Eu não sou um nativo digital. Eu me lembro quando meu pai comprou nossa primeira tv a cores, me lembro do Telejogo, do orelhão de ficha e das linhas de telefone fixas caríssimas. O telefone, aliás, era de disco e tinha fio.
Eu ouvia música em vinil ou fita cassete e vi nascer o walkman. Também vi nascer o cd e o dvd, além de acompanhar o primeiro console de Atari e o videocassete do berço ao túmulo, sendo que o Beta morreu bem antes do VHS.
No meu ensino médio, computadores em casa eram um raridade e não havia celulares. Nos meus estágios trabalhei com máquina de escrever (aliás, ganhei uma quando entrei na faculdade) e quando me formei, o laboratório de redação da UFMG ainda não tinha computadores.
Em 98, apenas um dos computadores da agência em que eu trabalhava contava com internet e os emails eram por setor. Ex.: criacao@xxxcomunicacao.com.br. Conheci o ICQ e o mIRC.
Ao contrário do que este breve histórico deixa transparecer, não tenho 70 anos, mas 38. Vocês que são nativos digitais levam sobre mim uma enorme vantagem de conhecerem as novas formas de comunicação e relacionamento de uma maneira muito mais natural.
Em 2003 comecei a colaborar com um site de produção cultural independente e dali tirei os textos que compuseram meu primeiro livro "Incultos".
Em 2004, a Ju Sampaio, uma das autoras do Mothern, me apresentou os blogs.
Em 2005 comecei a me interessar seriamente pela internet não apenas como usuário, mas profissionalmente.
Em 2006 ajudei a plantar a semente da vinda do Guilherme Boechat (e de todo um raciocínio estratégico em meios online) para a Tom e comecei com o Pastelzinho.
Em 2007 / 2008, o Paulo Silva, da Domínio Público, me ajudou muito investindo em cursos e na minha formação no que diz respeito a web.
Continuo estudando, gerando conteúdo nos mais diversos formatos e conversando com uma infinidade de pessoas mais competentes e com visões diferentes da minha.
Não sou o que se pode chamar de profissional de web, mas sou um profissional de comunicação que já compreendeu que não existe diferença entre online e offline. Minha carreira depende disso, minha visão de mundo abraça isso. Em contrapartida, só leio livros "analógicos", não blogo e nem uso meios digitais no final de semana (tirando iPhone).
Como já disse, não sou um nativo digital. Vocês que o são, saibam aproveitar. E lembrem-se de que tudo morre e muda com uma rapidez impressionante e que o moderninho de hoje, assim que para de se mover, é o obsoleto de amanhã.
Direto na têmpora: Paper planes - I'm From Barcelona
16 comentários:
Nossa, eu tb vi o cd e o dvd surgirem...e nem tinha em dado conta disso, kkkkkkk
auve maria..rs....
beijos
não é que a gente é muito velho, tita, é que tudo é muiot rápido.
eu só vi do ICQ em diante lol
Pois é, Julia, mas você também não é natural born digital.
Eu também lembro do VHS, DVD, da máquina de escrever, do telex, o início do fax, ICQ (eu amava!). Lembro que curso de digitação em máquina elétrica era diferencial. No meu primeiro emprego em 1998 começei a usar a internet e por incrível que pareça, já tinha e-mail pessoal na empresa. O que pra época já era muito. A sorte é que lá em casa sempre fomos pioneiros com as novidades tecnológicas. Mas mesmo assim ao olhar para trás parece que foi ontem. Nossa! Como o tempo passa rápido e como as coisas têm mudado mais rápido ainda, hein?
E se não acompanhar, dança, Raquel.
Eu já trabalhava quando o fax entrou no mercado. Pior, trabalhei em business plan de operação de telefonia celular, TV a cabo, trunking e paging... Eu sou um dinossauro.
Tenho muito orgulho da parte que me toca. :-)
A linha de telefone era até investimento lembra?
Tinha gente que até alugava a linha.
Nada disso, dri, soh vira dinossauro quem nao evolui. Absolutamente nada a ver com vc.
Orgulho tenho eu, Ju, de ter sido iniciado pela mestra. Quem dera o pastelzinho tivesse metade da relevancia / qualidade do Mothern.
Nego trocava linha em lote, Rafinha, lembra?
Agora, imagina como vai ser quando a Sofia chegar ao mercado de trabalho...
Um abração
É verdade, Cejunior, tenho mesmo é que torcer pra que ela 1) não escolha comunicação e 2) saiba da importância de se manter sempre atualizada.
E assim é a vida! Temos que acompanhá-la, se possível, rindo e amando
sempre que possível, ndms
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