Chega sempre a hora em que o homem comum percebe que não vai ser o melhor do mundo em nada. Na verdade, é mais ou menos a mesma hora em que ele percebe que não vai ser sequer o melhor do seu próprio emprego.
Chega sempre essa hora em que o homem percebe que não está emagrecendo, que não está ficando mais novo, que não vai ganhar músculos, conquistar montanhas ou quebrar barreiras.
Não existe hora mais frágil do que o momento de perceber-se incompleto em sua missão (e há alguma missão nessa vida?) e ainda assim saber que há um longo caminho a seguir.
Nessa exata e já dita hora acontecem dois tipos de homem. Os que se resumem em concha e já não vivem, apenas seguem contando os dias e esperando o encontro terrível que nos aguarda a todos.
Há no entanto um outro tipo de homem que, diante dessa consciência recém-adquirida de que irremediavelmente falhou, escolhe reinventar-se. É seu direito e sua nova empreitada para os dias que lhe restam.
Vai aprender uma língua ou ensinar um ofício, reavivar antigos amigos ou dizer velhas verdades na cara, vai desfazer-se do que não usa e redescobrir sua família.
Somente diante do muro reconhecemos que homens somos. O muro é na verdade um espelho.
Direto na têmpora: Pour some sugar on me - Def Leppard
14 comentários:
Pois é, Redatozim
Estou neste momento, entre uma pincelada e outra, vindo na internet para esperar a tinta secar.
Isto porque me olhei no muro e resolvi investir "ni mim" e naquilo que sei fazer... Dom.
Oliva
a questão é saber enxergar através do espelho... parafraseando Antônio Cícero
É isso aí, Don Oliva, a gente não é o nosso emprego e nem o nosso saldo no banco. Tem gente que não saca isso.
Ou enxergar o espelho onde ele não existe, anônimo. Aliás, bela citação.
Redatozim, sou a teacher que pegou seu conto lá na Nova Escola, lembra?
Agora sigo você no Twitter.
Vim aqui te ler e gostei muito do texto,
me sinto dividida quase sempre.
Atualmente, meio parada.
Fui tentar praticar o inglês, e estou falando mais portugues com o estrangeiro do que o inglês propriamente dito...
muros...eles não protegem...isolam!
Belo texto, Maurilo!
Se não nos reinventarmos a cada dia viver fica meio besta.
Bjs,
Dea
demais o texto mau...
Bonito! Fazer do muro espelho, do abismo ponte, do nada tudo...
ui....
Flowers, manda uma msg dizendo quem é vc no twitter, porque muita gente segue e eu nem percebo se sigo também ou não. Boa sua frase sobre muros, viu?
Obrigado, Dea. Beijão!
Valeu, Paulomar. Abração.
Tem aquela do Sabino, Rê: da queda um passo de dança.
gostou, tita?
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