Maldita memória. Como ele pôde esquecer o nome daquele menino que fazia natação com ele? Fernando? Bernardo? Eles foram melhores amigos desde bem pequenininhos até os 13 anos de idade, quando o garoto mudou-se para Vitória.
Ernesto? Rodrigo? Re… Ro… o nome com certeza era com “R”. E o sobrenome… com “C”! Não, com “G”, isso, certeza de que era com “G”.
Rogério Gomide? Reinaldo Gouvêa?
Os dois passavam o final de semana brincando no clube, poxa! Ele tinha uma irmã mais nova que usava óculos grossos e o pai tinha um Opala.
Roberval? Não, claro que não era Roberval.
A mãe era dona de casa e fazia um bolo de cenoura absurdo de bom. Era torcedor do Guarani de Campinas, olha só que loucura.
Rinaldo Gonçalves? Rubens Guimarães?
Renato! Isso, o nome dele era Renato. Renato Guerra? Renato Góes? Renato Gomes! Pronto, agora tinha certeza, Renato Gomes era o nome do amigo.
Virou-se para o computador e começou uma busca frenética. Google, Facebook, LinkedIn e dá-lhe milhares de Renato Gomes, mas nenhum que fosse seu velho colega de infância.
Ficou horas nessa obsessão infrutífera até que o chefe chamou sua atenção.
- E aí, Marcelo, cadê o relatório?
Chamado ao dever, esqueceu o assunto e seguiu seu dia com as tarefas chatas e repetitivas de sempre.
À noite, deitou-se exausto e dormiu rápido. Foi acordado no meio da madrugada com um momento de clareza: Henrique Costa! Nem Renato e nem Gomes, Henrique Costa era o nome do coleguinha. O bom e velho Henrique Costa, como poderia esquecê-lo?
Levantou da cama em um salto para o susto da mulher e partiu para o computador rumo a mais uma longa busca através de uma infindável selva de homônimos. Não importava, daquela vez ele estava seguro de que acharia seu amigo perdido, o grande Henrique Costa.
Infelizmente o nome certo não era esse, era Henrique Castro. E Marcelo nunca mais soube dele.
Maldita memória.
Direto na têmpora: Simmer Down - The Specials
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