Meu primeiro trabalho na Solution foi um material para prospecção de lojistas do ainda embrionário Shopping Jardim. Tinha acabado de chegar na agência, querendo mostrar serviço, cheio de idéias e, como o cliente era novo na casa, o desafio era um tanto quanto respeitável.
Fui fazer o job com o Pedrolli, um amigo meu de longa data e realmente nos esmeramos nas peças. Ficou muito bacana, todo mundo adorou e, na reunião de apresentação, fui convocado a participar. Não me lembro bem, mas acho que o Pedrolli arranjou alguma desculpa e tirou seus bigodes (que ele usa desde os 7 anos) da reta.
Só sei que ficamos sentados à mesa de reuniões eu, Nelson Nascimento (Diretor de Atendimento), Fernando Campos (dono da agência) e o então responsável pelo marketing do shopping. Apresentei as peças com riqueza de detalhes, ressaltando a criatividade e a pertinência dos títulos, a beleza dos layouts, o cuidado na escolha do papel, enfim, um primoroso trabalho de atendimento.
Acabei de falar, o cliente espalhou todas as peças e, olhando fixamente para elas, começou a tamborilar com os dedos na mesa. Já estava assim há quase 1 minuto quando resolvi fazer uma observação. Ele, sem me olhar, esticou a mão aberta e fez um "shhhh" digno de cinema. Aguardamos mais 3 minutos e eu já pensava em como teria que procurar outro emprego depois daquele fiasco. De repente, ele bate a mão na mesa e diz sorridente: "Perfeito! É isso aí!"
Agora, eu pergunto, pra quê me fazer sofrer assim, meu Deus? Pra quê?
Direto na têmpora: Waters of March - David Byrne e Marisa Monte
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