Eu não tenho uma posição clara sobre a licitação de agências de publicidade para atenderem a contas públicas.
Para mim, o processo licitatório é importantíssimo para qualificar os prestadores de serviço que são pagos com o dinheiro público. Até aí não há discussão. No entanto, a coisa se complica por três questões:
- não são raras as vezes em que processos licitatórios se transvestem de transparentes quando, na verdade servem a interesses diversos;
- a avaliação de uma proposta técnica ou de um portifólio de propaganda é essencialmente subjetiva;
- a comunicação de um projeto político ou administração pública tem o seu quê de atividade de confiança, o que poderia justificar a possibilidade de uma indicação, por exemplo.
Por exemplo, a prefeitura de BH acaba de escolher para atendê-la a Perfil, a Espontânea/MPM (que agora é Populus) e a 18. Não questiono de forma alguma o resultado da licitação e parabenizo as três empresas. São agências que, junto com a TOM, ASA, Lápis Raro e tantas outras já se mostraram eficientes na comunicação de contas públicas.
O resultado se justifica ainda mais se levarmos em conta que, quando a coisa começou a desandar durante as eleições, a Perfil entrou no processo e fez um trabalho altamente elogiável.
Meu ponto é: por que não indicar as agências que já se mostraram da confiança do prefeito, capazes de compreender sua visão e competentes em suas funções para os postos licitados? Por que não dar ao governante o direito de indicar pelo menos uma das agências e licitar as outras contas?
Obviamente a fiscalização do uso das verbas públicas deveria ser correta (aliás, com sempre deveria ser), mas não seria mais justo agir assim do que esperar a coincidência de um processo licitatório com o que já é uma preferência declarada da administração?
É óbvio que essa linha de raciocínio pode levar também à indicação de empresas que venham a favorecer superfaturamento, desvio de verbas ou mesmo pagamentos mensais a certas pessoas. Mas, sejamos sinceros, nos processos licitatórios que existem hoje, não é o que acaba acontecendo em muitos casos?
De qualquer forma, licitações à parte, parabéns mais uma vez à Perfil, à Populus e à 18. Que a confiança da prefeitura seja merecida como eu acho que é e que façam todas um bom trabalho.
PS - Meu amigo Anderson me corrigiu a tempo: quem ganhou a segunda conta da Prefeitura foi a BIG, não a Populus. Sendo assim, parabéns à BIG e me desculpem pela confusão.
Direto na têmpora: Razzmatazz - Pulp
22 comentários:
populus? faz mais...
não entendi, zega.
achei o nome besta...
ah, sim, compreendi.
Nunca confiei em "concorrências"; nem pricadas, que dize públicas.
Quase sempre há cartas marcadas, e quando não as há, passa a tê-las.
Vou contar um casinho (porque coroas adoram isso):
Na VS (aqui no Rio), entramos numa concorrência para os "Correios". Por acaso a campanha era minha e do Flávio Guerreiro.
Olha, cara, modéstia a parte fizemos uma puta duma campanha. E ganhamos. Pelo menos, recebemos a notícia que havíamos ganhado.
Dois dias depois, veio a notícia de que a conta estava indo para uma agência cujo dono era amigo do Ministro. Ou melhor ministro mesmo!
O nome... Prefiro não comentar. mas é fato e eu vivi...
Don Oliva
Casos assim não faltam, Don Oliva. Já teve casos de concorrência aqui em BH em que agências como a Ogilvy nacional foram eliminadas no quesito portifólio(!!!).
Seria o caso de ser criado um órgão protetor das agências de publicidade para defender, pelo menos, a transparência nas negociações e/ou nas concorrências
E mais do que isso, ndms, protegendo a transparência, protege-se o dinheiro público também.
olha, eu tb não confio não...sempre tem uns podrinhos...
Pois é, seria melhor se abrissem o jogo, danny.
Ô Maurilo. Se esse assunto te incomoda tanto, acho que vc deveria pensar em trabalhar em outra agência. ou até mudar de planeta.
Ô, Anônimo, não incomoda, não. Na verdade o que eu acho (e que parece que você não entendeu) é que a licitação é dispensável em alguns casos. Se a agência fez a campanha do cara, por que não pode atender sem licitação?
É isso aí, Anônimo, e parabéns pela coragem de se expôr mostrando sua verdadeira identidade no comentário, hein?
É de gente assim que o mercado e o planeta andam precisando. Valeu!
"adoro" anônimos, sempre cheios de culhões...muita "coragem" mesmo. Distorce o que o post fala. Acho graça até no tom de "odinho".
Teria mais respeito se fosse macho ou muito mulher (vai que é racha) de botar a cara a tapa assim como vc faz no seu blog.
É como eu disse, Danuza, o anônimo é o "sniper", prefere o tiro seguro e distante do que o embate face a face. Opção dele, opinião dele. Ou dela.
óóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóó
Epa, esse Anônimo é outro. Óóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóó.
Maurilo, discordo de você. É um trabalho de confiança como outros da administração pública que também são licitados. Não pode haver exceção. Toda agência que cumpra os pré-requisitos do edital deve ter o direito de ao menos tentar.
Como você mesmo escreveu há várias agências, inclusive as três vencedoras, que já se mostraram eficientes na comunicação de contas públicas que poderiam executar perfeitamente o papel nesta administração.
Temos é que cobrar sempre uma avaliação o mais transparente possível. Para que não se repita injustiças como o da Olgivy.
Eu adooooro anônimos!
O valor de uma opinião está na pessoa que a expressa...
Deu pra ver que nosso anônimo (a) não deve ser alguem que mereça ser levado em conta!
Concordo que nestes casos a licitação é um processo enfraquecido e pouco valido.
Edu, você sabe muito bem que em qualquer cargo público existem os concursados, os contratados e os de confiança, que são preenchiudos por indicação. Isso não é nenhuma exceção, é prática legal de governos. Colocar a agência como cargo de indicação é, na minha opinião, a melhor solução. Concordar ou não, é direito seu, mas que é absolutamente possível dentro da legalidade, é.
Todos têm direito à opinião, micho, mas quem usa o anonimato abre mão do direito ao debate ou de ser levado a sério. É prerrogativa dele, fazer o quê, né?
Sim, Maurilo pode ser legal. Mas o ponto não é a legalidade e, sim, justiça. Levando-se em conta a lisura do processo, é claro, todas as agências devem ter a oportunidade de tentar. Até acho que a confiança do governante numa determinada empresa deva ser levado em conta sim, mas, mas não deva ser determinante para a escolha.
Em qualquer cargo de indicação os outros não têm possibilidade de tentar, Edu. Eu não tenho convicção que minha resposta seja a correta, mas acho que é uma bobagem tirar do governante o direito de trabalhar com quem confia em nome de uma "justiça" que, todos sabemos, não está representada no processo licitatório em muitos casos. Agora, se são três contas e apenas uma agência de confiança, licita-se as outras duas vagas.
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