O ser humano erra muito. Faz bobagem, vive épocas de absurdos grandiosos, dá mostras de ser irrecuperável como espécie.
Até aí tudo bem, nós conseguimos ser falíveis, vergonhosos, estúpidos e ainda assim evoluímos em certos aspectos e alcançamos coisas bem legais.
Ainda assim, não dá pra negar que houve o holocausto há menos de 3 quartos de século e varrer o horror pra debaixo do tapete. Não dá pra ignorar que um dos maiores escritores brasileiros era bastante racista e que naquela época o racismo era aceito como fato. Também não dá pra achar que Collor foi presidente, hoje é senador e que nada aconteceu no meio do caminho.
Nosso pai Sarney, o onipresente, duradouro e inoxidável acha que o impeachment de collor foi um fato menor na nossa história. Um pezinho de página que só os velhos resmungões leem.
Daqui a pouco, alguém vai dizer o mesmo sobre a ditadura.
A importância do fato não pode ser relativizada. Não dá pra esconder o ocorrido, mudar o texto, limpar o sangue da calçada e fingir que está tudo bem. Isso é revisionismo. Isso é ocultação de cadáver. Isso é cuspir na cara da história e de quem viveu uma época.
Só o tempo vai dizer qual o real tamanho de um fato. Não cabe a nós decidir o que é significativo ou pertinente para jovens e crianças que recebem apenas uma versão dos fatos.
Dane-se essa mania idiota de limpeza. Que se debata o holocausto em toda a sua estupidez para que ele não ocorra de novo. Que se mantenha o texto e se questione o autor sem macular a obra. Que saibamos quem foi Fernando Collor e qual o seu real papel para o amadurecimento da democracia brasileira.
E, principalmente, que Sarney não seja o escriba oficial da nossa história.
Direto na têmpora: Little miss can't be wrong - Spin Doctors
4 comentários:
1984, my friend... 1984...
É isso aí, André. Cada vez mais.
Colega meu do trabalho, em uma empresa que eu trabalhei, cuidava do museu da companhia e rasurava arquivos históricos quando falavam mal de parentes dele...
Ah, PC, e aposto que deve ter tido uma longa e exitosa carreira.
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