Morei em Curitiba no segundo semestre de 97, uma daquelas decisões inexplicaáveis em que resolvi largar tudo e mudar para um lugar que eu nunca havia visitado, sem nenhum conhecido e para trabalhar em alguma área totalmente nova.
O resultado não foi o esperado e, 6 meses depois, eu estava trabalhando novamente como redator em uma agência de publicidade e com possibilidades de dar aula em uma faculdade, justamente para o curso da área. Sendo assim, pra fazer o que eu já fazia (e com a grana acabando), achei melhor voltar para casa.
O fato é que achei Curitiba uma cidade limpa, organizadíssima, cheia de lugares muito bacanas pra se visitar como o Jardim Botânico, Ópera de Arame, Pedreira Paulo Leminski (onde assisti David Bowie) e dois de meus lugares favoritos, a Universidade Livre e o Bosque Polonês.
É bonita a tal Universidade Livre do Meio Ambiente.
Eu adorava ficar à toa no Bosque Polonês.
Fiz muitos amigos por lá, mas tive dificuldade em construir amizade com os curitibanos mesmo. O pessoal com quem convivi era de São Paulo, Palmas, União da Vitória, Ubiratã, enfim, “estrangeiros” como eu. Não vai aí uma crítica ao povo da cidade, foi apenas algo que aconteceu e que pra mim está ok.
Mas o Leandro, que morava na república comigo, odiava a cidade. Mesmo. Com todas as suas forças. Só não me pergunte o motivo porque eu realmente não faço idéia.
Pois bem, um dia o Leandro (que é de Ubiratã-PR) sai de casa para fazer compras no Mercadorama e, batata, o clima louco da cidade entra em ação, o céu desaba e ele volta para casa ensopado.
Eu na sala, entra o Leandro pingando água, cheio de sacolas. A ponto de explodir, ele deposita tudo na cozinha, abre a janela da sala, põe a cabeça pra fora do nosso prédio de dois blocos, uns 6 apartamentos por andar, 20 pavimentos e berra:
“Ô lugarzinho fodido! Cidade escrota! Lugar bom pra cair uma bomba! Vai todo mundo tomá no cu!”
Dito isto, fecha a janela, volta-se pra mim e pergunta “e aí, tudo beleza?”
Depois desse dia, nunca mais os moradores do prédio cumprimentaram alguém do meu apê.
Direto na têmpora: Notorious – Duran Duran
10 comentários:
passei uma semana em curitchiba e achei ducaraio. fiz várias amizades, inclusive com os nativos, mas apesar de ter ido no inverno (não peguei uma gota de água sequer, apenas um friozinho de 5 graus, normal)essa questão da chuva me preocupou um pouco: não tem marquise em lugar nenhum!
O tempo lá é louco, zeg. O dia pode começar com 33 graus, na hora do almoço chove, às 15h abre o tempo, mas faz 17 graus e você vai dormir com tempo fechado e 6 graus.
Agora, morei lá 6 meses e nem sequer reparei na ausência de marquise. Carai.
bueno, redatozim, e hoje estás de volta a esta cidade maravilhosa, que abriga tanto o show do interpol neste final de semana como o axé brasil 2008 no próximo mês.
não vai ver david bowie ou bob dylan por aqui.
Alexandre, em termos de cultura Curitiba dá um banho. Na minha época por lá havia poucos cinemas de arte, mas os shows eram outro nível. Isso sem falar na educação e no cuidado com o espaço público.
Conheço Curitiba como turista mesmo.... e sempre achei a cidade muito organizada, limpa e segura.
Por acaso, todas as vezes que fui prá lá, era no verão...
E não me lembro se tinham marquises... o que eu não gostava era das placas com os nomes das ruas, que ficavam numa altura inacreditável: quem está dirigindo um carro tem que parar para ler!
Um abraço
Cejunior, você lembrou bem desse lance das placas. Penei com isso na minha primeira semana lá.
Fui a Curitiba duas vezes na vida. Uma a trabalho. Aquele corre-corre danado. Mas a cidade me encantou.
Antes já havia passado dois dias lá, de férias com a família, quando fomos para as praias de Santa Catarina.
Olha, todos adoramos. Ficamos maravilhados com a limpeza, com a ordem na cidade.
Impressão de turista, claro.
Digo isso porque tenho um amigo (também publicitário) que trabalhou um período na cidade e não agüentou. Voltou pro Rio ganhando menos.
Deve ser uma cidade para "uso externo", apesar daquele bairro de Santa Felicidade. Como comi bem ali!
Don Oliva
Pois eu, com Santa Felicidade, tive uma experiência engraçada. Todo mundo vivia falando do tal Madalosso e eu resolvi comer lá. O único problem é que eles só servem frango, ou seja, passei à base de arroz e polenta.
Curitiba é tuudo de bom, mas este seu amigo aí é uma peça rara! Adorei o sujeito! é dos meus! kakakkaka
Uma peça rara que eu nunca mais vi, infelizmente, Dany. Se eu te contar como foi o Oktoberfest que nós fomos, putz!
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