terça-feira, dezembro 01, 2009

Suspiro

Ao mudar para BH morei um tempo com minha avó Geralda. O apartamento era ali bem em frente à barragem do Santa Lúcia quando havia apenas um pântano no local, sem laguinho, sem pista de cooper, sem nada.

Na pracinha, uma feirinha acontecia aos sábados e minha avó sempre comprava frutas, biscoitos e uma guloseima ou outra.

Ela, enfrentando um regime bravo, volta e meia chegava ao apartamento com um saco enorme de suspiros e dizia toda feliz:

- Trouxe suspiros para você.


Passado um tempo, eu deitado na sala vendo tv, ouvia minha avó se aproximar da cozinha.

- Esse parece fresquinho, vou provar só um.

Mais 5 minutos e lá vinha ela.

- Tá gostoso mesmo, vou comer só mais um.

Outro tantinho e já voltava Dona Geralda.

- Nossa, esse suspiro tá uma delícia, mais um e pronto.

E assim ia, a tarde toda, até que eu me levantasse e encontrasse menos de metade do saco de suspiros me esperando na mesa.

Nem me importava com o sumiço dos doces (e olha que eu sou louco por doces), mas adorava ver minha avó comendo daquele jeitinho dela. Na verdade, ficar observando aquilo era quase tão gostoso quanto os próprios suspiros.




Direto na têmpora: Up to no good - Rancid

8 comentários:

Sakana-san disse...

Doces suspiros com este post... :)

redatozim disse...

É, preciso visitar minha vó Geralda, Sakana-san. É bom pra renovar o estoque de bons suspiros.

danny falabella disse...

que fofa! Conheço bem este método me engana que eu gosto..aplico direto...taí meus pneus que não me deixam mentir...

redatozim disse...

Eh bom demais mentir pra si mesmo, danny. ;)

ndms disse...

Você me fez chorar, meu filho. Choro de alegria e de saudade

redatozim disse...

A gente vai visitar ela depois, viu, ndms?

Rubens disse...

Ah, as avós, os doces e as lembranças! Lembro-me como se fosse hoje cedo da minha avó fazendo "puxa" na cozinha da casa dela em Coromandel e aquela fila de netos querendo provar. Ela tirava um pouco do tacho, coloca num copo de água pra dar o ponto e levava com os dedos até a nossa boca. Tenho a lembrança até da textura dos delos dela na minha boca. Doces lembranças!

redatozim disse...

Bala puxa... caramba, que lembrança boa, Rubéola.