segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Semente

A semente não sabia o que era, só sabia que gostava da terra. E quando se estourou em raízes, não foi por desejo de se descobrir o que quer que fosse, mas apenas por uma certa pressa de não caber em si.

Suas folhas romperam a crosta, sedentas de luz, e já não era semente. Era outra coisa, diferente, indefinida, que os outros já enxergavam com clareza, mas que ela mesma não adivinhava. E nem se interessava.

Sentia era falta da terra, do concentrado de ser pequena e não se reconhecia assim, espalhada. Semente ainda e sempre, presa em corpo de cenoura, de beterraba, de taioba ou de alguma flor.

Pouco importava. Não se enxergava, não se sustentava e nem se lamentava. Brotar é a dor irreversível.




Direto na têmpora: Blitzkrieg Bop - Die Toten Hosen

6 comentários:

Raquel (NY) disse...

Maurilo, que coisa mais linda. Nem da para escolher a frase que gosto mais, esta perfeito.
Obrigada!

ndms disse...

Tenho que tirar o chapeu para você!!!Muito criativo e um conto daqueles
Parabéns

redatozim disse...

Agradecido fico eu pelo seu comentário, Raquel. Obrigadão.

redatozim disse...

Valeu, ndms, o próximo prefeito de Ouro Branco.

stella disse...

lindo. eita, lindo demais.

redatozim disse...

Que bom que gostou, Stella. Valeu mesmo.