Jerônimo sabia exatamente quando ia morrer: 26 de janeiro de 2009. O horário em si, com minutos e segundos, ele não adivinhava, mas o dia era certeza sem fim e sem fundo, travada no verso da mente.
Não foi médico em diagnóstico, cigana em charlatanices, juiz em comando ou matador em encomenda quem marcou o fato, a data. Foi ele próprio, num acordar entressonhos quando tinha 8 anos. Ele mesmo Jerônimo, de visão intra e noção extra, súbita, definitiva.
E Jerônimo viveu-se assim, carregando o maior dos pesos que é saber o próprio fim sem adiamento ou surpresa. Não fez nada além da conta, não consumiu-se em desespero, não foi doidivanas impensado. Trabalhou, casou, teve 4 filhos e calou sua data para o mundo. Segredo em silêncio. Próprio.
No dia 26 de janeiro de 2009, Jerônimo acordou noite ainda em breu e carregou o revólver sonolento e virgem, semiguardado no armário de limpeza. Andou desvestido para o lote vago no fim do quarteirão, sentou-se leve e puxou o gatilho. Arma colada na têmpora.
Jerônimo só faleceu em oficial no 11 de novembro de 2013. Vegetou semigente e semicerto por 4 anos e alguma coisa. Leito branco, rostos brancos. Morreu um pouco na sua própria data e o resto tanto na hora do destino pronto. Nem cara, nem coroa. A moeda às vezes cai mesmo é em pé.
PS: Pra não dizer que não falei da NBA, surra de 4 a 0 do San Antonio Spurs sobre o Cleveland. A humilhação só não foi maior porque a série acaba com 4 vitórias.
Direto na têmpora: Nos cafundó do Zé - Ruy Maurity
2 comentários:
Oi!
Passa no DD para receber seu prêio, ok?
bjos e ótimo domingo!
Obs: e faz um post do guiñazú para aspessoas poderem entender pq eu te indiquei..rs..rs..
Prêmio? Uau! Vou passar agora. O post do Guiñazú vai à tarde, pode ser? Beijo e brigado!
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