Tô na maior dificuldade de escrever nestes últimos dias. Muito trabalho, acabando de ler "Por quem os Sinos Dobram", não importa o motivo. A real é que eu tô em dívida com quem lê isso aqui.
Ontem o Tom Waits me salvou e o vídeo que postei hoje é realmente muito bacana, mas precisava escrever algo.
Como a inspiração teima em não chegar, vai aí um texto que da época dos Incultos.
ODE AO FLANELINHA
Ó guardião das vagas urbanas
Soberano dos estacionamentos
Que tanto desprezo emanas
Quando sorris dos meus tormentos
Responsável pela privatização
Do que antes era espaço público
Reinas desprovido de qualquer razão
E me fazes subir o ácido úrico
No desespero da busca me pedes
“Um real, doutor, um realzinho”
E com esta frase não medes
Que me fazes morrer um pouquinho
Acenas teu pano como um estandarte
Indicas o local, sempre gentil, sorrindo
Mas ao receberes o dinheiro parte
Sem que ninguém te veja partindo
Ó criatura cruel e imprevisível
A quem os olhos da lei não podem ver,
Vês em mim uma vítima risível
Cujo bolso e o saco fazes doer
Surge então em mim a ira
Vocifero revolto, febril, transtornado
Indigno-me contra tudo que conspira
Mas ao fim me calo, temendo o carro arranhado.
Direto na têmpora: Start with - Seaweed
6 comentários:
ótimo!
Detesto flanelinhas, apenas um pouco menos do que detesto motoboy!
Para mim, micho, os flanelinhas e o tráfico de drogas são as duas grandes provas de que um determinado governo não funciona como devia.
Foi bom lê-lo novamente!
Até parece que você tem dificuldades para escrever! Qualquer dia, me visite! Vou gostar... Abraços, Rebecca
http://rebeccaleao.blogspot.com
vc tem o livro, fica mais fácil reler, ndms, porque aqui vai ser difícil aparecer mais textos de lá.
Às vezes dá bloqueio sim, Rebecca, aí a gente recorre ao youtube, casos antingos etc, etc... vou te visitar agora.
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