quinta-feira, novembro 06, 2008

Caso a caso

O fato nunca é tão importante quanto as memórias da gente. Não interessa o que aconteceu de verdade e sim o que você sente em relação aquilo. Por exemplo, aquele carnaval em Porto Seguro no qual você passou fome, pagou caro por tudo e ainda ouviu música que odiava, não é necessariamente ruim se hoje você se lembra dele com a saudade boa dos amigos.

Pois é assim que algumas pessoas ficam na memória da gente. É claro que nem tudo aconteceu como a gente lembra, mas e daí? Vale a memória, mesmo que mascarada de emoção. Vale a pessoa que a gente ainda sente e não a que existiu.

Deve ser por isso que cada história que eu conto é diferente do que os outros se lembram. Porque tem o tempero dos anos, porque mudaram as pessoas, porque eu estou ali. Sim, existe em cada história um pouco de quem eu era e um tanto de quem eu sou.

E assim eu continuo contando um novo caso a cada dia, mesmo que ele não tenha sido realmente engraçado, mesmo que nunca a vida tenha sido tão boa assim, mesmo que eu nunca tenha sido aquele. É assim eu me reconheço hoje e ontem. É assim que eu me construo.




Direto na têmpora: The Queen of Texas - Ballboy

18 comentários:

Anônimo disse...

Esse é o COTÃO que tanto admiro e, cada vez mais

redatozim disse...

valeu anônimo de ipatinga

Anônimo disse...

e não é que é assim mesmo? tb sinto falta de certas "roubadas" do passado que hoje me parecem tão legais..hehe

redatozim disse...

É aquela frase, danny "um dia ainda vamos rir disso tudo".

Anônimo disse...

É Cotão, mas aquele carnaval em Porto Seguro foi inesquecível. Se eu realmente criar um blog algum dia, aquela viagem sozinha gerou material para vários meses de abobrinhas.

Desde o vômito silencioso, até aquela cachaça que a gente comprou que talhou o leite moça. Até o urro da besta, na viagem de volta. AS inevitáveis divergências nos testemunhos sobre aquela viagem eu atribuo a ponto de vista, e a cachaça...

Cadê o bruno coelho?

PS. Aquele foi o meu último carnaval de solteiro. Ou seja, ano que vem completo 20 anos de cabresto...

redatozim disse...

Eu fui 4 vezes seguidas pra Porto Seguro, presunto, mas garanto que se formos lembrar das coisas, vamos ter muitas lembranças diferentes de casos bacanas como o da conversa com o cachorro e do poliglota na balsa.
No mais, Bruno Coelho está casado e esperando a Mariana. Vida que segue, presunto.

emmibi disse...

acho que é comum romantizar nosso passado. a memória é seletiva, ela aumenta o aspecto bom e engraçado das coisas. o desafio é conseguir enxergar esse romantismo no nosso dia-a-dia, ne? =]

redatozim disse...

emmibi, concordo com você, mas acho que tudo isso que a gente acrescenta às histórias, acrescenta de volta a quem a gente é. E se a gente puder fazer isso no dia-a-dia, dar esse toquezinho de fantasia, aí é perfeito.

emmibi disse...

é verdade. não havia pensado nisso, mas até já escrevi sobre isso. minhas memórias são quem eu sou e como eu vejo a mim e a minha vida. que lindo!
=p

redatozim disse...

É como eu penso, emmibi

Rubens disse...

Eu sempre digo pra Paula que nós somos o que fomos um dia, somado ao que somos hoje e ao que seremos no futuro.

redatozim disse...

é a mais pura verdade, rubéola.

Tita disse...

e menino...às vezes tenho medo da minha memória...

Anônimo disse...

O sentimento mais constante naquela viagem, pra mim, foi o medo de apanhar de alguém por estar junto com o Bruno Coelho... Vc estava na padaria no dia que ele estressou com o sotaque carioca, e começou a gritar e xingar num lugar cercado de cariocas, né? E aí vem aquela frase que ele tanto repetiu: "Se vc me ver numa briga, não pergunta se eu machuquei! Direto para o Mater Dei!"

redatozim disse...

tita, eu adoro a minha por dois motivos: primeiro porque é ótima, segundo porque é altamente criativa rsrs.

redatozim disse...

Frase famosa, presunto, famosíssima.

Fred disse...

Porto Seguro no Carnaval, fui para lá algumas vezes, acho. Me lembro de chegar lá, e de alguma coisa relacionada a ir embora...

Ah, acho que comi apresuntado lá também, algo na minha cabeça me faz lembrar de limpar banheiros...

Engraçado que a minha fase de Mater Dei veio depois, naquela época considerava lá um antro burguês!

redatozim disse...

Fred, Porto Seguro é apenas um retrato na parede. E como dói.