segunda-feira, julho 21, 2008

The things you do for money

Não saiu na revista, mas sai aqui no pastelzinho.

"O Maurizio estava todo animadão com o feriado. Iria para a praia com a família inteira, aproveitar o merecido descanso na beira da praia. Dias longos, noites tranqüilas, meninada se divertindo e, quem sabe, até um tempinho para namorar a patroa.

Passou a sexta-feira ansiosíssimo no trabalho e, fingindo um mal-estar, tentou sair 15 minutinhos mais cedo para ajudar na arrumação das malas em casa. Já na saída do estacionamento, caos. Trânsito parado, buzinas, gente desrespeitando faixas, pistas, motos, pedestres e o Maurizio lá, tentando sublimar aquela bagunça e pensar somente na praia, na água de coco, no camarãozinho frito oooohhhmmmmmm.

Quase duas horas depois, chegou em casa. O homem estava exaurido, mas ainda confiante na viagem do dia seguinte. Por duas vezes buscara forças no âmago do seu ser para não estrangular um motorista de táxi e em outra oportunidade puxara da ponta da língua a ofensa maldosa a alguma velhinha que dirigia desatenta.

Estava no lar, enfim. Aos poucos foi recuperando o humor e o ânimo, brincou com as crianças, escolheu os brinquedos, separou os calções de banho favoritos, óculos de sol, protetor e, subitamente, já era um outro homem.

O despertador tocou às 5 da manhã. Maurizio saltou da cama animado, colocou a bagagem no carro e empenhou-se a apressar a família o máximo que podia. Não queria perder um minuto de sol. Todos prontos? É hora de seguir viagem.

Saíram da garagem dobraram a esquerda e deram com um dos maiores engarrafamentos que a cidade já viu. Nada parecia se mover. Em um reflexo, tentou dar ré, mas já havia uma fila se formando atrás dele.

O sol brilhava forte quando, quatro horas depois, conseguiram chegar à rodovia igualmente engarrafada. Já era noite quando chegaram à praia. Na manhã seguinte, Maurizio ficou emburrado no apartamento, acompanhando o boletim do trânsito e as previsões para o tormento que seriam as estradas na volta do feriado.

Na terça-feira, já de volta ao escritório, encomendou bicicletas para a família inteira. E desmarcou a viagem do próximo feriado. Com tantos parques ali e todos da casa munidos de magrelas, trânsito nenhum ia acabar com o humor do Maurizio."




Direto na têmpora: Big Spender - Queen

11 comentários:

Anônimo disse...

Como eu amo a minha cidade pequenina! Td bem que as opções são beeemmmm menores, mas qdo quero sair de viagem, não sofro tanto.
Vc padece assim tb qdo quer viajar em feriado prolongado, Maurilo?

redatozim disse...

Em BH ainda não é assim, Ilda, mas tá cada vez mais perto. Aliás, mais perto do que eu gostaria.

Anônimo disse...

no brasil o carro é um símbolo de status. se você salva algum no final do mês tem que ter um carro. eu prefiro ver a cara de susto das pessoas quando descobrem que eu, aos 32, não tenho e nem pretendo ter um. e enquanto isso, espero o dia em que as bicicletas vão ocupar seus merecidos lugares nas ruas, ou que, pelo menos, sejam respeitadas pelos egoístas motorizados. estamos lutando por isso.
aliás, o bom mesmo é ir pra praia de bicicleta, hehehe.

Anônimo disse...

idéia off topic: faz um last.fm pra compartilhar com os amigos o direto na têmpora, não? tudo bem que algumas coisas são bem ruins, mas a maioria salva, hehe.

redatozim disse...

Zega, para quem tem família carro ainda é importante. Para quem mora no Santa Lúcia, também. Enfim, a idéia da lastfm está sendo estudada e poderá, em breve, ser implantada. Valeu.

...monaLou disse...

Mudando de assunto mas continuando nas quadros rodas, olha essa faixa que colocaram no meu bairro, o São Pedro, aqui em BH:

"Procuro namorada, habilitada, que não beba. Até 70 anos!"

E viva a lei seca!

redatozim disse...

hahahaha sensacional, monalou, eu até tenho uma mulher que bebe pouco, mas ela não dirige. Diabos!

Carlos Emerson Junior disse...

É por essas e outras que parei de guiar automóvel ou qualquer veículo automotor sobre 2 ou 4 rodas.
E me mudei do Rio para Nova Friburgo!
Um abração.

redatozim disse...

Abraço e boa sorte nesse vidão, Cejunior.

Anônimo disse...

No ano de 1972, a bicicleta ja fazia parte do meu cotidiano: casa / trabalho / casa e, isso, por mais de 15 anos

redatozim disse...

Lembro bem, ndms, e quando chovia, ia aquele frango da Sadia pelas ruas de Ipatinga.