sexta-feira, junho 19, 2009

Pequenas Tragédias Cotidianas VI

Esperara 13 anos por aquele momento. Desde que se tornara sócio do clube era a primeira vez que a via assim, inteiramente sozinha, sem nenhum olhar que a observasse.

Levantou-se com um salto e, movendo-se como um animal que caça, seguiu na direção da moça.

Ele já estava próximo quando ela percebeu sua presença e sorriu. Ele retribuiu com um sorriso que lhe esticava incomodamente a pele pela simpatia forçada que aplicara ao gesto.

Ajeitou os cabelos, abriu a boca para começar o discurso há tanto tempo ensaiado e, quando esticava a mão direita, sentiu o impacto no fundo da garganta.

Imediatamente levou a mão ao pescoço. Sufocava, sentia-se desfalecer e mal sentiu o impacto de sua cabeça contra o chão.

No dia seguinte, quando recebia alta do hospital, só conseguia tocar o curativo na testa e pensar na maldita mosca que havia engolido. Maldito azar. Malditos 13 anos de espera jogados fora.




Direto na têmpora: Man in the Corner Shop - The Jam

10 comentários:

tita disse...

Putz! Que azar!

redatozim disse...

A vida é cheia desses, tita.

Jonga Olivieri disse...

É o tal negócio, em boca fechada não entra mosca...
Don Oliva

redatozim disse...

hahahahahaha é por aí, don oliva.

Helena disse...

Me pergunto o que é pior: falar demais e dar bom dia a cavalo ou falar de menos e comer mosca???

redatozim disse...

prefiro falar demais, helena... vergonha passa, chance perdida não.

adriana disse...

Sacanagem...

redatozim disse...

é da vida, dri, fazer o quê?

ndms disse...

Parece até uma mosca encomendada

redatozim disse...

encomendada pelo destino, ndms