Eu tinha uma tia-avó que dizia "Maurilo, um dia você vai ter que se vestir direito. Você vai ver, não tem escapatória." Até agora a "praga" de Dona Ilka não pegou e eu sigo com meu jeito mulambo-chique que a Fernanda vem consistentemente tentando melhorar.
Mas é engraçado como o estilo causa certas impressões que levam imediatamente a certas conclusões não tão certas assim. Logo antes de eu vir para a TOM, tive uma entrevista com o Vina que, na época, usava uma criativa "bigoleta" (mistura de bigode com costeleta). Antes mesmo da reunião terminar eu já estava pensando "é, acho que eu sou meio careta pra cá".
Reunião finda, saio da sala animado com o papo, paro na frente do elevador e me deparo com um cabeludo usando Havaianas cor-de-rosa (Diogo), um moicano com piercing na sobrancelha e no nariz (Felipe) e uma menina toda fashion de cabelo vermelho (Angelica) e chego à conclusão: "É, realmente eu sou MUITO careta pra cá. Não vai rolar."
Impressão errada, porque um tempo depois o Vina liga e até hoje estamos aí, ralando muito e gostando mais ainda. E Dona Ilka que siga esperando, porque se tá dando certo assim, terno de novo só na formatura da Sophia.
Direto na têmpora: Eternal - Joy Division
12 comentários:
Putz, prá mim sempre disseram que se eu quisesse trabalhar na criação, ia ter que ser meio estranho mesmo. Que sujeito arrumadinho não tem futuro na nossa profissão, a não ser no atendimento. Também tem funcionado.
Acho que é por aí. Mulambo ou style tá bom, mas nerd ou mauricinho já complica. Se bem que o melhor Diretor de Arte com quem eu já trabalhei se veste como alguém do Departamento Financeiro.
sei bem como é essa história e já passei por uma época chata em meus tempos de agência. tive minha própria empresa e era atendimento. um dos meus sócios, um dos caras mais mulambos do mundo, trabalhava na criação. tive que ouvir muitas vezes coisas como: vai fazer a barba, corte o cabelo, ponha uma camisa de botões e um sapato.
o tempo passou, a sociedade não deu certo, ele saiu. liberdade!
eu, mesmo um pouco mulambo para os olhos de alguns, segui bem, de tênis e quase sempre com a barba mal feita.
mas garanto: sou um cara fino :)
Taí, concordo. Eu sou um completo gentleman mesmo que pareça um mendigo à primeira vista.
Tenho um amigo que é uma grande figura nacional do meio publicitário. Super criativo, premiadíssimo e atualmente pica grossa de uma das melhores agências do país. Sem falar que o cara é gente boa pra caramba. Pois não é que no meio de tantas qualidades, certa vez presenciei um lapso de vaidade dele. Estávamos em Sampa, nos arrumando para a entrega do Colunistas nacional (estava hospedado na casa dele) e o sujeito experimenta uma roupa, experimenta outra, tira paletó, põe paletó até que chega a uma combinação meio esdrúxula e então diz: bom, criativo pode usar uma coisa dessas que é cool (não me lembro da palavra que usou, mas queria dizer isso). E lá foi ele todo orgulhoso de se vestir diferente como criativo.
Boa essa. Só criativo pode usar viseira, por exemplo, e achar que tá bacana. O problema é que mesmo que fique muito escroto a galera acha exatamente isso "criativo pode" risos
Quem será o amigo anônimo? Mas... me responda aqui, Redatozim: é bigoleta mesmo ou seria costelode?
Vina, conheço pouco da genética e da gramática dos pelos faciais, mas fico com a bigoleta por ter um certo je-ne-se-quois. Quanto ao Anônimo, logo imaginei vc ou o Jonga pela atuação paulista, mas vai saber...
Eu sempre fui meio mulambo e a patroa em casa, do mesmo jeito que a sua, sempre tentou melhorar o meu look. Hoje já ando menos largado. No ápice da mulambagem, há muitos anos atrás, fui a uma reunião de briefing com a diretoria de marketing do Estado de Minas, na rua Goiás no centro da cidade e falei com a recepcionista no andar térreo, para que comunicasse a minha presença: avise que o José Carlos da Lápis Raro chegou, por favor. Ela, com um tom de informalidade, já me mandou subir para o segundo andar, antes de me anunciar. Quando já estava no meio do escada, rumo à reunião, a ouvi falando ao telefone: o boy da Lápis Raro está subindo. Hoje, se vou receber um prêmio de criação de terno e gravata acham que eu sou o atendimento da conta. Estereótipos? Vá entender. É melhor ser autêntico, de terno ou de viseira e camiseta. De qualquer forma, o hábito não faz o monge, muito menos no nosso ofício. Talento é nato, e a gente nasce pelado.
Gente talentosa é que nem ladrão: se você reconhecesse pelo estilo era fácil evitar.
Agora, confundir você com boy é foda, Zé. Ainda mais que eu te comparei com os caras do financeiro e te fiz um puta elogio aqui. Rebaixado pra boy eu não admito, é no mínimo contador e tenho dito.
Muito obrigado Maurilo, pelo elogio. Vindo de você é um presente e tanto. Agora, quanto ao meu figurino na época do incidente, confesso que a recepcionista foi perdoada. Provavelmente se você me visse na rua, nesta época, apertasse o passo e mudasse de calçada. :) risos
O que é isso, Zé, não se tenha em tão baixa conta. Aposto que eu ainda ia oferecer um vale-transporte pra dar uma força.
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