quinta-feira, outubro 14, 2010

97 anos

Às vezes a morte é apenas uma formalidade que a vida impõe.

Minha avó Geralda morreu há cerca de 3 horas, aos 97 anos, mas nos últimos dias já não era a minha avó.

Já não era a senhora que comia suspiros com a boca mais boa e fazia a massa de pão de queijo com as próprias mãos.

Já não era a senhora de memória prodigiosa e de uma vaidade doce, beirando a adolescência.

Já não era a senhora que me contava casos e conversava horas e horas sobre qualquer assunto.

Já não era sequer a senhora que, mesmo cega, acompanhava a novela e adorava rir do mal feito.

Não sei o que penso da morte e do que acontece quando nosso corpo já não pode mais continuar. Não sei no que acredito, mas sei o que Dona Geralda merece, e se existe realmente um Deus ela está agora no meio de uma daquelas risadas que a faziam se curvar de tanta alegria.

E, caramba, como eu sinto saudades.


PS - Em janeiro de 2010 eu contei um pouco da história da minha avó Geralda no Pastelzinho. Foi ela mesma quem me ditou e se você quiser ler, está
aqui.




Direto na têmpora: Juicy - Better Than Ezra

22 comentários:

Ronan Morais disse...

Que pena heim Maurilo? não entendi ainda a lógica da vida (quem vai, quem fica) mas eu espero um dia ser surpreendido por um resposta boa pra "tiramos essa pessoa de perto de você por que...". Aceitar nem sempre é o mais confortável mas é o comum a se fazer né.

redatozim disse...

Pois é, Ronan, nos últimos dias já era uma certeza a morte dela, uma formalidade mesmo, por isso acho que já aceitei. Mas sempre é ruim.

Raquel do Carmo disse...

Oh Maurilo, meus sinceros sentimentos a você e todos os familiares. Deus lhes conceda serenidade e paz nessa hora de triteza e saudade, consolando e confortando-os. Deus existe sim pode ter certeza e sua avozinha querida essa hora está de braços dados com Ele feliz da vida por ter ido para o céu. Sei que para os que ficam a saudade dói, mas vale lembrar que a gente só tem saudade do que é bom e daqueles que amamos. E o amor é o que permanece para sempre. Grande Abraço. Muita Paz...

redatozim disse...

Pois é, Raquel, como foi um processo lento, estamos mais tranquilos, mas sempre é ruim. Obrigado pela força.

Unknown disse...

Nessas horas é tão bom acreditar em Deus, acredite, vc vera a Dona Geralda repartindo gargalhadas no céu!
abraço carinhoso!

redatozim disse...

Obrigado, micho, valeu mesmo.

Rodrigo Correa disse...

Ela é agora a senhora que deixou inspiração para continuar a história que ela mesma começou. Bela homenagem, meu caro! Meus mais sinceros sentimentos.

redatozim disse...

Valeu, Rodrigo.

ndms disse...

Uma bela homenagem daquele que sempre foi o xodó da vó. De minha parte fica o forte sentimento de saudade e a certeza de que poderia ter sido um melhor filho, porque como mãe ela foi total, completa, amorosa, dedicada e companheira. Por isso, fico devendo, mas o meu amor e gratidão pela mãe será eterno

redatozim disse...

Uma coisa que ela sempre disse, ndms, é do orgulho que tem dos filhos. Beijo.

Renata Feldman disse...

Querido colega,
Deixo aqui o meu abraço e a certeza de que a D. Geralda vai levar pra sempre esse amor que os netos sabem fabricar como ninguém!...

PC disse...

Claro que ainda era, Maurilo.
Ãprende com ela (que cega via televisão) fecha o olho, que você ainda vai ver ela fazendo cada uma dessas coisas.
Aposto que se você brincar disto com a Sophis ela também vai ver...
Beijos

Suzana Latini disse...

A gente sabe que é assim que vai ser desde que nasce, mas na hora é ruim pra caramba essa sensação do "nunca mais". Que passe logo esse apertinho que fica no peito quando a gente lembra da perda e que sobre só a lembrança boa que você passou em tudo que escreveu sobre ela. Beijo, Su.

redatozim disse...

Tomara que ela tenha mesmo se sentido amada, Rê. Obrigado.

redatozim disse...

É verdade, PC, ela sempre vai ser aquela senhora pra mim e pra Sophia.

redatozim disse...

Muito obrigado, Su. Beijo grande pra você.

Rapha Garcia disse...

Tô passando por uma fase dessas e, em meu caso, entrei há pouco tempo nessa fase da "aceitação" de que a morte é algo que virá de maneira inevitável. Mas a vida é assim mesmo. Dói pra caralho quando perdemos alguém, mas é algo de que não conseguimos fugir, infelizmente. Meus sentimentos, cara.

redatozim disse...

Obrigado pela força, Rapha.

danny falabella disse...

meus sentimentos. Perder os avós é como perder um pedacinho na nossa história.

redatozim disse...

É bem isso mesmo, Danny.

Zé disse...

Oi, Maurilo.

Meus sinceros sentimentos. Só li seu post hoje, já que semana passada andava às voltas com um cálculo renal que quase me matou de dor, mas já foi retirado e agora passo bem. Espero que te todos na sua família tenham muita força para superar essa perda.

Abraços, Zé.

redatozim disse...

Valeu, Zé e melhoras aí porque Fernanda já teve e disse que cálculo renal é uma dor fodida.