O Carlos Henrique, do blog CHMKT e meu colega aqui na TOM, mandou um texto de Marcelo Pires que fala sobre as mudanças do perfil de redator publicitário ao longo do tempo.
O texto é bem legal. Saca só.
Anos 60
Qual era o perfil do criador publicitário? Um cara talentoso que sonhava em ser poeta, artista plástico, ator – e que caía na propaganda porque precisava sobreviver. Uma pessoas que escrevia pensando nos seus amigos intelectualizados. Não pensava em agradar ao público. Pensava em inovar a linguagem. Ou seja, uma pessoa muitíssimo interessante e pouco envolvida com propaganda.
Anos 70
Quem virava criador publicitário? Um sujeito talentoso que até poderia ser poeta, artista plástico, ator – mas que escolhia propaganda porque gostava desse negócio. Uma pessoa que ensinou aos donos de agência que se escreve publicidade pensando no público, não no gosto pessoal do cliente. Era uma pessoa bem interessante e bem envolvida com a propaganda.
Anos 80
Quem virava criador publicitário? Um indivíduo com preconceito de ser poeta, artista plástico, ator. E que sonhava em ser publicitário. Vinte e quatro horas por dia. Uma pessoa que mostrou ao cliente que agradar ao público é o melhor jeito de agradar ao próprio cliente. Uma pessoa interessante e envolvida com propaganda.
Anos 90
Quem vira criador publicitário? Uma pessoa que não tem talento nem informação suficientes para ser poeta, artista plástico, ator. E que não sonha em ser apenas publicitário: sonha em virar empresário da propaganda, com fotos na Caras e notas na Joyce. Uma pessoa que não escreve pensando no público nem no cliente – escreve para os próprios publicitários. Uma pessoa pouco interessante e totalmente envolvida com propaganda.
Como foi escrito em 96, eu vou cometer a ousadia (ou a burrice) de completar falando de como deveria ser o redator da primeira década do novo milênio, pode ser?
Anos 00
O redator não é mais offline ou online, não é tituleiro e nem pensa apenas em peças. Ele percebe que colaboração, envolvimento e relevância são palavras-chave para tudo o que faz e que anúncios não são um fim, mas uma parte de algo maior. Escrever é apenas um detalhe do seu ofício. Está conectado aos outros e aprende a cada dia que ouvir é o segredo de fazer melhor. É interessante? Sei lá. Mas está envolvido com algo muito maior do que simplesmente propaganda.
Resumidamente, e na minha opinião, é isso.
Direto na têmpora: Jump - The Pointer Sisters
10 comentários:
Mas dá para ser menos otimista, Maurilo
Anos 00
Quem vira criador publicitário? Uma pessoa que acha que faculdade de Comunicação é mais cool que Belas Artes ou Letras. Continua sonhando em ser mais que publicitário: quer abrir uma agência, ganhar prêmio, apresentar programa de TV. É heavy user de internet e não pensa que o público é outra pessoa. Ele não é só o criativo pesquisando uma rede social, ele participa e é público da criação de outros criativos. Como todo mundo na web, pode ser uma pessoa muito interessante, ou não.
Ah, Mateus, mas foi por isso que eu tive o cuidado de escrever "como deveria ser o redator da primeira década do novo milênio". Assim eu não corro a tentação de dizer como eu acho que ele realmente é, percebes?
Adicionaria no item "00" que faz parte do nosso ofício, entre tantas outras coisas (como mexer em Photoshop, Illustrator e Freehand), fazer planejamento. Risos!
Fazer planejamento, pelo menos aqui na TOM, não precisa Sakana-san, mas pensar com um viés de planejamento sim, sempre. Faz toda a diferença.
Oh, sim! Neste ponto concordo com vc. Discordo quando não há um profissional para fazer um brainstorming e o dono da agência jogar na sua cara que "estamos perdendo clientes" por causa da sua incompetência - meu caso. Mas o que dizer duma "agência" que nem um diretor de arte tem, né? Socorro. :)
Deus te ajude, Sakana-san... que situação!
Maurilo. Eu que atravessei estas etapas todas, acho que está tudo muito bem descrito.
Outro dia mesmo estava a lembrar dos "barbudinhos" da propaganda, que era como éramos chamados nos anos 70.
E a evolução está coincidente com os perfis.
Juro que neste milênio, estive em algumas agências, mas iniciei de fato meu voo solo como frila e já não convivo tanto com outros publicitários, sim com meus clientes, que são poucos, mas me sustentam.
Por outro lado, e seguindo a trajetória dos anos em que me iniciei na profissão, estou cada dia mais pintando.
É o tal caso: "... Um cara talentoso que sonhava em ser poeta, artista plástico, ator – e que caía na propaganda porque precisava sobreviver."(sic)
Bom, é isso aí...
Don Oliva
Pois é, Don Oliva, eu só fui me tornar profissional nos anos 90, mas achei a descrição bem próxima das pessoas que eu conheci. Bem bacana a visão do cara.
Eu tô dizendo... eu fui da sala do Carlos Henrique na FDC! Eta celebridade... rsrsrsrs
Outro dia passei em frente à Clic e disse ao meu marido: "É aqui que estuda a fofa da Sophia, filha do Maurilo". E ele: "Mau quem?" E eu: "Ah deixa pra lá..."
É incrível como a gente "pega intimidade" com alguém pelo blog, né?
Abração na família!
Maria Luiza
hahahaha celebridde, nada, nem seu marido conhece, maria luiza rsrsrs
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