as bochechas de alfafa para elas ficarem mais gordinhas e tinha até colocado uma lente de contato para mudar a cor dos olhos.
Os outros animais quando viram aquilo, caíram na gargalhada. “Que coisa mais esquisita!” gritavam eles. “É uma cabra com jeito de ovelha... uma cabrelha!” falou alguém. E a pobre da Lita, morrendo de vergonha, saiu correndo dali.
Ela se escondeu atrás de uma árvore bem grande e ficou chorando baixinho, bem quietinha pra ninguém ouvir. De repente, ela ouviu uns passos cuidadosos e o rosto de uma ovelha apareceu entre as folhagens. Era Sophia, a ovelhinha que a Lita quis imitar!
- Oi, Lita, está tudo bem com você? O que foi que aconteceu? – disse Sophia com carinho.
- Nada... me deixe sozinha...
- Olha, eu sei que a gente não se conhece direito, mas pode se abrir comigo. Eu estou aqui pra te ajudar.
Lita ficou calada, sentindo uma coisa que ela não sabia direito o que era. Será que a culpa daquela bagunça era da Sophia? Será que ela realmente queria ajudar ou só tinha ido ali para rir dela?
Sophia então, meio sem jeito disse:
- Posso te contar um segredo? Eu quase fiz a mesma coisa que você.
A Lita tomou um susto.
- O Quê? Como assim?
- É... eu sempre achei você linda, sabe? Você é magrinha, tem esse pelo curtinho, esses chifrinhos moderníssimos, esses olhos diferentes, essas orelhas longas e charmosas... sempre que eu te via, ficava achando que nunca ia me enturmar na fazenda porque todos sempre iam gostar mais de você.
A Lita não podia acreditar no que estava ouvindo, mas a Sophia continuou.
- Um dia, eu guardei duas cenouras do lanche, joguei no barro branco atrás do moinho, deixei só a pontinha e coloquei bem em cima da minha cabeça. Meu pai viu aquilo e veio falar comigo. Quando eu contei que queria ser igual a você, ele me explicou que todo mundo é diferente. As vacas são lindas porque são grandes e gordas, com aqueles olhos redondos. Os cavalos são maravilhosos por causa do seu pelo brilhante e do seu porte elegante. Cada um bonito do seu jeito.
A Lita baixou a cabeça e ficou pensando um pouquinho. Não é que a Sophia tinha razão? Até a Pururuca, uma leitoazinha nova, era linda com aquele focinho achatado e a pele bem rosinha. E mesmo que não fosse bonita, ninguém gostava mais ou menos dela por causa disso.
A Lita então começou a perceber que tinha feito uma grande bobagem. Foi andando até o riachinho e tirou aquela fantasia toda.
Depois daquele dia, Lita e Sophia ficaram inseparáveis. É claro que uma continuava achando a outra a coisa mais linda do mundo, mas isso agora nem importava. O que importava mesmo, é que cada uma tinha a sua beleza, o seu jeito, os seus gostos e que era também por serem diferentes, que elas eram amigas de verdade.
Direto na têmpora: Gila - Beach House
Lita era uma cabritinha muito boazinha, que vivia em uma fazenda cheia de animais em um lugar muito bonito.
Ela era muito querida por todos, educada, amiga e sempre que podia ia visitar os outros bichos para conversar e se distrair um pouco.
Um dia, quando chegou perto do galpão onde viviam as ovelhas, a Lita teve uma surpresa: lá dentro estava uma ovelhinha tão bonita como ela nunca tinha visto.
Ah, eu me esqueci de contar para vocês que a Lita era também um pouco insegura, sabe. Mesmo com muitos amigos ela não se achava tão bonita e pra ela isso era um problemão. Sabe por quê? Porque ela achava que os outros bichos só iam gostar dela de verdade se ela fosse linda, olha só que bobagem...
Bom, mas o que é bobagem para uns, para outros é muito importante, aí aconteceu que a partir daquele dia a Lita não teve mais sossego. Ela vivia achando que os amigos dela iam gostar mais da ovelhinha nova, que ela ia acabar ficando sozinha e um monte de outras coisas ruins. Aí ela tomou uma decisão! Ela tinha que fazer alguma coisa, porque daquele jeito não podia ficar.
Lita foi para casa e começou a executar seu plano. Passou um dia inteirinho trancada no estábulo, se preparando toda e deixou todo mundo curioso.
Quando Lita saiu, parecia outra pessoa. Ela tinha colado as orelhas com fita adesiva pra elas ficarem mais curtas, tinha enchido o corpo de algodão bem branquinho, tinha escondido seus chifrinhos com um pano branco, tinha enchido as bochechas de alfafa para elas ficarem mais gordinhas e tinha até colocado uma lente de contato para mudar a cor dos olhos.
Os outros animais quando viram aquilo, caíram na gargalhada. “Que coisa mais esquisita!” gritavam eles. “É uma cabra com jeito de ovelha... uma cabrelha!” falou alguém. E a pobre da Lita, morrendo de vergonha, saiu correndo dali.
Ela se escondeu atrás de uma árvore bem grande e ficou chorando baixinho, bem quietinha pra ninguém ouvir. De repente, ela ouviu uns passos cuidadosos e o rosto de uma ovelha apareceu entre as folhagens. Era Sophia, a ovelhinha que a Lita quis imitar!
- Oi, Lita, está tudo bem com você? O que foi que aconteceu? – disse Sophia com carinho.
- Nada... me deixe sozinha...
- Olha, eu sei que a gente não se conhece direito, mas pode se abrir comigo. Eu estou aqui pra te ajudar.
Lita ficou calada, sentindo uma coisa que ela não sabia direito o que era. Será que a culpa daquela bagunça era da Sophia? Será que ela realmente queria ajudar ou só tinha ido ali para rir dela?
Sophia então, meio sem jeito disse:
- Posso te contar um segredo? Eu quase fiz a mesma coisa que você.
A Lita tomou um susto.
- O Quê? Como assim?
- É... eu sempre achei você linda, sabe? Você é magrinha, tem esse pelo curtinho, esses chifrinhos moderníssimos, esses olhos diferentes, essas orelhas longas e charmosas... sempre que eu te via, ficava achando que nunca ia me enturmar na fazenda porque todos sempre iam gostar mais de você.
A Lita não podia acreditar no que estava ouvindo, mas a Sophia continuou.
- Um dia, eu guardei duas cenouras do lanche, joguei no barro branco atrás do moinho, deixei só a pontinha e coloquei bem em cima da minha cabeça. Meu pai viu aquilo e veio falar comigo. Quando eu contei que queria ser igual a você, ele me explicou que todo mundo é diferente. As vacas são lindas porque são grandes e gordas, com aqueles olhos redondos. Os cavalos são maravilhosos por causa do seu pelo brilhante e do seu porte elegante. Cada um bonito do seu jeito.
A Lita baixou a cabeça e ficou pensando um pouquinho. Não é que a Sophia tinha razão? Até a Pururuca, uma leitoazinha nova, era linda com aquele focinho achatado e a pele bem rosinha. E mesmo que não fosse bonita, ninguém gostava mais ou menos dela por causa disso.
A Lita então começou a perceber que tinha feito uma grande bobagem. Foi andando até o riachinho e tirou aquela fantasia toda.
Depois daquele dia, Lita e Sophia ficaram inseparáveis. É claro que uma continuava achando a outra a coisa mais linda do mundo, mas isso agora nem importava. O que importava mesmo, é que cada uma tinha a sua beleza, o seu jeito, os seus gostos e que era também por serem diferentes, que elas eram amigas de verdade.
Direto na têmpora: Gila - Beach House
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