Há um poema de Hughes Mearns chamado Antigonish (1899), que é pra mim a tradução mais perfeita da paranóia.
As I was going up the stair
I met a man who wasn't there!
He wasn't there again today!
I wish, I wish he'd stay away!
Não é raro a gente deixar de fazer as coisas por um problema que não existe; se esconder atrás da cômoda por um medo que não tem fundamento (poucos têm); se afastar de pessoas que, imaginamos, sentem por nós algo diferente do que gostaríamos que elas sentissem.
Amamos termos como "prevenido", "cauteloso" e "precavido" e colocamos "caótico" ou "imprevisível" na lista dos palavrões.
Já não subimos a escada por pavor do homem que não está lá. E ficamos aqui, na quietude da velha sala de estar, só esperando que ele vá embora.
Diabos, como nós somos cagões.
Direto na têmpora: Destination Unknown - Missing Persons
10 comentários:
Ah! fala serio! Eu sou a musa inspiradora deste post verdade?
O homem que não está lá tem atormentado minha rotina,eu deixando de fazer coisas, chorando!
Amei! vou roubar, tomar emprestado...simplesmente bom!
e-mail de Deus para mim.
beijo
hahahaha infelizmente a inspiração é o mundo, Micho rsrsrs ah, pode usar à vontade, viu?
"Diabos, como nós somos cagões."
A verdade nua, crua e sentada na privada.
Cara como a gente inventa situações que não existem não é verdade? E aumenta a dimensão dos problemas que de fato existem... Eu acho que a gente muitas e muitas vezes, em situações diversas, acaba fazendo isso por 2 motivos: Porque é cômodo ficar sentado na sala de estar esperando que o invisible man vá embora e porque muitas vezes não queremos enxergar que o homem que não está lá mas que achamos que está e acaba sendo um entrave no nosso caminho, somos nós mesmos. Olhar para dentro de si, exige entrega e atitude.
E quantas vezes já fizemos isso, hein meu Deus? Com certeza, boa citação pra refletir.
Ô, na boa.
Eu não entro nem por um cacete na piscina do Meu Sítio se alguém não tiver pulado lá, antes de mim.
Vai que tem um tubarão lá dentro?
Ninguém vai saber da história.
Neguinho vai ficar pensando que eu desapareci...
Eu também juro que esse foi pra mim, mas mesmo que não falte munição para quem quiser me atacar, seguirei em frente...
Nua, crua e com diarréia, Mateus.
Sempre que eu leio o poema eu me lembro do Fight Club, Raquel, e tenho quase a certeza de que o homem em cima da escada que assusta tanto a gente somos nós mesmos.
Tem razão de ficar preocupado, Paulinho, tubarão come qualquer coisa, pô.
Tem que seguir em frente mesmo, Ana, quem sabe a munição nem existe?
Postar um comentário