A semente não sabia o que era, só sabia que gostava da terra. E quando se estourou em raízes, não foi por desejo de se descobrir o que quer que fosse, mas apenas por uma certa pressa de não caber em si.
Suas folhas romperam a crosta, sedentas de luz, e já não era semente. Era outra coisa, diferente, indefinida, que os outros já enxergavam com clareza, mas que ela mesma não adivinhava. E nem se interessava.
Sentia era falta da terra, do concentrado de ser pequena e não se reconhecia assim, espalhada. Semente ainda e sempre, presa em corpo de cenoura, de beterraba, de taioba ou de alguma flor.
Pouco importava. Não se enxergava, não se sustentava e nem se lamentava. Brotar é a dor irreversível.
Direto na têmpora: Blitzkrieg Bop - Die Toten Hosen
6 comentários:
Maurilo, que coisa mais linda. Nem da para escolher a frase que gosto mais, esta perfeito.
Obrigada!
Tenho que tirar o chapeu para você!!!Muito criativo e um conto daqueles
Parabéns
Agradecido fico eu pelo seu comentário, Raquel. Obrigadão.
Valeu, ndms, o próximo prefeito de Ouro Branco.
lindo. eita, lindo demais.
Que bom que gostou, Stella. Valeu mesmo.
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