Conforme prometido, segue aí o texto do meu bom amigo Gastão sobre suas agruras durante a vasec. Enjoy.
Amigos, estou de volta.
A cirurgia foi relativamente tranqüila. "Tranqüila" porque não foi nada do outro mundo, comparada a operações mais sérias. E "relativamente" porque também não é assim uma coisa à toa, levando em conta a região operada.
Cheguei ao local da castração na hora marcada, 10h da manhã do dia 28. Só fui convocado para o procedimento às 11h.
Uma enfermeira, dessas tias velhas e gordas, me dá uma daquelas camisolas de doente e recomenda: "Tira a roupa toda e veste a camisola, com a abertura para trás." E ainda ressalta: "É para tirar a roupa TODA, viu?"
Assim eu faço. Entro no banheiro gelado, tiro a roupa toda, dou a última olhada para o "condenado", visto a camisola e vou para o matadouro.
Chegando lá, vejo a tal tia junto com outra enfermeira, esta novinha, quase gatinha, com cara da espertinha. Ambas olham para mim sem conseguir esconder o riso. Deito na maca, com o cuidado de não mostrar a bunda para elas.
A tia véia me pede: "Com licença, vamos fazer uma pequena assepsia". Levanta a porra da camisola e começa a passar, com pinça e gaze, um líquido no meu pau, que nessa altura estava com uns 2 centímetros de comprimento. Era um cone de pele no meio das pernas. Detalhe: toda a região estava totalmente depilada.
A tia véia acaba a assepsia, e sai da sala. Ficamos só eu e a enfermeira novinha. Em silêncio. 1 minuto, 2 minutos, até que eu quebro o silêncio: "Situação estranha essa..." Ela tenta me consolar: "Ah, para o paciente é estranho, mas nós já estamos tão acostumadas..." Eu penso em falar "Olha, você tá vendo meu pau desse tamaninho, mas é porque eu tou com frio e com vergonha. Você precisa ver esse menino em posição de ataque, viu?" Mas desisto de falar, fico calado.
Ela tenta melhorar o meu lado com uma conversa no mínimo surrealista: "Eu fico embaraçada é quando eu tenho que lidar com números." Eu desisto de vez e fico ainda mais calado.
Neste momento, entra meu amigo, médico e carrasco: "E aê, Gastão, hahahaha, que situação, hein?". É um sádico, como todos os cirurgiões.
E começa o espetáculo.
Anestesia, tudo bem. Corta aqui, mexe ali, de repente, uma dor. "Pô, velho, tá doendo!" Mais anestesia. Começo a sentir puxando as coisas por dentro. Não é dor, mas uma sensação estranha. "E aí, Gastão, tudo tranqüilo?", ele pergunta. "Olha, tranqüilo mesmo, só quando eu estiver vestindo a calça para ir embora."
Mas o procedimento segue tranqüilo, na medida do possível. Conversamos sobre os velhos tempos, os velhos amigos, futebol e saúde. A cirurgia demora uns 30 minutos. Levanto e vejo uma poça marrom-avermelhada na maca. Fico pensando se eu havia cagado na maca sem perceber, mas concluo que era apenas iodo.
Meu amigo / médico / carrasco me passa as recomendações: repouso, gelo no local, e um tal de "suspensório escrotal", que eu nem pensei em adquirir. Suspensório escrotal, não!! E decreta 10 dias de abstinência sexual. Ainda tento negociar: "Mas nem uma punhetinha?". Não, nem uma punhetinha. Que merda. Ficar 10 dias sem churrasco a gente até agüenta, mas ficar sem churrasco e sem pão com manteiga é dureza.
Vou embora para Lafaiete, de ônibus. Cada buraco da estrada é sentido no meio das pernas. Paciência. Vou escutando Pink Floyd, Animals, no discman.
Os dias seguintes são de cuidado ao andar. O gelo é foda. Lafaiete com 15 graus de frio e eu pondo gelo no saco. O pau se encolhe de tal jeito que a gente acha que nunca mais ele vai sair dali. Quase desenvolvo a técnica de mijar assentado, mas até que não precisou.
Passados alguns dias, estou praticamente normal. Incomoda um pouco ao deitar e ao levantar da cama. E ainda permanece o instinto de levar a mão para proteger a região, ao passar perto de uma quina, uma criança ou algo que sugira risco.
