segunda-feira, setembro 14, 2009

Destro

Em minha mão esquerda, a letra é garrancho
o aperto é frouxo
a firmeza é trêmula
a certeza é dúvida

Minha mão esquerda é o equilíbrio que tomba
é o caminho que se perde
é o seguro que se esvai
é o exato do qual se desconfia

Nesta mão que não uso, canhestro é o gesto
cruel é o carinho
impreciso é o toque
claudicante é o lance

Essa mão que é canhota e que, mesmo inteira e viva, ainda soa à destra como uma irmã algo morta.



Direto na têmpora: If I didn't love you - The Specials

14 comentários:

Gabi Alvarenga disse...

E, por incrível que pareça, o frouxo, a trêmula e a dúvida nos mostram os caminhos que se perdem, por vezes, como outros caminhos. Possibildiades.
E quem nem aparecia, e talvez nem vivia, ganha retoque.

Gastão disse...

Redatozim, meu irmão, será mesmo?

Olhe bem para o teclado do computador e não pegue pesado com sua mão esquerda: o nome "Fernanda" se escreve quase todo com ela.

Fê disse...

Adorei Gastão!
Bjs
Precisamos encontrar...

redatozim disse...

É, Gabi, e no meu caso a canhota é complemento.

redatozim disse...

Uma coisa não exclui a outra, Gasta. A minha mão esquerda se atrapalha pra escrever até mesmo Fernanda.

redatozim disse...

Podem até se encontrar, Fer, mas sob minha supervisão.

ndms disse...

Mesmo assim, a mão esquerda é tão importante que o tato e a mão direita não podem viver sem ela. Ela está ali, vigilante, atenta e, muitas vezes, compensa alguma dificuldade da outra

redatozim disse...

Foi como eu disse pra Gabi, ndms, a esquerda é complemento. Agora, é claro que eu não abro mão dela ;-)

Fê disse...

Encontrar com a Verônica e vc também!!!
bj

redatozim disse...

Ah bom, dona Fernanda. ;-)

Gastão. disse...

Redatozim, eu SABIA que você não daria o braço (esquerdo, no caso) a torcer. :-)

Mas quem toca algum instrumento não vai concordar com este post.


Pois é, precisamos mesmo encontrar mais, eu, você, Fernanda, a "pobre Verônica" (rimos MUITO disto), Sophia, Sara, Miguel, todo mundo.

redatozim disse...

Gsta, três coisas. Primeiro, não é questão de dar o braço a torcer ou não. O post fala sobre a minha mão esquerda (pode reler) e não sobre as mãos esquerdas do mundo. Ou seja, é um relato pessoal sobre o qual pouco influem as experiências de terceiros, ora bolas.

Segundo, eu fui músico, toquei flauta, e 90% das notas mascadas eram culpa da canhotinha.

Terceiro, pobre Verônica. Aqui, fim de semana sem ser esse o outro, rola. Vamos marcar?

Rubens disse...

Ah, my friend, "vai ser gauche na vida"! Belo poema.

redatozim disse...

Anda me faltando mesmo essa coragem de ser mais gauche, Rubéola.