quinta-feira, novembro 09, 2006

Docilidade feminina

Férias em família no Rio de Janeiro. Durante uma tarde chuvosa, meus pais e meus irmãos jogavam buraco. Meu pai e Werner, o filho caçula na época com seus 9 ou 10 anos; minha mãe e Diogo, filho do meio então com 12 ou 13 anos.
Começa o jogo e Werner, ainda muito criança e aprendendo a dinâmica do esporte, mostra-se uma arma para a dupla adversária. Deixa passar canastras, descarta bobagens homéricas, não vê o jogo do parceiro e por aí vai. Meu pai revira os olhos, bufa, range os dentes, quase morre. Tudo em silêncio.
Minha mãe vendo aquilo se condói do filhotinho rapa-do-tacho e dá o basta. "Vamos trocar de dupla! O seu pai não tem paciência com você, né filhinho? Vem jogar com a mamãe."
Duplas trocadas, a partida recomeça. Joga Diogo, joga minha mãe, joga meu pai e, na vez do Werner, ele descarta um sete de espadas que dava uma canastra real para a dupla adversária. Minha mãe imediatamente esquece o instinto maternal e dispara: "Werner, seu burrão!"
Se não fosse um menino tão calmo, estaria pagando terapia até hoje.




Direto na têmpora: Liar - Rollins Band

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