terça-feira, julho 06, 2010

A patagata e a gatapata

Nasceu na casa uma gata, nasceu no terreiro uma pata.

A gata da casa era gata por fora, mas adorava água, andava engraçado e sempre que queria algo grasnava "quá".

A pata do terreiro era pata por fora, mas gostava de peixe, andava pisando bem leve e vivia em cima do muro a miar.

Na casa, os outros gatinhos brincavam com o novelo e a gatapata sentava em cima para chocar.

No terreiro, enquanto os patinhos nadavam no lago a patagata saía correndo atrás de borboletas.

Todo mundo achava as duas estranhas, mas elas nem ligavam.

É que ao contrário do mundo todo que estava em torno delas, a gatapata e a patagata sabiam o que queriam ser e não se importavam em serem diferentes de todo mundo.

E quem sabe um dia, muitos anos depois, os outros gatos da casa e os outros bichos do terreiro conseguiriam descobrir que a gente não é o que a gente parece ou o que a gente deve ser.

No fundo, no fundo, a gente é o que a gente ama. A gente é mesmo o que a gente sonha ser.




Direto na têmpora: The Band Geek Mafia - Voodoo Glow Skulls

4 comentários:

Elias disse...

Sem essa!

Biologia é destino. Geografia é destino. Gata que pensa que é pata morre afogada.

redatozim disse...

Vou deixar passar só porque o Elias tá fazendo aninhos.

Unknown disse...

Mas é fato, ser quem a gente sonha ser não é fácil! rsrs...

redatozim disse...

Ah, Izabela, o que não dá trabalho nessa vida não vale a pena.