Acho que fazer estágio é algo muito diferente hoje do que era na minha época.
Antes de mais nada, ninguém fazia estágio para pagar faculdade. O nome disso era emprego, estágio era outra coisa.
Estágio era pra aprender, pra entrar no mercado, para conhecer os feras. Eu fiz estágio na SMPB com Geraldo Leite, Marcos Camargos Aderbal Teixeira Rocha Jr, Roberto Boca, Ricardo Carvalho, Amaury Vieira Silva e, se me lembro bem, recebi meio salário pra isso. Vou te falar, foi fundamental.
Se eu fosse estudante hoje, aceitaria alegremente meio salário mínimo para fazer estágio com profissionais como Márcia Lima, Cris Cortez, Dan Zecchinelli, Guilherme Araujo e tantos outros.
Claro que o estagiário precisa de uma remuneração digna, mas outro dia eu vi gente reclamando de salário de R$ 1.500,00 para estagiários. Será que é isso mesmo? Mil e quinhentos reais (recebido, não pago) é pouco para quem está estudando fazer um período de aula prática tão importante?
Peraí. É claro que o estagiário contribui com a agência e merece ser recompensado, mas ele está ali pra conhecer, pra ganhar experiência e se formar.
Eu tive estagiários que hoje são profissionais fodaços. Gente como Laura Esteves e André Maia que sempre se importaram mais em crescer do que em fazer o pé de meia enquanto estagiavam.
O resultado aparece depois, quando entram pro mercado e juntam o talento que já têm com a experiência que ganharam. Aí eles arrebentam e ninguém segura.
Mas isso não foi um presente, foi uma vitória. E eles souberam a hora de ouvir, a hora de contribuir e a hora de assumir o show.
Admiro muito gente assim, que entende bem que para poder voar, é preciso primeiro aprender a caminhar.
De novo, sou totalmente a favor de uma remuneração digna para os estagiários, mas acho que muita gente ainda precisa entender que o reconhecimento é uma conquista, não um direito divino. E que poder aprender com quem sabe é uma puta oportunidade.
Direto na têmpora: Amongst the dead forever - Kult Country