E a vida segue. Falta pouco para completar meus 10 dias de abstinência sexual. Pouco mais de 7000 minutos...
Direto na têmpora: Whiskey in the jar - Thin Lizzy
30 comentários:
deu frio na barriga, ou melhor dizendo, da barriga pra baixo.
o frio do gelo, zega?
começando pelo banheiro gelado, passando pela anestesia...
melhor nem lembrar, zega, ou melhor, imaginar.
Chorei de rir....
Esse texto do Gastão é sensacional, tita. Quando ele me mandou por email, quase dei pala de rir.
Redatozim, meu irmão...
Para mim é uma honra trazer um pastel meu para expor na vitrine deste prestimoso estabelecimento.
Meu caro Gasta, nada como um pastel com tempero diferente pra agradar a freguesia. Manda mais.
ahahahahahahahahaa confesso q sempre tive a curiosidade de ler um relato sobre o "procedimento".
Este Gastão me prestou um serviço imenso.
Vasectomia, tô fora!
eu preferiria não ter lido, camila. se bem que cirurgia é cirurgia, se precisar a gente faz.
é osso mesmo, roger, mas ainda não descartei geral. vai que um dia precisa.
Cotão... outro dia eu encontrei com o Julhão na rua. Lembra dele? Seu vizinho em Ipatinga? Pois é... o ignóbil é urologista. No meio da conversa ele soltou a seguinte pérola: "a cara, se um dia vc quiser uma vasectomia, me dá uma ligada... a gente faz rapidinho, pode ser até lá em casa mesmo..."
Sei... Vai passar a faca no pau de outro, lá na casa dele...
hahahahahahaha que puta oferta de amigo, hein, presunto? hahahahaha vai lá, pô, tira um sábado e passa a faca no menino hahahahaha
AHHHH! eu ri do inicio ao fim, pior..fiquei imaginando o coitado lá! kkkkkkkkkkkkkkkkkk não é fácil não.
é, micho, homem também sofre
Situação desesperante. Sorte é que tem uma dose de humor que quebra o lado arrepiante da coisa.
Mas isto me faz lembrar um caso que aconteceu com alguém que não me recordo quem era, mas aconteceu.
O sujeito fez uma operação de fimose. No dia seguinte o irmão dele passou no hospital e perguntou: "Como está, Fulano?" e ele respondeu: "Tô depauperado.".
Don Oliva
Gostei muito do tempero do pastel do Gastão. Morri de rir
heheheeh depauperado exemplifica bem a situação, don Oliva.
É isso aí, ndms, o sofrimento do Gasta é a alegria do povo.
Redatozim, meu irmão... Só queria acrescentar uma coisa: apesar das agruras narradas, eu recomendo o procedimento. Não para qualquer um e em qualquer momento da vida, claro... tem que pensar bem antes (ainda que se tenha alguns anos após a cirurgia para voltar atrás e revertê-la).
A cirurgia é relativamente simples (não tanto quanto o Julhão de Ipatinga diz), e o pós-operatório é tranqüilo (ainda posso usar trema).
A maior parte dos meus apertos dizem respeito ao que estava ao redor, e não ao procedimento em si.
E o resultado é bom.
Meu caro Gastão, aposto que esse canalha desse açougueiro que fez sua cirurgia foi quem mandou você escrever esse comentário. Ora, vá mentir pros presos (brincadeirinha, você já tinha dito que faria de novo o procedimento).
Redatozim, você descobriu tudo. "Devo admitir que sou réu confesso", como diria Tim Maia.
O meu médico é que me pediu para fazer esse comentário, porque percebeu o temor dos leitores do Pastelzinho.
Em troca ele vai me dar um desconto bacana na fimose.
Eu sabia, Gastão... rá.
Um dos posts mais engraçados desta pastelaria. Chorei de rir. E, Oliva, "depauperado" é sensacional!
Almocei com ele hoje, Rubéola, é uma peça rara completa.
Esse "causo" eu quero escutar pessoalmente.
Vamos marcar um almoço Gasta. hahaha
olha aí, deo, eu e gasta almoçamos direto.
Uai, cara, vai ser um prazer. É só marcar.
Mudando de assunto, Deo, e o Iron Maiden? Vamo de novo?
(Redatozim, cÊ tá vendo que eu ainda confiro os comentários do post da minha crônica, né? É o anseio pela fama...)
Tem que conferir mesmo, Gasta, foi um hit.
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