quinta-feira, setembro 25, 2008

Certos dias em Liras de Sintra

Em certas ruas de Liras de Sintra, a melancolia é o vizinho senil que se finge não ver. E mesmo como o vizinho que persiste, o escolher não mirá-lo não faz dele menos inconveniente.

O olhar perdido ao estripar o peixe, os dedos sujos de sangue e entranhas nas mesas toscas de uma madeira clara e manchada. Ao lado, a faca larga, de fio infalível. O gume ao alcance da mão, os olhos abertos do peixe e o cheiro de um mar indifente.

Em certos dias, em certas casas, viver é o exercício supremo em Liras de Sintra.




Direto na têmpora: Funkin' For Fun – Parliament

8 comentários:

Anônimo disse...

Ó pá, essas ruas de Liras de Sintra têm muito o que contaire...

redatozim disse...

Se estiver alguém a ouvir, do Oliva, continuamos contando.

Cha disse...

nossa essa me bateu uma saudade de baudelaire...

redatozim disse...

putz, charlene, nem sei se agradeço ou fico na dúvida se você tá me sacaneando.

Anônimo disse...

Não sei porque, mas ao ler esse conto, eu fico muito feliz com a vida que tenho

redatozim disse...

nossa vida é boa mesmo, ndms

Cha disse...

puxa pq ...
baudelaire é meu poeta favorito...

redatozim disse...

pq eu não mereço estar nem na mesma frase q baudelaire, charlene, mas agradeço muitíssimo a deferência.