quinta-feira, janeiro 07, 2010

Justiça

Luciano Farah está nas ruas. Para quem não se lembra, Luciano Farah foi aquele empresário dono da Rede West de postos de gasolina que adulterava combustíveis e, sentindo-se perseguido pelo promotor Francisco Lins do Rêgo, fez o que qualquer cidadão racional faria e mandou matar o cabra.

Além disso, Farah matou também, na mesma época, um rapaz que assaltou um de seus postos, o que não deveria surpreender ninguém. Para Farah, grana é um negócio muito mais importante do que a vida.

Fosse Farah um pé de chinelo e provavelmente a pena de 21 anos seria cumprida na íntegra, sendo ele quem é, está nas ruas beneficiado pela progressão de pena. As duas pessoas que Farah orientou a cometerem o homicídio, por exemplo, continuam cumprindo pena em regime fechado.

Nada contra o regime semi-aberto, que é um importante instrumento de reintegração do presidiário à sociedade. Também não acho que Farah represente risco ao cidadão comum, a não ser é claro que você tenha qualquer tipo de interferência sobre os negócios dele.

Ainda assim não estou convencido de que tenha sido uma decisão justa, até porque existe uma diferença enorme entre o que é legalmente correto e o que é justo. Luciano Farah se junta aos filhos de empresário que atropelam famílias de trabalhadores e vão estudar no exterior, aos playboys que queimam índios e tomam cerveja nos botecos durante o regime semi-aberto.

Em casos como estes, a "leveza" da justiça não educa, não é humana, não redime. O que ela faz é ensinar que o preço de uma vida varia e, se bem negociado, pode sair muito baratinho.

Como já disse, para Farah, grana é um negócio muito mais importante do que a vida. E a justiça brasileira vem dando pinta de que concorda com ele.




Direto na têmpora: Sex Bomb - Tom Jones

12 comentários:

Rafael disse...

Eu me lembro muito bem desse caso, eu passava todos os dias na esquina onde o promotor foi assassinado e, no dia, só não fui testemunha do fato porque decidi cochilar após o almoço. Juntamente com Eduardo Pedras (dirigindo Marea no anel rodoviário pela contramão e matando) e Gustavo Henrique Oliveira Bittencourt (subiu a Raja na contramão e matou um empresário indo para o CEASA trabalhar), é mais um triste capítulo da condescendência da justiça mineira com esse tipo de gente. No caso do Eduardo Pedras, o pai dele se limitou a dizer que não mais o deixaria pilotar o helicóptero dele. ABSURDO! Mais um caso em que a classe média, detentora dos valores, se fode. Rico não tá nem aí, compram tudo, e os menos favorecidos tem outras coisas pra se preocupar, como por comida na mesa.

Ana Paula disse...

Esse fou um fato que muito me marcou. Morava próximo ao posto de gasolina ali da Prudente e passei pouco antes do acontecido. Depois, meu professor de Direito do Consumidor na UNIBH tinha que ir dar as aulas com um policial à paisana, pois este professor esteve junto ao Promotor nas investigações a Farah. Mto me entristece ver que logo logo ele estará não em regime semi aberto, como totalmente aberto.

danny falabella disse...

Cara, isso dói e é revoltante. E se doi na gente, imagina a viúva e seus dois filhos (acho que ele tinha dois meninos pequenos qdo foi executado na Joaquim Murtinho). Um acinte a nossa "justiça". Revoltante.

Rafael disse...

Aproveitando o comentário da Danny, quero saber o que as comissões de direitos humanos fizeram em favor da viúva e dos órfãos. Dêem-nos uma prova de que direitos humanos não são só para os bandidos.

redatozim disse...

Pois é, Rafael, concordo com você. No Brasil (e em Minas neste caso), não dá pra dizer que a justiça é cega. Se é cega, consegue sentir muito bem o cheiro do dinheiro.

redatozim disse...

Ana Paula, o pior é saber que isso acontece em BH. Imagine o que não acontece no sertão de Minas e no interiorzão do Brasil.

redatozim disse...

Danny, eu não gosto nem de pensar se isso acontece com alguém da família. E o pior é ver os filhos crescendo com a consciência de que a justiça para a qual o pai trabalhava não merece o nosso respeito.

redatozim disse...

Rafael, a gente tende a ter opiniões extremas quando vê casos assim, mas eu ainda prefiro evitar o "olho por olho" e acreditar que os Direitos Humanos são algo importante para a sociedade.

ndms disse...

Este é um dos lados triste e desesperador do Brasil: A IMPUNIDADE
Sem querer ser pessimista: vai piorar ainda mais

Rapha Garcia disse...

Isso é complicado. É como ouvi na Itatiaia hoje, pela manhã: "Tudo bem que o regime semi-aberto pareça ser justo no ponto de vista do sentenciado, mas no ponto de vista da sociedade o regime semi-aberto para Farah seria um desrespeito."

E assim caminha a humanidade mineira.

redatozim disse...

A impunidade é mesmo uma relidade que não parece ter fim nesse país, ndms.

redatozim disse...

É como eu disse, Rapha, é legalmente correto, mas não é justo.