Em Liras de Sintra, os amares que se fazem em segredo acontecem às escuras, além das rochas que cercam o vilarejo. São amares e amantes que sabem a sal e que se desfazem da nostalgia que lhes impregna as roupas para rasgarem as peles na areia e cegarem-se os olhos diante da imensa dor que cada manhã lhes inflinge.
Chamam Ponta dos Caroços ao acidente geográfico que recebe os casais embebidos em fuga e sonho. Um nome que diz nada, que surgiu dos navios emborcados que despejam ali estranhas frutas das índias, e que hoje sinonimiza 20 minutos de paz.
Na Ponta dos Caroços os corpos são apenas corpos e os encontros são eternos em sua fugacidade. São olhos e mãos e sexos e peles que se desprendem e se tocam resvalando o universo em medidas infinitesimais.
E é ali que, recarregadas de infinito, as jovens almas de Liras de Sintra se reconhecem, se preenchem e se preparam para içar velas que as levem distantes por quaisquer caminhos.
Se Liras de Sintra é berço, é também o maior dos pesos.
Direto na têmpora: Twist - Phish
6 comentários:
Seu texto me lembrou "As cidades invisíveis", de Ítalo Calvino.
Lindo mesmo, Mau!
Beijos,
Dea
Poxa, Dea, com Calvino você machuca. Enrubesci. Obrigadão e beijo.
Acho que cada um tem sua Ponta de caroços na vida. Verdade?
e possível, ndms, é possível, sim
É que eu não acredito nestas coisas metafísicas do espírito.
Mas se acreditasse eu diria que fostes português na "outra encarnação", ó pá!
Porque eu que morei por três anos por bndas lusas vejo Liras de Sintra bem ali à beira da Beira, casinhas brnacas, telhados laranjas...
Don Oliva
Em alguma lugar da árvore genealógica tem sangue português, Oliva, mas eu não sei muito bem onde. Agora, a vontade de conhecer Portugal é que é grande, viu?
Postar um comentário