segunda-feira, janeiro 28, 2008

Os 3 sentidos

Acabei de ler, em cerca de duas horas, o "Sob o sol-jaguar" do Ítalo Calvino. São 80 e poucas páginas em que o fodaço escreve sobre os 5 sentidos de uma maneira sensacional (aliás, como quase tudo o que o Calvino faz).

O problema é que a idéia era escrever sobre os 5 sentidos, mas o caboclo acabou morrendo antes. Sendo assim, ficamos com audição, olfato, paladar e uma vontade imensa de ter algum tipo de talento para ousar completar a pentologia (!?!?!) com tato e visão.

Fiquei na mesma situação com "Almas mortas" do Gogol. Feliz de estar lendo aquilo e puto porque não ia saber o fim nunca. Aliás, filosofando, tem tanta coisa na vida que é assim que daria um livro. Com final, por favor.




Direto na têmpora - Fly America - Joelho de Porco

8 comentários:

ars351 disse...

redatozim, sua opinião sobre "as cidades invisíveis", que eu não terminei de ler por pura falta de paciência, o que me causou má impressão sobre ítalo calvino.

mas o senhor o chama de fodaço, o que me leva a crer que ele tem livros melhores.

gracias.

Anônimo disse...

Isso também acontece com a música: ouça a sinfonia inacabada de Shubert. é um primor e fica um sentimento de querer mais, chegar ao fim. Ao contrário do que se costuma pensar, a Sinfonia Inacabada de Schubert não recebeu este nome porque o autor morreu antes de terminá-la. Na verdade, a composição data de 1822, seis anos antes da data da morte do autor. Por motivos nunca bem explicados por seus biógrafos, Schubert simplesmente desistiu de completar a obra, que mesmo assim é considerada uma de suas principais realizações.

redatozim disse...

Toomuchcoffeeman, como diz a filósofa Luziana Lana: "pessoas diferentes precisam de métodos diferentes". Eu acho o "Cidades Invisíveis" simplesmente excelente. Se você não gostou dele, não recomendo a leitura de mais nada do Calvino, nem mesmo o fantástico "O Barão nas Árvores".´Gosto é gosto, tem nem que discutir.

redatozim disse...

Engraçado isso, ndms, sempre imagino que obras inacabadas tenham ficado assim por morte do autor. Estranho esse caso do Schubert.

Ivan P. Pawlow disse...

As "Seis propostas para o novo milênio" do Calvino tb é incompleta. E "O castelo", do Kafka, tb não tem final. Como não temos escolha, acho que vale uma saída bem Pollyana: "que bom que não tem final! Convite único para a minha imaginação inventar um (ou vários) e tá tudo certo".

E tb, mesmo qdo há um final, eu sinto sempre uma vontade de imaginar o q acontece depois aos personagens. Vontade essa quase sempre reprimida porque

redatozim disse...

Boa lembrança das "Seis propostas", Pawlow. "O Castelo" eu não li. Agora, quanto a imaginar um novo final, sei não, realmente desconfio que tenha menos capacidade do que eles para pensar em algo bacana, mas isso

Anônimo disse...

ué, então ele escrevia esse junto com as 6 propostas? legal a dica, eu amo calvino e este não conhecia...beijo, brigada pelo elogio outro dia. :)

redatozim disse...

Quem és tu, anônimo, que eu inadvertidamente andei elogiando? Agora, quanto ao lance das "seis propostas", não sei a causa da interrupção, portanto fico sem jeito de dizer que a relação entre os textos existe. Enfim, é isso aí.