Faz poucos dias que completei cinco anos de casado e até aqui tudo vai muito bem, graças a Deus e à Fernanda. E olha que a festa de casamento prenunciava outra coisa, viu?
Já ao chegar no lugar da recepção, Roque vem ao meu encontro. Roque é um garçom que conheci por volta de 88 e que exclamou todo satisfeito ao me ver: “Maurilo, que beleza trabalhar no seu casamento! Vou ficar por sua conta a noite toda.” Naquele exato momento fui atingido pela sensação de que a noite não acabaria bem.
Os convidados chegavam e o Roque enchendo meu copo, as fotos sendo tiradas e o Roque enchendo meus copos, o jazz rolando solto e o Roque enchendo meu copo, jantar, bolo e doces e o Roque enchendo meu copo. Até que chegou um momento em que resolvi dar um basta naquilo (justamente quando abrimos o Dimple 15 anos para a diretoria).
O resultado é que, além de passar a noite de núpcias em branco, acordei com o velho gosto de corrimão de zona na boca e com a nítida sensação de que havia um ninho de guaxinins em meu estômago. Vestimo-nos apressados e em poucos minutos já estávamos no carro do meu sogro rumo ao aeroporto.
Segurei-me durante todo o trajeto, mas chegando no estacionamento da Pampulha não me contive: “Severiano, eu fico por aqui. Pode estacionar o carro sem pressa.” Corri rumo ao banheiro e ali despejei a esbórnia da noite anterior em jatos e jatos.
Com a calça toda respingada, o fígado em frangalhos e a consciência pesando toneladas, parti rumo à lua-de-mel. Fernanda com um olhar que misturava pena, ódio e arrependimento segurava minha mão. E desde aquele momento, para a minha inacreditável sorte, nunca mais largou.
Direto na têmpora: Every you every me - Placebo
12 comentários:
Olhaí! Depois, quando eu digo que você tem estilo fica aí... me agradecendo o fato de dizê-lo
Mas, olha só, cara, você tem é que agradecer a você mesmo o talento em contar um pequeno trecho com a maneira que só aqueles que têm estilo sabem fazer.
Digo tudo isso só pra dizer que é uma história incrível de um dia na vida... e, sem dúvida, uma grande história de amor descrita em apenas algumas palavras.
Graças ao estilo.
Redatozim, meu irmão... Graaande Roque. Legal vê-lo citado aqui no Pastelzinho.
Recado pra Fernanda, Maurilo favor transmiti-lo: Você é o bicho! Num te deu nem uma vontadezinha de jogá-lo para fora do avião? rsrsrs
Que lindo..apesar das partes meio escatológicas..r.sr.s.
OLha, concordo com seu amigo aí de cima, vc tem estilo e MUITO. Mas o que fico mais feliz é que essa história tem um caminho feliz, parabéns aos dois!
Oliva, vou fazer o que mais, sô? Tenho é que agradecer, ué. Obrigado de novo.
Pois é, Gasta, Roque foi personagem da nossa adolescêmcia / juventude e depois ainda reaparece no meu casamento. Tem como não citar um caboclo desses?
ML, tenho duas teorias de porque a Fernanda não o fez:
1) ela teve medo do risco de descompressão da cabine;
2) ela já sabia que eu era o homem da vida dela.
Mesmo concordando que a opção 1 é a mais lógica e tem 99,99% de chances de ser a correta, ainda escolho irracionalmente acreditar na segunda.
Muito obrigado, Rê. Como você deve ter percebido pelo caso, a Fernanda tem um elevador com o nome dela que vai, sem escalas, diretinho pro céu.
Me lembrei de uma tirinha do Angeli. Quadrinho 1: O casal deitado na cama. Quadrinho 2: Ele diz: Amor, fiz pum. Quadrinho 3: Ela comenta: Achei lindo.
O amor é realmente lindo, cego e não sente cheiro algum.
Ok, ok, já entendi que a Fernanda fez um mau negócio ficando comigo, Rubéola.
Maurilão,adorei ler a história! Ainda mais as vespéras do meu casamento! Mais uma prova de que o amor supera muuuuitas coisas! Parabéns pela data.
Ah, Isabela, supera demais, viu? Se bobear até fortalece. Você casa quando, menina?
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