quarta-feira, novembro 08, 2006

O ladrao de musicas

Trabalhei na ABC com o Roberto, um arte-finalista das antigas, pavio curto e com um hábito no mínimo curioso: o Roberto roubava músicas.
Era só você começar a assoviar ou cantar alguma coisa que, segundos depois, lá vinha o Roberto assoviar a mesma música. De clássico a pagode, de heavy metal a baião, colocou na roda o Robertão mandava a seqüência instintivamente. Tentávamos confundi-lo com várias pessoas assoviando ao mesmo tempo, mas ele escolhia um dos temas e se apegava àquilo com força total. A coisa chegava a um ponto que, ao final do dia, você já não sabia se quem tinha começado a cantarolar a música havia sido você mesmo ou o Roberto.
Pois algum tempo depois trabalhei com um Diretor de Arte que tinha a mesma técnica, só que para idéias. Você tinha a idéia, desenvolvia, ajeitava e, de repente, ele começava a falar dela com entusiasmo. Aí fodeu. Bastava um tempinho pra ele apresentar o material pro Diretor de Criação, sair vendendo pros atendimentos e, quando você menos esperava, o caboclo já tinha virado o dono do conceito. E isso inclui acompanhar produção, entrar na ficha técnica, receber os prêmios e virar o queridinho da agência.
A nós, meros trabalhadores, resta cantarolar o velho refrão "malandro é malandro mesmo" e lembrar com saudade dos tempos em que só roubavam as músicas que a gente assoviava.




Direto na têmpora: Hell ain't no bad place to be - AC/DC

10 comentários:

Anônimo disse...

Ih, esse negócio de roubar idéia é fogo.
Quando comecei em publicidade eu divulgava as minhas idéias a torto e a direito.
Com o passar do tempo, compreendi que isso era rabo de foguete. Via as minhas idéias na boca de outros que levavam as glórias. E isso doia, doia muito mesmo.
Daí comecei a ter as idéias e só contar numa reunião ou alguma situação em que estivessem mais pessoas envolvidas.
É aquele negócio, vivendo e aprendendo. Porque oportunista é o que não falta neste mundo.

redatozim disse...

Ah, meu bom Oliva, e eu aqui, sem amadurecer um pingo ainda tomo ferro com isso.

Anônimo disse...

Caro redatozim,
Vou lhe contar um caso apenas.
Uma determinada ocasião criei uma peça numa agência e tinha um fulano lá que caiu de pau na dita cuja. Não é que um dia eu soube que a criatura foi apresentar o portfólio numa agência e levou a peça como se fosse dele. Fiquei puto, porque inclusive tive que retirá-la da minha própria pasta.
Mas. pasme, tem pessoas em quem a gente ainda pode confiar.

redatozim disse...

E a gente vê como tem gente sem caráter no mercado justamente quando você conta um caso assim e a gente acha péssimo, mas nem estranha tanto.

Anônimo disse...

ih, menino, acho que sei de vc tá falando.

redatozim disse...

Tem vários assim, meu bro.

redatozim disse...

O cara pelo menos qual a peça supostamente original? Deu em alguma coisa?

Anônimo disse...

Amigo redatozim, sei que o espaço aqui é familiar, mas me desculpe. Gozar com o pau dos outros chega a ser nojento. Mas no fundo, no fundo, deve ser muito broxante para quem é adepto desta prática. E, infelizmente, não são poucos.

redatozim disse...

E o número, pelo jeito, só cresce Dequinho.

redatozim disse...

boooom... picareta tem que levar na chuncha mesmo.