O fato nunca é tão importante quanto as memórias da gente. Não interessa o que aconteceu de verdade e sim o que você sente em relação aquilo. Por exemplo, aquele carnaval em Porto Seguro no qual você passou fome, pagou caro por tudo e ainda ouviu música que odiava, não é necessariamente ruim se hoje você se lembra dele com a saudade boa dos amigos.
Pois é assim que algumas pessoas ficam na memória da gente. É claro que nem tudo aconteceu como a gente lembra, mas e daí? Vale a memória, mesmo que mascarada de emoção. Vale a pessoa que a gente ainda sente e não a que existiu.
Deve ser por isso que cada história que eu conto é diferente do que os outros se lembram. Porque tem o tempero dos anos, porque mudaram as pessoas, porque eu estou ali. Sim, existe em cada história um pouco de quem eu era e um tanto de quem eu sou.
E assim eu continuo contando um novo caso a cada dia, mesmo que ele não tenha sido realmente engraçado, mesmo que nunca a vida tenha sido tão boa assim, mesmo que eu nunca tenha sido aquele. É assim eu me reconheço hoje e ontem. É assim que eu me construo.
Direto na têmpora: The Queen of Texas - Ballboy
18 comentários:
Esse é o COTÃO que tanto admiro e, cada vez mais
valeu anônimo de ipatinga
e não é que é assim mesmo? tb sinto falta de certas "roubadas" do passado que hoje me parecem tão legais..hehe
É aquela frase, danny "um dia ainda vamos rir disso tudo".
É Cotão, mas aquele carnaval em Porto Seguro foi inesquecível. Se eu realmente criar um blog algum dia, aquela viagem sozinha gerou material para vários meses de abobrinhas.
Desde o vômito silencioso, até aquela cachaça que a gente comprou que talhou o leite moça. Até o urro da besta, na viagem de volta. AS inevitáveis divergências nos testemunhos sobre aquela viagem eu atribuo a ponto de vista, e a cachaça...
Cadê o bruno coelho?
PS. Aquele foi o meu último carnaval de solteiro. Ou seja, ano que vem completo 20 anos de cabresto...
Eu fui 4 vezes seguidas pra Porto Seguro, presunto, mas garanto que se formos lembrar das coisas, vamos ter muitas lembranças diferentes de casos bacanas como o da conversa com o cachorro e do poliglota na balsa.
No mais, Bruno Coelho está casado e esperando a Mariana. Vida que segue, presunto.
acho que é comum romantizar nosso passado. a memória é seletiva, ela aumenta o aspecto bom e engraçado das coisas. o desafio é conseguir enxergar esse romantismo no nosso dia-a-dia, ne? =]
emmibi, concordo com você, mas acho que tudo isso que a gente acrescenta às histórias, acrescenta de volta a quem a gente é. E se a gente puder fazer isso no dia-a-dia, dar esse toquezinho de fantasia, aí é perfeito.
é verdade. não havia pensado nisso, mas até já escrevi sobre isso. minhas memórias são quem eu sou e como eu vejo a mim e a minha vida. que lindo!
=p
É como eu penso, emmibi
Eu sempre digo pra Paula que nós somos o que fomos um dia, somado ao que somos hoje e ao que seremos no futuro.
é a mais pura verdade, rubéola.
e menino...às vezes tenho medo da minha memória...
O sentimento mais constante naquela viagem, pra mim, foi o medo de apanhar de alguém por estar junto com o Bruno Coelho... Vc estava na padaria no dia que ele estressou com o sotaque carioca, e começou a gritar e xingar num lugar cercado de cariocas, né? E aí vem aquela frase que ele tanto repetiu: "Se vc me ver numa briga, não pergunta se eu machuquei! Direto para o Mater Dei!"
tita, eu adoro a minha por dois motivos: primeiro porque é ótima, segundo porque é altamente criativa rsrs.
Frase famosa, presunto, famosíssima.
Porto Seguro no Carnaval, fui para lá algumas vezes, acho. Me lembro de chegar lá, e de alguma coisa relacionada a ir embora...
Ah, acho que comi apresuntado lá também, algo na minha cabeça me faz lembrar de limpar banheiros...
Engraçado que a minha fase de Mater Dei veio depois, naquela época considerava lá um antro burguês!
Fred, Porto Seguro é apenas um retrato na parede. E como dói.
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