quinta-feira, dezembro 03, 2009

Tempestade - metafórica ou não

É quando a chuva arma no horizonte e não há abrigo por perto que a gente inclina o corpo adiante e diz pro vento "seguimos", queira ele deixar ou não.

É quando a primeira gota cai e explode na testa que a gente encolhe os ombros, não em sinal de temor, mas em antecipação ao passo que vamos dar, rumo ao coração da chuva, rumo ao traçado que mesmos fizemos.

É quando o raio ilumina a abóbada e alguma árvore seca explode que bendizemos o mundo e somos também raio abrindo picada, forçando o rumo, rompendo.

É quando a pele se eriça e a roupa se encharca que o peso e o frio se esvaem de nós e já não pensamos no que foi ou no que há de ser, os pés enfiados na lama, a viagem ainda longa e chegar é menos que um sentimento.

É quando a tormenta não cessa que não cessar é também a escolha nossa.
É quando a tempestade engole o mundo que não ser engolido é a única decisão possível.
É quando a fúria é enorme que não ser pequeno é tudo o que nos resta.




Direto na têmpora: I Need All the Friends I Can Get - Camera Obscura

8 comentários:

Gastão disse...

Genial, Redatozim.

E veio na hora certa.

Essa também é para salvar no word, como um salmo.

Flor que Fala disse...

Tem gente que tem o dom né!!!
É só isto que eu queria dizer hoje...
Então vou colar la no blog ok??
Beijos

redatozim disse...

Gasta, só de saber que ajudou de alguma forma já valeu. Grande abraço.

redatozim disse...

Cola sim, Flor que Fala, é um prazer.

Fê disse...

Bacana demais, demais!!!!
Grande beijo, vida

redatozim disse...

Obrigadão, vida.

ndms disse...

Realmente, dá um prazer enorme ler o que você escreve. Nossos parabéns e que sua criatividade literal cresça cada vez mais, para que assim possamos usufruí-la sempre e sempre
Um beijão do seu maior admirador!!

redatozim disse...

Valeu, pai.