segunda-feira, agosto 07, 2006

Na cova

Agora eu não vou me lembrar quem foi, se o Ajuricaba, o Itaíbes ou ainda algum outro lendário arte-finalista, mas eu sei que já eram altas horas e o cliente de varejo fungava no cangote do moço. Era arte-final na prancheta, trabalhosa, tendo que fazer mancha, ilustração, tudo na hora, tudo na mão. Lá pelas tantas, o cliente tenta mostrar simpatia e faz uma brincadeira: "É, rapaz, quando eu morrer você vai mijar na minha cova, né?". No que veio a resposta imediata: "Eu não, detesto pegar fila".
E acredita que manteve o emprego?




Canção do dia: Roll Over and Die - Bob Mould

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande redatozim! Acho que ele não apenas merecia manter-se no emprego, mas também receber uma promoção (pelo menos uma menção honrosa). Tudo bem, tudo bem: o cliente deu a cara a tapa, esperava um carinho e levou um murro. Mas foi ELE, cliente, quem rolou a bola. E a regra é clara: quando é o adversário que passa a bola não há impedimento.
Aquele abraço!

redatozim disse...

Meu caro Gastrópodo, infelizmente a profissão de arte-finalista como a conhecíamos na época da prancheta terminou. Não existe mais. Deixou de existir. Bateu as botas. Foi encontrar o Criador. Mas posso garantir que ali trabalharam algumas das maiores peças raras do mundo. Milton Casquinha, Véio de Pompéu, Barão (não o que trabalha comigo), Itaíbes, Ajuricaba e por aí vai. Um dia te conto.