Acabei de ler, em cerca de duas horas, o "Sob o sol-jaguar" do Ítalo Calvino. São 80 e poucas páginas em que o fodaço escreve sobre os 5 sentidos de uma maneira sensacional (aliás, como quase tudo o que o Calvino faz).
O problema é que a idéia era escrever sobre os 5 sentidos, mas o caboclo acabou morrendo antes. Sendo assim, ficamos com audição, olfato, paladar e uma vontade imensa de ter algum tipo de talento para ousar completar a pentologia (!?!?!) com tato e visão.
Fiquei na mesma situação com "Almas mortas" do Gogol. Feliz de estar lendo aquilo e puto porque não ia saber o fim nunca. Aliás, filosofando, tem tanta coisa na vida que é assim que daria um livro. Com final, por favor.
Direto na têmpora - Fly America - Joelho de Porco
8 comentários:
redatozim, sua opinião sobre "as cidades invisíveis", que eu não terminei de ler por pura falta de paciência, o que me causou má impressão sobre ítalo calvino.
mas o senhor o chama de fodaço, o que me leva a crer que ele tem livros melhores.
gracias.
Isso também acontece com a música: ouça a sinfonia inacabada de Shubert. é um primor e fica um sentimento de querer mais, chegar ao fim. Ao contrário do que se costuma pensar, a Sinfonia Inacabada de Schubert não recebeu este nome porque o autor morreu antes de terminá-la. Na verdade, a composição data de 1822, seis anos antes da data da morte do autor. Por motivos nunca bem explicados por seus biógrafos, Schubert simplesmente desistiu de completar a obra, que mesmo assim é considerada uma de suas principais realizações.
Toomuchcoffeeman, como diz a filósofa Luziana Lana: "pessoas diferentes precisam de métodos diferentes". Eu acho o "Cidades Invisíveis" simplesmente excelente. Se você não gostou dele, não recomendo a leitura de mais nada do Calvino, nem mesmo o fantástico "O Barão nas Árvores".´Gosto é gosto, tem nem que discutir.
Engraçado isso, ndms, sempre imagino que obras inacabadas tenham ficado assim por morte do autor. Estranho esse caso do Schubert.
As "Seis propostas para o novo milênio" do Calvino tb é incompleta. E "O castelo", do Kafka, tb não tem final. Como não temos escolha, acho que vale uma saída bem Pollyana: "que bom que não tem final! Convite único para a minha imaginação inventar um (ou vários) e tá tudo certo".
E tb, mesmo qdo há um final, eu sinto sempre uma vontade de imaginar o q acontece depois aos personagens. Vontade essa quase sempre reprimida porque
Boa lembrança das "Seis propostas", Pawlow. "O Castelo" eu não li. Agora, quanto a imaginar um novo final, sei não, realmente desconfio que tenha menos capacidade do que eles para pensar em algo bacana, mas isso
ué, então ele escrevia esse junto com as 6 propostas? legal a dica, eu amo calvino e este não conhecia...beijo, brigada pelo elogio outro dia. :)
Quem és tu, anônimo, que eu inadvertidamente andei elogiando? Agora, quanto ao lance das "seis propostas", não sei a causa da interrupção, portanto fico sem jeito de dizer que a relação entre os textos existe. Enfim, é isso aí.
Postar um comentário